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São Gregório de Nazianzo - 9 de Maio

Prof. Plinio Corrêa de Oliveira

Seleção Biográfica:

St. Gregory Nazianzus

São Gregório de Nazianzo,
Patriarca de Constantinopla

São Gregório de Nazianzo, ou São Gregório Nazianzeno, século 4, era o Patriarca de Constantinopla e amigo íntimo de São Basílio. Escritor e orador, lutou contra os arianos. Ele é um pai e um médico da Igreja.

Quando já estava avançado na prática da virtude e piedade, Gregório foi favorecido com uma visão mística que lhe dava uma estima especial pela castidade. Ele descreveu:
“Vi duas jovens virgens vestidas de branco. Elas não usavam ornamentos supérfluos, como é comum nas mulheres, mas eram muito bonitas. Um véu cobria cada uma das cabeças e também escondia parte do rosto. Elas mantiveram os olhos modestamente baixos e ficaram em silêncio. Senti uma grande alegria penetrando em toda a minha alma. Perguntei a elas quem eram e de onde vieram.

“‘Somos castidade e temperança,’ responderam elas. ‘Estamos em ambos os lados do trono de Cristo. Junte-se a nós e nós o levaremos a contemplar a Trindade Eterna.’

“A partir daquele momento, procurei a companhia daqueles que eram castos e renunciei aos prazeres da carne, até aos laços legítimos do matrimônio. Inclinei-me ao jugo da temperança e da frugalidade e me dediquei à leitura de livros sobre Deus. Também li avidamente obras contra hereges. Continuei a cultivar as artes com o único objetivo de me ajudar a adquirir conhecimento verdadeiro, pois nunca preferi a ciência humana às Escrituras Divinas.”
Comentários do Prof. Plinio:

Esta bela visão de São Gregório de Nazianzo reflete elementos da cultura clássica. Os Srs. sabem que o tempo em que ele viveu ainda era influenciado pela arte e simbolismo da cultura clássica greco-romana. Um dos costumes artísticos era simbolizar virtudes e qualidades de personagens abstratos - homens ou mulheres.

Os Srs. podem ver que, nessa visão, o próprio Deus usou a mesma prática artística para fazer São Gregório entender o valor da castidade e temperança. Ele as apresentou como duas jovens senhoras, igualmente bonitas, com uma graça e charme simétricos que lhes permitiam permanecer nos dois lados do trono de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ou seja, são adornos simétricos para o Rei da glória e Redentor da raça humana.

São Gregório descreveu as jovens como modestas e recolhidas, com olhar baixo, para indicar que tais virtudes exigem que alguém se preocupe com coisas superiores e evite a dissipação e a superficialidade. Essas duas virtudes são colocadas em ambos os lados do trono de Cristo para mostrar que Nosso Senhor tem um amor especial por essas virtudes e deseja honrá-las de uma maneira singular.

Por que a castidade e a temperança são virtudes irmãs?

O que é castidade? Castidade, os Srs. sabem, é abstenção dos prazeres da carne. Mesmo se a pessoa for casada, se o marido e a esposa concordarem com o comum acordo, a castidade perfeita pode ser praticada. Representa o triunfo completo do espírito sobre a carne, um desapego completo dos instintos da carne, para deixar ao espírito maior liberdade para ascender a esferas mais elevadas de pensamento, que são a habitação apropriada para a alma.

O que é temperança? A temperança é uma virtude cardeal, uma das quatro virtudes fundamentais do comportamento moral católico. A temperança é a virtude pela qual a pessoa regula suas ações seguindo as normas da razão. Em vez de ceder ao ímpeto de seus instintos, ele age seguindo os conselhos da razão em todas as coisas. É sábio, porque as primeiras respostas dos instintos são desordenadas; eles precisam ser corrigidos e domados. Isso significa que existe uma maneira moderada de falar, comer, dormir, estudar e fazer todo o resto. A essência da temperança, portanto, é a submissão dos instintos à orientação da razão. A temperança é a sabedoria que governa todos os movimentos internos humanos.

Rome represented as a person

Acima, uma representação da honra de Roma

Qual é a relação entre temperança e castidade? É simples, a castidade é a temperança aplicada ao instinto sexual. É um aspecto da temperança. Mas é um aspecto tão importante que normalmente é considerado uma virtude separada. Essa afinidade de castidade e temperança explica por que elas aparecem como virtudes gêmeas que se aproximam do trono de Cristo na visão de São Gregório.

Esse assunto levanta uma questão paralela que parece oportuna de tratar. Como leigos solteiros, devemos nos esforçar para adquirir essas virtudes? Devemos ser castos e temperados? Claro que deveríamos. Mas deixe-me responder uma objeção que diz o contrário.

