Biografia
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Biografia do Dr. Plinio Corrêa de Oliveira

Uma vida dedicada ao combate

Atila Sinke Guimarães
Plinio Corrêa de Oliveira (1908-1995) nasceu em duas famílias tradicionais brasileiras, a de sua mãe paulistana – Ribeiro dos Santos – e a de seu pai pernambucano – Corrêa de Oliveira. O primeiro era conhecido por sua distinção social, o último por sua inteligência e habilidade oratória. Plinio herdou as características das duas famílias.

legionario

Quando jovem, Plinio foi o líder das Congregações Marianas no Brasil

Formado no colégio jesuíta de São Paulo e formado em Direito, ingressou no Movimento Católico e tornou-se líder das Congregações Marianas no Brasil. A força desse Movimento foi tamanha que em 1934 elegeu Plinio, aos 24 anos, para o Congresso Nacional, tornando-o não só o deputado mais jovem do país, mas também o mais votado. Na Câmara lutou pela defesa dos direitos civis da Igreja e pela aprovação de leis que por muito tempo defenderam os princípios e as instituições católicas do país.

Após o mandato na Câmara, conquistou uma cadeira de História da Civilização na Faculdade de Direito de São Paulo e outra de História Moderna e Contemporânea na Pontifícia Universidade Católica, também em São Paulo.

Em 1933, foi convidado pelo Cardeal de São Paulo para dirigir o semanário arquidiocesano O Legionário. Por muitos anos ele foi seu editor e reuniu em torno de si um grupo de escritores ilustres que o seguiram em uma jornada de vida. De um simples boletim Arquidiocesano, o jornal se transformou no final dos anos 30 e 40 no órgão católico mais influente do país.

Os escritores de O Legionário tornaram-se famosos por sua posição combativa contra o comunismo, nazismo e maçonaria, bem como por defender a civilização cristã e defender uma cultura coerente com a doutrina da Igreja Católica. Na esfera religiosa, combateram o nascente Progressismo, que renascia das cinzas do Modernismo com o mesmo veneno, mas com novas táticas, maiores ambições e uma postura mais prudente.

castro Meyer Prof. Plinio

Pe. Castro Mayer ao lado do Prof. Plinio e da equipe de redatores do Legionário

Esses escritores se consideravam continuadores do movimento ultramontano do século 19 na Europa. Entre outros, dois padres se juntaram ao grupo: Pe. Geraldo Sigaud e Pe. Antônio de Castro Mayer.

Em 1940, o Prof. Plinio foi escolhido para presidir a Ação Católica de São Paulo. A partir desse posto, ele observou atentamente a insidiosa infiltração progressista no meio religioso. Em 1943 ele percebeu plenamente suas manobras e escreveu um livro denunciando sua estratégia – Em Defesa da Ação Católica. Mais tarde, ele descreveu o lançamento daquele livro como uma operação kamikaze retardou a influência do Progressismo no Brasil, mas explodiu a própria carreira junto com o alvo.

Com efeito, morreu o Cardeal paulista que favorecia sua obra e, após a curta gestão de outro, um progressista assumiu seu lugar em 1944. O Prof. Plinio perdeu a presidência da Ação Católica e a direção de O Legionário. Começou uma fase de perseguição e ostracismo.

Ele e os dois padres mencionados concordaram em continuar a Contra-Revolução, apesar das consequências. Algum tempo depois, Pe. Sigaud foi nomeado Bispo, seguido pelo Pe. Castro Mayer. A união dos três foi tão forte que cada Bispo adotou em seu brasão o leão desenhado que o Prof. Plinio havia escolhido para simbolizar sua luta.

Um novo jornal mensal, editado e publicado em São Paulo com a aprovação de Castro Mayer, agora Bispo de Campos, tomou o nome de Catolicismo (1951) e recomeçou a luta pública. O grupo do Catolicismo atraiu os mais jovens, que atraíram ainda outros. Com esse movimento crescente, fundou em 1960 a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade – a TFP.

rcr prof. plinio

Publicado em 1959, Revolução e Contra-Revolução tornou-se o manual das TFPs de todo o mundo

Para orientar esse grupo, em 1959 o Prof. Plinio escreveu Revolução e Contra-Revolução – R-CR, que se tornou sua obra-prima. Nele analisa o processo histórico da Revolução iniciada na Idade Média. O Renascimento e o Humanismo foram suas primeiras manifestações; depois gerou o Protestantismo, a Revolução Francesa e o Comunismo.

