Seleção Biográfica:
Angelina nasceu em 1377 em Montegiove, perto de Orvieto, Itália, descendente dos Condes de Marsciano, por parte de pai, e dos Condes de Corbara, por parte de mãe. Aos 12 anos, ela consagrou sua virgindade a Deus, mas três anos depois seu pai arranjou um casamento para ela com o Conde de Civitella Del Tronto, na região de Abruzzo, no Reino de Nápoles.
O Castelo de Montegiove, onde Angelina cresceu |
A menina implorou ao pai que a deixasse consagrada a Deus, mas seus pedidos foram em vão. Ele até ameaçou a ameaçou com a morte se ela não consentisse em se casar em oito dias.
Aflita em espírito, Angelina recorreu a Nosso Senhor, que lhe disse para observar a vontade de seu pai. Seguindo esse conselho, ela concordou em se casar com o conde. A cerimônia foi realizada com muita pompa e com o banquete tradicional.
Na noite de núpcias, a jovem fugiu para o quarto, cheia de angústia ajoelhou-se aos pés de um crucifixo pedindo a Nosso Senhor que a protegesse. Quando o Conde chegou, ele perguntou o motivo de suas lágrimas e ela lhe falou de seu voto. Ao ouvir isso, tocado pela graça, ele desejou seguir o exemplo dela.
Angelina implora a Nosso Senhor que mantenha a virgindade |
Portanto, ele se ajoelhou ao lado de sua jovem esposa prometendo respeitar seu voto e viver castamente com ela como irmã. Ambos agradeceram a Deus pela grande graça que haviam recebido. Dois anos depois, o Conde morreu deixando Angelina livre para administrar sua vida.
Angelina entrou na Ordem Terceira de São Francisco e se dedicou às obras de caridade e à conversão dos pecadores. Os muitos milagres que ela fez a tornaram famosa, o que a levou a se mudar para Civitella.
Quando muitas outras jovens de grandes famílias entraram no convento de Angelina, os nobres da cidade ficaram descontentes e reclamaram ao Rei que ela estava se opondo à vocação dos casados. Em resposta a essas queixas, o Rei a expulsou de seu Reino.
Ela e suas companheiras foram para Assis e depois para Foligno, onde sua comunidade de irmãs da Ordem Terceira recebeu a aprovação papal em 1397.
Logo havia estabelecido 15 comunidades semelhantes de mulheres que seguiam a regra franciscana em outras cidades Italianas. Ela morreu em 14 de julho de 1435, como mãe de uma grande família religiosa, e foi beatificada em 1825.
Comentários do Prof. Plinio:
Esta é uma biografia muito bonita que nos apresenta as grandes provações pelas quais a Beata Angelina passou e a grande confiança na Divina Providência, que ela demonstrou.
Com efeito, ela fez o voto de virgindade. Seu pai determinou que ela deveria se casar e a ameaçou de morte se ela não obedecesse a sua ordem. É a posição eterna do liberal: quando uma pessoa faz o voto de virgindade, ele usa até de ameaças a fim de a impedir que cumpra o voto.
Pelo contrário, se a pessoa escolher ser má e cometer um pecado, ele lhe concederá total liberdade para fazê-lo, alegando que toda pessoa é livre para escolher o que quiser. Provavelmente, se o pai de Angelina tivesse uma filha licenciosa, ele teria fechado os olhos para o comportamento rebelde dela; mas como ela não era, ele se tornou um verdadeiro tirano.
Sua confiança conquistou sua vocação |
Alguém poderia objetar: O senhor está falando sobre liberalismo, mas naquele tempo na Idade Média o liberalismo não existia.
Eu respondo: o liberalismo não existia como uma doutrina claramente explícita, mas o liberalismo como um impulso, como um estado habitual de contradição e como um ódio constante contra aqueles que são verdadeiramente bons sempre existiu desde o pecado original.
Portanto, aqui podemos falar corretamente do liberalismo.
Ela se virou para Deus para perguntar o que fazer; Deus a revelou que deveria se casar. Ela era obediente, mas conservou no fundo de sua alma a esperança de que não lhe pediria que perdesse sua amada virgindade.
