Sim, por favor
Não, obrigado

O Santo do Dia
donate Books CDs HOME updates search contact

Santa Joana d'Arc - 30 de Maio

Prof. Plinio Corrêa de Oliveira

Seleção Biográfica:

Em 30 de maio de 1431, véspera da festa de Corpus Christi, Joana foi levada à antiga praça do mercado de Rouen. Ela estava amarrada a uma estaca cercada por uma pilha de lenha pronta para ser acesa. Do seu pescoço pendia um cartaz com as palavras: "Herege, apóstata e idólatra.” Uma grande multidão estava presente na praça. Seiscentos soldados ingleses a vigiavam.

024Reimnstatue.jpg - 28592 Bytes

Uma estátua de bronze da Virgem de Orleans, na cidade de Reims

Quando ela chegou ao local, ela pediu uma Cruz. Um soldado inglês quebrou a lança, amarrou os dois pedaços em forma de cruz e deu a ela. Depois de receber o precioso símbolo, ela foi amarrada à estaca sobre a lenha. Então, ela chamou em voz alta por São Miguel. O carrasco acendeu a lenha encharcada de óleo, e o fogo cresceu furiosamente de baixo para cima. Enquanto as chamas a envolviam, Joana gritava fortemente, reafirmando sua fidelidade à sua missão: 'Não me enganei, as vozes vieram do Céu!'

Em alguns minutos, tudo estava terminado. As cinzas foram varridas pelas águas do rio Sena. Até o coração da Serva do Senhor, que permaneceu intacto por não ter queimado nas chamas, foi lançado no rio.

Comentários do Prof. Plinio:

Podemos comentar vários pontos deste belo martírio.

Primeiro, a injustiça da frase no cartaz pendurado em seu pescoço causa indignação. Ela era uma santa - uma virgem que cumprira a missão que Deus lhe dera para salvar o povo francês. E agora ela seria queimada na fogueira sob as ordens do Arcebispo francês Cauchon, presidente do tribunal, por um motivo infame. Para entender o significado disso, peço que os senhores que ofereceram suas vidas para lutar contra o progressismo imaginarem que foram condenados com um cartaz em volta do pescoço com a palavra "progressista.” Seria um ultraje, uma mentira análoga.

024_JoanStatue.jpg - 34655 Bytes

Santa Joana d'Arc

Segundo, existem as palavras dela sobre as vozes do Céu. Ela costumava dizer que aquelas vozes lhe vinham do Céu; e foi seguindo as ordens daquelas vozes, e por meio da força que lhe era comunicada, que ela realizou seu maravilhoso trabalho - a libertação parcial da França e a restauração do legítimo Rei.

Pelo contrário, o tribunal que a julgou - um tribunal misto, eclesiástico e civil - afirmou que todas aquelas maravilhosas vitórias que ela alcançou sobre as tropas inglesas foram realizadas por bruxaria. Disseram que o exército inglês havia sido derrotado porque ela fez um pacto com o diabo. Portanto, segundo eles, aquelas vozes vieram do inferno.

O problema, então, não era determinar se as vozes eram verdadeiras ou não. Ninguém questionou esse fato, porque ainda não estavam sob a influência deletéria da dúvida sistemática do protestantismo. As pessoas tinham fé e sabiam que esse tipo de comunicação não era raro. O problema era que o tribunal tinha de dizer que as vozes vinham do inferno porque não favoreciam o Rei da Inglaterra. Foi por esse motivo que Joana foi condenada como herege, bruxa, etc.

Logo antes de expirar, quando se preparava para comparecer perante o tribunal de Deus, deu outra manifestação de santidade. O que ela fez? Pediu uma cruz - uma cruz porque um juramento feito na presença da cruz é muito mais grave. Uma guerreira até o fim - ela morreu lutando. Ela não morreu indiferente, permitindo passivamente que seus inimigos a matassem, mas morreu fazendo um desafio, um protesto e um incentivo à resistência francesa contra o domínio inglês. O brado dela dizia o seguinte:
“Franceses continuem lutando, porque as vozes em cujo nome eu os levei à vitória realmente pronunciaram ordens que vieram do Céu. O Céu lhe dará, portanto, a vitória completa.”
Para esse brado, ela escolheu o momento perfeito, supremo e mais trágico, o momento em que já estava sendo consumida pelo fogo. Os membros do tribunal estavam presentes no local, os soldados ingleses vigiando, o povo católico observando. Ela estava amarrada à estaca, as chamas estavam crescendo rapidamente, pois a madeira estava encharcada de óleo. O fogo estava subindo de baixo para cima, por isso ainda não havia atingido as partes vitais de seu corpo.

024JoanSquare2.jpg - 37493 Bytes

Acima, a praça da cidade de Rouen. O marca preta menor (marca 1) indica onde ela foi queimada. A maior (2) mostra onde a plataforma para as autoridades foi montada.

Abaixo, uma estátua está hoje no local onde a Virgem da França foi queimada

024_AtStake.jpg - 54192 Bytes
Nesse momento crucial, nenhum lamento de dor, nenhum grito de misericórdia saiu de seus lábios. Ela invocou em alta voz São Miguel, provavelmente pedindo forças ao Arcanjo - seu grande protetor - para fazer o que ela faria. Depois disso, como Nosso Senhor, que clamou em voz alta antes de expirar, ela também clamou em voz alta, uma voz que podia ser ouvida em toda a praça. Foi o protesto dela:
“Saibam disso, todos vocês - amigos e inimigos, homens do meu tempo e homens do futuro até o fim do mundo - saibam que as vozes que ouvi vieram do Céu. Com esta última proclamação, minha missão está cumprida.”
Esse testemunho prestado na hora de sua morte é um supremo ato de heroísmo - mais digno do que sua entrada triunfal em Reims, ao lado do Rei que seria lá coroado, mais glorioso do que sua primeira entrada triunfal em Orléans e mais esplêndido do que todos os seus atos épicos. Aquele grito quando sua alma estava deixando esta terra para ser julgada por Deus é realmente maravilhoso!

Terceiro, as chamas consumiram o corpo, mas pouparam seu coração também é algo muito bonito. Ter coração não é ser sentimental. Ter coração é ter força de alma, ter grande valor, ter amor pelas coisas elevadas, ter amor pela missão sobrenatural que Deus nos deu. E se alguém já teve coração, este alguém foi Santa Joana d'Arc. Daí o belo fato: o corpo foi consumido pelo fogo, mas não o seu coração. Foi um milagre do Céu para confirmar o que ela acabara de afirmar minutos antes, que as vozes vinham do Céu. Ela já estava no Céu, mas seu coração ainda estava na terra, confirmando a verdade que ela havia falado.

Os comandantes ingleses entendiam muito bem o perigo de manter esse coração. Eles sentiram profundamente a devoção que esse coração inspiraria, e tinham um grande medo desse coração, assim como os judeus tiveram medo do cadáver de Nosso Senhor e enviaram guardas para vigiar o sepulcro d’Ele. Por essa razão, os ingleses lançaram seu coração no rio. É a dureza característica dos ímpios que não nos deve surpreender.


Tradition in Action



Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
A secção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.

Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.



Santo do Dia  |  Início  |  Livros  |  CDs  |  Procurar  |  Contacte-nos  |  Doar

Tradition in Action
© 2018-   Tradition in Action do Brasil    Todos os Direitos Reservados