Ele também descreveu suas fases posteriores: a saber, a Quarta Revolução (a Revolução Cultural dos anos 60), que tende para o Tribalismo e uma religião pentecostal; a metamorfose do comunismo após a dissolução da URSS; a infiltração do Progressismo na Igreja, que mudou o foco da luta R-CR. Agora, tinha que ser combatido dentro da Igreja.

Os ideais da R-CR estenderam-se a outros países. Em 1995, quando de sua morte, havia TFPs e entidades congêneres em 26 países.

No início dos anos 60, o Brasil era ameaçado pelo Comunismo, apoiado pelo Progressismo na Igreja. Ambos eram defensores de uma reforma agrária socialista para desestabilizar os agricultores, a espinha dorsal da economia do país. Com o economista Mendonça de Freitas, o Prof. Plinio escreveu um livro contra a reforma agrária e convidou os Bispos a assiná-lo: Reforma Agrária – uma Questão de Consciência (1963). Um sucesso, o livro tornou-se o pivô de uma enorme reação pública contra o Comunismo. Um subproduto indesejado dessa insatisfação geral foi um golpe militar que depôs o futuro presidente descaradamente vermelho e instalou uma ditadura socialista no país.

Plinio Correa de Oliveira Vatican II

Prof. Plinio deixa Roma ao perceber que fez tudo o que podia no Concílio

Em 1959, João XXIII anunciou sua intenção de convocar um Concílio. O Prof. Plinio alertou o Arcebispo Sigaud e o Bispo Mayer que deveriam estudar e se preparar intensamente ou seriam derrotados pelos progressistas no Concílio. Infelizmente, eles não seguiram seu conselho.

Não obstante, o Prof. Plinio, juntamente com cerca de 20 leigos, acompanhou os Bispos a Roma para a Primeira Sessão com a esperança de que eles tivessem uma influência positiva. Com estes leigos organizou duas petições, assinadas por centenas de Bispos: uma pedindo ao Concílio que condenasse o Comunismo; o outro pedindo ao Papa que consagre a Rússia ao Imaculado Coração de Maria, conforme ordenado em Fátima.

Procurou os Bispos dos países dominados pelo Comunismo pedindo-lhes que afirmassem que a coexistência Igreja-comunismo é contrária à doutrina católica. O Arcebispo ucraniano Ivan Bucko concordou em declarar isso no Concílio. O Prof. Plinio escreveu uma intervenção para ele, mas Mons. Bucko mudou de ideia e não tocou no assunto no Concílio. Em maio de 1964, o Prof. Plinio publicou aquele estudo: A Igreja e o Estado Comunista: A Coexistência Impossível..

Chegando ao fim a primeira sessão, o Prof. Plinio percebeu que os progressistas estavam no controle total e sugeriu que os dois Bispos brasileiros desmascarassem suas manobras. Ele propôs que caminhassem solenemente da porta da Basílica de São Pedro até a mesa principal da sala conciliar, passando pelos 2.300 Bispos ali reunidos. Em seguida, perante toda a assembleia, deveriam expor a pauta progressista para o Concílio e declarar que estavam saindo em protesto. Do lado de fora, os jornalistas estariam esperando para entrevistá-los e divulgar a notícia. Essa ruptura dramática pretendia abortar todo o espetáculo do Vaticano II. Infelizmente, os Bispos não seguiram seu conselho.

Ele não voltou ao Concílio, que seguiu esse caminho progressista até o fim.

Em 1965, o Prof. Plinio escreveu um livro denunciando o novo diálogo popular com os comunistas: Baldeação Ideológica Inadvertida e Diálogo. Embora a abordagem do estudo fosse temporal, ela também se aplicava ao diálogo religioso promovido por João XXIII e Paulo VI, na medida em que o diálogo não era usado para converter hereges, mas para torná-los confortáveis em seus erros.

