Um leitor notou recentemente que a entrevista que a Irmã Lúcia deu ao Pe. Augustin Fuentes, em 1957, é sempre reportado parcialmente, e perguntou à TIA se poderíamos publicar o texto completo. Para ajudar neste pedido, estamos postando agora o texto mais completo disponível da entrevista de 1957, com nossa própria tradução do original em espanhol. Pe. Augustín Fuentes foi o sacerdote mexicano nomeado vice-postulador da causa de beatificação de Francisco e Jacinta. Nessa entrevista, a Irmã Lúcia disse que Nossa Senhora lhe disse: “Os últimos meios que Deus dará ao mundo para a sua salvação são o Santo Rosário e o Meu Imaculado Coração.”
Esta importante conversa de 26 de Dezembro de 1957 foi a última entrevista pública da Irmã Lúcia. Depois disso, a permissão para quaisquer outras entrevistas foi recusada e ela foi efetivamente silenciada e completamente escondida pelas décadas seguintes.
Outra Irmã Lúcia muito jovial apareceu 10 anos depois, em 1967, durante a visita de Paulo VI a Fátima. Esta Irmã Lúcia, de rosto quadrado, alegre e robusta – incrivelmente diferente da Irmã Lúcia de rosto oval, triste e pálida que falou com o Pe. Fuentes - passou a ser vista com maior regularidade a partir de 1982, após a visita de João Paulo II a Fátima. [Veja a análise das nossas Duas Irmãs Lúcias]
Estas são as palavras autênticas da sua conversa de 1957 com o Pe. Fuentes, que provinha dos registos do Arquivista Oficial de Fátima, Pe. Joaquin Maria Alonso, CMF. Pe. Alonso falou com a Irmã Lúcia e testemunhou publicamente que as suas declarações ao Pe. Fuentes em 1957 eram genuínas e verdadeiras.
Este texto é do seu livro, La verdad sobre el Secreto de Fátima, Fátima sin mitos [A Verdade sobre o Segredo de Fátima sem Mitos ]. O texto tem a aprovação e imprimatur do Arcebispo Sánchez de Santa Cruz, México.
O que se segue é a tradução literal do Texto do Pe. Fuentes relatando o que ouviu “dos lábios” da vidente de Fátima. TIA
Entrevista de 26 de dezembro de 1957
Falando às irmãs da Casa Mãe dos Missionários do Sagrado Coração, no México, em 22 de maio de 1958, Pe. Fuentes disse: “Quero contar-vos a última conversa que tive com ela [Irmã Lúcia], que foi no dia 26 de Dezembro do ano passado. Foi no convento, onde a encontrei muito triste, pálida e abatida.”
Uma Irmã Lúcia muito grave em 1957 |
Ele então leu as palavras da Irmã Lúcia para ele na entrevista de 26 de dezembro de 1957:
“Padre, a Santíssima Virgem está muito triste porque ninguém prestou atenção à sua Mensagem, nem os bons nem os maus. Os bons, porque continuam no caminho do bem, mas sem prestar atenção a esta Mensagem. Os maus, por causa dos seus pecados, não veem o castigo de Deus já caindo sobre eles; eles também continuam no seu caminho de maldade, ignorando a Mensagem. Mas, Padre, o senhor deve acreditar em mim que Deus irá punir o mundo e castigá-lo de uma forma tremenda.
“O castigo do Céu é iminente. O ano de 1960 está chegando, e então o que acontecerá? Será muito triste para todos, e longe de ser uma coisa feliz, se o mundo não rezar e fazer penitência antes disso. Não posso dar mais detalhes porque ainda é segredo.
Pela vontade da Santíssima Virgem, só o Santo Padre e o Bispo de Fátima podem conhecer o segredo. Ambos optaram, porém, por não abri-lo para não serem influenciados por ele. (1)
“Esta é a terceira parte da Mensagem de Nossa Senhora, que permanece secreta até 1960. Diga-lhes, Padre, que a Santíssima Virgem disse repetidamente – aos meus primos Francisco e Jacinta, bem como a mim – que muitas nações desapareceriam da face da terra, que a Rússia seria o instrumento de castigo do Céu para o mundo inteiro se a conversão daquela pobre Nação não fosse obtida de antemão. …”
Uma batalha decisiva com o Diabo
A Irmã Lúcia também me disse:
Pe. Augustin Fuentes |
“Padre, o Diabo trava uma batalha decisiva contra a Virgem e, como sabes, o que mais ofende a Deus e o que lhe ganhará o maior número de almas no menor tempo é ganhar as almas consagradas a Deus. Pois isto também deixa desprotegido o campo dos leigos e o Diabo pode apoderar-se delas mais facilmente.
