Seleção Biográfica:
São Lourenço Justiniano quando jovem por Bellini
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Lourenço nasceu na ilustre família veneziana dos Giustiniani e, ainda criança, destacou-se pela seriedade de seu caráter. Sua piedade gerou admiração e respeito.
Aos 19 anos ele teve uma visão da Sabedoria Eterna, convidando-o a se unir a ela. Entrou para a vida religiosa na Ordem Agostiniana dos Cônegos de São Jorge na Ilha de Alga, a uma milha de Veneza.
Era conhecido por suas grandes austeridades e humilhações. Ele pedia esmolas para a comunidade e frequentemente recebia farpas sarcásticas em vez de mercadorias, pelas quais agradecia a Deus.
Logo após sua ordenação foi eleito Geral de sua Ordem. Ele a reformou tão profundamente que é considerado seu segundo fundador. Em 1433 foi nomeado Bispo de Veneza. Tentou recusar a dignidade, mas o Papa Eugênio IV o obrigou a aceitá-la. Trouxe paz a numerosas disputas estaduais, fundou 15 novos mosteiros e acrescentou muitas novas paróquias nas quais teve um cuidado especial com a precisão e beleza do culto divino.
Em 1450 foi eleito Patriarca de Veneza. A reforma eclesiástica que ele fez em Veneza é justamente considerada um precursor do que São Carlos Borromeo fez em Milão depois do Concílio de Trento. Os seus livros e sermões transmitem uma grande devoção à Paixão de Nosso Senhor. Em 8 de janeiro de 1455 ele morreu. Foi beatificado em 1524 por Clemente VII e canonizado em 1690 por Alexandre VIII. Sua festa foi marcada para 5 de setembro, dia de sua consagração episcopal.
Comentários do Prof. Plinio:
Primeiro, é interessante ver que desde a infância São Lourenço Justiniano foi marcado por uma profunda seriedade e que sua piedade produziu admiração e respeito. Quem o viu ficou impressionado com sua seriedade. Esta é a maneira que devia ser. Segundo a piedade sentimental que se infiltrou na Igreja nos séculos 18 e 19, os santos deveriam ser todos amáveis, ternos e brandos.
São Lourenço era o oposto de tal modelo desde sua infância. Isto é excelente! Não nego que a piedade às vezes pode causar ternura, mas sustentá-la como a nota principal da santidade parece-me absurdo. De acordo com a seleção, sua piedade gerou admiração e respeito. Essas são as verdadeiras características da santidade, pois Deus sempre causa respeito e admiração, e o santo é um homem que vive com Deus.
São Lourenço Justiniano como Patriarca de Veneza
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A maneira sentimental de descrever os santos é unilateral e deforma as almas. Esse sentimentalismo deve ser evitado, e um bom critério para saber quando temos uma descrição objetiva do santo é ver se o retrato produz admiração e respeito.
Em segundo lugar, quando ele era muito jovem, ele entrou em uma Ordem que estava corrompida, pútrida. Foi eleito seu superior e a reformou a ponto de ser considerado seu segundo fundador. Ou seja, era uma Ordem tão podre que precisava de uma reforma geral, e renasceu nas mãos de um santo. Mas não estava tão podre que não elegesse um santo para reformá-la. Hoje, que Ordem elege um santo para reformá-la?
Terceiro, em 1433, cerca de 100 anos antes da explosão do Protestantismo, a Igreja já estava imersa na grande crise da Revolução.
A mentalidade humanista estava promovendo o orgulho e a sensualidade em todos os lugares, e preparando o caminho para a aceitação das más ideias do Protestantismo. Bem, São Lourenço Justiniano reformou sua Ordem e, em vez de ser perseguido e desprezado, foi nomeado Patriarca de Veneza. Mais uma vez, pode-se ver a diferença entre aquela fase da Revolução e o ponto que ela atingiu em nossos dias.
Naquela época, havia um São Lourenço Justiniano como Patriarca de Veneza e um São Carlos Borromeo como Arcebispo de Milão; hoje pelo contrário havia um Angelo Rocalli em Veneza e um João Batista Montini em Milão. Os primeiros dois santos viveram suas vidas em preparação ou como consequência do Concílio de Trento.
Ou seja, eles se dedicaram a ajudar a Igreja a resistir ao Protestantismo. Os dois Cardeais progressistas (que se tornaram Papas) prepararam a Igreja para o Concílio Vaticano II, que abriu suas portas não apenas ao Protestantismo, mas também a todas as heresias sintetizadas no modernismo.
Na época de São Lourenço, muitas pessoas já eram revolucionárias, mas pelo menos estavam cientes da corrupção e escolheram santos para reformá-las. Em nossos tempos, as pessoas perderam a noção do bem e do mal e podem realmente pensar que aqueles cardeais progressistas eram bons. Há uma enorme diferença moral entre essas duas etapas da Revolução.
Rezemos a São Lourenço Justiniano, pedindo-lhe que nos dê a sua seriedade para enfrentar a Revolução na Igreja e nos ajude a restaurá-la, como fez na sua Ordem e na Arquidiocese de Veneza.
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Prof. Plinio Corrêa de Oliveira | | A secção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.
Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.
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