Após o encerramento do Concílio, recebeu no Brasil os dois Bispos que retornaram. Eles assinaram todos os seus documentos e disseram a ele, [parafraseando]: “Agora, precisamos trabalhar em nosso grupo para que eles aceitem o Concílio.” O Prof. Plinio se opôs à proposição, dizendo: “Vossas Excelências podem fritar ou cozinhar o Concílio do jeito que quiserem. Eu nunca vou comê-lo.”

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o Arcebispo Dom Sigaud tenta implementar o Concílio - Prof. Plinio discorda

Não houve ruptura, mas essa divergência projetou sombras no relacionamento de décadas.

Eventualmente, os dois Bispos quebrariam seu acordo de permanecer juntos na luta. Alguns anos depois, o Arcebispo Sigaud se distanciou. Ele apoiou publicamente o regime militar socialista. Sua razão? “O regime militar deu início ao Reinado de Maria predito em Fátima”…

Em meados dos anos 70, um processo contra a TFP chamou a depor o Bispo Mayer. Prestou juramento de que, em mais de 40 anos de estreita colaboração, nunca vira nada na TFP ou nas ações ou pensamentos do Prof. Plinio que fosse contrário à doutrina católica.

Porém, em 1983, ele se posicionou publicamente contra o Prof. Plinio. Por que essa mudança?

No final dos anos 70, um certo Pe. Fernando Rifan – um especialista em intrigas – estava ganhando a atenção do Bispo Mayer. Rifan, que odiava o Prof. Plinio e a TFP, induziu o Bispo a suavizar sua posição contra o Progressismo, a ponto de Dom Mayer assumir em algumas palestras os princípios da Teologia do Corpo de João Paulo II. Em Roma, ele foi fotografado de mãos dadas com JPII. Consequentemente, suas visitas a São Paulo cessaram.

No início dos anos 80, um rancoroso professor de segundo grau, Orlando Fedeli, deixou a TFP por sentir que seus talentos não eram suficientemente reconhecidos. Na ruptura, escreveu três cartas dando “provas” de que o Prof. Plinio transformara a TFP em “culto de adoração a si e à sua mãe.” Logo depois que ele saiu, ele vendeu sua história para um dos maiores jornais brasileiros com laços estreitos com a Maçonaria – O Estado de São Paulo – que iniciou uma campanha difamatória ruidosa.

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Enfrentar múltiplas campanhas difamatórias com serenidade e firmeza

Incentivado por Rifan, Fedeli consultou o Bispo Mayer sobre uma ladainha que dois adolescentes ingênuos haviam feito em homenagem à mãe do Prof. Plinio. Assim que essa ladainha foi descoberta, ela foi proibida pelo Dr. Plinio, mas Fedeli não informou o Bispo Mayer desse “detalhe.” Apresentou a ladainha como se fosse uma oração comumente dita em toda a TFP com a aprovação do Prof. Plinio. O Bispo Mayer condenou a ladainha por ir contra a doutrina católica. Isso foi em 1983.

Esta condenação e as acusações de Fedeli foram devidamente refutadas e os documentos revisados por famosos teólogos da Espanha. Eles emitiram um veredicto afirmando que a refutação era sólida e a condenação do Bispo Mayer “mal feita e difícil de entender.” Julgava que algumas das jaculatórias da ladainha eram “ingênuas, outras ambíguas e outras ainda extravagantes” e elogiava o Prof. Plinio por ter proibido sua recitação. Mas eles consideraram “exagerado rotulá-los como heterodoxos ou blasfemos, não levando em consideração a natureza relativa da linguagem usada.” O Bispo Mayer julgou prudente não responder.

A TFP brasileira publicou 2.000 cópias dessa refutação e anúncios de página inteira em jornais para informar o público sobre esse julgamento favorável ao Prof. Plinio.

Em resposta, Fedeli foi à Espanha para tentar subornar o principal teólogo que fez a revisão. Ele foi devidamente conduzido para fora da sala. Pe. Rifan, que na época era muito próximo da Fraternidade São Pio X, espalhou as mesmas mentiras a esta organização, que continua a divulgá-las entre seus padres e seminaristas.

