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Santa Maria Madalena - 22 de Julho

Prof. Plinio Corrêa de Oliveira

Seleção Biográfica:

Comentando sobre Santa Maria Madalena, o Martirológio Romano diz que, depois que Nosso Senhor expulsou os demônios dela, ela se tornou tão perfeita que mereceu ser a primeira pessoa a vê-Lo ressuscitado.

Comentários do Prof. Plinio:

Mary Magdalene seeing Our Lord after His resurrection

Maria Madalena foi a primeira a ver Nosso Senhor após Sua Ressurreição - Laurent de La Hyre, 1656

O famoso episódio de um banquete em que Santa Maria Madalena lavou os pés de Nosso Senhor Jesus Cristo com perfume revela algumas facetas de sua personalidade e sua posição na Igreja.

Sabemos que ela era irmã de Lázaro. De acordo com as tradições e documentos da época, ele era uma pessoa da alta sociedade, porque tinha um posto de príncipe e era muito rico.

Ele havia sido um príncipe de um povo pequeno que havia sido incorporado à nação Judaica e ainda tinha o título e as honras de um príncipe, embora ele não tivesse mais um papel político.

Portanto, ele e suas duas irmãs, Maria e Marta, eram pessoas de alto nível social.

No entanto, Maria Madalena se desviou do bom caminho e se tornou uma pecadora pública. Ela se arrependeu profundamente e se tornou um modelo de duas coisas diferentes, a contemplação e a penitência.

Sua contemplação foi marcada em contraste com a vida ativa de Marta, que censurou Maria por não se importar com as necessidades da casa, mas apenas por ficar perto de Nosso Senhor, ouvindo-o e admirando. Nosso Senhor disse a ela: "Marta, Marta, Maria escolheu a melhor parte, e não lhe será tirada." Ela representa a pura contemplação, desvinculada da vida ativa.

Seu arrependimento, sua penitência e sua perfeita fidelidade a prepararam para ficar com Nossa Senhora e São João ao pé da Cruz. Sua penitência foi tão perfeita e o perdão que recebeu tão grande que alcançou uma união extraordinária com Nosso Senhor. Ao estudar seu caso, alguns teólogos sérios chegaram a levantar a hipótese de que talvez a penitência seja mais bonita que a inocência.

No episódio do banquete, ela representou a penitência, contemplação e completo desapego aos bens mundanos. Pelo contrário, Judas representava a traição, ódio dissimulado sob o pretexto de caridade e apego às coisas materiais. A oposição entre Maria Madalena e Judas não poderia ser mais flagrante.

Após esse episódio, a oposição continuou. Ela, a pecadora arrependida, era fiel e estava ao pé da Cruz. Ele, o maldito apóstolo, foi quem entregou Jesus Cristo para ser crucificado. Ela foi a primeira a testemunhar a Ressurreição de Nosso Senhor e sua ascensão ao Céu a encontrar o Pai Eterno; o impenitente Judas se enforcou em desespero e se lançou no inferno para encontrar o demônio.

As antíteses são fortes e expressivas. Por um lado, em Maria Madalena, vemos arrependimento, pura contemplação e desapego dos bens mundanos. Por outro lado, em Judas, encontramos impenitência final, apego total ao dinheiro e cupidez por bens mundanos.

São Luís Grignion de Montfort distinguiu dois tipos de psicologia humana, isto é, os que são como Jacó e os são como Esaú. Santa Maria Madalena é característica de alguém com o espírito de Jacó: ela tinha uma alma superior voltada para as coisas celestiais e indiferente às coisas deste mundo.

Judas, pelo contrário, era do tipo Esaú. Ele não apenas vendeu seus direitos de primogenitura por um prato de lentilhas, mas, pior ainda, vendeu seu Salvador por trinta moedas.

