O Milagre de Nossa Senhora do Bom Sucesso em 1941 - Um Sermão Profético e uma Estranha Ordem por Marian Therese Horvat, Ph.D.,

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Nossa Senhora do Bom Sucesso

O Milagre de 41 - Parte 3

Um Sermão Profético e uma Estranha Ordem

Marian Therese Horvat, Ph.D.

Para concluir esta série (aqui e aqui) sobre Nossa Senhora do Bom Sucesso e o Milagre de 1941, vamos rever a situação de mau agouro que o Equador se encontrou em julho de 1941. Sua terrível situação recebeu pouca atenção do mundo Ocidental, enredado na Segunda Guerra Mundial.

Pára-quedistas peruanos fizeram
o primeiro lançamento aéreo de combate no Equador

Uma guerra não declarada havia começado em 5 de julho de 1941, quando as forças armadas peruanas cruzaram as fronteiras e entraram no território equatoriano, ocupando uma grande porção de terra ao longo da fronteira norte do Peru. O Equador, mal armado e sem recursos, não foi páreo para as forças armadas muito maiores e mais bem equipadas do Peru, que deixaram de lado suas forças de defesa minúsculas e levemente armadas. Em poucos dias, os militares do Peru tomaram as províncias equatorianas de El Oro e Loja.

As forças terrestres do Equador consistiam em infantaria mal equipada, polícia paramilitar, e mal armadas com rifles Mauser antigos e metralhadoras leves tchecas. O Peru, por outro lado, teve a vantagem de números - superando o exército do Equador aproximadamente quatro para um - e armas muito superiores. Adquiriu duas dúzias de tanques leves LTL tchecos de última geração, sete caças P-64 de fabricação americana convertidos em bombardeiros leves e um batalhão de fuzileiros navais e paraquedistas altamente treinados. As últimas unidades fariam o primeiro lançamento aéreo de combate em uma guerra no Hemisfério Ocidental. (1)

No dia 24, o Equador sofreu uma grande perda na Batalha de Chacras/Zarumilla, onde os peruanos derrotaram as forças equatorianas, usando bombardeios aéreos e de artilharia. Mais de 500 soldados equatorianos foram mortos.

A capital Quito estava em grande consternação e confusão. Mas o país sitiado se uniu nas esferas temporal e espiritual. Manifestações patrióticas foram realizadas e um chamado ao serviço emitido pelo governo: Milhares de cidadãos inscritos para defender com a própria vida o país.

No terreno espiritual, o Arcebispo de Quito, Cardeal Carlos Maria Javier de la Torre, ordenou que fossem rezadas Missas e orações especiais durante três dias diante das imagens da Virgem em todas as igrejas de Quito de 24 a 26 de julho, implorando sua intercessão para que Deus se dignasse acabar com as hostilidades e poupar mais perda de vidas.

O capelão do Convento faz um sermão profético

No terceiro dia do Tríduo, 26 de julho de 1941, o capelão do Convento Concepcionista e Cônego da Catedral de Loja proferiu o sermão na Missa. Cônego Benjamin Rafael Ayora y Cueva tornou-se um grande devoto de Nossa Senhora do Bom Sucesso e da Madre Mariana de Jesus Torres.

Grande devoto de Nossa Senhora do Bom Sucesso, o Cônego Cueva pediu a Nossa Senhora que 'voltasse o olhar para nós e depois para o Céu'

Nos arquivos Concepcionistas havia encontrado o manuscrito do Pe. Manuel Sousa Pereira e convenceu-se da santidade de Madre Mariana e da veracidade das profecias. Assim procurou tornar mais conhecida a devoção de Nossa Senhora do Bom Sucesso. Fazendo isso ele desempenhou um papel no cumprimento de uma das profecias: que Deus salvaria essa devoção para o século 20, quando o mundo e a Igreja estariam sofrendo uma grande crise.

Talvez tenha sido alguma profecia desconhecida de Nossa Senhora – que previu com tanta precisão todos os eventos importantes dentro do Convento – que inspirou as palavras de seu sermão no último dia do Tríduo. Pois hoje, como as lemos, as palavras de seu sermão certamente parecem antecipar o milagre ocorrido:

"A guerra é um flagelo terrível e sangrento que Nosso Senhor usa para castigar uma Nação," pregou, "um monstro infernal com mandíbulas escancaradas que engole os homens aos milhares e bebe torrentes de sangue humano." (2)

O Cônego apontou para a verdadeira causa pela qual Deus permite a guerra: o pecado. "Ele está castigando o Equador por seus pecados que provocaram a ira divina," declarou e listou os três principais.

O primeiro foi o indiferentismo religioso que "se infiltrou como fumaça em todas as esferas e setores de nosso corpo social, especialmente entre os jovens de ambos os sexos.
A segunda causa foram os estilos obscenos e imodestos “que violam os costumes Cristãos, paganizam as mulheres e provocam a ira de Deus.
A terceira causa foi a "ganância e avareza dos ricos e opulentos," que ignoravam a situação dos menos afortunados em sua constante busca de prazeres.

"Deste justo castigo," afirmou, "somente Maria Santíssima pode nos salvar. O olhar de Maria, os olhos de Maria voltam-se para nós, cheios de misericórdia para ver nossas misérias, e depois voltam-se para o Céu, derramando lágrimas, para implorar perdão que apague nossos crimes e pecados. Illos tuos misericordes oculos ad nos converte. (Esses vossos olhos misericordiosos à nós converte.)"

Milagre da Virgem do Bom Sucesso

Naquela manhã de 27 de julho, um dia depois daquele portentoso sermão, a Virgem do Bom Sucesso fez exatamente o que o Cônego havia previsto: seu rosto ganhou vida, e ela voltou os olhos primeiro para as pessoas, depois as ergueu para o Céu.

