Personalidades
Dom Vital – III
Pio IX condena, depois aprova Dom Vital
Enquanto Dom Vital estava preso na Ilha das Cobras, a pior provação espiritual de sua vida caiu sobre ele.
Naquela época, o Barão de Penedo, importante diplomata Brasileiro, era embaixador do Império na Inglaterra. Na verdade, ele era mais o embaixador da família Rothschild do que do governo Inglês, porque a família Rothschild era a grande credora do Brasil.
O Império enviou o Barão de Penedo a Roma como seu enviado para advogar perante o Papa a condenação de Dom Vital. Infelizmente, como fruto dessa negociação, Pio IX enviou uma carta condenando-o.
A carta papal chegou ao Núncio Apostólico no Rio dirigida a Dom Vital, mas ninguém quis entregá-la ao Prelado, que se tornara um herói Católico nacional. Naquela situação constrangedora, o Bispo do Rio de Janeiro, Dom Pedro Maria de Lacerda, ofereceu-se para entregá-la pessoalmente a Dom Vital em seu presídio. Este Prelado era um homem covarde. Quando os jornais Maçônicos do Rio publicaram as listas dos padres que pertenciam à Maçonaria e desafiaram Dom Lacerda a condená-los, ele não teve coragem de fazê-lo.
Uma regra que não tem exceção é que o homem covarde que teme os fortes é corajoso com aqueles que estão em uma posição fraca. Assim, Dom Lacerda assumiu a missão de entregar a carta papal a Dom Vital.
Dom Vital recebeu a carta, colocou-a no bolso e disse: “Obrigado.” Surpreso, Dom Lacerda perguntou: “Mas Vossa Excelência não vai divulgar o conteúdo da carta?” Dom Vital respondeu: “Não, a carta é endereçada a mim. Portanto, é minha e não tenho intenção de publicar seu conteúdo.”
Passados dois anos, se minha memória não me trair, Dom Vital recebeu o perdão do Imperador Pedro II. A medida partiu de um pedido da filha Princesa Isabel, muito Católica, e do Duque de Caxias, que ascendera ao poder como Primeiro-Ministro apoiado no prestígio que gozava com as guerras bem-sucedidas no Sul que liderou. Ele acreditava que seria impossível governar enquanto o Brasil estivesse dividido pela Questão Religiosa: a luta da Igreja contra a Maçonaria.
Não esqueçamos - e este é mais um motivo importante para Dom Pedro II libertar o grande Bispo - que o gabinete do Barão do Rio Branco, o falecido primeiro-ministro, havia caído por causa de suas medidas contra Dom Vital.
Assim, Dom Vital foi absolvido e levado perante o Imperador para agradecê-lo. Estava acompanhado de Dom Macedo Costa, seu companheiro de prisão, também absolvido. Dom Vital não falou durante toda a entrevista. Ele não agradeceu ao Imperador porque, primeiro, le não reconheceu que o Império tinha o poder de condenar um Bispo; segundo, ele sabia que sua condenação era injusta e, portanto, não era um favor libertá-lo da prisão, mas um ato da mais elementar justiça.
Por outro lado, o alegre Dom Macedo não perdeu a oportunidade de agradecer ao Imperador D. Pedro II e lisonjeá-lo ao máximo. É interessante notar que quando a Monarquia caiu alguns anos depois, este mesmo Dom Macedo tomou partido da República e até escreveu uma carta pastoral elogiando-a e ridicularizando o trono que antes havia elogiado. Isso descreve o caráter daquele Prelado.
Dom Vital foi ao Recife e depois à Europa em busca de cura para seu estado de saúde, que declinava rapidamente devido às intoxicações que sofrera na prisão. Uma vez na Europa, ele foi a Roma, pois seu caso deveria ser julgado por Pio IX.
