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A Vocação de Carlos Magno - II

Modelo ideal de Governante em suas relações
com seus súditos

Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
Carlos Magno era de uma família que governou por duas gerações o Reino dos Francos, que era apenas um dos muitos povos bárbaros da Europa. Durante seu governo sobre os Francos, ele se envolveu em uma série de guerras - mais de 50 expedições militares - pelas quais parou o perigo bárbaro. Ele também manteve o poder Muçulmano à distância.

Charlemagne conquering the Saxons

Carlos Magno conquistando os Saxões

Fazendo isso, ele fez a História dar um passo atrás. Ou seja, a História parecia condenar o povo Latino a desaparecer sob a força Alemã e a pressão Muçulmana. Carlos Magno salvou o mundo Latino e, salvando-o, salvou a Catolicidade.

Esse homem que fez tais ações extraordinárias era, de acordo com a descrição de seus contemporâneos, um tipo de homem hercúleo. Ele era alta estatura, com feições muito regulares, e conservava uma aparência jovem até sua velhice. Por outro lado, quando jovem, tinha algo da maturidade de um homem velho. Assim, desde que era jovem, ele inspirou respeito como se fosse um ancião; e quando ele envelheceu, despertou entusiasmo como se estivesse no auge da vida.

Ele era tão amável que a lenda diz que quando ele sorria, as flores desabrochavam em sua barba branca. Mas em combate ele era tão terrível que sua mera presença instigava tanto medo que seus inimigos consideravam a batalha já meio perdida.

Assim, alguns ficaram tão encantados com ele que imaginaram flores em sua barba; outros tinham tanto medo dele que sua mera presença os faria fugir do campo de batalha. Esses contrastes nos dão uma idéia da riqueza de sua personalidade.

Carlos Magno e seus Pares

Este grande guerreiro era ao mesmo tempo um grande educador. Ele formou um grupo de homens, que a História registra como, os Doze Pares de Carlos Magno. Quando falamos de um par de Carlos Magno, nos referimos a um relacionamento ideal. Na ordem temporal, nunca o relacionamento entre um chefe e seus vassalos foi tão nobre, tão elevado, tão forte. Nunca a condição de ser foi tão definida e comunicativa de grandeza como em um par de Carlos Magno.

Peers

Carlos Magno e seus Pares em batalha

Entre Carlos Magno e seus Pares havia uma grande distância. Ele era um personagem tão forte que todos os Pares eram menor que ele. Mas um Par de Carlos Magno era uma projeção dele de tal maneira que era como um filho e um embaixador. Ele transmitia aos outros a personalidade de Carlos Magno, sua majestade, sua força, sua grandeza ...

Os Pares eram como representações auxiliares de Carlos Magno, mesmo sendo inimitável. Nesse relacionamento reside a beleza do elo que os unia a ele. Carlos Magno elevou seus súditos à condição de filhos e, por assim dizer, outros Carlos Magno, embora eles claramente permanecessem na posição de súditos.

Além disso, a solidariedade daqueles pares era algo bastante bonito. Os Pares se uniram sem megalomania, sem inveja, com uma solidariedade cujo objetivo era servir o Imperador, e nele, a causa da Civilização Cristã e da Igreja Católica.

Assim, por toda uma série de mediações do mais alto do Céu, eles serviram Nossa Senhora e Nosso Senhor Jesus Cristo. Por esse motivo, eles estavam fortemente unidos entre si. O modelo ideal de uma amizade nobre, viril, despretensiosa e leal foi o que uniu os Pares de Carlos Magno.

Existe uma tradição Católica pela qual a alta nobreza em todos os países Europeus adotou o nome de Pares – Pares do Reino Unido, Pares de França. Isso foi uma imitação dos Pares de Carlos Magno, em reconhecimento à alta perfeição da relação do Imperador com seus Pares.

Esse homem, que não possuía diploma universitário, organizou escolas em todo o império, usando intelectuais como Alcuino, um grande estudioso. Carlos Magno não havia sido formado em um seminário, mas seu aprendizado e renome foram tão grandes que ele participou dos Concílios da Igreja, onde os Bispos conheceram sua opinião sobre questões teológicas, onde ele sempre adotou a postura ortodoxa.