”Também, Padre, diga-lhes que os meus primos Francisco e Jacinta faziam sacrifícios porque sempre viam a Santíssima Virgem muito triste em todas as suas aparições. Ela nunca sorriu para nós. Esta angústia que vimos nela, causada pelas ofensas a Deus e pelos castigos que ameaçam os pecadores, penetrou nas nossas almas. E sendo crianças, não sabíamos que medidas tomar, exceto rezar e fazer sacrifícios. …”
Não podemos esperar que Roma fale
Referindo-se à visão do Inferno que Nossa Senhora lhe mostrou, a Jacinta e a Francisco, disse:
“Por isso, Padre, é minha missão não apenas contar sobre os castigos materiais que certamente virão sobre a terra se o mundo não rezar e fazer penitência. Não, minha missão é dizer a todos o perigo iminente que corremos de perder nossas almas por toda a eternidade se permanecermos fixos no pecado.
“Padre, não devemos esperar por um chamado de Roma ao mundo por parte do Santo Padre para fazer penitência. Nem devemos esperar que venha um apelo à penitência dos Bispos das nossas Dioceses, nem das nossas Congregações Religiosas. Não, Nosso Senhor usou muitas vezes estes meios, e o mundo não prestou atenção. Portanto, agora cada um de nós deve começar a reformar-se espiritualmente. Cada um tem que salvar não só a sua alma, mas também todas as almas que Deus colocou no seu caminho.
Dois últimos remédios para salvar o mundo
“Padre, a Santíssima Virgem não me disse que estamos nos últimos tempos do mundo, mas entendi isso por três motivos:
“O primeiro é porque ela me disse que o Diabo está se envolvendo em uma batalha com a Virgem, uma batalha decisiva. É uma batalha final onde uma das partes sairá vitoriosa e a outra sofrerá a derrota. Então, de agora em diante, ou estamos com Deus ou estamos com o Diabo; não há meio termo.
“O segundo motivo é porque ela me disse, assim como aos meus primos, que Deus está dando dois últimos remédios ao mundo: o Santo Rosário e a devoção ao Imaculado Coração de Maria. E, sendo os últimos remédios, quer dizer, serão os últimos, significa que não haverá outros.
‘Nossa Senhora nunca sorriu. Ela sempre foi muito triste' |
“E o terceiro, porque nos planos da Divina Providência, quando Deus vai castigar o mundo, Ele sempre esgota primeiro todos os outros remédios. Quando Ele vê que o mundo não presta atenção alguma, então, como dizemos no nosso modo imperfeito de falar, com certo temor Ele nos apresenta o último meio de salvação, Sua Mãe Santíssima.
Se desprezarmos e rejeitarmos este último meio, o Céu não nos perdoará mais, porque teremos cometido um pecado que o Evangelho chama de pecado contra o Espírito Santo. Este pecado consiste em rejeitar abertamente – com pleno conhecimento e vontade – a salvação que nos é colocada nas mãos.
“Além disso, como Nosso Senhor é um Filho muito bom, Ele não permitirá que ofendamos e desprezemos Sua Santíssima Mãe. Temos como testemunho evidente a história de diferentes séculos onde Nosso Senhor nos mostrou com exemplos terríveis como sempre defendeu a honra de Sua Mãe Santíssima.
“Oração e sacrifício são os dois meios para salvar o mundo. Quanto ao Santo Rosário, Padre, nestes últimos tempos em que vivemos, a Santíssima Virgem deu uma nova eficácia à oração do Santo Rosário. Isto para que não haja problema que não possa ser resolvido rezando o Rosário, por mais difícil que seja - seja temporal ou sobretudo espiritual - na vida espiritual de cada um de nós ou na vida das nossas famílias, seja as nossas famílias no mundo ou nas comunidades religiosas, ou mesmo na vida dos povos e das nações.
“Repito, não há problema, por mais difícil que seja, que não possamos resolver neste momento rezando o Santo Rosário. Com o Santo Rosário nos salvaremos, nos santificaremos, consolaremos Nosso Senhor e obteremos a salvação de muitas almas.
“Depois, há a devoção ao Imaculado Coração de Maria, nossa Mãe Santíssima, tendo-a como sede de misericórdia, bondade e perdão e porta segura para entrar no Céu. Esta é a primeira parte da Mensagem referente a Nossa Senhora de Fátima, e a segunda parte, mais breve, mas não menos importante, refere-se ao Santo Padre.”
1. Em 1943, o Bispo de Fátima José Correia da Silva autorizou a Irmã Lúcia a escrever o Terceiro Segredo durante o seu ataque de pleurisia, que ameaçava a sua vida. Em 17 de junho de 1944, este documento foi oficialmente colocado em suas mãos. Quando a Irmã Lúcia entregou a carta ao Bispo da Silva, ela disse-lhe que poderia ler, mas ele recusou. Em vez disso, ordenou que o documento lacrado fosse guardado no cofre da Cúria Episcopal. O Papa Pio XII também optou por não ler a mensagem, e deixou-a aos cuidados do Bispo da Silva até 1957, quando o envelope lacrado foi enviado a Roma a seu pedido.
Postado em 24 de julho de 2024
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