O Papa estava muito mal informado sobre Dom Vital e o recebeu com frieza. Foi iniciado um processo para julgá-lo na Congregação dos Bispos e uma comissão de Cardeais foi escolhida para estudar o caso. Quando Dom Vital visitou os Cardeais para justificar suas ações, ele encontrou clara hostilidade. A comissão era contra ele.
Foi tranquilamente a Lourdes pedir a Nossa Senhora que o curasse. Conheço esses detalhes porque um de meus primos - um padre - era secretário de Dom Vital e viajou com ele.
Certa manhã, em Lourdes, Dom Vital estava meio adormecido em seu quarto de hotel quando pensou ter ouvido a voz de um menino dentro do quarto dizendo que ganharia a causa em Roma. Logo depois, de fato, ele recebeu um telegrama dizendo-lhe que os Cardeais haviam feito um relatório favorável e a Congregação o havia declarado inocente de qualquer acusação.
Li pessoalmente a carta de um Cardeal Capuchinho daquela comissão que afirmava não saber explicar como foi feito o julgamento favorável, pois, até a véspera da sentença, estivera com os demais membros da comissão e todos eram contra Dom Vital. Claramente, a Providência Divina interveio e os Cardeais inexplicavelmente mudaram de ideia durante a noite. Provavelmente aquele menino era um Anjo anunciando a Dom Vital que Deus havia decidido intervir em seu favor no caso.
De volta a Roma, é novamente recebido pelo Papa, que o beija na testa. Primeiro, Pio IX o chamou de “testa calda,” um cabeça quente. Desta vez, porém, ele beijou a testa para mostrar que percebeu que fora mal-informado e que Dom Vital não era encrenqueiro. O Papa deu-lhe um Missal e o justificou plenamente. Chegou a redigir um documento público que era uma justificativa indireta de Dom Vital.
Ele continuou a viajar por toda a Europa em busca de uma cura para sua saúde debilitada. Sua doença era tão grave que o fez cuspir partes dos pulmões. A secretária de Dom Vital me disse que onde quer que fosse, era seguido por agentes da Maçonaria.
Por exemplo, depois de passar dois ou três dias em uma cidade, um homem disfarçado de mendigo aparecia para pedir esmolas e perguntar para onde viajaria em seguida. Então, na próxima cidade, o mesmo homem apareceria com outro disfarce e mais perguntas sobre seu itinerário. O próprio Dom Vital comentou com sua secretária que aquele homem era um agente das Forças Secretas que os perseguiam. Ele morreu quando estava em Paris no Mosteiro dos Capuchinhos.
Depois que ele morreu, nenhuma causa mortis foi dada pelos médicos. É bem-sabido, porém, que sua morte foi causada pelo veneno que os Maçons colocaram na pintura de sua cela quando ele estava na prisão. A inalação causou a decadência de sua saúde e, finalmente, sua morte.
Em 1952, estive em Roma e fui conversar com o Capuchinho encarregado de sua causa de beatificação. Ele me disse: “Sabe, esta causa não pode prosseguir porque todas as testemunhas daquela época morreram. Não podemos beatificar uma pessoa quando todos que o conheceram estão mortos.” Isso é totalmente falso. Não é nada além de uma desculpa.
Mais tarde, quando voltei ao Brasil e estava em Recife, visitei os Capuchinhos de lá e perguntei sobre a causa da canonização de Dom Vital. Disseram-me que tinha sido extremamente difícil iniciar a causa em Roma, porque isso exigia a assinatura do Arcebispo de Olinda e Recife. Cada vez que pediam sua aprovação, uma desculpa diferente era dada para adiá-la.
Por exemplo, uma vez que os Capuchinhos apresentaram todo o processo ao Arcebispo e, depois que ficou claro que a causa deveria ser enviada a Roma, ele disse: “Pois bem, temos que assiná-lo.” Foi procurar a caneta e voltou dizendo aos Capuchinhos: “Vejam, a minha caneta não funciona. Eu não posso assinar.” Eles responderam: “Excelência, aqui está outra caneta. O senhor pode assinar com esta.” Ele respondeu: “Cada um de nós tem seus próprios costumes peculiares. Eu tenho este: eu só assino documentos com minha própria caneta.” E ele não assinou.
