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Questões Tradicionalistas
A Missa Latina deve ser "Tolerada,"
nada mais
Margaret C. Galitzin
“Papa na França: 'Missa em Latim um ato de tolerância.'” Não é o meu título. Era a manchete de um artigo recente de John L. Allen Jr., repórter / comentarista do jornal progressista National Catholic Reporter que cobriu a recente visita de quatro dias do Papa à França. Eu o cito porque ele resume muito bem, na minha opinião, o status atual dos tradicionalistas após a importante decisão de 2007 que deu permissão mais ampla para a Missa em Latim ser dita.
O motu proprio? Um mero ato de tolerância... |
A caminho de Paris em 12 de setembro de 2008, o Papa respondeu a quatro perguntas de jornalistas. A terceira foi esta: “O que o senhor diria àqueles que, na França, temem que o Motu Proprio Summorum Pontificum sinalize um retrocesso em relação às grandes intuições do Concílio Vaticano II? Como o senhor pode tranquilizá-los?” (1)
Bento XVI respondeu: “O medo deles é infundado, pois este Motu Proprio é apenas um ato de tolerância, com finalidade pastoral, para aqueles que foram educados com esta liturgia, que a amam, a conhecem e desejam viver com esta liturgia” (grifo nosso).
De acordo com o Merriam Webster Dictionary, (o original do artigos é em Inglês), a tolerância no sentido empregado acima pode ser:
- Simpatia ou indulgência por crenças ou práticas diferentes ou conflitantes com as nossas;
- O desvio permitido de um padrão.
De qualquer forma, ser “tolerado” dificilmente me parece motivo para comícios de vitória. Talvez seja por isso que os círculos conservadores ficaram tão calados sobre esta significativa observação que mostra claramente que Bento XVI está longe de ser o herói que luta para impor a Missa Tridentina em todos os lugares. Só a permitiu, como afirmou expressamente, para “fins pastorais,” o que pode muito bem traduzir-se nisto: manter felizes os diversos grupos conservadores e tradicionalistas e inseri-los na “comunhão” da Igreja Conciliar.
Nenhuma oposição entre as duas liturgias?
E como a Igreja Conciliar alcançará esta “comunhão” com os conservadores no tema liturgia? Bento XVI explica: “No entanto, para essas pessoas, ter o amor e a tolerância para deixá-las viver com esta liturgia me parece uma exigência normal da fé e da preocupação pastoral de qualquer Bispo de nossa Igreja. Não há oposição entre a liturgia renovada pelo Concílio Vaticano II e a liturgia celebrada de acordo com o rito antigo.”
A mensagem é bastante clara. Para serem admitidos em comunhão com a Roma progressista, os Católicos conservadores e tradicionalistas devem admitir que não há oposição ou contradição entre a Missa Tridentina e a Missa Nova.
Acima, uma Missa Novus Ordo dita sobre uma mesa lembra um culto Protestante, em oposição óbvia à sacralidade da Missa Tridentina em um altar, abaixo
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Bento XVI explicou que os iluminados Padres Conciliares “conceberam um desenvolvimento natural para a liturgia dentro de todo este século, pois a liturgia é uma realidade viva que se desenvolve mas, em seu desenvolvimento, mantém sua identidade. Assim, certamente há acentos diferentes, mas, no entanto, [permanece] uma identidade fundamental que exclui uma contradição, uma oposição entre a liturgia renovada e a liturgia anterior.”
Este é precisamente o ponto que aqueles que resistem às mudanças na liturgia gostariam de discutir publicamente com o Vaticano: tanto uma contradição quanto uma oposição realmente existem entre a chamada liturgia “renovada” e a Missa Tridentina. Nós afirmamos que houve não apenas uma dessacralização, mas também mudanças doutrinárias muito graves que foram feitas neste ato de adoração divina.
Agora, somos informados que a sorte está lançada, que não pode haver discussão. Conservadores e tradicionalistas podem ter uma Missa Tridentina ocasional, mas eles devem colocar de lado todas as suas objeções doutrinais à nova liturgia, que foi escrita por uma comissão que incluía seis Protestantes e foi chefiada pelo ultra progressista Pe. Anibale Bugnini. Eles devem esquecer a abolição do caráter sacrificial da Missa, sua ênfase Protestante em uma ceia memorial e o peso dado à participação do chamado sacerdócio dos fiéis, junto com muitos outros pontos de contenção. Esses e outros problemas doutrinários foram cuidadosa e respeitosamente apresentados na declaração de resistência, We Resist You to the Face.
