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O Santo do Dia
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São José de Leonissa - 4 de Fevereiro

Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
Seleção Biográfica:

Foi membro da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos. A sua relíquia é venerada na nossa capela. Ele viveu no século 16.

Comentários de Dr. Plinio:

Infelizmente não tenho outros dados biográficos sobre São José de Leonissa. Recebemos uma teca com relíquias de todos os Santos Capuchinhos como presente do Prof. Fernando Furquim, que a trouxe de Roma. Como normalmente fazemos menção aos Santos cujas relíquias estão em nossa capela, aqui está uma referência a São José de Leonissa.

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São José de Leonissa, 1556-1612, conhecido por sua pregação intransigente e austeridade de vida

Os senhores podem perguntar: por que esta referência, já que temos apenas o que parece ser um vínculo circunstancial com este Santo? É porque o "apenas circunstancial" não existe nessas questões. Se a Divina Providência quis que sua relíquia estivesse em nossa capela, tem um desígnio para que este Santo nos proteja.

Quem era esse santo? O que ele fez durante sua vida? De que maneira ele deu glória a Deus?

Nossa resposta é um ato de fé. Sabemos que ele era um santo e, portanto, fez coisas excelentes. Não sabemos de que maneira deu glória a Deus, embora saibamos que deu glória a Deus desde que a Santa Madre Igreja o declarou santo.

Só sabemos uma coisa sobre São José de Leonissa a partir desta breve seleção, e basta: ele era um santo capuchinho.

O que significa ser um santo capuchinho? Quais são os traços que marcaram os capuchinhos na história? Qual é a mensagem para uma alma católica quando descobre que José de Leonissa foi um santo capuchinho?

Sabemos que a Ordem Franciscana é uma das principais famílias espirituais nascidas na Igreja do zelo de um homem incomparável, São Francisco de Assis. Ele tinha tanto amor por Nosso Senhor que adquiriu uma semelhança física com Nosso Senhor. Se uma pessoa olhasse para São Francisco, poderia pensar que estava vendo Nosso Senhor.

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Grandes santos franciscanos do Novo Mundo se reúnem sob o manto de Nossa Senhora de Guadalupe

A Ordem Franciscana produziu uma cascata de santos e boas obras em todos os campos de atividade da Igreja até esta tremenda crise em que nos encontramos hoje. A Ordem Franciscana foi fortemente provada pelo pecado e pelo demônio. Logo após a vida de São Francisco, surgiram divisões na Ordem interpretando sua espiritualidade de diferentes maneiras.

Dessa pluralidade de interpretações nasceram muitos ramos dentro da Ordem Franciscana, aprovados pela Igreja. Uma delas foi a Ordem dos Capuchinhos.

No momento em que o espírito de São Francisco estava enfraquecido em outros ramos dos franciscanos, a Ordem dos Capuchinhos representava o radicalismo de sua pobreza. Representava o radicalismo dessa grande independência que só a pobreza dá.

Hoje julga-se que só um homem rico é independente. Na época em que surgiram os capuchinhos, sabia-se que, com a riqueza, vinham muitas preocupações, apegos, deveres e necessidade de proteção. Portanto, a riqueza prende o homem à terra e a pobreza, na verdade, eleva o homem acima das preocupações terrenas.

Um pobre tem menos obrigações, menos bens para defender; vive confiando na Divina Providência. Quem não tem nada não tem nada a temer, por assim dizer. Aquele que precisa de muito pouco é o homem mais independente que existe. O frade capuchinho representava este homem independente.

Ele não era independente em relação a seus superiores e à Igreja Católica – à qual estava vinculado pelo voto de obediência – mas era independente em relação aos poderes do mundo.

O capuchinho era por definição o pregador audacioso que falava toda a verdade. Falaria a verdade como confessor e como pregador a todos os grandes homens deste mundo, fossem eles os grandes Prelados da Igreja ou os prestigiosos chefes de Estado.

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Um Capuchinho pregando ao povo
em um pátio de Paris

O típico capuchinho é um homem do povo, atarracado, de fala fácil, com cultura religiosa suficiente, embora não muito profunda, com um contato contínuo com a alma do povo, com uma serenidade de alma que o tornou capaz de lidar como um igual não só com os pequeninos, mas com os grandes segundo o mundo, inclusive os reis.

