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São João Eudes - 19 de Agosto

Prof. Plinio Corrêa de Oliveira

Seleção Biográfica:

An old and elaborate baptismal font

A fonte onde São João Eudes foi batizado

São João Eudes nasceu em 1601 na aldeia de Ri, Normandia, França, de pais piedosos que o consagraram à Virgem Santíssima. Em 1615, ele fez um voto de castidade enquanto estudava com os jesuítas de Caen. Naquela ocasião, ele se consagrou a Maria, e desde então se destacou por sua fervorosa devoção a ela.

Saiu dos jesuítas para ingressar na Congregação do Oratório, fundada pelo célebre Pe. Pierre de Berulle, que trabalhou para restabelecer a ortodoxia da doutrina e a santidade da vida entre o clero.

São João Eudes pensava que a formação dos sacerdotes também deveria ser uma prioridade, por isso, em 1643, ele deixou o Oratório e fundou a Companhia de Jesus e Maria (os Padres Eudistas) para se especializar na educação do seminário. Seu primeiro seminário foi inaugurado em Caen, logo seguido por muitos outros.

Para converter mulheres de má fama e ajudar aquelas que haviam se convertido de uma vida rebelde, ele fundou outra instituição, a Congregação de Nossa Senhora da Caridade. Ele também instituiu a missão paroquial de evangelizar as almas abandonadas.

Por longos anos, pregou para grandes multidões em igrejas ou em campos abertos, ou nas cortes dos nobres e do Rei. Seus sermões eram conhecidos por sua forte condenação dos vícios de sua audiência e sua grande eloquência apoiada por sua eminente santidade.

Difundiu a devoção aos Sagrados Corações de Jesus e Maria e foi responsável por fazer com que a Igreja aceitasse ofícios litúrgicos em sua homenagem. Sempre fiel à Cátedra de Pedro, foi perseguido pelos jansenistas, aos quais contra-atacou com energia.

Morreu em 19 de agosto de 1680, pronunciando os nomes de Jesus e Maria.

Comentários do Prof. Plinio:

Há um paralelo entre o trabalho espiritual e o jurídico desenvolvido por São João Eudes durante sua vida.

An image of St. John Eudes

São João Eudes

Ele morava, como os senhores acabaram de ouvir, em um país católico, a França. Sua missão não era combater os declarados inimigos externos da Igreja, mas antes tentar restaurar o fervor dos católicos mornos.

O país naquela época estava sofrendo uma profunda crise religiosa da qual nasceu a Revolução Francesa. Esta crise religiosa teve sua substância no fato de que o amor a Deus e o verdadeiro fervor quase desapareceram nas almas das pessoas, e o senso católico dos fiéis se apagou.

A Divina Providência, querendo evitar a tragédia que se aproximava, a Revolução Francesa e, sobretudo, a apostasia que ela representava, convocou grandes almas de diferentes maneiras para reacender o fervor católico na França.

Muitos santos dos séculos 17 e 18 eram almas zelosas e ardentes. Não eram teólogos caracteristicamente grandes, mas santos cujo papel era propagar o amor de Deus e atiçar as brasas que ainda fumegavam e transformá-las em chamas.

Entre essas almas, os senhores têm São Vicente de Paulo, que era um homem com um amor incandescente a Deus, e São Francisco de Sales, que difundiu um profundo amor a Deus nos níveis mais altos da sociedade. Mas, em particular, havia dois incêndios fundamentais na época:
• A obra de São Luís Grignion de Monfort no século 18 na Vendéia e na Bretanha, que deu origem a Chouannerie;

• e a obra de São João Eudes, sobre a qual comentamos agora.
Quem lê as revelações de Santa Margarida Maria Alacoque vê que o objetivo dessas aparições era inaugurar a devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Uma de suas principais características era tirar os católicos mornos de sua tibieza, iluminar o amor de Deus nas almas que haviam esfriado.

