Festas de Nosso Senhor

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Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo
25 de Dezembro


Prof. Plinio Corrêa de Oliveira

Hoje é véspera de Natal e o nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo deve ser o objeto de nossa meditação. Sugiro que tentemos discernir o estado de espírito de Nossa Senhora na noite de Natal.

Our Lady and the Child in Ara Coeli

Quais foram os pensamentos de Nossa Senhora adorando o Menino na noite de Natal?
Desde a Anunciação ela tinha sempre Nosso Senhor nela. Ela O carregava como em um Tabernáculo e tinha com Êle a maior intimdade possível, um relacionamento de alma muito profundo. Nosso Senhor possuia o pleno uso da razão dentro do seio materno. Tão logo a Encarnação se operou, Êle era capaz de pensar desde o primeiro instante de Seu Ser. Êle era capaz não somente de pensar, mas também de querer. Portanto, um intenso relacionamento de almas foi estabelecido entre Êle e Nossa Senhora, o qual cresceu continuamente até o momento de Seu Nascimento.

Antes da Encarnação Nossa Senhora tinha uma grande união de alma com Deus e, portanto, uma união com a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. Mas depois da Encarnação ela começou a ter um tipo diferente de união – a união do Homen-Deus com Sua Mãe. Sabendo isso, não podemos imaginar que Nossa Senhora não tivesse conhecimento algum de seu Filho até o Seu Nascimento e somente então ela teria em contacto com Êle pela primeira vez. Ela já antes tinha uma íntima e ardente união de almas com Êle.

Então, o que o Natal representou para Nossa Senhora?

É certo que o momento em que Nosso Senhor deixou o claustro materno – sem causar dano algum à virgindade dela – deve ter sido muito elevado. Aquele momento em que Nossa Senhora trouxe Cristo ao mundo deve ter sido um momento de extraordinária manifestação da alegria dela e de seu amor por Êle, bem como de uma extraordinária união de alma com Êle.

The Nativity, by Giotto

Uma nova alegria para Nossa Senhora ao contemplar as características e a pessoa do seu Filho
Simultaneamente, o ato de Seu Nascimento – que incluía a participação das Três Pessoas da Santíssima Trindade – era comemorado pelos Anjos do Céu com cânticos de júbilo. O Natal de Nosso Senhor é certamente uma das maiores festas no Céu e um dos mais gloriosos momentos da História. Assim, nós podemos ver quão especial e importante foi aquele momento para ela.

Eu creio, entretanto, que havia algo a mais que Nossa Senhora recebeu. Ela ainda não tinha visto a face de Nosso Senhor. A realidade física é um símbolo e expressão da realidade espiritual. Nas linhas da Face Sagrada de Nosso Senhor ela podia distinguir perfeitamente a Sua alma santíssima. Seu corpo era a expressão de Sua alma unida com a Segunda Pessoa da Trindade.

Assim, contemplando Seu olhar, Sua face e Seu corpo Nossa Senhora adquiriu um novo conhecimento de seu Filho que aumentou a compreensão de Sua mentalidade. Ela podia amá-l’O e unir-se com Êle de uma maneira nova, a qual certamente inspirou a adoração que ela deu a Êle na noite de Natal.

O olhar humano é o mais expressivo sinal da mentalidade humana, mas não o único. A mentalidade é também expressa pelo pescoço, ombros, mãos e pés – acima de tudo pelo conjunto do corpo. Se consideramos isso, então podemos imaginar Nossa Senhora contemplando essas manifestações psicológicas e sobrenaturais n’Êle e, em vista disso, adorando-O profundamente.

A iconografia renascentista deformou completamente um aspecto de Nosso Senhor. Ela apresentou o Menino Jesus como uma criança bôba, tentando dar uma idéia de Sua pureza. Os artistas daquele periodo frequentemente O apresentaram como um Infante inexpressivo sem mostrar sinal algum de Sua divina mentalidade. Eu não posso admitir que isso seja real. Pelo contrário, creio que as qualidades que admiramos em Nosso Senhor como homem – Sua bondade, equilíbrio, distinção, afabilidade, força e especialmente Sua transcendência – já estavam manifestadas na face e no corpo do Divino Infante.

Todas aquelas perfeições que fizeram d’Êle o Homem superior a todos os outros estavam expressas pela primeira vez no Natal e foram objeto da adoração de Nossa Senhora. E também de São José, o qual estava lá com ela e participava daquele ato de adoração como esposo dela e pai do Menino Jesus.

Nós podemos figurar a ternura, respeito, veneração e adoração de São José enquanto ele olhava o Menino que ele sabia era o Filho do Espírito Santo e de Nossa Senhora, mas que era legalmente seu Filho. Foi como Filho de São José que Êle se tornou Filho de David e cumpriu as profecias da Escritura. Olhando àquele Menino, ele considerava que o Menino era seu Deus e o Deus de toda humanidade e, não obstante, Êle era também seu Filho e Filho de sua espôsa. Podemos imaginar o ato de adoração de São José quando ele viu a santidade do Divino Infante na Pessoa d’Êle iluminando toda a gruta!

A stained glass window depicting the nativity

A luz do Natal emanou da Pessoa do Divino Menino
Essa idéia de como Sua santidade estava expressa em Sua Pessoa – na Sua face e corpo – manifestando a União Hipostática de Deus e Homem, é o que podemos contemplar na noite de Natal.

Há muitos cartões de Natal representando o Presépio tendo um Menino Jesus com uma face de bôbo e raios de luz saindo das palhas do Presépio. Creio que isso está errado: os raios não devem sair das palhas, mas da Santa Face e Pessoa do Menino Deus.

Talvez isso possa ser o tema para nossa meditação nessa véspera e dia de Natal. Peçamos a Nossa Senhora e São José que nos ajudem a entender esse mistério e dêem-nos um Natal verdadeiramente recolhido e piedoso.


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Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
A secção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.

Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.



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