Durante o pontificado de Pio XII, alguns teólogos de segunda categoria inventaram uma tese bizarra que sugeria que todo leigo deveria se casar ou se tornar sacerdote ou religioso. Segundo a teoria deles, qualquer pessoa que queira ser solteira e casta deve se tornar padre; caso contrário, ele ou ela deve se casar. Esses teólogos representavam uma pequena minoria e ninguém aprendeu na História da Igreja prestando atenção neles. Logo, a teoria não era mais mencionada. No entanto, essa mentalidade estreita permaneceu presente em alguns ambientes tradicionalistas que sofreram a influência desses teólogos. Por esse motivo, ainda hoje, às vezes, enfrentamos uma acusação que deriva dessa visão falsa: “Você não pode ser leigo, solteiro e casto; você deve se casar ou se tornar sacerdote.”

A realidade é muito mais sutil e diversificada do que a alternativa simplificada: “Case ou seja padre.” Esse sofisma é baseado em uma generalização que supõe a existência apenas de dois tipos de pessoas, aquelas capazes de manter a castidade completa e as que não conseguem. Os primeiros não devem se casar e servir a Igreja como sacerdotes ou religiosos consagrados; os outros devem se casar para não pecar e perpetuar a espécie.

Embora a regra esteja correta e essa seja realmente uma das razões do casamento, o argumento está errado porque não considera as muitas exceções que a regra supõe. De acordo com esse falso pressuposto, não seria possível casar e permanecer virgem, como fizeram São José e a Virgem Maria; como Santo Henrique, Imperador do Sacro Império Romano, e sua esposa, a Imperatriz Santa Cunegundes, assim como muitos outros santos. Também seria impossível para um leigo ser solteiro e ser casto, como São Casimiro, Rei da Polônia ou Santa Rosa de Lima, que nunca se tornou religiosa. A lista de santos que representam exceções à regra é longa. Mas este não é o meu ponto no momento. Menciono para mostrar que a simples existência de tais santos destrói o sofisma de mente estreita.

A crusader in battle

Cavaleiros Cruzados se dedicaram a defender a Terra Santa, algo que os sacerdotes não podiam fazer

Aqui vou apresentar dois outros argumentos. Primeiro, São Tomás de Aquino oferece uma metáfora pitoresca para explicar a regra do casamento e da castidade. Ele diz que o casamento representa os pés da humanidade, pois é por meio do casamento que a raça humana se perpetua e, portanto, caminha adiante.

A castidade representa os olhos da humanidade, dado que é por meio de pessoas castas que a humanidade vê os horizontes distantes. Ele enfatiza que uma das principais características da castidade é oferecer amplos horizontes.

É uma comparação válida, porque, considerando apenas o aspecto prático, as pessoas casadas normalmente são tão ocupadas com a criação de suas famílias que geralmente têm pouco tempo para pensar em outras coisas. A pessoa solteira pode se manter com muito menos esforço e, portanto, tem mais tempo para estudos ou causas superiores.

Se, no entanto, adotássemos essa comparação de São Tomás e a aplicássemos à regra simplificada que estamos refutando, “case ou seja religioso,” então o homem ou mulher leiga seria excluído de ver os amplos horizontes da Cristandade e da Igreja Católica, que é perfeitamente absurdo, dado o enorme número de leigos solteiros que se tornaram grandes guerreiros, políticos, cientistas, poetas etc., exatamente porque tinham tais horizontes.

Segundo, era tão comum na História que as pessoas escolhem ser leigas, solteiras e castas que formaram movimentos que ajudaram a Igreja em campos onde os eclesiásticos não podem agir. Por exemplo, o que seria da Idade Média sem os cavaleiros andantes, a maioria deles vivendo solteiros, castos e voltados para a defesa de viúvas e órfãos? Mas um padre, que é proibido derramar sangue humano, não poderia ser um cavaleiro andante.

E as muitas Ordens de Cavalaria dedicadas a defender os bens católicos na Terra Santa? O mesmo é verdade, já que os eclesiásticos não puderam executar esta tarefa. Até hoje, algumas dessas ordens têm um status especial para seus membros solteiros e castos. Quantos centros de estudos e artes, diversos movimentos que trouxeram grandes benefícios para a cristandade - no passado ou no presente - eram constituídos por homens ou mulheres solteiros e castos? Vemos que o sofisma incorre em uma generalização errônea.

Estas são algumas lições que podemos aprender da bela visão descrita por São Gregório Nazianzeno. Peçamos a ele que nos ajude a manter com mais firmeza e aumentar constantemente nossa compreensão da luta pela cristandade e pela Igreja Católica, e por isso sermos castos e temperados como ele era.


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Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
A secção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.

Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.



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