O Santo do Dia
A Humilhação de São José - 23 a 25 de Dezembro
- Parte II -
Depois de muitas recusas humilhantes,
São José volta a Nossa Senhora
Mas não foi isso que aconteceu porque houve cerimônia entre eles, como acontece com pessoas que entendem a vocação uma da outra e mantêm certa distância. Ela poderia ter dito a ele: “Tu não tens culpa nesta rejeição,” e assim tê-lo poupado de muita agonia.
De fato, ela o consolou, mas não a ponto de impedi-lo de ficar triste. Porque? Porque ela sabia que era necessário que eles suportassem aquelas humilhações antes da glorificação da Noite de Natal, que era o Nascimento de Nosso Senhor e tudo o que aconteceria na gruta na próxima Noite Santa.
Sempre é assim. Pessoas para quem Deus tem planos bem definidos devem passar por grandes perturbações e ter a impressão de um abandono indescritível. Depois de passarem por esse julgamento, eles são protegidos, acolhidos e levados adiante. São José passava por um desses abandonos e Nossa Senhora também sofria o desconforto que ele sentia.
São José sofreu uma tristeza maior por não conseguir acomodações
Nossa Senhora foi concebida sem pecado original. Tudo leva a crer, portanto, que ela não tinha o mesmo cansaço que ele e tinha perfeito domínio de seu corpo. Todos aqueles contratempos físicos não a perturbaram. Além disso, ela estava muito mais ciente dos planos de Deus e não tinha motivos para ser perturbada.
São José teve a pior parte. Foi concebido com pecado original, sujeito ao cansaço, e também sentiu uma grande tristeza por não encontrar acomodações adequadas para sua Esposa e o Filho de Deus que estava para nascer. Isso causou uma grande perturbação nele.
Mas o que era mais preocupante para ambos era que as pessoas a quem ele pediu abrigo estavam recebendo graças especiais para dizer “sim.” O fato de terem rejeitado aquela graça de receber a Sagrada Família foi um ato de hostilidade para com o Salvador que havia de nascer. Foi uma rejeição da boa influência dos Anjos e da graça.
Foi cruel ver um homem venerável como São José pedindo um favor e recebendo a resposta “Não.” Essa rejeição revela uma grande maldade da alma. Essas rejeições perversas foram as primeiras ofensas que o Menino Deus recebeu de Seu Povo Eleito na véspera do dia de Seu Nascimento. Isso nos dá um primeiro vislumbre de Seu futuro relacionamento com o mundo.
Isso afligiria muito Nossa Senhora e São José. Eles estavam muito mais preocupados com o Infante Divino do que consigo mesmos. Neste ponto particular, Nossa Senhora sofreu mais do que São José. Foi a luz de Cristo – o lumen Christi – que foi rejeitada. Para Nossa Senhora foi o início da Paixão de Nosso Senhor. Ela já via a sombra da cruz naquelas rejeições. Para mim, isso é impressionante e comovente.
Uma caverna de pastores nas colinas de Belém
Quando era menino, ele morava em Belém. Alguém me disse que ele era o mais novo de seus irmãos. Quando eles o perseguiam, ele corria para aquela gruta. Então, foi para aquela gruta que ele trouxe sua Família.
Primeiro, ele foi para lá quando foi rejeitado por seus irmãos; mas agora ele fez aposento lá quando foi rejeitado pela cidade onde havia nascido. Por duas vezes São José, o Protetor da Igreja Una, Santa, Apostólica e Romana, foi reduzido a este extremo! Estes são os desígnios de Deus: Ele faz com que os homens que Ele ama muito passem por provações desta natureza de vez em quando, ou mesmo frequentemente.
Então, Ana Catherina Emmerick conta a história da gruta. Naquela gruta aconteceram muitos grandes acontecimentos ligados a personagens do Antigo Testamento, todos eles de algum modo proféticos do grande Acontecimento que ali aconteceria mais tarde. Ela continua:
“O sol já estava baixo quando chegaram à entrada da caverna. A jovem jumenta, que os havia deixado na casa ancestral de José para correr pelos arredores da cidade, os encontrou assim que chegaram aqui e saltitou alegremente em volta deles. 'Olha,' disse a Santíssima Virgem a José, 'é certamente a vontade de Deus que entremos aqui.'”
Ele amarra o burro de carga na entrada da caverna
“José colocou o burro de carga sob o abrigo na entrada da caverna e preparou um lugar para a Santíssima Virgem sentar e descansar enquanto ele acendia uma luz, abria a porta de vime da caverna e entrava nela. A entrada da caverna era estreita, obstruída por feixes de palha como junco, empilhados contra as paredes com tapetes marrons pendurados sobre eles. No interior, a caverna estava sobrecarregada com uma quantidade de coisas. Joseph limpou tudo o que foi necessário para fazer um local de descanso confortável para a Santíssima Virgem no extremo leste da caverna.”
É do leste que nasce o sol; o Menino Jesus, Sol da Justiça e da Santidade, deve nascer no Oriente.
“Então ele prendeu uma lâmpada acesa na parede da caverna escura e conduziu a Santíssima Virgem para dentro. Ela se deitou no leito de tapetes e fardos que São José havia preparado para ela. Ele se desculpou humildemente pela pobreza do abrigo, mas Maria estava alegre e contente no mais íntimo de seu espírito.””
Catharina Emmerick relata o que disse São José, mas não dá a resposta de Nossa Senhora. Já vimos que por ocasião da Conceição do Verbo, ela nada disse a São José, o que lhe causou uma tremenda perplexidade. Aqui também vemos que ele estava passando por uma grande perplexidade.
Continua
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Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.