Esse autor contrarrevolucionário do século XIX denunciou repetidamente as premissas da globalização e o início de um governo mundial. Ele insistiu que era o espírito da família no lar, na Sociedade e no Estado que poderia fornecer a maior resistência à conspiração anticristã.
Neste trecho de seu trabalho com a família, Mons. Delassus explica a importância das tradições familiares na preservação dos bons costumes da civilização católica.
A solução para impedir a introdução de leis contrárias à instituição da família, juntamente com uma ação pública vital, é imbuir as próprias crianças com tradições familiares. Então, enquanto essas boas tradições durarem, esses atos legislativos sempre encontrarão uma resistência saudável.
Um pai exorta seu filho à virtude |
A tarefa de reviver tradições nas famílias pode e deve ser o trabalho de cada família em seu próprio meio social. Pode-se esperar a abolição das leis revolucionárias através de um grande movimento de opinião pública. Mas o que cada um pode fazer é reviver o espírito de família ao seu redor. Fazendo isso, ele fará o maior bem possível para sua própria família e, ao mesmo tempo, se preparará para a renovação da sociedade.
Pois é necessário que haja tradições que sustentem as leis, para que estas tenham a força que o consentimento e o coração lhes proporciona. Da mesma forma, a formação familiar é necessária para sustentar e manter as tradições, bem como para fazer com que as leis retornem aos princípios que geraram os costumes. Pois sem costumes as boas leis não são nada e contra as leis os costumes nada podem fazer.
Transmitindo tradições familiares
Hoje estamos testemunhando com indiferença eventos que ultrajariam os povos mais bárbaros da antiguidade pagã. Nas escolas, onde as crianças eram ensinadas a conhecer, amar e glorificar a Deus, agora são formadas - por ação ou omissão - pessoas sem religião e sem moral.
Por que essa indiferença? Isso decorre do fato de que ideias claras e princípios bem estabelecidos não existem mais nas mentes das pessoas. Eles foram substituídos por ideias vagas e flutuantes, incapazes de inflamar os corações.
O avô deve incutir respeito pelos bons costumes e virtude em seus filhos e netos |
E por que as ideias de nossos dias variam? Porque as ideias e os princípios da matriz não foram impressos nas almas das crianças por seus pais, que receberam essas ideias de seus avós, que por sua vez foram imbuídos dessas verdades por seus ancestrais. Em resumo, porque as famílias hoje não têm mais tradição.
Era uma vez uma ideia difundida, uma ideia quase religiosa, associada à expressão tradições familiares, entendida no seu melhor sentido, que designava uma herança de verdades e virtudes, em cujo seio se formaram personagens que forjaram a longa vida e a grandeza de uma casa.
Hoje essa expressão não significa nada para as gerações mais jovens. Eles surgem um dia para desaparecer no dia seguinte, sem ter recebido ou deixado para trás aquela reunião de lembranças e afetos, princípios e costumes, que em idos tempos foram passados de pais para filhos e deram às famílias que eram fiéis a eles a possibilidade de crescerem em sociedade. Toda família que tem tradições geralmente deve a um de seus antepassados, em quem o sentimento de bem era mais forte do que no homem comum teve a sabedoria e a vontade de inculcá-lo na família.
Progresso moral
“A verdade é boa", diz Aristóteles. Uma família em que homens virtuosos se sucedem é uma família de homens bons. Essa sucessão de virtudes ocorre quando a família volta a uma fonte boa e honesta, porque um bom princípio produz coisas semelhantes a ela mesma. Portanto, quando há um homem em uma família tão identificado com o bem que sua bondade se comunica com seus filhos por muitas gerações, deriva desse homem necessariamente uma família virtuosa.
Qualquer homem que queira formar uma família virtuosa deve ser persuadido de que seu dever não é limitado - como Rousseau finge falsamente - a suprir as necessidades físicas de seus filhos quando eles são jovens demais para sustentar a si mesmos. Ele também deve dar-lhes uma formação intelectual, moral e religiosa.
Os animais têm forças e recursos para satisfazer as necessidades corporais de seus filhotes, e isso é suficiente para eles. Mas a criança, um ser moral, tem muitas outras necessidades, e é por isso que Deus deu aos pais não apenas força, mas também a autoridade para educar a vontade de seus filhos e fazê-los entrar, permanecer e progredir no caminho do bem. Deus queria que essa autoridade fosse permanente, porque o progresso moral é obra de uma vida inteira.
De acordo com os desígnios da Divina Providência, o progresso deve se desenvolver e crescer com a idade, e, portanto, é necessário que a família humana não seja exterminada em cada geração. Os laços familiares devem subsistir entre os que já faleceram e os que vivem, tecendo todos os descendentes de uma vigorosa dinastia.
Henri Delassus, O espírito de família no lar, na sociedade e no Estado,
Editora Civilização, Porto, 2000, pp. 125-128.
Postado em 28 de outubro de 2019
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