Esta campanha é apenas uma de uma lista de muitas ofensivas difamatórias feitas contra o Prof. Plinio.

A TFP brasileira também foi condenada várias vezes pelos próprios bispos progressistas brasileiros. Algumas dessas condenações foram devidamente respondidas; outras não, simplesmente porque eram muito tendenciosos para serem confiáveis.

Ao todo o Prof. Plinio publicou 15 livros.

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Uma campanha de rua da TFP celebrando a derrota do divórcio

Ele também liderou várias campanhas de petição realizadas pela TFP, incluindo: Foi o Prof. Plínio quem pediu a Arnaldo Xavier da Silveira que estudasse a Nova Missa de Paulo VI (1969) e a possibilidade de um Papa herege. O livro de Silveira foi publicado em português (1972) e em francês (1975). [Uma versão em inglês está disponível aqui]

Depois que Paulo VI lançou a Teologia da Libertação em Medellín, Colômbia (1968), o Prof. Plinio fez várias campanhas contra esse novo impulso de infiltração comunista na Igreja.

Em 1974 escreveu uma posição de resistência contra a Ostpolitik, vaticana, ou seja, sua colaboração com os regimes comunistas. Esta Declaração de Resistência, que o tornou o pioneiro da Resistência Católica, foi publicada em 21 jornais de 10 países.

Em 1982, ele me pediu para escrever e publicar uma coleção analisando o Vaticano II, o que fiz sob sua orientação e incentivo.

Plinio Corrêa de Oliveira foi o gigante católico que, por muitas décadas, manteve o comunismo sob controle na América do Sul. Ele também deteve o avanço do progressismo na Igreja o máximo que pôde.

Um aspecto que as biografias oficiais desse pensador católico e homem de ação não abordam são os sofrimentos morais e físicos sofridos pelo Prof. Plinio.

Em meados dos anos 70, vendo como os membros da TFP se tornaram mundanos e mornos, ofereceu sua vida a Nossa Senhora para redimir aquela situação. Alguns dias depois, em 3 de fevereiro de 1975, ele sofreu um grave acidente de carro, quebrando a mão, o braço, a perna e o quadril, além de ferimentos graves nas pálpebras, lábios e dentes. Essas lesões graves exigiram múltiplas cirurgias, causando-lhe enormes sofrimentos morais e físicos. As cirurgias de braço, perna e quadril tiveram que ser feitas duas vezes, ainda sem sucesso. Os efeitos desse acidente permaneceram com ele até o fim de seus dias, obrigando-o a usar muletas ou cadeira de rodas.

Plinio car accident

Um trágico acidente de carro que marcou mais
20 anos de luta das TFPs

Esse sofrimento comprou mais 20 anos de vida para as TFPs. Perto do fim, porém, confidenciou a alguns amigos: “Se eu não fosse cadeirante, me expulsariam da TFP.” Ele se referia aos diretores que em teoria seguiam sua orientação, mas na prática levavam a TFP a uma posição de indiferença e mediocridade.

Quando ele morria no hospital, em 1995, aqueles diretores não demoraram a enviar uma carta ao Cardeal Primaz do Brasil, comprometendo a TFP a não se pronunciar publicamente contra o Vaticano II, a Missa Nova ou o Papa.

Alguns anos após sua morte, ocorreu uma divisão entre seus seguidores sobre a questão da autoridade. Hoje, uma facção – que inclui a TFP americana – mantém esse mesmo acordo com o Vaticano; a outra aderiu completamente à Igreja Conciliar. Muitos membros desta última tornaram-se sacerdotes e têm carreiras eclesiásticas confortáveis.

Infelizmente, ambos os lados se cansaram da luta contra o Progressismo, reduziram o Prof. Plinio a um artefato de museu e se fundiram – em diferentes formas e graus – com aquele mesmo inimigo contra o qual o Prof. Plinio lutou a vida inteira.

dr plinio correa de oliveira

Com seu símbolo o leão rompante

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Postado em 4 de agosto de 2023

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