Seleção Biográfica:
São dois trechos do livro Algumas Ideias Pedagógicas de Dom Bosco.
São João Bosco, patrono do jornalismo Católico
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• É indiscutível que a personalidade da mãe de Dom Bosco, Mamãe Margarida, influenciou sua formação. Essa mulher, uma viúva de 29 anos, marcou profundamente a alma de seus três filhos. Ela teve pouca educação formal, mas muito bom senso. Sua retidão de julgamento, grande piedade e firmeza viril fizeram dela uma educadora exemplar. Margarida exigia que seus filhos trabalhassem na casa ou no campo. Desde o amanhecer, depois da oração da manhã, as crianças trabalhavam duro o dia todo. “A vida é muito curta para perder a melhor parte do dia,” dizia ela.
A preguiça não era permitida. As refeições eram simples e à noite dormiam no chão. Ela nunca se permitiu autocomplacência e sempre teve o pensamento voltado para o Céu:
“Somos soldados de Cristo sempre com as armas prontas, enfrentando o inimigo, e devemos vencer,” costumava dizer. Foi assim que ela preparou os filhos para a vida.
• Além do trabalho da sua congregação religiosa, da construção de igrejas, da fundação de numerosos orfanatos e da preparação das missões em países longínquos, Dom Bosco dedicava dia e noite à escrita. Ele soube servir a Igreja com a caneta, ora combatendo os erros, ora fortalecendo almas. Como homem de sua época, ele sabia da grande influência desse novo gigante moderno, a imprensa. Ele usou sua caneta por mais de 45 anos produzindo uma variedade de trabalhos de acordo com as necessidades de sua luta.
Quando o Protestantismo lançou ataques ofensivos contra a Igreja Católica com brochuras populares periódicas, Dom Bosco rebateu com suas Palestras Católicas, uma publicação mensal com artigos oportunos e questões que respondiam à propaganda Protestante.
Comentários do Prof. Plinio:
Irei comentar esses trechos um de cada vez.
Quanto à Mamãe Margarida, ela se encaixa na descrição daquela mulher forte das Escrituras que cumpre seus deveres e cujo valor está “longe das costas mais remotas.” Ela viveu sua vida com retidão, formou perfeitamente seus filhos, e um deles se tornou o grande São João Bosco.
Mamãe Margarida
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Sua vida oferece a prova de quão errônea é a mentalidade progressista que inunda a Igreja hoje. Na verdade, por causa dessa mentalidade falha, quem tem de suportar a fome, o frio e o sofrimento não pode ter uma vida espiritual.
Segundo ela, o primeiro passo é acabar com a pobreza e a fome. Só então se pode começar a falar sobre uma vida espiritual. Portanto, o início de todos os apostolados é esta ação material. Acabar com a pobreza torna-se, então, um dos principais, senão o principal fim da Igreja Católica.
A vida de Mamãe Margarida demonstra exatamente o contrário. Sua casa era tão pobre que todos os membros da família dormiam no chão; as refeições eram frugais; os membros da família foram submetidos a muito trabalho árduo. Eles levavam uma vida pobre típica.
Não obstante, ela soube tirar proveito desta vida e a santificou por meio da fortaleza e do espírito de abnegação e sacrifício. Apesar da pobreza da família, ela cuidou de suas necessidades materiais: seus filhos se tornaram homens fortes, capazes de todo tipo de trabalho. Ao mesmo tempo, e é isso que é importante notarmos, ela também cuidou bem da vida espiritual deles.
Os senhores veem como o progressismo mente e engana os católicos quando implica que condições suaves e confortáveis são indispensáveis para a santidade. Isso está completamente errado. Austeridade, não suavidade, é o que é necessário. Esta austeridade deve ser observada na formação de cada família, mesmo aquelas de níveis elevados com muitos recursos.
Na Europa esta austeridade foi mantida na formação de crianças e jovens até não há muito tempo. Nas memórias do Duque de Nemours ou do Duque de Alençon - não me lembro qual - fala-se da época em que ele esteve em Londres, exilado da França. Ele era jovem e vivia com vários outros jovens nobres na mesma casa ao longo do rio Tâmisa. As janelas de seu grande quarto ficavam no segundo andar e se abriam diretamente para o Tâmisa. Ele escreveu que, quando acordavam de manhã, tinham o hábito de pular pela janela no Tâmisa. Todos eles fariam isso todas as manhãs no inverno. Isso mostra como eles estavam acostumados à austeridade. É um exemplo que me vem à mente sobre austeridade na formação de nobres.
São João Bosco ouvindo confissões de seus meninos
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Em relação ao segundo excerto, é interessante observar como São João Bosco sempre teve consciência dos problemas de seu tempo. Ele não era um santo que vivia nas nuvens, como hagiografias sentimentais retratam muitos santos.
São João Bosco conhecia os problemas de seu tempo e combateu os inimigos da Igreja como eles realmente eram. Quando a propaganda Protestante se tornou forte no norte da Itália, ele desenvolveu uma ação intelectual eficaz contra ela.
Hoje, a maioria das pessoas tem uma compreensão revolucionária do que é importante. Eles pensam que os meios econômicos são mais importantes do que as habilidades intelectuais, e que o material é maior do que o espiritual. Por isso, quando falam de S. João Bosco, tendem a sublinhar as suas obras de assistência social e a subestimar a sua obra intelectual. Também elogio e reconheço a importância dos alicerces que fez para ajudar os meninos pobres e dar-lhes uma boa formação, mas não concordo que deva ser lembrado principalmente por essas obras.
Quando examinamos sua vida, vemos que ele passou muitos anos escrevendo; portanto, ele era tanto um escritor quanto um homem de atividades externas. É por isso que se junta a São Francisco de Sales como um dos dois santos padroeiros da imprensa. É bom enfatizarmos este ponto que define as coisas corretamente.
Peçamos a São João Bosco que nos dê o espírito de austeridade que possuía e proteja nosso trabalho intelectual e nosso jornalismo católico.
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Prof. Plinio Corrêa de Oliveira | | A secção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.
Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.
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