Seleção Biográfica:
De acordo com Padre Emmanuel d'Alzon, fundador dos Assuncionistas, a mais bela história de São Dimas foi escrita por Santo Anselmo em uma carta às suas irmãs meditando sobre a infância do Salvador. Se esta história é às vezes duvidosa pelos homens modernos, ela foi aceita por unanimidade durante a época do grande Bispo de Canterbury.
São Dimas no Paraiso, um ícone Russo
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Foi na época do massacre dos Santos Inocentes. São José, Nossa Senhora e o Divino Menino fugiam de Herodes. Saindo de Belém, a Sagrada Família entrou na terra do Egito, que as Sagradas Escrituras chamam de país do pecado, onde Deus retirou o Seu povo, um país que só o sacrifício de Cristo poderia redimir.
Nesta fuga para o país do Demônio, Jesus, Maria e José entraram em uma floresta habitada por bandidos. Entre eles estava Dimas, um assassino e ladrão. No entanto, no fundo de sua alma estavam algumas graças secretas que ele não recusou.
Escondido da vista, à espera de uma vítima inocente, Dimas viu a aproximação de um homem e uma jovem carregando uma criança. Os três viajantes tinham alguma bagagem, talvez alguns dos presentes dos Reis Magos reservados para esta longa viagem. Dimas julgou que esta caravana desprotegida não ofereceria resistência. O bastão de São José não lhe causou medo, e ele avançou para lhes fazer mal.
No entanto, seus olhos pousaram no Menino Jesus e ele parou, maravilhado com a gloriosa beleza e majestade de Seu semblante. Profundamente tocado, ele protegeu os viajantes em vez de prejudicá-los e os hospedou em sua caverna. Este foi o meio que a Providência Divina utilizou para ajudar a Sagrada Família, neste caso não com um anjo, mas por meio de um ladrão que por um momento se transformou em um bom Anjo.
Dimas ofereceu tudo o que tinha e o Divino Menino se permitiu ser acariciado por aquele criminoso. Ao ver o respeito do ladrão pela criança, Maria Santíssima solenemente garantiu-lhe que ele seria recompensado por sua ação antes de sua morte. Dimas continuou sua vida de crime, mas sempre conservou a memória dessa promessa, confiando que seria cumprida.
Nada se sabe sobre a vida deste ladrão durante os 33 anos de vida de Nosso Senhor. Não obstante, ele aparece junto com Gestas, outro ladrão, carregando sua cruz para ser crucificado com Jesus Cristo. Seus crimes, entretanto, escureceram tanto sua alma que ele não reconheceu nem Jesus nem Maria.
O Bom Ladrão de Ticiano
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As cruzes foram erguidas no Monte Calvário, e por três horas Dimas, como Jesus, testemunhou as blasfêmias da multidão, que representava o mundo inteiro. Ele também se juntou às blasfêmias. Mas Maria, olhando para ele, o reconheceu e rezou por ele. À medida que se aproximava a hora sexta, a longa sombra da cruz de Jesus caiu sobre o corpo de Dimas.
Naquele momento, Gestas gritou: “Se você é o Cristo, salve a si mesmo e a nós.” No entanto, as sombras das feridas de Jesus penetraram no coração de Dimas, e ele respondeu: “Você nem mesmo teme a Deus, visto que está sob a mesma condenação? Pois nós justa e merecidamente recebemos as penas que suportamos, mas Ele não fez mal.”
Depois dessas palavras incomparáveis, ditas com contrição, o ladrão, transformado em bom ladrão, pronunciou um ato sublime de Fé, Esperança e Caridade: “Senhor, lembra-te de mim quando entrares no Teu Reino.”
E Jesus lhe disse: “Em verdade te digo, hoje estarás comigo no paraíso.” Neste momento, Jesus cumpriu a promessa feita por Maria e, sem dúvida, antes de morrer, Dimas reconheceu Nossa Senhora aos pés da Cruz. O bom ladrão, purificado pelo sacrifício de Cristo, recebeu os primeiros frutos da Redenção.
São Dimas é considerado o santo padroeiro dos condenados à morte, daqueles que se dedicam a negócios desonestos que gostariam de fazer a restituição antes de morrer, mas não sabem como, dos grandes pecadores e filhos pródigos, daqueles que estão quase desesperados por causa de situações insolúveis. São Dimas também assiste as almas para que não morram na impenitência final.
Comentários do Prof. Plinio:
Creio que esta narração de Santo Anselmo não poderia ser mais bela e cheia de lições. Acho que o Padre d'Alzon está correto quando diz que pouco importa se os fatos ocorreram exatamente como Santo Anselmo os descreveu. O que importa é a interpretação moral de Santo Anselmo, que indica como a graça divina atua na alma.
Aqui temos a história de uma alma, a de São Dimas, na qual existia uma contradição: o homem foi criado entre criminosos, recebendo as piores influências possíveis. No entanto, ele também recebeu a graça para cumprir a vontade de Deus, porque graça não falta a ninguém. Esta alma se extraviou no mau caminho; no entanto, desde a infância, diz Santo Anselmo, foi fiel a algumas graças secretas.
Santo Anselmo apresenta a história de um homem que pecou muito, mas em quem Deus tem um misterioso desígnio de misericórdia e o mantém apesar desse pecado. Assim, vemos que ele pecou, ele cometeu todos os tipos de atrocidades, mas no fundo de seu ser, ele conservava uma esperança secreta de que no final se arrependeria, seria perdoado e veria um novo caminho aberto para ele.