Santa Margarida Maria recebeu essa devoção como um grande tesouro, mas ela era uma religiosa da Visitação que não podia deixar seu convento. Sua missão era registrar a devoção, praticá-la e se tornar uma santa. Sua canonização foi uma confirmação e aprovação da Igreja por essa devoção.

A plaque of the Sacred Hearts of Jesus and Mary

Os Sagrados Corações de Jesus e Maria

Santa Margarida Maria escreveu ao Rei Luís XIV da França, dizendo-lhe para consagrar a França ao Sagrado Coração de Jesus e colocar o Sagrado Coração na bandeira da França. O Rei se recusou a fazer as duas coisas.

Resultado: o poder real se deteriorou na França. Quando Luís XVI foi prisioneiro no Templo em 1792, ele finalmente fez essa consagração, mas sem a adesão do povo francês. Ele ainda tinha o poder de jure para fazer a consagração, mas não mais um poder de facto Já era tarde demais.

Santa Margarida Maria também escreveu aos padres missionários para alertá-los sobre a devoção, e ela começou a se difundir em círculos piedosos. Quem ouviu falar foi São João Eudes, que logo depois deu início à sua grande obra como apóstolo da devoção aos Sagrados Corações de Jesus e de Maria.

Grande orador, fundou uma nova congregação na esperança de que, com o prestígio de sua santidade e o trabalho dessa instituição, a devoção decolasse na França. Mas isso não aconteceu. Houve outra recusa da graça. Desta vez não foi a recusa do Rei, mas a dureza de coração do povo francês.

A devoção causou pouca impressão e não suscitou grande entusiasmo. Os escritos de João Eudes, que se tornou santo, formaram a base para uma devoção generalizada aos Sagrados Corações no século 19, mas o século 18 não aceitou essa devoção. Ele foi uma espécie de profeta rejeitado que lutou com todas as suas forças, sem sucesso, contra a tibieza dos católicos franceses.

A statue of St. John Eudes, St. Peter's Basilica

São João Eudes na Basílica de São Pedro, Vaticano

Para lutar contra tal tepidez, ele utilizou métodos jurídicos em paralelo aos espirituais. Seminários não existiam na França, então ele fundou seminários. Desse modo, os homens que estudam para ser sacerdotes podem ser retirados de suas famílias e formados em um ambiente fervoroso para quando forem ordenados sacerdotes, sejam entusiastas dessa devoção, sem vínculos com o mundo.

Os seminários - até se tornarem a triste realidade que vemos hoje - foram algo verdadeiramente admirável para a formação do clero. Eles agiram como uma alavanca para restaurar o espírito católico na Europa no século 19.

Os senhores veem, então, um santo que lutou contra a tepidez de duas maneiras: espiritualmente, fundando uma congregação destinada a difundir essa devoção; e juridicamente, por fundar uma nova forma de ensino e formação do clero que existia em tese, mas ainda não era fato na França.

O que nos ensina a vida de São João Eudes? Acho que uma das coisas mais perigosas para um contra-revolucionário é se tornar medíocre e morno. Tornar-se uma pessoa que não se preocupa mais com os grandes panoramas e as grandes necessidades de nossa causa, mas que deseja apenas viver sua vida mesquinha com seus pequenos prazeres.

Em muitos aspectos, isso é mais perigoso do que filmes depravados, revistas imorais e más companhias, porque corrói o âmago do amor de Deus na alma. Tal espírito de mediocridade e tibieza torna a pessoa insensível à Paixão da Igreja de nossos dias e à grandeza da luta para salvar a Igreja de seus inimigos. Sem Lepanto, sem Covadonga (duas batalhas cruciais na história da Igreja), apenas os pequenos prazeres da pequena vida do eu.

A devoção aos Sagrados Corações de Jesus e Maria é um meio adequado para corrigir esse espírito. Se tivermos esse problema, ou mesmo essa tentação, devemos rezar aos Sagrados Corações de Jesus e Maria para que nos restaure o fervor. É o remédio específico para uma doença tão grave. Devemos também pedir ao mecenato de São João Eudes para atingir este objetivo.


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Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
A secção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.

Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.



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