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O Santo do Dia
Santo Henrique II, Imperador - 15 de Julho
Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
Seleção Biográfica:
Santo Henrique II (972-1024), Duque da Baviera, tornou-se Imperador do Sacro Império Romano-Alemão. Colocou seu exército sob a bênção de Deus e costumava invocar os santos padroeiros de seu povo, especialmente Santo Adriano, mártir militar, cuja espada foi cuidadosamente conservada como uma relíquia por um longo tempo em Walbach.
Santo Henrique II, Imperador do Sacro Império Romano-Alemão
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Com essa proteção, ele organizou um exército e derrotou os bárbaros do Oriente que estavam invadindo a Europa Ocidental.
Antes de enfrentar os eslavos pagãos, que eram muito superiores em força, ele convocou seu exército para rezar e comungar.
Quando as tropas entraram em combate, um pânico inesperado tomou conta dos soldados inimigos, que quebraram fileiras e fugiram
em massa. Um Anjo e três mártires lideraram suas tropas, levando o inimigo a fugir em desespero. Os eslavos submetidos ao seu domínio, a Boêmia, Morávia e Polônia foram, por sua vez, anexados ao Sacro Império.
Em 1006, convocou uma reunião dos Bispos em Frankfurt com o objetivo de regular muitos pontos de disciplina e impor uma observância mais rigorosa dos cânones eclesiásticos. Mais tarde, ele apoiaria o movimento de reforma de Cluny.
Por duas vezes, derrotou os lombardos, que resistiram à consolidação do Império e ameaçaram os Estados Pontifícios. Após sua primeira vitória em 1004, ele foi coroado Rei da Lombardia, na cidade de Pavia, com a famosa coroa de ferro daquele reino.
Na segunda vez, ele teve de fazer mais do que pacificar os lombardos, pois problemas graves estavam afetando a Igreja. Henrique expulsou um antipapa e levou o legítimo Papa Bento VIII de volta a Roma.
Quando ele e a Imperatriz Cunegunda foram a Roma visitar o Papa, foram coroados Imperador e Imperatriz dos romanos. O Soberano Pontífice deu a Santo Henrique uma esfera de ouro, um símbolo da dignidade imperial, incrustada de pérolas e encimada por uma cruz.
Santo Henrique, dignificado pelas muitas honras, deu o orbe a Santo Odilon, Abade de Cluny, que estava presente na cerimônia para que esses símbolos fossem conservados no mosteiro de Cluny.
Henrique II foi coroado com a Coroa de Ferro da Lombardia. Embutido nela está um dos pregos de ferro que crucificaram Nosso Senhor
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Santo Henrique aproximou-se de Estêvão, Rei da Hungria, que ainda era pagão, pois não fora ainda recebido no seio da Igreja. Santo Henrique II fez uma aliança com ele, oferecendo-lhe a mão de sua irmã, Gisele, como esposa.
Logo depois, o Rei Estêvão foi batizado e toda a nação foi levada à fé de Cristo. Com a maravilhosa conversão de Santo Estêvão, Henrique ganhou um grande Rei para a Igreja e um Santo para o Céu.
Depois de outras expedições militares na Itália que resultaram no restabelecimento da paz na península, ele retornou à Alemanha. No caminho de volta, quando chegou em Luxemburgo, teve um famoso encontro com Roberto, Rei da França, para resolver vários problemas políticos da Europa.
A reunião estava marcada para as margens do rio Meuse, o que ocasionou um problema de protocolo. Se um Soberano atravessasse o rio para entrar no domínio do outro, o primeiro ficaria sujeito às leis do segundo.
Para resolver a situação delicada, foi planejado que os Soberanos se encontrassem em barcos no meio do rio - uma área neutra. Mas Santo Henrique desconsiderou o protocolo e cruzou para o lado francês em consideração às virtudes do Rei francês.
Comentários do Prof. Plinio:
Essa seleção é um tanto abrangente, porque a vida de Santo Henrique é cheia de atos memoráveis que devem ser relatados. Para termos uma boa compreensão do conjunto desses fatos, é necessário colocá-los em seu contexto histórico.
Santo Henrique II na Igreja de Santo Estêvão, Chicago
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Estamos na Idade Média, no início dos anos 1000. Como os senhores sabem, a Idade Média começou com a queda do Império Romano no Ocidente. Foi invadida por hordas incalculáveis de bárbaros. Esses bárbaros se estabeleceram dentro do território imperial e acabaram sujeitando os romanos a seu controle.
Gradualmente, a população romana também caiu na barbárie. As estradas foram abandonadas sem ninguém para cuidar delas; os aquedutos que abasteciam as cidades com água se romperam e ninguém os reparou; os palácios ocupados por bárbaros ficaram sujos e desorganizados; obras de arte em locais públicos foram arruinadas e as cidades caíram no caos.
Tudo o que representava cultura e civilização foi miseravelmente destruído. Nesta situação, a Europa tornou-se analfabeta e seu nível de costumes afundou em níveis inimaginavelmente baixos. Levou séculos para levar a Europa a um estado civilizatório novamente.
Enquanto tudo estava sendo esmagado, a Igreja Católica permaneceu como a única instituição existente. Aqueles bárbaros começaram a se converter sob sua influência.
O trabalho que a Igreja fez com os povos europeus não foi tão diferente do trabalho que mais tarde ela empreendeu para converter e civilizar os índios no Novo Mundo.
Os missionários chegaram, pregaram o Catecismo e, por gerações sucessivas, os índios se civilizaram e adquiriram certa cultura. O mesmo aconteceu com aquelas tribos europeias.
