Os senhores sabem que nos tempos antigos a cruz era um instrumento de tormento. Era vergonhoso para qualquer pessoa ser crucificado. Era uma desonra para a pessoa, assim como para sua família. Ciente disso, São Paulo pediu para não ser crucificado porque era um cidadão romano, e os cidadãos romanos não estavam sujeitos à crucificação. Ele foi decapitado com uma espada porque isso era um privilégio dos romanos.
A Cruz do Sacro Império Romano é glorificada com ouro, prata e pedras preciosas. Abaixo, o orbe imperial, espada e bainha do Sacro Império Romano
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Quando Nosso Senhor Jesus Cristo foi crucificado, portanto, ele sofreu uma terrível humilhação. Essa vergonha pretendia significar que Ele era um bandido, um fora-da-lei do mesmo gênero dos dois ladrões com quem foi crucificado. Nesse sentido, a crucificação não foi apenas uma humilhação, mas a mais alta humilhação possível para qualquer homem honesto.
Os senhores sabem que os Judeus infligiram todas as humilhações que puderam a Nosso Senhor durante a Sua vida. Isso correspondia ao seu ódio crescente pelo bem que Ele representava. Por fim, fizeram a Ele a suprema humilhação, que foi o sacrifício da Cruz. Com isso eles se tornaram o povo deicida.
Seu desejo de humilhar Nosso Senhor tanto quanto podia, tornou-se evidente na Paixão. Por exemplo, a coroa de espinhos, a túnica do tolo, a cana que colocaram em suas mãos como cetro, as pessoas que O ridicularizaram e cuspiram n’Ele, etc. No corpo, mas também em sua santíssima alma.
A Cruz de Nosso Senhor tornou-se o ponto de partida de todas as humilhações que todos os católicos teriam de suportar até o fim dos tempos pela causa de Nosso Senhor Jesus Cristo.
As forças da impiedade nunca põem de lado suas armas contra o bem. Elas estão sempre procurando humilhar e quebrar a moral dos bons. Nenhum dos senhores se livraram dessas humilhações por causa de sua fidelidade a Nosso Senhor. É uma honra para nós. Ser perseguido por amor de Jesus Cristo é uma das bem-aventuranças. Todos nós sofremos essas humilhações e as sofreremos até o fim da História por causa dos contínuos ultrajes que os ímpios fazem contra Deus.
Mas, paralelamente, a honra de Deus, a honra de Nosso Senhor Jesus Cristo, é reivindicada pela Igreja. Os católicos consideram a Cruz como um símbolo de honra, como a coisa mais sagrada e santa que temos, como o símbolo de nossa redenção. Por causa desse sentimento, no topo de cada igreja católica uma cruz é colocada; no topo das coroas mais majestosas, a cruz é plantada.
Muitas das maiores famílias têm a cruz em seu brasão. As condecorações católicas que recompensam os feitos heroicos de um militar ou a generosidade de um grande benfeitor têm a forma de uma cruz.
Essas são manifestações do espírito católico que justificam essa humilhação; eles o justificam com brio cavalheiresco, com brio sobrenatural. Com esta manifestação especial de amor, ou seja, uma reação contra a indignação dos inimigos, a Igreja Católica celebra a festa da Exaltação da Santa Cruz.
A Cruz colocada no topo das torres da Catedral de Colônia
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Exaltar a Santa Cruz é glorificá-la. A palavra ex-altare em Latim significa elevar, elevar a um lugar alto, que é glorificar.
O primeiro sinal disso foi a aparição da Cruz no céu a Constantino antes da batalha de Ponte Milvia. Acima daquela Cruz estavam escritas estas palavras In Hoc Signo Vinces – Com este sinal da Cruz vencerás. Aquela cruz que apareceu no céu pela primeira vez então permaneceria no horizonte de toda a humanidade ao longo da História, humilhando os desprezíveis e os demônios.
A Cruz também seria o sinal de nossa honra. Nossa honra não consiste em evitar humilhações, mas em recebê-las com brio e um espírito de desafio. Aos que nos humilham, devemos responder como cavaleiros e glorificar ainda mais a Cruz de Nosso Senhor.
Isso é o que significa exaltação. É proclamar a glória de Deus em face da tentativa de seus inimigos de humilhá-Lo. Nossa atitude deve esmagar as tentativas do inimigo de humilhar Nosso Senhor.
A visão de Constantino
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Há uma jaculatória na ladainha das rogações, que é esta: Ut inimicos Sanctae Matris Ecclesiae humiliare digneris, Te rogamus audi nos – Para que Vos dignais humilhar os inimigos da Santa Mãe Igreja, nós Te imploramos, ouvi-nos. Por isso, a Igreja nos ensina a rezar pela humilhação de nossos inimigos. Portanto, a melhor maneira de responder aos inimigos que tentam humilhar a Cruz de Nosso Senhor e seus seguidores é humilhar esses inimigos; é para humilhar aqueles que infligem humilhações.
Fazendo isso, resgatamos a Cruz que jaz no pó dos desprezados e a elevamos ao lugar mais alto. Nós glorificamos o que foi humilhado. Esta é a essência da exaltação da Santa Cruz.
A piedade falsa e sentimental assume uma posição oposta em relação à Cruz. Nunca pensa no contra-ataque que os católicos deveriam fazer para exaltar a Cruz. O homem com esta mentalidade sentimental só cultiva sentimentos melosos em relação à Cruz, e se alguma vez considera os seus inimigos, é para fugir deles sob o pretexto de que os perdoa. Com esta mentalidade a Igreja nunca terá a verdadeira exaltação da Santa Cruz.
Ao contrário, quando alguém tenta humilhar a Cruz, devemos responder com um contra-ataque ainda mais forte. Não em defesa de nossa honra, mas em defesa da honra de Nosso Senhor Jesus Cristo.
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| Prof. Plinio Corrêa de Oliveira | |
A secção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.
Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.
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