Judas betraying Our Lord, by Fra Angelico

Acima, Fra Angélico pintou Judas com uma auréola negra. Abaixo, Maria Madalena, beijando os pés de Nosso Senhor,
tem uma auréola dourada

Lamentation, by Fra Angelico
Fra Angélico pintou a cena do beijo de Judas entregando Nosso Senhor aos soldados Judeus. Ele pintou a cabeça de Nosso Senhor cercada com uma auréola dourada e a cabeça de Judas com uma auréola negra.

Ele queria expressar que Judas era filho da iniquidade, o maldito apóstolo cujo espírito era de pecado e trevas, enquanto o de Nosso Senhor estava cheio de santidade e luz.

Poderíamos aplicar isso ao contraste entre Santa Maria Madalena e Judas. Um tinha uma auréola dourada, o outro uma auréola negra.

Quando Santa Maria Madalena se arrependeu, ela rejeitou completamente todas as coisas que a haviam induzido a pecar. No caso dela, isso constituía as coisas brilhantes da vida. Como penitência, ela se distanciou totalmente de tais coisas, afastou-se completamente delas.

Para alcançar esse desapego, ela abandonou todos os vínculos com a vida ativa e tornou-se pura contemplativa. Sua contemplação, portanto, nasceu da penitência e desapego. Isso a fez entender a excelência das coisas celestiais e como todas as coisas criadas foram feitas para servir e glorificar as coisas celestiais.

Portanto, nada poderia ser mais consistente para ela do que pegar um perfume muito valioso e derramar nos pés divinos de Nosso Senhor Jesus Cristo. O que induziu o desprezível Judas a se apegar ao dinheiro, o que o levou a odiar Nosso Senhor.

Sim, digo ódio, porque ninguém trai o Deus-Homem como ele fez apenas para obter lucro. O que levou Judas a roubar as esmolas coletadas para os pobres? Ninguém pode ter certeza, mas se pode levantar uma hipótese.

Quando Nosso Senhor estava pregando sua doutrina, Judas provavelmente estava pensando em outras coisas, por exemplo, no prestígio dos fariseus em Jerusalém e em como ele gostaria de fazer algo para impressioná-los. Então, ele queria ficar rico e ter uma carreira paralela para ser considerado um homem importante pelos fariseus.

Começou a pensar nessas coisas do mundo e caiu em pecado, ele começou a roubar dinheiro. Esse hábito o tornou cada vez mais hostil a Nosso Senhor. O processo continuou até o extremo final, quando Judas entregou Nosso Senhor àqueles que ele admirava e queria impressionar, ademais de ganhar algum dinheiro.

Os processos de ambos, Maria Madalena e Judas, são lógicos. Um deles tem a lógica da auréola dourada; o outro, a lógica da auréola negra. O caminho de uma mulher que estava em pecado e se tornou uma santa cruzou o caminho de um Apóstolo que estava em graça e se tornou um traidor.

Qual foi a razão mais profunda pela qual um se arrependeu e o outro caiu em desespero? Na minha opinião, é por causa de suas diferentes relações com Nossa Senhora.

Santa Maria Madalena estava sempre perto de Nossa Senhora, ajudando-A e apoiando-A, sobretudo no momento supremo em que seu Filho foi crucificado e morreu no Calvário. Judas, no entanto, estava frio em relação a Nossa Senhora.

Catharina Emmerick diz que antes de a traição ser consumada, Nossa Senhora, sabia o que estava sendo planejado, aproximou-se de Judas e conversou com ele por um longo tempo, tentando convertê-lo. Ele rejeitou tudo, e o Evangelho afirma que após a Última Ceia, o demônio entrou em sua alma.

A mulher que teve amizade calorosa e muito próxima com Nossa Senhora se tornou uma das maiores santas da Igreja, que no Céu certamente está muito próximo dos Sagrados Corações de Jesus e Maria. O apóstolo que era frio em relação a Ela se tornou filho da perdição, retratado por Dante na própria boca de Satanás, no lugar mais profundo do inferno.

Esse contraste tem muitas lições. A principal é que estejamos o mais próximo possível de Nossa Senhora, não importa quais sejam as nossas situações, se estivermos em estado de graça ou em pecado.


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Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
A secção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.

Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.



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