O que nós, Católicos, que assumimos a posição de resistência, queremos é mais do que um “ato de tolerância.” Gostaríamos de ver uma discussão pública - um diálogo, se preferir - com o Vaticano sobre os graves pontos de contradição e oposição que vemos nas iniciativas pós-Conciliares, incluindo a reforma litúrgica. Se o Papa e o Vaticano tivessem uma autêntica “preocupação pastoral” e estivessem realmente preocupados com a verdade, eles entrariam em um debate público, respondendo diretamente a essas dúvidas dos fiéis. Mas, em vez disso, “preocupação pastoral” com o Papa e o Vaticano significa permitir a Missa como um “ato de tolerância” para mantê-los todos em silêncio.
Pedidos educados para discussão foram rejeitados ou ignorados. Bento XVI certamente parece seguir a mesma política de recusar qualquer discussão sobre o assunto. A permissão para rezar a Missa Tridentina, muitas vezes saudada como o primeiro passo de um grande retorno ao passado, termina como uma mera manobra para silenciar uma oposição inoportuna. Nada além de outro truque progressista para enganar Católicos bem-intencionados. O ditado Francês vem à mente: “Quanto mais as coisas mudam, mais elas permanecem as mesmas” (plus cela change, plus c’est la même chose).
Uma Missa Híbrida
Em seu breve comunicado à imprensa sobre o plano papal, Bento XVI também disse é claro que os seguidores da Missa Tridentina têm que aceitar as mudanças progressistas da Nova Missa. De fato, ele afirmou:
“Acredito que haja uma oportunidade de enriquecimento para ambas as partes. Por um lado, os amigos da velha liturgia podem e devem conhecer os novos santos, os novos prefácios da liturgia, etc. ... Por outro lado, a nova liturgia coloca maior ênfase na participação comum, mas não é apenas uma assembleia de uma determinada comunidade, mas antes sempre um ato da Igreja universal em comunhão com todos os crentes de todos os tempos, e um ato de culto. Nesse sentido, parece-me que há um enriquecimento mútuo, e é claro que a liturgia renovada é a liturgia ordinária de nosso tempo.” (ênfase adicionada)
A próxima Missa Híbrida se parecerá com este culto Anglicano? |
No ano passado, houve muita confusão sobre quanto da Nova Missa terá que ser adotado pelo rito Tridentino. Lemos que o novo lecionário pode ser imposto à Missa Tridentina, que as leituras podem ser feitas em língua vernácula, que a observância do Novus Ordo dos Dias Santos de Obrigação pode ser imposta ao calendário antigo, ou que a “Missa dialogada” em Latim é obrigatória.
Nesta viagem, Bento XVI apontou claramente a direção que o futuro tomará: “Os amigos da velha liturgia podem e devem conhecer os novos santos, os novos prefácios da liturgia, etc. ...” Por outro lado, ele continuou, os tradicionalistas devem estar abertos a “uma maior ênfase na participação comum.”
A primeira possivelmente implica que os tradicionalistas logo terão que invocar o Beato João XXIII, o Beato Rosmini, a Beata Teresa de Calcutá e o Beato Newman em suas Missas. E o que significa “uma maior ênfase na participação comum” senão certas adaptações, como a Missa dialogada, as mãos dadas no canto (em Latim) do Pai Nosso, os leigos lendo as Epístolas, e assim por diante?
O Papa Ratzinger encerrou sua resposta fazendo uma declaração forte: embora a Missa Tridentina seja tolerada, é, no entanto, muito “claro que a liturgia renovada é a liturgia ordinária de nosso tempo.”
Eu não acredito que muitos dos que preferem as Missas Novus Ordo serão tocados por esse “processo de enriquecimento,” mas me parece uma aposta certa que a Missa Tridentina será forçada a adaptações graduais, caso os tradicionalistas e conservadores concordem em percorrer o caminho para uma Missa híbrida.
1. Citações da entrevista de Bento XVI no avião papal, 12 de setembro de 2008 publicadas no site do Vaticano.
“Dada a atualidade do tema deste artigo (29 de setembro de 2008), TIA do Brasil resolveu republicá-lo - mesmo se alguns dados são antigos - para benefício de nossos leitores.”
Postado em 27 de outubro de 2021
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