Seleção Biográfica:
Apóstolo de Viena, nascido em Tasswitz, Áustria, em 26 de dezembro de 1751, morreu em 15 de março de 1821.
Após seu curso de teologia, Clemente ingressou na Universidade de Viena para instrução no seminário. Não demorou muito para que ele percebesse que alguns de seus professores não estavam rejeitando o Racionalismo do século 18. Eles estavam procurando uma estranha conciliação entre a doutrina católica e o pensamento Iluminista.
São Clemente Maria Hofbauer, intransigente em sua defesa da Fé Católica
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Desde muito jovem, Clemente foi dotado de um senso católico seguro que lhe permitiu distinguir com certeza qual era a verdadeira doutrina católica. Ficava angustiado, portanto, ao ouvir essas doutrinas falsificadas.
Um dia depois da aula, ele foi ao professor apresentar objeções à adaptação ao Iluminismo, que o professor havia feito em sua explanação. O professor tentou explicar-lhe que no ambiente da época seria muito difícil seguir a doutrina tradicional da Igreja, uma vez que apenas a linguagem da razão era aceita, seja do púlpito ou das cadeiras da universidade, e concluiu: “Temos de nadar com a maré, se não quisermos ficar para trás.”
O humilde filho de um trabalhador respondeu: “Nadar com a maré, neste caso, é covardia, pois temos é que lutar e nadar contra a maré deste oceano. Todo aquele que quiser iluminar a estrada neste século deve acender sua tocha à luz da Revelação.”
O professor respondeu: “Hofbauer, você pregará para bancos vazios. Nossa época não suporta mais esse tipo de linguagem.”
Clemente respondeu: “Se o que o Sr. diz é verdade, já estamos no fim dos tempos anunciados por São Paulo, que disse que chegariam tempos que não tolerariam mais a sã doutrina. O que São Paulo diria sobre o seu pensamento, professor?”
Em outra ocasião, um professor declarou na sala de aula que a Imaculada Conceição da Santíssima Virgem era apenas uma lenda piedosa e que não deveria mais ser mencionada em público. Clemente levantou-se indignado e disse: “Professor, essa doutrina não é católica!” E se retirou da sala.
“Talvez num dia um pouco mais de luz entre na mente desse camponês!” gritou atrás dele o mestre. Mas foi obrigado a encerrar a aula, pois a sala estava vazia. Todos os alunos haviam seguido Hofbauer.
Comentários do Prof. Plinio:
É interessante notar e identificar aqui os métodos da Revolução. O século 18 parece muito remoto para nós. Era o tempo da liteira, saia balão e chapéu de três bicos. O século 19 também parece distante para nós hoje. Talvez alguns dos Srs. não distinguissem o século de Ramsés II do século da rainha Vitória. Tudo se perde no mesmo fundo histórico.
O Iluminismo foi representado por Voltaire, à esquerda, e seu "discípulo" Rei Frederico II da Prússia, à direita
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Bem, naquele tempo que nos parece tão antigo, os homens já se imaginavam moderníssimos. Eles já defendiam a ideia de que é preciso ceder um pouco à Revolução. Este lema já estava sendo adotado: “Ceder para não perder.” A mesma corrente modernista que vemos hoje já estava usando os mesmos métodos e assumindo o mesmo tipo de covardia.
Observe, por exemplo, a ameaça que o professor fez a São Clemente Maria Hofbauer: “O senhor, quando se formar, vai pregar para bancos vazios.” É a mesma coisa que eles nos dizem: a doutrina que você defende não é mais capaz de atrair os homens de hoje.
Mas, na realidade, o que aconteceu foi que São Clemente falou e toda a classe o seguiu. Mas, na realidade, a situação não está tão comprometida quanto dizem. É fato que o Iluminismo exerceu grande influência sobre as lideranças. É fato que a base está gravemente comprometida. Mas ainda havia pessoas dispostas a seguir alguém que agisse com coragem e assumisse a completa posição atólica. Ontem - assim como hoje - a coisa certa a fazer é falar toda a verdade.
Também é interessante ver como era contrarrevolucionária a posição de São Clemente Maria Hofbauer. Ele lutou contra o lema: "Ceder para não perder." Ele não cedeu uma polegada diante da ameaça de pregar para bancos vazios. Se isso de fato acontecesse, sua conclusão era que o fim dos tempos havia chegado. Seu professor não queria pensar em uma coisa dessas. Como quase todos os progressistas de hoje, os liberais da época não queriam considerar essa possibilidade - para eles não há fim dos tempos. Pelo contrário, o que eles querem é mais tempo para gozar a vida. O mesmo espírito que se opôs a São Clemente Hofbauer nos séculos 18 e 19 está nos combatendo hoje.
Nas semelhanças que encontramos neste episódio da vida de São Clemente Hofbauer e no que acontece em nossa luta hoje, podemos ver uma das principais leis da História. Ou seja, existe uma continuidade no mesmo bom espírito e no mesmo mau espírito lutando entre si ao longo dos séculos.
Contrarrevolucionários estão unidos em uma cadeia histórica sob a proteção de Nossa Senhora
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Por esse motivo, não devemos nos considerar um pequeno grupo que está separado de todos no passado e no futuro, como algo que de repente apareceu do nada, separado de tudo, como uma rolha flutuando no oceano.
Não, não estamos sozinhos, somos aqueles que estão unidos a toda uma corrente de católicos, aqueles que continuam e mantêm um estado de espírito que existe desde o início da História e durará até o fim. Somos um elo na mais magnífica e majestosa das correntes, a corrente dos escravos de Nossa Senhora que esmagará a cabeça da serpente.
Do exemplo de São Clemente Maria Hofbauer, podemos ver que os inimigos que ele combateu são os mesmos que combatemos. Nossa luta não começou hoje. É uma luta que começou há muito tempo e vai durar muito mais tempo. Faz parte de uma cadeia de ouro que começou no Antigo Testamento e continuará até os dias finais da tribulação, quando os últimos católicos ainda estarão lutando, mesmo que considerem que tudo está perdido.
Nesse momento, o Filho do Homem, Nosso Senhor Jesus Cristo, virá com grande pompa e majestade para conquistar, julgar e encerrar a História. E então, esta cadeia estará completa e todos os seus membros se unirão, pela proteção de Nossa Senhora no Céu.
  | | Prof. Plinio Corrêa de Oliveira | |
A secção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.
Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.
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