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A Marcha pela Vida em 2019:
Um Woodstock Ecumênico

Mark J. Williams
Até este ano, eu nunca tinha participado da Marcha pela Vida. Minhas razões para não ir eram práticas e de princípios. Práticas, porque eu tinha de viajar de 18 horas de carro, o que nunca é uma perspectiva atraente.

crowds march to life

A Marcha pela Vida em 2019, Washington DC

Eu também tinha suspeitas a respeito da marcha relacionadas com princípios. Afinal, um evento como a Marcha pela Vida, que atrai centenas de milhares de pessoas a cada ano, teria que fazer concessões às autoridades civis e às da Igreja Conciliar, a fim de poder se realizar. Autoridades civis, porque é necessário garantir a aprovação do governo de Washington, DC, que é fortemente pró-aborto. E autoridades da Igreja Conciliar porque os católicos, católicos de nome, compreendem 90% dos participantes, como me informaram.

Apesar de minhas suspeitas sobre a Marcha, senti que não seria capaz de confirmá-las objetivamente até que estivesse presente pessoalmente na Marcha, testemunhando o acontecimento com meus próprios olhos, em vez de basear-me na imprensa católica convencional que não e objetiva, não critica a marcha, nem na imprensa secular, que mal informa sobre a marcha.

Então, quando apareceu a oportunidade, juntei-me a um grupo de amigos conservadores e tradicionalistas que estavam indo para a marcha. Realmente, pude confirmar minhas suspeitas muito rapidamente, quase tão logo as cerimônias do dia começaram.

Observei dois grandes problemas com a Marcha pela Vida que quero explicar aqui. O primeiro era de se esperar em nossa era revolucionária: maus costumes. O segundo também não é tão difícil de imaginar: ecumenismo.

Quando em Washington...

Notei muitos maus costumes em março. A Marcha da Vida deste ano foi um evento bombástico realzado em uma atmosfera de show de rock ou de multidão comunista. Foi absolutamente o contrário da idéia piedosa que eu tinha de uma reunião pacífica, ordenada e baseada em princípios, como se fôsse uma peregrinação ou cruzada.

customs

Roupas revolucionárias, gestos de rock e oração no estilo Missa Nova dominaram a marcha; abaixo um show ensurdecedor de rock

rock stage
Felizmente, houve quem aderisse às boas idéias. Havia um punhado de grupos católicos tradicionalistas presentes na marcha, incluindo o meu, e tenho que os aplaudir por não aderirem ao espírito geral de anarquia.

Infelizmente, a maioria das pessoas não parecia ter esses nobres objetivos quando foi à marcha. Embora alguns de fato tivessem um espírito penitencial para tentar reparar o pecado nacional do aborto, a maioria das pessoas presentes parecia tratar o evento como uma espécie de mini-férias. A mentalidade imunda de licença que domina centros de pecado como Washington, DC, também parecia estar influenciando a Marcha pela Vida.

Quando digo imundo, digo isso de propósito. Minha primeira experiência com a mentalidade de "férias" de outros manifestantes aconteceu quando tive o infortúnio de precisar usar um dos canhestros banheiros externos. Nenhuma outra instalação estava disponível a uma distância razoável, devido à paralisação do governo que deixou a maioria dos edifícios fechados naquela área. Deixo à imaginação do leitor o que encontrei nas instalações.

Basta dizer que todos os banheiros externos (e eu tentei vários) estavam num estado nauseabundo. Com base nas estatísticas percebi que meus colegas católicos eram os mais propensos a culpar por aquela falta de higiene, uma vez que eram a maioria esmagadora.

Depois de sair daquela instalação sanitária repulsiva, meus sapatos estavam tão sujos que eu realmente tentei limpá-los, arrastando-os vigorosamente pela mistura igualmente imunda de neve, lama e só o céu sabe o que mais. Não apenas as instalações, mas o terreno do National Mall em si era equivalente a um chiqueiro.

No meio de toda essa sujeira, de maneira apropriada, como parte das cerimônias de abertura havia uma apresentaçào ao vivo ensurcedora e caótica de rock junto com música carismática, aparentemente executada por um grupo "cristão."

Essa música ruim não terminava após as cerimônias de abertura: um contingente irritante de jovens de uma igreja chamada St. John Cantius, vestido com capuzes fluorescentes "deslumbrantes" e batendo tambores, cantavam canções e batiam palmas. Eles tentaram fazer-se de “líderes de torcida” à margem (nos Estados Unidos os “líderes da torcida” são moças vestidas immoralmente e dançando provocantemente para platéia do estádio). O grupo deles era tão barulhento e desagradável que muitas vezes abafava a recitação devota do Rosário e o canto de canções piedosas de nossa pequena minoria que se recusava de agir como palhaços.

Também não posso esquecer um grupo que insistia em cantar em voz alta o terço da Divina Misericórdia enquanto rezávamos o Rosário. É claro que tudo isso foi aprovada pelos organizadores.

Um evento 'católico'

A participação em março pode ser considerada 90% católica, como eu disse, mas a Marcha pela Vida é oficialmente secular e não assume posições religiosas. Também a Marcha não protesta contra outras questões tão importantes quanto o aborto, como a proliferação quase universal da contracepção e os muitos milhões de crianças nascidas hoje no estado de ilegitimidade. Acho que um conhecido tradicionalista colocou bem quando disse que os organizadores de março estão "fora de contato" com os participantes.

prayer

Arceb. Naumann orando com os cismáticos. Veja a oração aqui (aos 3h5min)

Além disso, para um evento em que principalmente católicos participam, é trágico que as religiões falsas e os cismáticos recebam uma atenção tão grande. Os cismáticos que cercaram o Arcebispo Naumann no palco para a oração de abertura foram apresentados não uma vez, mas duas: primeiro pela organizadora Jeanne Mancini, e novamente pelo Arcebispo Naumann, que iniciou seu discurso saudando o seu líder, Metropolita Tikhon.

Então, falando do palco não como representante da Igreja Católica, mas mais como uma espécie de porta-voz para as religiões falsas, ele conduziu uma oração vaga e sentimental em nome de seus "irmãos bispos ortodoxos e católicos," concluindo suas observações com o clichê: "Vamos mudar o mundo."

Está claro que a Marcha tem sido apenas mais uma plataforma para a Igreja Conciliar promover, entre outras coisas, o ecumenismo. Um exemplo irônico desse ecumenismo veio de um grupo de protestantes verdadeiramente diabólicos. Eles não protestavam contra o aborto, mas gritavam obscenidades contra o grupo de católicos que trouxer uma estátua de Nossa Senhora...

Conclusão

Não nego que presentemente a Marcha possa ser uma fonte de graça. Afinal, é altamente recomendável viajar longas distâncias em um espírito penitencial para protestar contra o aborto. Mas acredito que o espírito geral da Marcha não é propício à piedade católica.

Além disso, acho que a Marcha não pode realmente atingir seu louvável objetivo de abolir o aborto, porque seus organizadores promovem a Revolução nos costumes e o ecumenismo. A Marcha pela Vida é um Woodstock Ecumênico. É feita com o mesmo espírito daquelas censuráveis Jornadas Mundiais da Juventude e, assim como a Jornada Mundial da Juventude, a Marcha termina sendo uma vergonha anual a mais para o que resta de prestígio para a Igreja Católica.

rock stage mass

Música rock tocada por freiras
na Missa


Postado em 6 de novembro de 2019


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