Personalidades
A Visão Mecanicista de Freud da
Psique Humana
Continuando com meu estudo das ideias de Freud, vou analisar hoje em sua visão geral da psique humana e da natureza do homem em geral.
Freud abordou esses tópicos em muitos de seus estudos e palestras menores, mas foi em seu último trabalho analítico sobre a psique humana que ele postulou suas teorias de uma forma mais completa. Foi seu famoso O Ego e o Id, um trabalho que ele publicou em 1923 em Viena, Áustria. Foi seu trabalho final sobre Psicanálise propriamente dita.
Neste trabalho, Freud revelou sua concepção completa da psique, sua visão geral sobre como a mente humana funciona.
Ele dividiu a mente do homem em três partes principais.
O primeiro é o ego, a parte consciente do homem. O homem anda, pensa e toma decisões conscientes: eis o ego.
A segunda parte é o inconsciente, a parte mais importante de onde vêm todos os impulsos instintivos: as paixões, a sexualidade, a capacidade de sentir, odiar e até amar os homens.
Finalmente, a terceira parte é o superego, que é o conjunto de nossas leis morais, regras e defesas mentais que de alguma forma nos protegem da força de nossos instintos inconscientes.
Ele nomeou essas partes de ego, id e superego. Eles constituem a base de sua teoria sobre como a mente humana funciona. Para ele, essas três partes são sempre ativas e influenciam umas às outras.
Para ele, a parte mais primitiva é o inconsciente ou id, o qual, em última análise, é responsável pelos desejos, atos de vontade e os desejos mais profundos da alma humana.
Freud era completamente ateu e materialista. Como um típico cientista do século 19, ele foi influenciado pelo Positivismo, embora nunca tenha admitido ou mesmo falado sobre isso.
Ódio às filosofia e às religiões
Quero enfatizar que, nesse estudo, Freud demonstrou seu ódio à filosofia e à religião. Ele os tomava como inimigos naturais da ciência, que ele colocava no primeiro e único lugar de importância. Para ele, o estudo de qualquer outra disciplina que não fôsse a ciência era um obstáculo à marcha do progresso na sociedade. Ele expõz essa visão em seu livro O futuro de uma ilusão, escrito na década de 1930.
Quase todos os biógrafos de Freud relatam sua forte aversão desde a infância à filosofia, à religião e até à música. Por exemplo, a seu pedido seus pais proibiram sua irmã, que tinha um claro talento para piano e um gosto pela música clássica, para estudar e tocar esse instrumento porque, segundo o jovem Sigismund, “era um obstáculo ao seu estudo das ciências.” Ele não suportava nem mesmo o som do piano. Mais tarde, sua irmã se queixou fortemente dessa imposição.
Ele conseguiu impor suas manias porque era o único filho homem de uma família judia tradicional que obedecia aos seus caprichos.
Mais tarde, ele disse a seu jovem discípulo Karl Gustav Jung - que depois tornou-se seu inimigo ideológico - que a Psicanálise deveria se separar completamente dos "perigos" da Filosofia.
Freud pagou um preço alto por não reconhecer os grandes mestres do pensamento filosófico.
Não nos esqueçamos que Platão afirmou: "a filosofia é o pensamento que explica a verdadeira natureza da realidade." A filosofia nos ensina a pensar. Estudá-la é absolutamente necessário para quem queira entender profundamente as coisas e o homem.
Freud odiava tudo isso e acabou sendo vítima dos erros positivistas de sua época.
Ele acreditava que um dia a ciência encontraria no cérebro humano o que ele identificou como estruturas da personalidade humana, isto é, o ego, o id e o superego. Isso configura um sistema de pensamento mecanicista, caprichoso e simplista.
Ora, Aristóteles em seus estudos de Metafísica já afirmava que "o ser opera de acordo com sua natureza." Isso significa que uma coisa material só pode produzir outra coisa material. Assim, por si só, o cérebro humano, que é matéria, carne, não pode produzir consciência, vontade ou pensamentos abstratos no homem.
Um pedaço de carne, o cérebro humano, embora complexo com seus hormônios, sinapses e rede natural de neurônios, não pode produzir abstrações, pensamentos e outras ações espirituais típicas dos seres humanos.
Uma televisão ou um rádio pode transmitir programas, mas não os pode produzir. Assim também, o cérebro humano pode transmitir ideias, mas não as produz. Elas são elaboradas pela alma humana.
Assim, Freud, como tantos outros autores materialistas e ateístas, errou redondamente.
Para Freud, o homem nada mais é do que uma massa de células, nervos e hormônios. Admitindo esta tese, ele prejudica enormemente a liberdade humana e a concepção correlata do livre arbítrio. O homem se torna incapaz de decidir livre e inteiramente sobre como realizar suas ações. Ele se torna vítima de seus medos, paixões e desejos inconscientes.
Isso equivale a renunciar à liberdade de tomar decisões e arcar com suas consequências neste mundo e no próximo. Em última análise, para Freud o homem é um ser irresponsável e caprichoso.
Devo dizer que Freud não exigiu a abolição de punições para todos os tipos de criminosos na sociedade. Mas esta é a conclusão que chegamos naturalmente quando estudamos sua visão extremamente pessimista da natureza humana.
Hoje, a maioria dos psicanalistas não endossa mais uma noção tão sombria da humanidade. Um extenso movimento nesse campo está tentando reformar as ideias mecanicistas e simplistas de Freud. A Psicanálise está sendo re-examinada de cima a baixo.
Espero que essas revisões cheguem ao cerne da questão, que é a verdadeira natureza da alma humana.
