O Santo do Dia
São Domingos Sávio - 9 de Março
Seleção Biográfica (por São João Bosco):
É comum nos jovens mudar com frequência os próprios objetivos e propósitos; hoje um jovem pratica uma virtude eminentemente e amanhã faz exatamente o oposto. A partir disso, pode-se ver que, se aquele jovem não recebe a orientação de um superior, uma formação que poderia ter sido brilhante e feliz acaba com péssimos resultados.
Isso não aconteceu com nosso Domingos no que diz respeito às muitas virtudes que floresceram e cresceram nele nas diferentes fases da vida. Elas aumentaram continuamente de uma maneira maravilhosa, florescendo e crescendo todas juntas, sem que uma prejudicasse a outra.
Seu modo de viver era o modo comum de observar as normas do Oratório [de São João Bosco]. Dedicava-se com entusiasmo ao estudo, cumpria com ardor todos os seus deveres e ouvia com particular atenção os sermões. Sempre teve presente que a palavra de Deus é o guia do homem e o caminho para o Céu e, por isso, sempre se lembrou das máximas que ouvia nos sermões. Assim, da vida comum passou rapidamente para uma vida extraordinária.
Um dia, em 1854, Domingos veio ver-me na véspera do início da novena da Imaculada Conceição. Tivemos esta conversa:
Domingos Sávio - “Sei que a Virgem concede muitas graças a quem diz as suas novenas.”
João Bosco – “E o que queres pedir nesta novena em honra da Virgem?”
D.S. – “Gostaria de pedir muitas coisas.”
J.B. – “O que, por exemplo?”
D.S. – “Acima de tudo, quero fazer uma confissão geral da minha vida para ter a minha alma bem preparada. A seguir, tentarei levar a cabo na íntegra as florezinhas [boas intenções] que cada dia me dão no Boa Noite [as breves palestras que São João Bosco fazia todas as noites aos seus alunos antes de se deitarem].”
J.B. – “Mais alguma coisa?”
D.S. – “Sim, quero declarar morte ao pecado mortal.”
J.B. – “E o que mais?”
D.S. – “Quero implorar veementemente, muito veementemente, da Santíssima Virgem e do Senhor que me mandem a morte antes que me deixem cair em pecado venial contra a pureza.”
Em seguida, ele me deu um pequeno papel no qual havia escrito essas intenções e cumpriu suas promessas porque a Santíssima Virgem o ajudou. Nessa época Domingos Sávio tinha 12 anos.”
Comentários do Prof. Plínio:
Aqui os senhores veem na estrutura da alma de uma criança as características distintivas de São Domingos Sávio: Embora apenas uma criança, ele era extraordinariamente sério, extraordinariamente coerente e lógico em tudo o que ele fez.
Não encontramos nele a tolice comum às crianças. Ele era uma criança alegre e tinha uma mente sã, mas não tinha as tolices de uma criança; em vez disso, ele tinha um espírito muito maduro. Isso é perceptível na maneira como ele se preparou para a novena. Ele compreendeu bem que uma novena é uma série de dias especialmente consagrados a um ideal. Compreendeu que naqueles dias o ideal era servir a Nossa Senhora e que devia começar por purificar a sua alma com uma confissão geral.
Ele percebeu que deveria praticar as virtudes comuns seguindo as regras do Oratório, e que deveria pedir a Nossa Senhora algo que deveria ser a coroa de todas elas, que era a intransigência para com o pecado, uma intransigência para com o pecado em todas as suas formas.
Ele declarou guerra de morte contra o pecado mortal, e também o pecado venial, dizendo que preferia morrer a cair no pecado venial. Observe bem, não o pecado mortal, mas o pecado venial. É uma decisão profunda que afeta tudo ao mesmo tempo. Ele pediu a Nossa Senhora que lhe tirasse a vida em vez de permitir que cometesse um pecado venial. É uma decisão séria e viril de um espírito já maduro; ele queria praticar a regra de comportamento que aprendeu como vinda das mãos de Deus.
