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Etiqueta e Boas Maneiras - 1

Um Agradecimento ao Manual de Urbanidade

Patricio Padilla, Equador
O título completo deste artigo deveria ser "Um agradecimento ao Manual de Urbanidade e Boas Maneiras" (Manual de Urbanidad y Buenas Maneras) escrito em 1853 por Manuel Antonio Carreño, músico, professor e diplomata venezuelano. O agradecimento é feito porque desde 1853, ano em que foi escrito, muitas gerações de Latino-americanos – homens e mulheres – foram educados por regras inspiradas neste livro.

Carreno Manual

Manuel Carreño com uma das muitas edições do seu famoso Manual de Urbanidade

É uma obra tão popular que, ainda hoje, basta dizer "El Manual," e imediatamente qualquer Latino-americano de língua espanhola concluirá a frase dizendo "... de Carreño." Todo mundo sabe o que é.

Muitas cópias dessa obra foram preservadas, passadas de geração em geração, herdadas dos avós.

Seu conteúdo foi considerado tão importante e útil que foi aprovado para treinamento em escolas da Espanha e da América Latina. Chegou a ser publicado em inglês em Nova York no final do século 19. Até o momento, El Manual e variações, atualizações, etc, foram reproduzidos em 44 trabalhos em 258 publicações.

A Dimensão Moral

Essas cópias foram usadas tanto em casa como em escolas na Espanha e na América Latina. O que os torna diferentes dos habituais livros de regras e etiqueta em estilo inglês é que tudo é baseado na Moral Católica.

Com efeito, as primeiras palavras desta admirável obra estabelecem o fundamento de toda civilidade sobre a Moral: "Sem o conhecimento e a prática das leis que a Moral prescreve, não pode haver paz, nem ordem, nem felicidade. Em vão pretenderíamos encontrar em qualquer outra fonte os verdadeiros princípios constitutivos e conservadores da sociedade que nos propomos a estudar, e as regras que nos ensinam a cumprir esta lei com a decência e a moderação que distinguem o homem civilizado e de cultura.

family

Uma ilustração dos relacionamentos na família
de uma edição inicial do Manual

"A virtude é a base de todo bem e a fonte mais pura das alegrias e conveniências que encontramos na vida."
(Introdução)

Os três primeiros capítulos, de fato, são dedicados aos deveres morais do homem: primeiro, os deveres para com Deus; depois, os deveres para com a sociedade (nossos pais, companheiros e pátria) e, finalmente, os deveres para conosco. Essa ordenação nos permite ver que toda lei da ordem civil e todo direito do homem devem estar sujeitos ao dever moral, e a Deus acima de tudo.

Somente na Parte II encontramos as regras reais de civilidade estabelecidas em cinco capítulos. O autor trata de como agir em casa, como cumprimentar familiares e amigos, como agir na igreja ou na rua, como se comportar à mesa e até o que deve ser usado dentro e fora de casa.

Para Carreño, a conversação é um capítulo vital da vida em sociedade e, por isso, recebe atenção especial. A arte da conversação nada tem do comportamento espontâneo do homem moderno, que diz o que lhe vem à mente.

Pelo contrário: "A conversa deve ser sempre animada por um espírito de benevolência e consideração que se estenda, não só a todos os que nos rodeiam, mas também a quem não está presente." (Parte II, cap. 4)

Olhando do ponto de vista de hoje, parece que o livro foi uma espécie de imposição artificial às famílias para começarem a praticar boas maneiras em casa. Na realidade, é o contrário: o livro é antes uma expressão dos costumes predominantes nos países e ambientes Católicos da época.

Minha experiência com civilidade

Minha primeira experiência dando aulas sobre este assunto remonta a 1974, quando um professor da minha escola me pediu para compartilhar o que eu havia aprendido com o Manual de Urbanidade e Boas Maneiras de Carreño.

padilla etiquette

Sr. Padilla instrui uma aula para americanas sobre boas maneiras à mesa

Mais tarde, em 1977, tive a oportunidade de ingressar no mundo Católico tradicionalista, sendo convidado para a Tradição, Família e Propriedade (TFP), após uma conferência proferida em meu Colégio por um aristocrata peruano. Isso me permitiu não apenas apreciar o Catolicismo em sua verdade e essência religiosa, mas também admirar a influência da Santa Igreja na Sociedade Temporal. Com efeito, uma das facetas da Civilização Cristã é o amor de Deus, manifestado nas relações humanas.

Envolvido desde 1982 com formação e educação, embarquei no desenvolvimento de uma metodologia de ensino-aprendizagem baseada em pesquisa, experiência e criatividade. São quatro décadas e milhares de pessoas a quem tive a oportunidade de dar minhas aulas.

Obviamente li muito sobre Etiqueta, Protocolo e Cerimonial; nesse tempo dedicado à auto formação tive também a oportunidade de conhecer e relacionar-me com muitas pessoas ilustres. Entre eles tive o privilégio de conhecer o Sr. Atila Sinke Guimarães, meu professor por muitos anos na TFP. Por sua vez, foi um destacado discípulo do ilustre Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, que também tive a honra de conhecer pessoalmente.

Através do Sr. Guimarães nos últimos anos tive o prazer de conhecer a Dra. Marian Horvat. Conheci seus livros e artigos sobre Civilidade, Cortesia e a Restauração do Lar Católico. Assim, à medida que o círculo se fecha, encontrei novamente manuais de cortesia nos Estados Unidos – não o lugar esperado, dada a promoção do vestir casual e espontaneidade no tratamento – que combinam a alma Católica com boas maneiras..

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Sr. Padilla e Drª. Horvat apresentam certificados e felicitações ao final do curso

Sem diminuir o trabalho de Carreño, noto a particularidade de que os textos da Drª. Horvat são primorosos. Acima de tudo, nem se pode dizer que sejam antiquados ou modernos; o apropriado é dizer que anunciam o futuro.

Tendo tido a oportunidade de compartilhar minha experiência com famílias Católicas Norte-americanas em várias aulas ministradas na região de Los Angeles, vejo que, longe do que geralmente se pensa sobre os Estados Unidos, há muita nostalgia, respeito e vontade de aprender aqueles valores que nunca perderam sua importância.

Esses bons anseios de civilidade Católica me dão a oportunidade de oferecer minha ajuda. Este é o objetivo de alguns dos artigos que começo hoje e das aulas que espero dar aos interessados em conhecer as regras e o espírito da civilidade e etiqueta Católica.

Nos artigos seguintes, apresentarei uma sinopse do Manual de Manuel Antonio Carreño para colocar as regras Católicas do passado à disposição dos leitores da TIA.

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Da capa de uma edição posterior do
Manual de Carreño


Postado em 4 de março de 2022

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