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O Santo do Dia

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Santa Cunegundes - I - 3 de Março

Prof. Plinio Corrêa de Oliveira

Seleção Biográfica:

Santa Cunegundes, virgem, era Imperatriz do Sacro Império Romano. Ela e o marido, Santo Henrique II, guardavam a virgindade perpétua no casamento.
St Cunegundes

Imperatriz Santa Cunegundes, esposa de Santo Henrique II

Juntos, o casal realizou muitas obras piedosas e praticou a oração e a mortificação. Após a morte de Henrique em 1024, ela foi para o convento de Kaufungen (Hesse), que havia fundado. Faleceu lá em 1040, sendo canonizada pelo Papa Inocêncio III em 1200.

Comentários do Prof. Plinio:

Certa mentalidade igualitária saturada de sentimentalismo que influenciou fortemente a piedade contemporânea nos leva a pensar que todo mundo que vive na camada mais alta da sociedade, cercada de luxo e pompa, é infalivelmente uma pessoa mundana. De acordo com essa mentalidade, não é possível ser um santo e, ao mesmo tempo, desfrutar dessas coisas boas da existência terrena.

Uma pessoa com essa mentalidade pensa que, para ser santo, é preciso viver em uma casa e ambiente medíocres, a fim de evitar as tentações mundanas. Seguindo essa linha de pensamento, a glória de um Imperador ou uma imperatriz não seria compatível com a santidade.

Pelo contrário, aqui temos Santo Henrique e Santa Cunegundes, que eram santos e estavam no topo da hierarquia político-social.

Deixe-me imaginar o dia da coroação de um Imperador. Depois que o Imperador é eleito pelos sete Príncipes Eleitores, ele vai para a sacada do Romer, em Frankfurt, usando um manto bordado de ouro e prata e com a coroa imperial na cabeça. Ele cumprimenta o povo reunido, que o aplaude. De um saco, ele pega um punhado de moedas de ouro e as joga para o povo, que se esforça para pegá-las.

Romer in Frankfurt

O Romer, ou Salão Imperial, em Frankfurt, onde os Imperadores foram eleitos

Um pequeno sino na torre do Romer começa a tocar, seguido pelos grandes sinos nas igrejas de Frankfurt e depois nas igrejas da Alemanha e da Cristandade, todos seguindo o primeiro pequeno sino e todos anunciando a eleição do novo Imperador. O vinho, em vez da água, começa a fluir das fontes da cidade; as pessoas cantam e dançam. Nas igrejas, os Te Deums são entoados.

O Imperador desce, monta seu cavalo e começa a cavalgar pelas ruas de Frankfurt para cumprimentar e ser recebido por pessoas reunidas lá e nas sacadas das casas. Um nobre segura as rédeas de seu cavalo, seguido por outros nobres em cortejo cerimonial. As melhores casas exibem suas tapeçarias mais ricas em suas varandas e janelas para homenagear o Imperador. Ele volta em triunfo e um esplêndido banquete é preparado. Sua mesa está vários degraus acima das outras, e um nobre, não um servo, vem servir sua refeição. Eu poderia continuar com essa descrição, mas deixe-me parar por aqui.

Imaginemos cada um de nós no lugar do Imperador. É evidente que teríamos uma séria tentação em relação ao orgulho. Se é uma tentação para nós, por que também não seria uma tentação para Santo Henrique e Santa Cunegundes?

A resposta é simples. Santa Cunegundes e Santo Henrique II estavam acostumados a essa vida. Eles nasceram em famílias reais, numa época em que os príncipes eram ricos e normalmente possuíam grande poder. Poder e pompa eram conaturais para eles. Eles estavam relacionados a toda a corte do Império, bem como a muitas cortes de outros reinos. Para membros de tais famílias tornar-se Imperador e Imperatriz, portanto era natural, não significou uma mudança completa de estilo de vida. Certamente foi uma grande honra, mas eles mantiveram essencialmente o mesmo nível de vida que tinham antes.

A marriage at the court

Ao contrário dos pressupostos modernos, a santidade pode florescer em ambientes de cortes

O que faz uma pessoa ser tentada a se orgulhar é quando ela pula rapidamente de um nível para outro muito mais alto que seu estado normal de vida. Como Santa Cunegundes sempre viveu em um ambiente da corte - ela era filha de Siegfried, soberana do Luxemburgo - não era uma ocasião de pecado para ela se tornar a Imperatriz.

A conclusão, portanto, não é que as posições e títulos mais altos devam ser abolidos para evitar a tentação do orgulho, mas que essas posições devem ser proporcionais aos indivíduos e aos ambientes em que nasceram, assim como o tamanho da semente é proporcional ao bico do pássaro. Este é o princípio correto que deve ser aplicado para evitar o orgulho.

Ninguém tem vertigem se ele subir dois ou três degraus acima do nível ao qual está acostumado. O que dá vertigem a uma pessoa - a tentação do orgulho - é pular para uma nova posição desproporcionalmente alta. Portanto, em uma sociedade hierarquicamente constituída, normalmente as mais altas posições de poder devem ser ocupadas por pessoas das mais altas classes.

Claro, há exceções. Se temos um homem de grande capacidade que não é membro dessas famílias, ele merece uma posição mais alta, ou talvez a mais alta, pois é proporcional a ele.

Com Santo Henrique II e Santa Cunegundes, então, temos o exemplo de pessoas do mais alto nível social que viviam em meio à pompa e circunstância de um ambiente de corte e eram perfeitamente humildes e despretensiosos.


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Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
A secção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.

Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.



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