No ano 1000, a civilização já havia melhorado muito em relação ao modo de vida bárbaro original, mas a civilização cristã ainda estava muito abaixo dos padrões que alcançaria 200 ou 300 anos depois. Ou seja, na época de Santo Henrique II, estava em uma situação semibárbara.
Alguns povos eram mais civilizados que outros. Na Europa, havia ilhas de civilização cristã incipiente em meio a um mar de povos bárbaros que continuaram a ir e vir à vontade e atacar os reinos estabelecidos. A vida católica era muito difícil, com adversários vindos de todas as direções.
Uma das primeiras conversões ocorreu com os povos germânicos que ocupavam o território da atual Alemanha, Áustria, Eslováquia, República Tcheca e Suíça. Esses povos se civilizaram e constituíram uma entidade política chamada Sacro Império Romano-Alemão. Foi chamado Império, porque englobava diferentes povos como federação.
Esses povos livres concordaram em ser liderados - e não governados - por um único chefe político, eleito pelos vários chefes de Estado. Assim, como uma liga que inclui um grande território e povos diferentes foi chamada de Império.
Chamado de romano porque seu modelo era o antigo Império Romano; de alemão porque havia sido fundado por povos alemães; e ainda chamado de sacro, porque sua principal finalidade era defender a Igreja Católica contra a agressão dos pagãos.
Cristo coroa o Imperador Henrique II, mostrando que todo poder deriva diretamente d’Ele. À direita, Santo Ulrico segura sua espada; à esquerda, Santo Emmeran segura sua lança
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O fato de um grande líder político e chefe de exército ser santo não se encaixa muito bem na vida dos santos ensinada por certa piedade sentimental.
De fato, ele ocupou o cargo mais alto na organização política mais importante de seu tempo e foi, portanto, o homem mais poderoso da Europa.
Simultaneamente, foi o maior guerreiro da Europa e o primeiro filho da Igreja. Ele era
por excelência o filho da Igreja. Foi ele quem sempre protegeu a Igreja contra os ataques de seus inimigos.
Teve de enfrentar os povos do Oriente que continuamente atacavam o Império. Então reuniu um grande exército e contra-atacou aqueles bárbaros.
Travou muitas guerras e agiu como um herói católico que tinha o espírito de fé, confiando mais na ajuda sobrenatural do que em suas forças naturais.
Ele pedia a Deus força para vencer suas batalhas. Para mostrar a Santo Henrique como suas orações lhe agradavam, Deus deu-lhe uma vitória milagrosa numa ocasião. Quando os dois exércitos ficaram de cara a cara, as tropas inimigas fugiram do campo de batalha em pânico, aparentemente sem motivo.
De fato, para aterrorizar seus inimigos, Deus havia enviado um Anjo e os santos mártires para quem Henrique II havia rezado. Deus ficou tão satisfeito com as orações dos guerreiros que lhes deu a vitória mesmo sem o combate.
Com esta vitória, as forças pagãs do Oriente foram quebradas e as garras do paganismo perderam suas forças.
Mas um perigo ainda ameaçava a Cristandade: a presença dos lombardos no norte da Itália. A Lombardia não era uma terra de pagãos, mas hereges inimigos da Fé católica.
Costumavam atacar o Papa e os territórios pontifícios e se opunham ao Império católico. Assim, Santo Henrique, com o apoio dos Bispos italianos, entrou na Lombardia, derrotou seu exército e depois foi a Roma visitar e prestar homenagem ao Papa Bento VIII.
A Tumba de Santo Henrique II e sua esposa Santa Cunegunda
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Foi nessa ocasião que o Papa o coroou Imperador do Sacro Império Romano-Alemão. Em uma cerimônia realizada com grande esplendor, ele deu a Santo Henrique um globo de ouro incrustado de pérolas representando o poder do Imperador sobre o mundo.
Mas Santo Henrique não guardou esse tesouro. Para provar seu amor pela Igreja, ele ofereceu o presente precioso ao Abade Santo Odilon, chefe da maior ordem religiosa da Europa na época.
Depois de infligir novas derrotas aos lombardos revoltados, ele retornou à Alemanha. Lá, ele ajudou os Bispos a exercerem seu papel de manter a disciplina na Igreja.
Também foi fundamental na conversão de um rei pagão. Ele ofereceu uma aliança com Estêvão, Rei da Hungria, junto com a mão de sua irmã Gisela.
Ela se casou com Estêvão e o converteu, fazendo um trabalho tão bom que ele se tornou um santo, Santo Estêvão, que depois converteu toda a Hungria para a Fé católica.
Por trás dessa conversão, havia a inteligente manobra diplomática de Santo Henrique. Com isso, ele ganhou um aliado precioso perto daqueles povos inimigos eslavos que haviam acabado de ser pacificados.
Seu senso diplomático também foi demonstrado no episódio do rio Meuse, no qual ele renunciou a seus privilégios para agradar ao Rei francês. Atravessando as margens francesas, Santo Henrique estava implicitamente prestando homenagem ao Rei francês.
Ou seja, aquele que era mais - um Imperador - prestava homenagem àquele que era menos, a fim de manter relações cordiais e resolver os complicados problemas da Europa.
Depois de todos esses serviços à Igreja e à Cristandade, Santo Henrique morreu em 1024 na paz de Deus como um grande santo, guerreiro, diplomata e político. Esta é a gloriosa história de Santo Henrique II, Imperador.
Rezemos a ele para nos ajudar a estabelecer o fundamento de uma nova Cristandade que será o Reino de Maria.
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Prof. Plinio Corrêa de Oliveira | | A secção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.
Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.
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