Seleção Biográfica:
Santa Clara de Assis Simone Martini, século 13
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Quando Francisco de Assis estava pregando na Igreja de São Jorge, uma jovem senhora de uma família nobre o ouvia com sua mãe e irmã. Clara ouviu essas palavras e entendeu que São Francisco deve ser o guia de sua alma. Ela confidenciou esse desejo à sua tia, que foi com ela a Santa Maria dos Anjos para falar com São Francisco.
Quem pode dizer o que aconteceu na alma do Pai Seráfico durante aquela primeira entrevista com a mulher que seria sua assistente na tarefa que o Céu designou para ele realizar?
Francisco revelou a Clara as belezas da Esposa Celestial e a excelência da virgindade. Em seguida, ele descreveu a ela o que ele mais amava em seu coração: o poder e o encanto da pobreza e a necessidade de penitência.
Clara ouviu, maravilhada e entusiasmada, e o apelo divino tocou seu coração. Em pouco tempo sua decisão foi tomada. Ela iria quebrar todos os limites que a ligavam à terra e se consagrar a Deus.
Na noite do Domingo de Ramos, 17 de março de 1212, ela secretamente deixou a casa de seu pai e com algumas companheiras dirigiu-se a Santa Maria dos Anjos, a Igreja da Porciúncula.
São Francisco e seus irmãos as encontraram ao longo do caminho com tochas e as conduziram para a igreja. Naquela noite, o casamento espiritual de Santa Clara aconteceu. Francisco perguntou o que ela queria e ela respondeu: “Eu quero o Deus da Manjedoura e do Calvário. Não desejo nenhum outro tesouro ou herança.”
Enquanto Francisco cortava seu cabelo, ela entregou todas as suas preciosas joias e ornamentos, recebeu o rude hábito, o cordão, e o humilde véu e se consagrou inteiramente a Deus.
Comentários do Prof. Plinio:
Santa Clara recebida por São Francisco
Abaixo, Santa Clara, na Igreja de Santa Chiara, Assis
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Pode-se admirar a beleza da cena. Na pequena cidade medieval de Assis, um cortejo de moças foge da casa de suas famílias, que querem impedir seu sacrifício. Em silêncio e com cautela, elas caminham pelas ruas sinuosas de Assis para não chamar a atenção.
Elas saem da cidade e nos campos que separam Assis do Mosteiro de Santa Maria dos Anjos encontram outro cortejo. Este segundo cortejo é ainda mais celestial do que o primeiro. É São Francisco de Assis, que foi outro Cristo na terra, que até era fisicamente semelhante a Nosso Senhor Jesus Cristo.
Carregando tochas, São Francisco e alguns dos santos que o ajudaram a fundar a Ordem Franciscana caminham para receber aquelas virgens. Os cortejos unem-se e entram juntos na Igreja de Nossa Senhora. O grupo se reúne em um círculo. Santa Clara renuncia a tudo.
Em seguida, São Francisco corta seus cabelos ao dar o passo definitivo do qual nasceria a Ordem das Clarissas. Desse passo dependeu toda a Segunda Ordem dos Franciscanos, que deu tantos santos para a Igreja Católica e glória a Deus ao longo dos séculos.
Santa Clara deixou tudo para entrar em um convento numa época em que, em muitos aspectos, a Igreja estava em seu apogeu. Hoje, estamos testemunhando a casa de Deus rachada, a dignidade dos ministros de Deus arrastada para a lama, o véu das religiosas desaparecido, a vida religiosa desintegrada.
Esse espetáculo trágico nos deixa indiferentes? Estamos mais preocupados com nosso trabalho, ganhando dinheiro, comprando um carro novo e roupas novas, ou adquirindo mais conforto para nossa casa? Se sim, onde está nossa fé? Em que acreditamos? O que levamos a sério?
Somente quando um católico carece completamente de seriedade pode colocar sua vida pessoal no mesmo nível da extrema dor que esta situação religiosa representa para a Igreja Católica. Na verdade, representa uma outra Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Hoje a Igreja está crucificada. Ela não morre porque não pode morrer; caso contrário, ela já teria expirado.
Por isso, neste dia de Santa Clara, imitemos a sua dedicação e reafirmemos o nosso compromisso de oferecer a nossa vida para lutar contra o progressismo na Igreja, que é o pior inimigo que ela já teve ao longo dos tempos. Nunca uma causa teve tão poucas pessoas para lutar por ela. Isso é suficiente para caracterizá-la como a luta mais gloriosa da História.
Falando sobre os pilotos que lutaram na Batalha de Londres e salvaram a cidade dos bombardeios nazistas, Churchill disse: “Nunca tantos deveram tanto a tão poucos.” No Juízo Final, Nossa Senhora certamente dirá algo semelhante sobre aqueles que lutam por ela agora.
Peçamos a Nossa Senhora e a Santa Clara que impregnem nossas almas com este espírito de dedicação à causa da Santa Madre Igreja.
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Prof. Plinio Corrêa de Oliveira | | A secção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.
Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.
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