No meu próximo artigo, pretendo abordar o papel de Karl Gustav Jung na destruição do sistema de Freud e a importância da religião para a estabilidade da psique humana.
Continua
Freud abordou esses tópicos em muitos de seus estudos e palestras menores, mas foi em seu último trabalho analítico sobre a psique humana que ele postulou suas teorias de uma forma mais completa. Foi seu famoso O Ego e o Id, um trabalho que ele publicou em 1923 em Viena, Áustria. Foi seu trabalho final sobre Psicanálise propriamente dita.
A metáfora do iceberg para entender o ego, id e super-ego
Ele dividiu a mente do homem em três partes principais.
O primeiro é o ego, a parte consciente do homem. O homem anda, pensa e toma decisões conscientes: eis o ego.
A segunda parte é o inconsciente, a parte mais importante de onde vêm todos os impulsos instintivos: as paixões, a sexualidade, a capacidade de sentir, odiar e até amar os homens.
Finalmente, a terceira parte é o superego, que é o conjunto de nossas leis morais, regras e defesas mentais que de alguma forma nos protegem da força de nossos instintos inconscientes.
Ele nomeou essas partes de ego, id e superego. Eles constituem a base de sua teoria sobre como a mente humana funciona. Para ele, essas três partes são sempre ativas e influenciam umas às outras.
Para ele, a parte mais primitiva é o inconsciente ou id, o qual, em última análise, é responsável pelos desejos, atos de vontade e os desejos mais profundos da alma humana.
Freud era completamente ateu e materialista. Como um típico cientista do século 19, ele foi influenciado pelo Positivismo, embora nunca tenha admitido ou mesmo falado sobre isso.
Ódio às filosofia e às religiões
Quero enfatizar que, nesse estudo, Freud demonstrou seu ódio à filosofia e à religião. Ele os tomava como inimigos naturais da ciência, que ele colocava no primeiro e único lugar de importância. Para ele, o estudo de qualquer outra disciplina que não fôsse a ciência era um obstáculo à marcha do progresso na sociedade. Ele expõz essa visão em seu livro O futuro de uma ilusão, escrito na década de 1930.
Quase todos os biógrafos de Freud relatam sua forte aversão desde a infância à filosofia, à religião e até à música. Por exemplo, a seu pedido seus pais proibiram sua irmã, que tinha um claro talento para piano e um gosto pela música clássica, para estudar e tocar esse instrumento porque, segundo o jovem Sigismund, “era um obstáculo ao seu estudo das ciências.” Ele não suportava nem mesmo o som do piano. Mais tarde, sua irmã se queixou fortemente dessa imposição.
Ele conseguiu impor suas manias porque era o único filho homem de uma família judia tradicional que obedecia aos seus caprichos.
Mais tarde, ele disse a seu jovem discípulo Karl Gustav Jung - que depois tornou-se seu inimigo ideológico - que a Psicanálise deveria se separar completamente dos "perigos" da Filosofia.
Freud pagou um preço alto por não reconhecer os grandes mestres do pensamento filosófico.
Não nos esqueçamos que Platão afirmou: "a filosofia é o pensamento que explica a verdadeira natureza da realidade." A filosofia nos ensina a pensar. Estudá-la é absolutamente necessário para quem queira entender profundamente as coisas e o homem.
Freud odiava tudo isso e acabou sendo vítima dos erros positivistas de sua época.
Jung, antes um discípulo de Freud, depois se tornou seu inimigo mortal
Ora, Aristóteles em seus estudos de Metafísica já afirmava que "o ser opera de acordo com sua natureza." Isso significa que uma coisa material só pode produzir outra coisa material. Assim, por si só, o cérebro humano, que é matéria, carne, não pode produzir consciência, vontade ou pensamentos abstratos no homem.
Um pedaço de carne, o cérebro humano, embora complexo com seus hormônios, sinapses e rede natural de neurônios, não pode produzir abstrações, pensamentos e outras ações espirituais típicas dos seres humanos.
Uma televisão ou um rádio pode transmitir programas, mas não os pode produzir. Assim também, o cérebro humano pode transmitir ideias, mas não as produz. Elas são elaboradas pela alma humana.
Assim, Freud, como tantos outros autores materialistas e ateístas, errou redondamente.
Para Freud, o homem nada mais é do que uma massa de células, nervos e hormônios. Admitindo esta tese, ele prejudica enormemente a liberdade humana e a concepção correlata do livre arbítrio. O homem se torna incapaz de decidir livre e inteiramente sobre como realizar suas ações. Ele se torna vítima de seus medos, paixões e desejos inconscientes.
Isso equivale a renunciar à liberdade de tomar decisões e arcar com suas consequências neste mundo e no próximo. Em última análise, para Freud o homem é um ser irresponsável e caprichoso.
Devo dizer que Freud não exigiu a abolição de punições para todos os tipos de criminosos na sociedade. Mas esta é a conclusão que chegamos naturalmente quando estudamos sua visão extremamente pessimista da natureza humana.
Hoje, a maioria dos psicanalistas não endossa mais uma noção tão sombria da humanidade. Um extenso movimento nesse campo está tentando reformar as ideias mecanicistas e simplistas de Freud. A Psicanálise está sendo re-examinada de cima a baixo.
Espero que essas revisões cheguem ao cerne da questão, que é a verdadeira natureza da alma humana.
No meu próximo artigo, pretendo abordar o papel de Karl Gustav Jung na destruição do sistema de Freud e a importância da religião para a estabilidade da psique humana.
Continua
Postado em 8 de janeiro de 2020
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