Sua coroação

Este homem era o muro defensivo da Igreja, a glória da Igreja, o filho da Igreja. Ele nunca pisou nos direitos da Igreja, mas sempre respeitou sua soberania e deu a ela todo o poder que merecia. Por esse motivo, a Igreja o coroou imperador.

coronation of Charlemagne

A coroação de Carlos Magno e o início do Sacro Império Romano-Alemão

Na véspera de Natal do ano 800, ele estava rezando na Basílica de São João de Latrão. O Papa Leão III chegou à Missa com uma coroa de ouro. O Papa disse a Carlos Magno que queria restaurar o Império Romano em ruínas, concedendo a ele o título de Imperador. A modéstia de Carlos Magno recusou.

O Papa o forçou a aceitar, coroou-o e acompanhou-o a uma varanda onde o povo o aclamava como Imperador: "Para Carlos, o mais piedoso Augusto, coroado por Deus, o grande e pacífico Imperador, vida e vitória." Assim, o Império Romano foi restaurado. Sob a égide da Igreja Católica, duraria mais de 1.000 anos.

Aquela coroação foi um gesto papal muito bonito. Era a Igreja reconhecendo e coroando na terra aquele que Deus provavelmente coroaria no Céu.

Outro aspecto esplêndido dessa cena é o poder do Papa. O Império Romano era uma instituição que não havia nascido dos Papas. Foi instituído pelo Senado Romano. Foi o Senado romano que criou a grandeza Romana. Os Imperadores Romanos nasceram da decadência da República Romana. Era, portanto, uma instituição pagã, que foi cristianizada com Constantino. Naquele momento da história, o Papa se julgou em condições de restaurar o Império Romano. Ele fez isso e fundou o Sacro Império Romano, um Império feito para a defesa da fé.

Naquela noite de Natal, aquelas misteriosas palavras de Nosso Senhor a São Pedro no Jardim das Oliveiras se tornaram realidade. Nosso Senhor perguntou a São Pedro se ele tinha alguma espada; São Pedro respondeu: "Olha, Senhor, existem duas." Nosso Senhor respondeu: “Basta.”

Os teólogos interpretam essas passagens como São Pedro dizendo que ele tinha duas espadas à mão: a espada da Igreja, que é o poder de excomungar; e a espada do Estado, que é o poder temporal, a força militar para combater heresias e extirpar o mal da sociedade. Essas duas espadas são suficientes para São Pedro cumprir sua missão.

Naquela cerimônia em São João Latrão, Pedro estava forjando para si uma espada de ouro, que era o Sacro Império Romano-Alemão com a missão de defender a Fé na Cristandade.

charlemagne our lady

Carlos Magno ajoelhado diante de Nossa Senhora na Abadia de Vezzolano, escultura do século 12

São maravilhas e belezas que nos lembram dias muito diferentes daqueles em que vivemos. Existem alguns ideais que nunca morrem porque são deduzidos diretamente da Fé. Eles nos fazem entender que a História não pode terminar em uma derrota de Nosso Senhor. A vingança tem que vir. A Revolução deve ser esmagada de maneira tão completa que o Reino de Maria seja constituído. O mundo foi criado para isso: Deus criou tudo para que, em certa época, Seu Reino fosse completamente estabelecido em todo o mundo. Isso tem que ser realizado.

Portanto, as memórias desses eventos nos trazem uma esperança para o futuro. A memória do Império de Carlos Magno cria a esperança de um futuro diferente, a certeza de uma vitória futura. Caminhamos em direção à restauração da ordem em que Carlos Magno era um símbolo.

Podemos pedir que Carlos Magno ore por nós. Nem todo episódio de sua vida é clara. A Igreja não se pronunciou oficialmente sobre se ele era um santo ou não. Mas em certas regiões da Europa há o costume de celebrar o dia de festa do Beato Carlos Magno.

No século 19, alguns Católicos liberais movido pelo “zelo” - sim, nessas questões liberais, modernistas e progressistas têm zelo - queriam abolir a festa do Beato Carlos Magno. Pio IX publicou um decreto no qual declarou que nos lugares onde Carlos Magno era venerado como um Bem Aventurado, essa devoção poderia continuar.

Podemos, portanto, pedir em particular a Carlos Magno que nos dê a força para fundar o Reino de Maria, como ele fundou a Idade Média, da qual ele era a pedra angular.

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Postado em 11 de maio de 2020


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