Atualmente o processo de beatificação de Dom Vital está paralisado. Seria uma canonização gloriosa, já que ele foi um mártir e deu a vida pela Igreja. Ele lutou como um herói contra um dos inimigos mais pérfidos da Igreja, a Maçonaria.
No Reino de Maria devemos promover sua canonização. A festa de São Dom Vital Maria Gonçalves de Oliveira seria de fato gloriosa.
Mal informado, Pio IX enviou uma
carta condenando Dom Vital
O Império enviou o Barão de Penedo a Roma como seu enviado para advogar perante o Papa a condenação de Dom Vital. Infelizmente, como fruto dessa negociação, Pio IX enviou uma carta condenando-o.
A carta papal chegou ao Núncio Apostólico no Rio dirigida a Dom Vital, mas ninguém quis entregá-la ao Prelado, que se tornara um herói Católico nacional. Naquela situação constrangedora, o Bispo do Rio de Janeiro, Dom Pedro Maria de Lacerda, ofereceu-se para entregá-la pessoalmente a Dom Vital em seu presídio. Este Prelado era um homem covarde. Quando os jornais Maçônicos do Rio publicaram as listas dos padres que pertenciam à Maçonaria e desafiaram Dom Lacerda a condená-los, ele não teve coragem de fazê-lo.
Uma regra que não tem exceção é que o homem covarde que teme os fortes é corajoso com aqueles que estão em uma posição fraca. Assim, Dom Lacerda assumiu a missão de entregar a carta papal a Dom Vital.
Dom Vital recebeu a carta, colocou-a no bolso e disse: “Obrigado.” Surpreso, Dom Lacerda perguntou: “Mas Vossa Excelência não vai divulgar o conteúdo da carta?” Dom Vital respondeu: “Não, a carta é endereçada a mim. Portanto, é minha e não tenho intenção de publicar seu conteúdo.”
O Imperador Pedro II achou mais prudente para seu governo libertar Dom Vital da prisão
Não esqueçamos - e este é mais um motivo importante para Dom Pedro II libertar o grande Bispo - que o gabinete do Barão do Rio Branco, o falecido primeiro-ministro, havia caído por causa de suas medidas contra Dom Vital.
Assim, Dom Vital foi absolvido e levado perante o Imperador para agradecê-lo. Estava acompanhado de Dom Macedo Costa, seu companheiro de prisão, também absolvido. Dom Vital não falou durante toda a entrevista. Ele não agradeceu ao Imperador porque, primeiro, le não reconheceu que o Império tinha o poder de condenar um Bispo; segundo, ele sabia que sua condenação era injusta e, portanto, não era um favor libertá-lo da prisão, mas um ato da mais elementar justiça.
Por outro lado, o alegre Dom Macedo não perdeu a oportunidade de agradecer ao Imperador D. Pedro II e lisonjeá-lo ao máximo. É interessante notar que quando a Monarquia caiu alguns anos depois, este mesmo Dom Macedo tomou partido da República e até escreveu uma carta pastoral elogiando-a e ridicularizando o trono que antes havia elogiado. Isso descreve o caráter daquele Prelado.
Dom Antonio de Macedo Costa
O Papa estava muito mal informado sobre Dom Vital e o recebeu com frieza. Foi iniciado um processo para julgá-lo na Congregação dos Bispos e uma comissão de Cardeais foi escolhida para estudar o caso. Quando Dom Vital visitou os Cardeais para justificar suas ações, ele encontrou clara hostilidade. A comissão era contra ele.
Foi tranquilamente a Lourdes pedir a Nossa Senhora que o curasse. Conheço esses detalhes porque um de meus primos - um padre - era secretário de Dom Vital e viajou com ele.