Alguém poderia perguntar: “Mas uma criança assim é mesmo uma criança? Uma formação que faz uma criança ter o espírito de um homem não seria uma formação deformada? Não priva a criança e o jovem da alegria, da despreocupação e indiferença que melhor caracteriza esta idade?”
Eu respondo: existe uma lei da natureza que é inerente a todas as formas de crescimento e desenvolvimento. Esta lei é que um ser vivo em um estágio de seu desenvolvimento está sempre sendo animado por uma força vital que direciona todas as suas energias para o próximo estágio.
Uma boa semente tende a germinar cedo. Quando começa a brotar, tende a crescer com força e vigor. Assim que se torna uma pequena árvore, ela passa por vários estágios e dá flores e frutos após a estação de crescimento.
A tendência à precocidade é, portanto, uma expressão de força, vitalidade e saúde. Por isso, uma criança não deve receber uma formação para ser sempre criança, como se o ideal de uma criança fosse ser sempre criança. A infância é uma fase transitória e o fim adequado da formação da criança é dar-lhe um impulso equilibrado e saudável para a maturidade. A criança precoce não é o que muitas pessoas pensam hoje: uma criança que começa a dizer obscenidades desde muito cedo.
A criança precoce é aquela que possui a sabedoria, a compreensão e a lógica da próxima etapa de sua vida. Uma boa formação deve estimular este objetivo de precocidade. Aqui se vê São Domingos Sávio como um monumento de precocidade resultante de uma boa formação. Aqui os senhores veem como um Santo - São João Bosco - formou outro Santo - São Domingos Sávio.
Os senhores entendem que isso não aconteceu apenas por uma formação natural. Há um fator sobrenatural também presente, que é a graça. O bom educador aproveita a graça para modelar seu aluno. Este é, do ponto de vista natural e sobrenatural, o fruto de uma boa formação.
Para vocês, jovens, existe uma aplicação prática a partir do exemplo de São Domingos Sávio. É que um jovem deve almejar atingir a maturidade com uma precocidade equilibrada e saudável. Vocês não devem se permitir ficar indefinidamente despreocupados e manterem o espírito far niente (não fazer nada) da juventude. Ao contrário, devem tender a frutificar, produzir, trabalhar, progredir espiritualmente e amadurecer seu espírito o mais rápido possível. Vocês não devem permanecer preguiçosos na fase da juventude, mas devem tender para a maturidade.
Alguém poderia objetar: “A sua lógica está errada porque se isso fosse verdade o homem maduro também deveria ter como objetivo chegar à velhice o mais rápido possível, e o velho deveria olhar para a morte o mais rápido possível. Assim, no final da escalada o que o senhor apresenta não passa de absurdos e contradições. Não aceito sua lógica.”
Eu respondo: não é assim. O homem que formou seu espírito tem mais meios do que outros para resistir à senilidade e manter sua lucidez por mais tempo. Na sua idade madura, ele tem algo que é uma espécie de quintessência da sabedoria que guarda - se é que é maduro há muito tempo - mesmo quando as devastações da senilidade começam a se instalar. Quando a razão tropeça e a memória é esquecida, ele ainda dá um conselho sábio para tomar a decisão certa em um momento difícil, como os anciãos do passado costumavam fazer.
Esses idosos amadureceram muito mais cedo do que nós. Houve generais que ganharam batalhas famosas aos 14 anos, como Gaston de Foix. Houve reis que ascenderam ao trono aos 13 ou 14 anos e presidiram situações complicadas no Conselho de Ministros.
Por isso, quando esses homens envelhecem, podem estar meio cegos, tendo seus passos guiados pelos netos, mas suas famílias ainda vêm até eles para pedir conselhos nos momentos difíceis. Por quê? Porque possuíam aquele tipo de quintessência de sabedoria adquirida com a maturidade e mantida na velhice, quando a vida já estava terminando. Eles sabiam como lidar com a vida, por isso uma luz, que é o produto supremo da vida, se acendeu em suas almas à espera da eternidade.