Então, depois de um dia de festa - um dia trágico para a pobre jovem - ela se ajoelhou diante de um crucifixo e pediu a Nosso Senhor que a ajudasse para que permanecesse virgem no novo estado em que Ele ordenara que ela entrasse.
Seu esposo entrou no quarto e a encontrou chorando junto ao crucifixo. Ele perguntou o motivo. Ela contou, e ele tomou a decisão de viver com ela como irmão. Que transformação linda! É um verdadeiro milagre moral!
Essa mudança de atitude de seu cônjuge ocorreu para recompensar sua confiança, porque até o último minuto ela continuava a ter esperança contra toda a esperança. Nada indicava que ela escaparia do inevitável, mas no último momento houve um milagre e uma saída apareceu.
Dois anos depois, o jovem morreu e ela estava livre. Ela não perdeu a virgindade e estava em condições de se consagrar plenamente à sua vocação.
Fundou um convento que floresceu e atraiu muitas jovens. Mais uma vez, testemunhamos a má atitude dos pais: eles não queriam que suas filhas seguissem Angelina e pediram sua expulsão do Reino de Nápoles.
Abençoada a época em que um santo podia fundar um convento sem perseguição e se tornar seu superior, atraindo jovens nobres que poderiam ter uma vida muito mais agradável e fácil vivendo no mundo! Abençoado o tempo em que havia tanta receptividade pelas vocações que Deus dá!
Ela foi expulsa do Reino de Nápoles, mas fundava outros conventos onde quer que fosse. Seu trabalho foi concluído: ela havia fundado uma congregação religiosa. De um fracasso a outro, de julgamento após julgamento, ela cumpriu toda a sua missão. Muitas pessoas ficaram furiosas com ela, mas não puderam impedi-la de cumprir sua vocação. Por quê?
Aguardamos a mão poderosa de Nosso Senhor para atacar e operar Sua restauração |
Porque Nossa Senhora colocou a mão na Beata Angelina e, como registra o hino das Congregações Marianas: "De mil soldados, não teme a espada, quem pugna à sombra da Imaculada." Nossa Senhora resolveu tudo, ela conquistou tudo.
Esta vida nos dá uma lição para o nosso apostolado. Devemos entender que, às vezes, enfrentaremos obstáculos inesperados no caminho das coisas mais altas, mais difíceis e nobres que desejamos fazer, e isso é porque Nossa Senhora quer resolver o caso sozinha.
Todos os esforços humanos são ineficazes diante dos obstáculos. Mas não importa. Chegará um momento em que Nossa Senhora intervirá e o que foi inspirado pela graça será realizado.
Devemos ter confiança na voz interior de nossas almas, naquilo que Deus Nosso Senhor, mediante à intercessão de Nossa Senhora, nos diz no interior de nossa alma, porque isso será realizado.
O Livro da Confiança começa com estas palavras: "Ó Voz de Cristo, misteriosa voz da graça que ressoa no silêncio de nossas almas, Tu murmuras nas profundezas do nosso coração palavras de doçura e paz."
Quantas vezes sentimos em nossa alma movimentos de graça cheios de doçura e paz, que nos levam a pedir coisas que parecem impossíveis de obter! Mas, à medida que continuamos a ter esperança contra toda a esperança nessa doçura e paz, enquanto continuamos a rezar e agir, essas promessas terminam sendo cumpridas.
Qual é a grande esperança no momento presente? Mais do que nunca, devemos esperar que, no atual trágico cerco dos inimigos de Nossa Senhora e da Igreja Católica, Nossa Senhora interceda junto a Deus para induzi-lO a começar a agir e realizar sua grande restauração.
Devemos esperar que Ela acorde Nosso Senhor, que parece estar dormindo na casa de Pedro, para que Ele comece a se mover e a realizar suas maravilhas. Vemos a causa católica sofrendo tantas perseguições em todos os lugares, cercada por tantas provações... Mas quando Deus começar a se mover, entenderemos o que é o braço poderoso de Deus.
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Prof. Plinio Corrêa de Oliveira | |
A secção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.
Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.
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