Seleção Biográfica:
Santa Isabel da Hungria Detalhe do afresco de Piero Martini Santa Clara e Santa Isabel da Hungria |
A fama das virtudes de Santa Isabel [1207-1231] chegou à Itália onde São Francisco de Assis fundou a sua ordem. Ele conheceu o apoio e a proteção que a jovem Duquesa da Turíngia deu aos franciscanos na Alemanha e seu grande amor pela pobreza. O Cardeal Ugolini, futuro Papa Gregório IX, falava dela com frequência a Francisco.
Um dia o Cardeal pediu a São Francisco um presente para ela como um símbolo de seu reconhecimento. Ao fazer seu pedido, ele tirou a capa gasta dos ombros de São Francisco e recomendou que enviasse a ela. “Já que ela está cheia do teu espírito de pobreza,” disse o Cardeal, “gostaria que lhe desse o teu manto, assim como Elias deu o seu manto a Eliseu.” São Francisco obedeceu e mandou seu manto para Santa Isabel, a quem considerava uma filha.
Ela sempre o mantinha com ela, e o usava enquanto rezava sempre que desejava obter uma graça espiritual especial. Mais tarde, depois de ter perdido tudo, ela ainda conservou o manto precioso de seu pai espiritual até sua morte.
Comentários do Prof. Plinio:
Este incidente é rico em ensinamentos para nós.
São Francisco de Assis seguiu o conselho do Cardeal Ugolino, futuro Papa Gregório IX, e imitou o exemplo de Elias com Eliseu. Ele deu seu manto a Santa Isabel, e quando ela rezava, ela costumava usá-lo para agradar a Deus. Ela tinha a certeza de que o manto que São Francisco usava era um símbolo de sua aliança com ela, um símbolo da união das duas almas e, portanto, um símbolo que tiraria de Deus as mesmas graças que São Francisco atraiu.
Subjacente a este incidente está uma teoria sobre símbolos como este.
Rebeca aconselhou seu filho Jacó a usar uma pele de cabra e se aproximar de seu pai cego Isaac para que ele se parecesse com Esaú e recebesse a bênção devida ao primogênito. Essa cobertura tornou Jacó agradável a seu pai porque ele estava vestido de uma maneira que dava a impressão de ser o primogênito. Neste episódio, temos a afirmação de um princípio segundo o qual, em certas circunstâncias, uma pessoa que assume a aparência de outra pode receber de Deus os privilégios que lhe são devidos.
Da carruagem de fogo Elias deixa cair seu manto sobre Eliseu |
Algo semelhante aconteceu com Eliseu. Ao vestir o manto de Elias, ele ganhou o privilégio de ser tratado por Deus como se fosse Elias. Ele era o discípulo perfeito de Elias, o favorito de Elias, era uma espécie de extensão da personalidade de Elias. O manto que Elias deu a Eliseu era um símbolo dessa união de espírito.
Da mesma forma, de uma maneira infinitamente mais elevada, temos Nosso Senhor Jesus Cristo, que se encarnou como homem, sofreu a Paixão e a Crucificação por nós e lavou nossos pecados com Seu Sangue. O mérito do Seu Sangue nos cobre, como o manto de Elias cobriu a Eliseu.
Com este manto vermelho podemos nos apresentar a Deus, que assim se agrada em nos receber, nos perdoar e nos dar as graças necessárias para o arrependimento e a correção de nossas vidas. Podemos comparecer diante de Deus porque estamos vestidos com o manto da inocência e do sofrimento de Cristo e com isso, assumimos a sua aparência.
Algo assim acontece com Nossa Senhora. Ela toma a iniciativa de nos cobrir com seu manto. Então Ela disse a Deus: “Eu atribuo a essas pessoas meus méritos como mãe delas e quero que Vós as considereis como minhas crianças.” Então, Nosso Senhor olhando para nós, vê extensões da personalidade de Nossa Senhora, e fica satisfeito, nos perdoa e tenta nos ajudar.
Em todos esses episódios - Jacó e Isaac, Eliseu e Elias, Santa Isabel e São Francisco, Nossa Senhora conosco, e nós com Nosso Senhor - há uma união especial de almas que permite que uma alma seja revestida com os méritos de outra, a fim de comparecer perante o Trono de Deus e agradá-Lo.
Podemos aplicar esse princípio em nossa vida. Necessitamos de confiança e não nos desesperar diante de nossas fraquezas e culpas. Um de nós pode se aproximar de Deus e dizer: “Não olhe para os meus pecados, mas veja os méritos de seu Filho e a intercessão de Nossa Senhora.”
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Prof. Plinio Corrêa de Oliveira | | A seção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.
Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.
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