Esta é a morte lúcida de um velho. É a morte perfeita que encontramos em um homem que foi o modelo perfeito em todas as idades de sua vida, um modelo perfeito de precocidade: o Patriarca Moisés. As escrituras nos contam que com mais de 100 anos ele conseguia ler perfeitamente - naquela época não existiam óculos - conservou todos os dentes e em sua extrema velhice morreu jovem. Aqui os senhores veem onde o amor pela verdade e pela precocidade leva no desenvolvimento católico de um homem.
Uma conclusão tirada da vida de São Domingos Sávio que é útil para todos nós é o oposto da psicologia moderna, que faz com que a criança permaneça boba ou tola o maior tempo possível. Depois de sua juventude ser formada de forma idiota, sem um desejo de maturidade, finalmente, ele termina como um palhaço brincalhão e um velho inútil. Com esta formação não construímos nada.
A secção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.
Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.
É comum nos jovens mudar com frequência os próprios objetivos e propósitos; hoje um jovem pratica uma virtude eminentemente e amanhã faz exatamente o oposto. A partir disso, pode-se ver que, se aquele jovem não recebe a orientação de um superior, uma formação que poderia ter sido brilhante e feliz acaba com péssimos resultados.
Isso não aconteceu com nosso Domingos no que diz respeito às muitas virtudes que floresceram e cresceram nele nas diferentes fases da vida. Elas aumentaram continuamente de uma maneira maravilhosa, florescendo e crescendo todas juntas, sem que uma prejudicasse a outra.
Seu modo de viver era o modo comum de observar as normas do Oratório [de São João Bosco]. Dedicava-se com entusiasmo ao estudo, cumpria com ardor todos os seus deveres e ouvia com particular atenção os sermões. Sempre teve presente que a palavra de Deus é o guia do homem e o caminho para o Céu e, por isso, sempre se lembrou das máximas que ouvia nos sermões. Assim, da vida comum passou rapidamente para uma vida extraordinária.
Domingos apresenta sua resolução a Nossa Senhora:
morte em vez do pecado
Domingos Sávio - “Sei que a Virgem concede muitas graças a quem diz as suas novenas.”
João Bosco – “E o que queres pedir nesta novena em honra da Virgem?”
D.S. – “Gostaria de pedir muitas coisas.”
J.B. – “O que, por exemplo?”
D.S. – “Acima de tudo, quero fazer uma confissão geral da minha vida para ter a minha alma bem preparada. A seguir, tentarei levar a cabo na íntegra as florezinhas [boas intenções] que cada dia me dão no Boa Noite [as breves palestras que São João Bosco fazia todas as noites aos seus alunos antes de se deitarem].”
J.B. – “Mais alguma coisa?”
D.S. – “Sim, quero declarar morte ao pecado mortal.”
J.B. – “E o que mais?”
D.S. – “Quero implorar veementemente, muito veementemente, da Santíssima Virgem e do Senhor que me mandem a morte antes que me deixem cair em pecado venial contra a pureza.”
Em seguida, ele me deu um pequeno papel no qual havia escrito essas intenções e cumpriu suas promessas porque a Santíssima Virgem o ajudou. Nessa época Domingos Sávio tinha 12 anos.”
Comentários do Prof. Plínio:
Aqui os senhores veem na estrutura da alma de uma criança as características distintivas de São Domingos Sávio: Embora apenas uma criança, ele era extraordinariamente sério, extraordinariamente coerente e lógico em tudo o que ele fez.
Os meninos do Oratório com São João Bosco
Ele percebeu que deveria praticar as virtudes comuns seguindo as regras do Oratório, e que deveria pedir a Nossa Senhora algo que deveria ser a coroa de todas elas, que era a intransigência para com o pecado, uma intransigência para com o pecado em todas as suas formas.
Ele declarou guerra de morte contra o pecado mortal, e também o pecado venial, dizendo que preferia morrer a cair no pecado venial. Observe bem, não o pecado mortal, mas o pecado venial. É uma decisão profunda que afeta tudo ao mesmo tempo. Ele pediu a Nossa Senhora que lhe tirasse a vida em vez de permitir que cometesse um pecado venial. É uma decisão séria e viril de um espírito já maduro; ele queria praticar a regra de comportamento que aprendeu como vinda das mãos de Deus.