Certa manhã, em Lourdes, Dom Vital estava meio adormecido em seu quarto de hotel quando pensou ter ouvido a voz de um menino dentro do quarto dizendo que ganharia a causa em Roma. Logo depois, de fato, ele recebeu um telegrama dizendo-lhe que os Cardeais haviam feito um relatório favorável e a Congregação o havia declarado inocente de qualquer acusação.
Li pessoalmente a carta de um Cardeal Capuchinho daquela comissão que afirmava não saber explicar como foi feito o julgamento favorável, pois, até a véspera da sentença, estivera com os demais membros da comissão e todos eram contra Dom Vital. Claramente, a Providência Divina interveio e os Cardeais inexplicavelmente mudaram de ideia durante a noite. Provavelmente aquele menino era um Anjo anunciando a Dom Vital que Deus havia decidido intervir em seu favor no caso.
De volta a Roma, é novamente recebido pelo Papa, que o beija na testa. Primeiro, Pio IX o chamou de “testa calda,” um cabeça quente. Desta vez, porém, ele beijou a testa para mostrar que percebeu que fora mal-informado e que Dom Vital não era encrenqueiro. O Papa deu-lhe um Missal e o justificou plenamente. Chegou a redigir um documento público que era uma justificativa indireta de Dom Vital.
Ele continuou a viajar por toda a Europa em busca de uma cura para sua saúde debilitada. Sua doença era tão grave que o fez cuspir partes dos pulmões. A secretária de Dom Vital me disse que onde quer que fosse, era seguido por agentes da Maçonaria.
Dom Vital e o Duque de Caxias, os dois polos da Questão Religiosa no Brasil - um osso duro de roer
Depois que ele morreu, nenhuma causa mortis foi dada pelos médicos. É bem-sabido, porém, que sua morte foi causada pelo veneno que os Maçons colocaram na pintura de sua cela quando ele estava na prisão. A inalação causou a decadência de sua saúde e, finalmente, sua morte.
Em 1952, estive em Roma e fui conversar com o Capuchinho encarregado de sua causa de beatificação. Ele me disse: “Sabe, esta causa não pode prosseguir porque todas as testemunhas daquela época morreram. Não podemos beatificar uma pessoa quando todos que o conheceram estão mortos.” Isso é totalmente falso. Não é nada além de uma desculpa.
Mais tarde, quando voltei ao Brasil e estava em Recife, visitei os Capuchinhos de lá e perguntei sobre a causa da canonização de Dom Vital. Disseram-me que tinha sido extremamente difícil iniciar a causa em Roma, porque isso exigia a assinatura do Arcebispo de Olinda e Recife. Cada vez que pediam sua aprovação, uma desculpa diferente era dada para adiá-la.
Por exemplo, uma vez que os Capuchinhos apresentaram todo o processo ao Arcebispo e, depois que ficou claro que a causa deveria ser enviada a Roma, ele disse: “Pois bem, temos que assiná-lo.” Foi procurar a caneta e voltou dizendo aos Capuchinhos: “Vejam, a minha caneta não funciona. Eu não posso assinar.” Eles responderam: “Excelência, aqui está outra caneta. O senhor pode assinar com esta.” Ele respondeu: “Cada um de nós tem seus próprios costumes peculiares. Eu tenho este: eu só assino documentos com minha própria caneta.” E ele não assinou.
Atualmente o processo de beatificação de Dom Vital está paralisado. Seria uma canonização gloriosa, já que ele foi um mártir e deu a vida pela Igreja. Ele lutou como um herói contra um dos inimigos mais pérfidos da Igreja, a Maçonaria.
No Reino de Maria devemos promover sua canonização. A festa de São Dom Vital Maria Gonçalves de Oliveira seria de fato gloriosa.
Postado em 20 de agosto de 2021
______________________
______________________