Algum tempo atrás, pensando no estado atual da nossa sociedade, ocorreu-me que éramos um pouco melhores que os romanos nos banquetes dados por Nero na Roma pagã. Agora, eu vou além: nossos costumes se tornaram tão laxos e vulgares que, de certa maneira, somos ainda piores do que os antigos pagãos.
A ligação direta entre refinamento e santidade foi mostrada em
um artigo do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Ali, ele aponta os bons frutos de uma Civilização Católica, quando amamos verdadeiramente a Deus, tratamos bem os outros e nossas maneiras são elevadas. Quando nos afastamos de Deus, o bom trato e as maneiras começam a desaparecer.
Um fruto da civilização pagã
Em nossas reuniões, normalmente nos encontramos para comer e beber. Os tópicos de conversa cobrem muitos pontos diferentes, do esporte à política. No entanto, se alguém tenta ser sério nessas conversas, corre o risco de ficar de fora. Os outros raramente ouvem seus argumentos. Tais encontros me deixam preocupado, embora outros pensem que eles são normais.
Vestido pagão e vulgaridade estão voltando para festas |
Muitas vezes, a interação dos adultos casados cruza a linha de decoro com insinuações sutis. Lembro-me de uma dessas ocasiões em que um homem casado – que eu chamarei de Aticus – estava constantemente brincando e provocando a esposa de outro homem de uma maneira inadequada. Tal ação estava sendo tolerada por todos os presentes. Eu observei essa tolerância geral não apenas nesta ocasião, mas em quase todas as reuniões nos últimos anos.
Finalmente, o marido, que também estava presente, não aguentou mais e convidou a Aticus para ir com ele para a rua explicar seu comportamento inadequado com a esposa. Aticus se ofendeu, e a situação quase se transformou em briga. Aticus nunca admitiu seu mau comportamento; em vez disso, ele procurou colocar o marido em má situação diante dos presentes dizendo que estava tenso e precisava relaxar.
O episódio me lembrou o que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira disse em seu artigo: “Quando as pessoas não vivem mais no estado de graça, a delicadeza no tratamento em relação aos outros termina em breve.” Aplicando essas palavras à situação acima, percebi que, em última análise, era um problema moral: um homem casado nunca deveria provocar a esposa de outro homem. É moralmente errado, ofende a Deus e ao próximo.
O clima geral de tolerância de hoje, no entanto, aceita esse comportamento errado com complacência. Então, quando o marido tentou defender sua própria honra ofendida, o culpado revidou, virando a opinião pública contra ele, dizendo que estava tenso – isto é, que ele não tinha senso de humor, que é um tabú de nossos dias. Que situação completamente ridícula!
Para construir uma civilização católica
Quando eu era criança, minha mãe costumava me dizer para tirar os cotovelos da mesa. Quando eu descrevia uma situação que envolvia outra pessoa e eu, ela costumava me lembrar de me referir à outra pessoa primeiro, depois a mim. Qual foi o propósito de toda essa formação quotidiana?
Uma família tradicional bem vestida indo a uma procissão para Nossa Senhora de Guadalupe |
Minha mãe foi criada no México em um ambiente católico e aprendeu a etiqueta e costumes antigos. Esses ideais a ajudaram a crescer e prosperar em sua Fé Católica. A formação que ela recebeu quando era criança a sustenta até hoje. Para mim, ela representa um verdadeiro modo de ser católico.
Com o tempo realizei que minha mãe estava tentando construir o que ela aprendeu, ou seja, uma Civilização Católica.
Vivemos em um país (os Estados Unidos) que tem em grande parte tendências protestantes, uma cultura de
fast food e tudo o que acompanha. Além disso, está nosso próprio fracasso, como católicos, em formar propriamente nossos filhos, tanto em casa quanto nas aulas de catecismo, que têm sido desastrosas.
Em teoria a solução é simples: retornar ao ensino e instrução adequados, tanto em casa quanto nas escolas e na Igreja. Como mudar a situação na prática é a parte mais difícil. Muitas vezes, minha geração não conhece os bons costumes e costumes a transmitir.
Acredito, no entanto, que com a devida motivação podemos fazer um esforço para aprender o que foi esquecido ou omitido em nossas próprias formações. Nossa Senhora nos disse para parar de ofender seu Filho, ao seguir as modas modernas. Este é o motivo mais importante para fazermos as mudanças necessárias.
O retorno a uma Civilização Católica deve começar dentro de cada um de nós. O retorno às boas maneiras e costumes faz parte da verdadeira prática de nossa Fé. Com nossa vontade e a graça de Deus, podemos fazer a nossa parte em nossos lares e nossas famílias para combater a Revolução ao nosso redor. Sem a graça não teríamos chance de combater a Revolução.
As maneiras são importantes
Em um artigo da Dra. Marian Horvat
sobre maneiras, ela mostra que estas refletem a moral da civilização. A maneira como estendemos a cortesia a outros tem consequências diretas no nosso modo de ser. Séculos de vida católica produziram boas maneiras. Elas refletem a prática da mútua caridade de um para o outro.
A boa maneira deve acompanhar o vestido adequado |
Devemos aproveitar a vasta riqueza da Igreja na formação de nosso modo de viver, para que possamos fazer nossa parte na reconstrução de uma verdadeira Civilização Católica. A formação adequada deve começar em casa pelo bom exemplo dos pais. Em tempos mais saudáveis, a Igreja também ajudava na formação das crianças. Hoje, porém, na maioria das igrejas, testemunhamos a mesma falta de dignidade no vestuário e nas maneiras, com a total aprovação dos pastores.
Dra. Horvat aponta corretamente em seu artigo,
Cortesia: Um elemento essencial do lar católico, que apenas memorizar o catecismo ou princípios de apologética não constitui uma formação católica completa. É também indispensável ensinar e instilar em nossos filhos a autodisciplina da cortesia para os tornar mais equipados para lutar contra as tentações do mundo moderno.
Quer percebamos ou não, somos parte da solução ou parte do problema. A cada momento do dia, estamos influenciando nossos filhos a terem boas ou más maneiras. Eles estão constantemente aprendendo de nosso modo de ser em casa com a família e com os amigos.
Atualmente, é difícil ter as boas maneiras e os costumes da Civilização Católica passada. Mas o esforço dá um excelente fruto: maneiras refinadas beneficiam não apenas o indivíduo e a família, mas também toda a sociedade. A cortesia também leva o católico a uma mais uma profunda reverência por Deus e pelos outros.
Postado em 9 de outubro de 2019
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