A Fuga para o Egito
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É-nos mostrado aquele episódio ignominioso e encantador da agressão que planejava fazer contra a Sagrada Família quando ainda era jovem. Ele viu a pequena caravana - um homem e uma donzela montando um pequeno burro e carregando uma criança. Ele calculou que era uma boa oportunidade para um roubo e avançou. Mas olhando para o Divino Menino, ele ficou desarmado, não teve coragem de levar a cabo o seu plano.
Que lindo encontro daquelas duas almas! Um criminoso que olhou para o Menino Jesus e sentiu compaixão, quando tantos outros eram indiferentes. Ele acariciou o infante; Nossa Senhora agradeceu e prometeu uma recompensa. A Sagrada Família continuou seu caminho para o Egito, e o jovem voltou a seus crimes.
E assim a vida de Dimas continuou nessa linha até o momento em que a esperança que ardia no fundo de seu coração parecia condenada. Ele foi condenado à morte, carregou sua cruz ao Calvário, foi levantado sobre ela, e aquela esperança de salvação quase desapareceu. Ele pensou sobre essa esperança? Talvez sim, porque algumas graças da esperança nunca abandonam uma pessoa. Talvez por isso ele tenha conseguido se corresponder naquele último momento.
Nossa Senhora reza e intercede por Dimas na Crucificação
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Em qualquer caso, ele não reconheceu Nosso Senhor no início. Finalmente, em um determinado momento ele O reconheceu. É um quadro muito poético descrito por Santo Anselmo: A luz do sol estava desaparecendo milagrosamente para sinalizar a morte de Deus, então a sombra da Cruz de Nosso Senhor ficou mais longa, caindo à direita da Cruz de Cristo e cobrindo o corpo de Dimas.
Naquele momento, por intercessão de Nossa Senhora, sua alma mudou, o significado das chagas de Cristo tocou sua alma. Ele entendeu que Jesus era Deus, ele se arrependeu e pediu perdão. Enquanto o outro ladrão blasfemava, a alma de Dimas se abria completamente para a graça. Nosso Senhor deu-lhe o Seu perdão e aquela primeira esperança, que ele havia carregado por tanto tempo em seu coração, foi finalmente cumprida. Nosso Senhor disse a ele: “Hoje estarás comigo no Paraíso.”
Esta vida tem muitas lições para nós:
Vemos que a Igreja designou São Dimas o padroeiro das pessoas miseráveis. Ele é o padroeiro dos condenados à morte, o que é compreensível, visto que foi um deles.
Ele é o patrono daqueles que se envolveram em negócios desonestos e gostariam de fazer uma restituição antes de morrer, mas não sabem como. Isso é mais comum do que pensamos. Na verdade, não podemos imaginar quantas pessoas vivem com conforto e luxo, mas devem sua fortuna a práticas desonestas. Eles injustiçaram outros por terem tais riquezas e propriedades. Portanto, no momento em que a morte se aproxima, a Igreja nega a absolvição, a menos que eles façam a restituição por seus bens indevidamente adquiridos.
Para ser perdoado, o homem tem que enfrentar a vergonha de se declarar ladrão diante de sua família e amigos; ele também enfrenta a possibilidade de ainda se recuperar e, daí em diante, viver uma vida de desprezo público e pobreza. A Igreja, que é muito maternal em receber o ladrão de volta nos braços e lhe abrir as portas do Céu, é, no entanto, muito exigente quanto a esta restituição.
Tal homem, agonizando entre o dilema da vergonha social ou a salvação eterna, tem seu protetor natural em São Dimas, porque também era ladrão. Ele pode ter certeza de que, do Céu, São Dimas está desejoso em ajudá-lo.
Dimas se tornou o símbolo da Divina Misericórdia
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Ele também é o santo padroeiro de grandes pecadores que não perderam a esperança de salvação. Ou seja, daqueles que fizeram as piores coisas possíveis. Tal homem pode olhar para São Dimas e dizer: “Fostes foi tão mau quanto eu, ou ainda pior. Então, eu imploro que tu alcances para mim a misericórdia que tu recebeste. Tu conheces muito bem o abismo moral da vida pecaminosa. Tem piedade de mim e me tome sob tua proteção. Ganha para mim a boa morte que tiveste.”
Então, ele é patrono também dos filhos pródigos, isto é, daqueles que fugiram de sua boa casa paterna, do estado de graça, dissipara seu patrimônio espiritual e foram ingratos. São Dimas cuida deles e os ajuda.
Ele ajuda aqueles que estão desanimados por causa de situações insolúveis. São Dimas também sofreu uma coisa análoga, condenado e crucificado por seus crimes. Por fim, São Dimas também assiste as almas que recorrem a ele para que não morram na impenitência final. Se alguém tem medo de morrer sem se arrepender de seus pecados, deve rezar a São Dimas.
Por que São Dimas é o padroeiro de tantas pessoas? É porque Nosso Senhor o escolheu como um símbolo de Sua misericórdia. Ele fez de São Dimas o primeiro santo canonizado da História: aquele mesmo homem que foi um criminoso e viveu uma vida muito ruim. Por meio de São Dimas, Nosso Senhor diz a todos os católicos: “A minha misericórdia é maior do que possa calcular e vai além de tudo o que possa imaginar. Se confiar e esperar nesta misericórdia, será salvo, como Dimas foi.”
São Dimas é o símbolo da Divina Misericórdia para todos os tempos. Portanto, em nossas necessidades e em nossas quedas, ele pode ser um alento também para nossas pobres almas.
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Prof. Plinio Corrêa de Oliveira | |
A secção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.
Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.
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