Seleção Biográfica:
As 16 Irmãs Carmelitas de Compiègne subindo o cadafalso para a guilhotina
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Em 17 de julho de 1794, as 16 freiras carmelitas de Compiègne foram guilhotinadas em Paris, condenadas por crimes contra o Estado pelo tribunal da Revolução Francesa. Neste dia elas nasceram para a vida eterna.
Madre Henriette de Jesus, conhecida por sua grande beleza e personalidade forte, levantou-se para representar as outras Irmãs carmelitas perante o tribunal revolucionário e foi notável por sua resolução heroica.
Como o promotor acusou as carmelitas de serem fanáticas e contra-revolucionárias, ela pediu que ele explicasse o significado dessas palavras. O juiz irritado vomitou uma torrente de ofensas contra ela e disse: “É o seu apego à sua Religião e ao Rei.”
Ao ouvir essas palavras, ela respondeu: “Agradeço a explicação.” Então, dirigindo-se as suas companheiras carmelitas, ela disse: “Minha querida Madre e minhas Irmãs, devemos nos alegrar e dar graças a Deus por morrermos por nossa Religião, nossa Fé e por sermos membros da Santa Igreja Católica Romana.”
Foi a última, antes da Priora, a subir ao cadafalso para morrer. Até o fim, ela incentivou suas Irmãs a perseverarem. Quando uma pessoa caridosa ofereceu um copo de água a uma das Irmãs, Madre Henriette disse a ela: “No Céu, minha Irmã, no Céu, em breve teremos água em abundância para beber.”
Comentários do Prof. Plinio:
Essas Irmãs sabiam que estavam sendo mortas por sua fidelidade à Igreja Católica e ao Rei, mas queriam que o promotor o admitisse em voz alta, porque isso seria uma testemunha pública de seu martírio e um incentivo para elas diante dos perigos da apostasia. É por isso que Madre Henriette foi encarregada de fazer essa pergunta.
As Irmãs Carmelitas carregadas na carroça a caminho da guilhotina
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Quando a resposta chegou, ela ficou feliz e a transmitiu à Madre e às Irmãs na religião. Todas elas compartilharam essa alegria e seguiram em frente para morrer. Madre Henriette, muito resoluta, ofereceu assistência a cada uma delas até o fim.
Somente a Priora, Madre Teresa de Santo Agostinho, morreu depois dela, porque era superiora, assim como o Capitão sempre deve ser o último a deixar o navio que naufraga.
O episódio do copo d’água é lindo. Certamente havia algumas Carmelitas que estavam nervosas diante do trauma de uma morte tão violenta. Beber um copo de água poderia dar-lhes algum alívio.
Quando Madre Henriette viu que uma Irmã carmelita estava inclinada a aceitar a oferta, ela provavelmente estava pensando: “Este pequeno sacrifício pode ser mais uma pérola para sua coroa no Céu.” Então, ela a aconselhou que não aceitasse, dando esta magnífica razão: "Minha Irmã, no Céu em breve teremos muita água para beber.”
Ela estava claramente se referindo a Nosso Senhor, que é a fonte de todas as águas vivas, à contemplação face a face de Deus que dá felicidade eterna. A Irmã, sedenta, entendeu que ao receber sua coroa do martírio, ela teria uma estrela adicional pelo fato de ela fazer mais esse sacrifício.
Madre Henriette enfrentou a morte bravamente e encorajou as outras
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Os senhores podem contrastar Madre Henriette de Jesus com uma personagem imaginária de um romance popular, O Diálogo dos Carmelitas de George Bernanos.
A personagem foi chamada Blanche de la Force e foi apresentada como uma Irmã Carmelita fraca e tímida. Ela é uma personagem imaginária, mas vale a pena considerá-la, pois representa um tipo de personagem comum.
Em seu romance, Bernanos a apresentou como uma Irmã que entrou em pânico quando as Irmãs começaram a ser perseguidas pelas forças revolucionárias e ameaçadas pela guilhotina, e apostatou da Ordem deixando o mosteiro.
Quando suas irmãs de hábito foram sentenciadas, portanto, ela não estava mais morando na comunidade carmelita, mas foi ver a execução que sofreriam naquele dia.
As Irmãs cantando o Veni Creator em coro e, uma a uma, subiam os degraus até o cadafalso onde se achava a guilhotina. Quando a egressa viu aquilo, foi movida por uma graça, saiu do meio da multidão e, cantando, juntou-se ao cortejo para ser executada junto com elas.
As atitudes de ambas as religiosas - Madre Henriette e Irmã Blanche - expressam bem os diferentes caminhos da Divina Providência para diferentes almas - as diferentes maravilhas que Deus trabalha com Seus escolhidos. Para alguns, Ele escolhe a glória do arrependimento - essa é uma das glórias atribuídas aos Apóstolos que fugiram durante Sua paixão.
Para outros, Ele dá a força que deu à Madre Henriette de Jesus, isto é, ver a morte à distância e enfrentá-la com coragem, caminhando em direção a ela com alegria. Foi o que fez com Madre Henriette, que ajudou todas as outras a enfrentarem seus martírios. Esses são dois caminhos diferentes que Deus escolhe para liderar e direcionar almas.
Vendo esses dois caminhos contrastantes, os senhores podem admirar a infinita beleza de Deus na unidade e variedade de Seus caminhos. É por isso que os santos são diferentes um do outro e por que existem diferentes escolas de espiritualidade na Igreja Católica. Serve para mostrar a beleza e a riqueza da Santa Madre Igreja, um reflexo da beleza da Jerusalém Celestial.
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Prof. Plinio Corrêa de Oliveira | | A secção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.
Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.
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