Ele sabia que era sacerdote e religioso e, por isso, era mais do que todos. O fato de ter falado a verdade a todos fez do capuchinho o tipo de pregador célebre que era convidado a pregar nos tribunais. Subiu ao púlpito causando ondas de choque pela pobreza de seu hábito, pela corda que usava na cintura – seu único enfeite – que representava a obediência, pois com ela o superior podia arrastá-lo para onde quisesse.

Ele tinha barba, numa época em que os homens elegantes tinham barbas bem cuidadas, refinadas e perfumadas com bigodes delicados, o grande capuchinho espontâneo tinha uma barba chocante que cobria todo o peito. Sua tonsura era proeminente e desfigurava sua cabeça, dando um solavanco na beleza dos penteados bem cuidados adotados pelos fidalgos. Todas essas características representavam sua renúncia a tudo a que as pessoas pudessem se apegar.

No confessionário, o capuchinho era o confessor direto, preciso, cristalino, sem medo de fazer penitências severas, sem se importar com o que os outros diriam sobre seu rigor. Passava horas no confessionário resolvendo os problemas das pessoas. O Capuchinho era a expressão adequada do confessor perfeito. Um leão contra o pecado e um cordeiro para o pecador, ele arrancaria energicamente as almas das garras do diabo e as conduziria ao Céu.

Este perfil do Capuchinho entrou para a História como uma das riquezas da Igreja, um dos esplendores da Igreja, um dos tipos magníficos através dos quais o Espírito Santo faz a Sua obra.

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Um simples Mosteiro dos Capuchinhos na Toscana; abaixo, o Palácio dos Bispos em Liège, Bélgica - A Igreja valoriza os dois modos de vida

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Na fisionomia completa da Igreja – não nas desfigurações que o Progressismo apresenta dela – vemos, por um lado, o Papa como um Monarca mais importante do que qualquer monarca, rodeado de uma pompa fabulosa, num palácio que tem obras de arte que nenhum Rei da Europa ou do Oriente tem; com um arquivo que nenhum arquivo no mundo pode emular. Ao seu lado tem um senado de cardeais de mantos vermelhos, homens ilustres sob muitos títulos, todos de grande posição social. Aqui vemos a Igreja. O Espírito Santo usa as coisas desta terra para dar mais força à Palavra de Deus.

Mas, então, vemos o contrário. O Capuchinho não tem nada desta magnificência; ele renunciou a tudo. Vemos o Espírito Santo usando a renúncia de tudo nesta terra para dar mais força à Palavra de Deus.

É uma espécie de jogo duplo de contrastes harmônicos onde vemos a onipotência de Deus e onde percebemos a variedade que existe na Igreja Católica. Deus fala a todas as Suas criaturas através destes homens: aqueles que representam a riqueza e aqueles que representam a pobreza.

Por meio de um e de outro, Ele fala palavras de amor, audácia, dedicação e coragem. Palavras que são especialmente importantes em nossos tempos, onde os avestruzes não estão apenas entre os leigos, mas, infelizmente, são encontrados com muita frequência entre o clero.

No seu tempo dizia São Pio X: De gentibus non est vir mecum, entre todos os povos não há homem comigo. Ele quis dizer que ninguém quer assumir a luta e persegui-la até o ponto mais distante.

Hoje podemos dizer a mesma coisa: quão poucos são os que realmente defendem a Igreja! Pois bem, temos a figura extraordinária de um homem, o Capuchinho ideal, que sempre esteve ao lado da Igreja em todas as suas dores. É a figura do capuchinho com seu pobre hábito, sua barba, sua tonsura, sua palavra franca e seu olhar ardente.

Sabemos que S. José de Leonissa foi um Capuchinho que cooperou com graça para formar no firmamento da Igreja este perfil de Capuchinho.

Não precisamos dizer mais nada. Basta pedir-lhe que reze por nós. Há muitas coisas que sabemos sobre este santo anônimo: ele era santo, era Capuchinho.


Tradition in Action



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Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
A secção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.

Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.