Milhares testemunharam o milagre de Nossa Senhora baixando e levantando os olhos por muitas horas
lift eyes

Algumas pessoas relataram vê-la chorar, outras viram um brilho luminoso ao redor de seu rosto. Seus olhos se moviam para baixo e para cima repetidamente, desde as 9 horas da manhã até as 3 horas do dia seguinte.

Multidões ansiosas para testemunhar o milagre encheram as ruas adjacentes à Igreja Concepcionista, dificultando a caminhada por aquelas ruas. A intervenção da polícia foi necessária para evitar acidentes. Os jornais estimaram que 30.000 pessoas entraram na Igreja para testemunhar o milagre; locais confiáveis estimaram duas ou até três vezes esse número.

Que este grande milagre foi uma intervenção direta de Nossa Senhora do Bom Sucesso ficou claro no dia seguinte, 28 de julho. O Peru parou inesperadamente a invasão e começou sua retirada. As hostilidades terminaram e as negociações começaram: um acordo foi assinado em fevereiro do ano seguinte.

Para aqueles com olhos de fé, ficou claro que Nossa Senhora do Bom Sucesso interveio diante de Deus e salvou o Equador.

Perguntas não respondidas

Há uma pergunta que se destaca clamorosamente diante desse grande milagre: por que a estátua foi retirada do altar-mor, onde o público podia vê-la, e devolvida ao coro superior, onde só podia ser vista pelas freiras Concepcionistas que estavam enclausuradas lá?

Por que o Cardeal de la Torre deu a ordem
para parar o milagre?

Durante esse curto período – das 8h de domingo às 3h de segunda-feira – milhares de pessoas testemunharam o milagre: os fiéis encontraram sua fé fortalecida e muitos dos infiéis se converteram. Quem sabe quantas pessoas mais poderiam ter testemunhado o milagre e recebido tais favores e benefícios se ela tivesse permissão para permanecer?

Por que, então, quando Nossa Senhora do Bom Sucesso estava fazendo tanto bem e atraindo tanta gente, ela foi retirada mesmo enquanto o milagre continuava a acontecer?

A maioria dos noticiários da época diz que foi uma ordem do Arcebispo que fechou a Igreja e mandou a imagem subir as escadas em caracol até o coro superior, sob o pretexto de que as freiras precisavam retornar à sua rotina diária de recitação do Ofício Divino. (3)

É uma desculpa fraca e implausível. As freiras, enclausuradas atrás das portas gradeadas que separam a Igreja do recinto do Convento, poderiam facilmente ter continuado as suas devoções no coro superior. As conversões e o bem provenientes desse grande milagre superaram em muito quaisquer inconvenientes internos que as multidões pudessem causar.

A ordem foi mesmo do Arcebispo de la Torre? Foi ao seu comando que o Tríduo foi convocado. A resposta momentânea do povo ao milagre apenas combateria a indiferença religiosa e a decadência moral que o Prelado muitas vezes advertia. (4)

Parece mais provável que tenha sido uma ordem imposta ao Cardeal pelo governo liberal liderado pelo Presidente maçônico e de esquerda, Carlos Alberto Arroyo del Rio. O ressurgimento religioso que o milagre poderia trazer – já vários maçons haviam se convertido – não favoreceria os interesses do regime anticlerical.

Mas como foi o Card. de la Torre pressionado a aceitar esse pedido? Essa é uma questão que ainda precisa de mais estudo. De qualquer forma, o Cardeal deu a ordem e a imagem milagrosa voltou para os claustros.

Muitos viram o rosto de Nossa Senhora assumir uma cor realista
e brilhar com uma luz sobrenatural

Outra pergunta: Por que a notícia desse grande milagre testemunhado por tantas pessoas se dissolveu em pouco tempo como uma névoa matinal? O "acontecimento portentoso" foi noticiado em muitos órgãos da imprensa equatoriana; esses artigos foram devidamente compilados no livreto citado do Cônego Ayora y Cueva. A devoção a Nossa Senhora do Bom Sucesso recebeu um grande impulso em Quito, é claro, mas também em muitas outras cidades.

Apesar desse período de entusiasmo no Equador, o milagre quase não teve impacto internacional. Não foi noticiado e passou despercebido no mundo ocidental, mesmo na mídia Católica. O misterioso véu que caiu sobre as aparições de Nossa Senhora do Bom Sucesso durante 300 anos pareceu cair de repente sobre este grande milagre.

Hoje o véu está começando a se levantar. Talvez esse grande milagre que salvou o Equador da dominação de um vizinho mais poderoso tenha uma mensagem para os países – como por exemplo, a Ucrânia – que enfrentam um destino semelhante. A mensagem é esta: Dirija-se a Nossa Senhora do Bom Sucesso e peça a sua ajuda. Ela voltará seu olhar misericordioso para você e virá em seu auxílio.

1. "Guerra Equatoriano-Peruana de 1941," 27 de junho de 2019, História Militar Agora online,
2. "Sermão para o terceiro dia do Tríduo solene," em Pe. Benjamin Rafael Ayora y Cueva, Nuestra Señora de 'El Buen Suceso' y el Conflicto Internacional con el Peru en 1941 ["Nossa Senhora do Bom Sucesso de Quito e o Conflito Internacional com o Peru em 1941"], publicado com aprovação eclesiástica, (Quito , Editorial Ecuatoriana, 1946) n. XII, pp. 87-110.
3. Pe. Benjamin Rafael Ayora y Cueva, Nuestra Señora de 'El Buen Suceso' y el Conflicto Internacional con el Peru en 1941, pp 117-118.
4. "Gonzalo Ortiz publishes biography of Cardinal De la Torre," Casa de la Cultura online, 8 de fevereiro de 2019.