Seleção Biográfica:
A Igreja considera São Miguel, situado entre os homens e Deus, como mediador de sua oração litúrgica. Deus, que fez as hierarquias visíveis e invisíveis com uma ordem admirável, faz uso do ministério dos espíritos celestes para sua glória. Os coros angélicos, que contemplam incessantemente a face de Deus Pai, sabem melhor que os homens como adorar e contemplar a beleza de suas infinitas perfeições.
A Igreja na terra também convida os espíritos celestiais a louvar e glorificar o Senhor, a adorá-Lo incessantemente. Esta missão contemplativa dos Anjos é um modelo para nós, como São Leão nos lembra no belo prefácio de seu Sacramental:
“Cabe-nos prestar graças a Vós, que nos ensinais por meio do Vosso Apóstolo que nossa vida é direcionada para o Céu; que desejais benevolentemente que nossos espíritos sejam transportados para a região celestial, a casa daqueles a quem veneramos, e que especialmente neste dia, o dia da festa de São Miguel Arcanjo, subamos a essas alturas.”
Comentários do Prof. Plinio:
São Miguel é o chefe dos anjos que lutaram contra o demônio e os maus anjos e os precipitou no inferno. Ele é o chefe dos Anjos da Guarda de indivíduos e também de instituições. Ele próprio é o Anjo da Guarda da instituição de todas as instituições, que é a Santa Igreja Católica Apostólica e Romana. Ele tem, portanto, uma missão de tutela. Em relação a essa missão, podemos perguntar que relação existe entre a primeira missão de São Miguel de derrotar os Anjos rebeldes e a proteção que ele dá aos homens neste vale de lágrimas.
As duas missões estão ligadas. Deus queria que São Miguel fosse Seu escudo contra o demônio na primeira luta celestial. Ele também quer que São Miguel nesta terra seja o escudo dos homens contra o demônio, e também o escudo da Santa Igreja Católica. Mas São Miguel não se limita a ser um escudo de proteção. Ele também é uma espada para derrotar e lançar o inimigo no inferno. É uma missão dupla que está correlacionada.
Por essa razão, na Idade Média, São Miguel era considerado o primeiro cavaleiro, o cavaleiro celestial: fiel, forte e puro como deveria ser. Ele também foi vitorioso, porque depositou toda a sua confiança em Deus e, após o nascimento de Nossa Senhora, toda a sua confiança n’Ela.
Uma companhia de cavaleiros defende Nossa Senhora e a Igreja nesta pintura em um altar lateral de Duomo, Itália
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É esta figura admirável de São Miguel, a quem devemos considerar nosso aliado natural nas lutas em que somos chamados a engajar em defesa da honra de Deus, de Nossa Senhora, da Santa Igreja e da civilização cristã.
Tendo São Miguel como nosso modelo, devemos defendê-la como um escudo e atacar seus inimigos como uma espada, a fim de destruir o império do demônio e estabelecer o Reino de Maria nesta terra. São Miguel deve ser nosso patrono especial.
A ficha biográfica aponta para um aspecto particular da devoção aos Anjos que deve ser ressaltado. Os Anjos são habitantes da corte celestial que continuamente veem Deus face a face. O ápice da felicidade angélica e humana é contemplar Deus, e essa é a essência da vida no Céu; é o que faz do Céu a pátria de nossas almas. Deus manifesta continuamente novos aspectos de Si mesmo que enchem os anjos de felicidade.
Em épocas de verdadeira fé, algo dessa felicidade celestial desce à terra e é comunicado a algumas almas piedosas, as quais, por sua vez, a transmitem a toda a Igreja que a incorpora em seu tesouro espiritual para que todos possamos nos beneficiar dele.
Hoje nos falta muito esse sentimento de felicidade celestial e, portanto, temos menos apetite do Céu. Muitas pessoas só têm apetite de coisas terrenas. Se elas pudessem entender por apenas um momento o consolo que vem da consideração das coisas celestes, entenderiam como os bens terrenos são provisórios e inúteis são, e veriam como outros valores os transcendem. Se elas entendessem essas coisas, seriam capazes de remover o apego aos bens terrenos.
Mas, hoje as pessoas estão entusiasmadas por dinheiro, políticas mesquinhas, coisas mundanas, a vida trivial e suas pequenas notícias. Não são mais almas elevadas que se entusiasmam com grandes problemas doutrinários e coisas celestes.
O que nos falta tanto hoje é precisamente o que os Santos Anjos podem obter para nós. Eles estão inundados com uma felicidade celestial, que podem nos comunicar. Então, vamos pedir a eles que nos deem o desejo das coisas celestes. É uma coisa excelente a se pedir no dia da festa de São Miguel Arcanjo, para que possamos nos modelar segundo ele e nos tornar os cavaleiros perfeitos de Nossa Senhora nesta terra.
  | | Prof. Plinio Corrêa de Oliveira | |
A seção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.
Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.
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