Recebi um presente de um amigo de Buenos Aires, uma imagem impressa representando Elias, Profeta distribuído pelos católicos maronitas de lá. Esta imagem é venerada tanto pelos católicos do Líbano quanto pelos que vivem perto do Monte Carmelo.
Os maronitas relatam um fato interessante sobre esta imagem. É um desses episódios lendários, que expressa bem o ambiente em que a devoção de Elias se desenvolveu entre eles.
Um homem havia roubado alguns bens e foi pego. Apresentado perante as autoridades, ele negou insistentemente a acusação. Então, os maronitas trouxeram o homem, um incrédulo, diante desta imagem de Santo Elias e o ordenaram: “Agora olhe nos olhos de Elias e negue novamente que você é o ladrão.” Quando o homem olhou diretamente para o rosto dessa figura de Elias, ficou tão assustado que confessou seu crime.
Elias depois de matar os profetas de Baal |
Essa imagem chamou minha atenção por causa de sua apresentação digna e majestosa do Profeta. É uma versão magnífica, na minha opinião, de como podemos imaginar o Profeta Elias. Acredito que seria bom divulgar essa imagem entre nós.
Os senhores podem ver que é uma figura bastante oriental. O gesto que ele está fazendo tem a ênfase - eu diria a pompa - que pode caracterizar um Profeta do Antigo Testamento. Ele é um homem poderoso que me lembra um pouco a pintura de Carlos Magno por Dürer.
Seu rosto tem uma tez clara, o olhar está fixo em um ponto e é penetrante. Há uma grande coerência na expressão de sua fisionomia, na posição de seu corpo e nos gestos de seus braços.
Os senhores veem a firmeza com que ele segura a espada. Ele está se apoiando na espada, mas, ao mesmo tempo, esse braço está totalmente pronto para erguê-la e usá-la.
Alguém me lembrou que nesta foto Elias acabara de matar os 400 sacerdotes de Baal. Se os senhores se lembram, o Profeta Elias desafiou mais de 400 profetas de Baal a uma disputa para ver que Deus poderia lançar fogo do Céu para consumir um touro sacrificado. Os falsos profetas rezaram a Baal, mas o deus deles não conseguiu iniciar um incêndio.
Elias construiu um altar e cavou uma vala em torno dele, enchendo-o de água. Então, ele rezou, e Deus enviou um fogo que consumiu o holocausto e até as pedras do altar. Elias matou todos os falsos profetas de Baal e ordenou que o povo abandonasse sua idolatria.
Então, todos esses homens foram decapitados com essa espada. O mínimo que podemos dizer é que essa espada funcionou muito ...
Vemos que o outro braço toma uma posição de declamação, de recriminação. Ele está acusando os profetas de Baal - assim parece que se considerarmos o fogo à esquerda e o homem morto à sua direita. Ou ele está recriminando as pessoas que não são fiéis, representadas por esses três homens à direita que estão se encolhendo diante dele. Ele é um lutador!
O guerreiro nele também é visível em seu corpo. É sólido, até um pouco pesado. Para o meu gosto, poderia ter sido representado um pouco mais esbelto. Ele dá a impressão de um homem plantado no chão, enraizado na terra. E ninguém pode movê-lo do lugar onde ele está.
Não há nada aqui, no entanto, de um lutador puramente físico. A chama em seu olhar e o comportamento polêmico de toda a sua fisionomia marcam-no muito mais do que sua estrutura muscular e a posição de seu corpo. Sua alma é mais combativa que seu corpo e explica a combatividade do corpo.
Embora seja uma imagem oriental, ela curiosamente segue um padrão ocidental com o panorama colorido [Nota do editor: Infelizmente, na cópia que temos em mãos, as cores originais desapareceram significativamente]. Tem algo do frescor de uma pintura de Fra Angélico, pelo menos na minha opinião.
Pode-se encontrar, por exemplo, o pequeno chapéu vermelho do homem à direita. Se seu chapéu fosse marrom, a pintura perderia um pouco de seu frescor. Observe também a luz diáfana, o verde das plantas, o céu azul e o belo fogo. São aspectos que me lembram Fra Angélico.
Naturalmente, o vestuário é tipicamente oriental. 0 turbante encimado por um pequeno diadema, o manto que cobre a túnica. É um manto discreto, mas chama a atenção imediatamente. O diadema contribui para a majestade do personagem e acrescenta um pitoresco detalhe oriental. No ocidente é muito raro representar um Profeta com uma coroa e, ainda mais raro, com um diadema.
Está de acordo muito bem com o conjunto da personalidade de Elias. A barba espessa e o bigode cheio fortalecem a ideia de um homem viril. Esta é uma das imagens mais interessantes que eu tenha visto representando o Profeta Elias.
Deus envia fogo do Céu na oração de Elias Quadro de Lucas Cranach, século 16 |
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Prof. Plinio Corrêa de Oliveira | | A secção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.
Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.
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