Alguém poderia perguntar: “Mas uma criança assim é mesmo uma criança? Uma formação que faz uma criança ter o espírito de um homem não seria uma formação deformada? Não priva a criança e o jovem da alegria, da despreocupação e indiferença que melhor caracteriza esta idade?”
Um menino estudando em um ambiente sério, caminhando naturalmente em direção à maturidade
Uma boa semente tende a germinar cedo. Quando começa a brotar, tende a crescer com força e vigor. Assim que se torna uma pequena árvore, ela passa por vários estágios e dá flores e frutos após a estação de crescimento.
A tendência à precocidade é, portanto, uma expressão de força, vitalidade e saúde. Por isso, uma criança não deve receber uma formação para ser sempre criança, como se o ideal de uma criança fosse ser sempre criança. A infância é uma fase transitória e o fim adequado da formação da criança é dar-lhe um impulso equilibrado e saudável para a maturidade. A criança precoce não é o que muitas pessoas pensam hoje: uma criança que começa a dizer obscenidades desde muito cedo.
A criança precoce é aquela que possui a sabedoria, a compreensão e a lógica da próxima etapa de sua vida. Uma boa formação deve estimular este objetivo de precocidade. Aqui se vê São Domingos Sávio como um monumento de precocidade resultante de uma boa formação. Aqui os senhores veem como um Santo - São João Bosco - formou outro Santo - São Domingos Sávio.
Os senhores entendem que isso não aconteceu apenas por uma formação natural. Há um fator sobrenatural também presente, que é a graça. O bom educador aproveita a graça para modelar seu aluno. Este é, do ponto de vista natural e sobrenatural, o fruto de uma boa formação.
A juventude moderna é influenciada pela vulgaridade dos desenhos animados e imita sua tolice
Alguém poderia objetar: “A sua lógica está errada porque se isso fosse verdade o homem maduro também deveria ter como objetivo chegar à velhice o mais rápido possível, e o velho deveria olhar para a morte o mais rápido possível. Assim, no final da escalada o que o senhor apresenta não passa de absurdos e contradições. Não aceito sua lógica.”
Eu respondo: não é assim. O homem que formou seu espírito tem mais meios do que outros para resistir à senilidade e manter sua lucidez por mais tempo. Na sua idade madura, ele tem algo que é uma espécie de quintessência da sabedoria que guarda - se é que é maduro há muito tempo - mesmo quando as devastações da senilidade começam a se instalar. Quando a razão tropeça e a memória é esquecida, ele ainda dá um conselho sábio para tomar a decisão certa em um momento difícil, como os anciãos do passado costumavam fazer.
Esses idosos amadureceram muito mais cedo do que nós. Houve generais que ganharam batalhas famosas aos 14 anos, como Gaston de Foix. Houve reis que ascenderam ao trono aos 13 ou 14 anos e presidiram situações complicadas no Conselho de Ministros.
Moisés foi o modelo para o homem em todas as idades de sua vida
Esta é a morte lúcida de um velho. É a morte perfeita que encontramos em um homem que foi o modelo perfeito em todas as idades de sua vida, um modelo perfeito de precocidade: o Patriarca Moisés. As escrituras nos contam que com mais de 100 anos ele conseguia ler perfeitamente - naquela época não existiam óculos - conservou todos os dentes e em sua extrema velhice morreu jovem. Aqui os senhores veem onde o amor pela verdade e pela precocidade leva no desenvolvimento católico de um homem.
Uma conclusão tirada da vida de São Domingos Sávio que é útil para todos nós é o oposto da psicologia moderna, que faz com que a criança permaneça boba ou tola o maior tempo possível. Depois de sua juventude ser formada de forma idiota, sem um desejo de maturidade, finalmente, ele termina como um palhaço brincalhão e um velho inútil. Com esta formação não construímos nada.
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Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.