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NOTÍCIAS: 7 de dezembro de 2022 (publicada em inglês a 31 de outubro de 2022)
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Atila Sinke Guimarães
TRUQUES E ARMADILHAS DOS BENEVACANTISTAS - Todos sabemos o que é sedevacantismo: é uma hipertrofia do aspecto jurídico da vida eclesiástica que engana a realidade objetiva.

Imaginemos uma invasão de um país por um exército inimigo. Nesse cenário, as pessoas com essa mentalidade estariam preocupadas com a irregularidade dos tanques que cruzaram o sinal vermelho durante a invasão e com a posição ilegal do comandante do exército que assume a autoridade civil do país sem a devida eleição. Eles não entendem que em tempos de paz, a ordem jurídica é a lei suprema do país, mas em tempos de guerra a realidade jurídica fica momentaneamente suspensa até que a vitória seja declarada por um dos dois exércitos.

Invasion of Prague

Quando tanques invadem um país, há pessoas que se preocupam apenas com infrações de trânsito... Acima, um tanque soviético em Praga - 1968

Na invasão da Igreja pelo progressismo, os sedevacantistas preocupam-se em qualificar o aspecto jurídico dos papas progressistas. O raciocínio deles é simplesmente o seguinte: “Os Papas pós-conciliares são hereges; um herege não pode ser papa; portanto, eles não são Papas.”

Com esta conclusão eles se declaram a “Igreja Verdadeira,” separada da Igreja institucional. E assim se dissociam completamente da batalha para recuperar o terreno conquistado pelo inimigo. De longe eles seguem a corrupção da Igreja Conciliar – não para extirpá-la ou reconquistar a cidadela – mas apenas para dizer: “Nós somos os únicos que estão certos! Eles não são Papas ou Bispos válidos.”

Como o sedevacantismo induz os católicos a apenas observar a crise criticamente à margem e não a lutar contra o progressismo, acredito que o primeiro seja um bom aliado do segundo.

A nossa posição de Resistência é diferente: consideramos a luta pelo domínio da Igreja um combate permanente no qual temos um papel a desempenhar. Disputamos cada centímetro do terreno conquistado para recuperá-lo para a causa católica. É uma guerra contínua que decidirá quem vencerá, não uma disputa jurídica acadêmica para ver quem está legalmente investido em sua posição.

Benevacantismo

O que é Benevacantismo? É uma miniatura do sedevacantismo aplicado a uma situação particular. Diante dos excessos progressistas do Papa Francisco, os seguidores do Benevacantismo dizem: “Francisco é um herege; agora um herege não pode ser Papa; portanto, ele não é um Papa, o Papa continua sendo Bento XVI.”

Para confirmar esta conclusão, eles elaboram, alegando que a abdicação de Bento XVI foi forçada pela “máfia de Sankt Gallen” – um grupo de Cardeais que se reuniram na Suíça para influenciar o conclave papal e eleger Francisco. Então, eles vão mais longe dizendo: “A eleição de um Papa não pode ser influenciada por ninguém, caso contrário o Papa eleito é inválido. Então, a eleição de Francisco foi inválida.”

Quando argumentamos que a eleição de Bento XVI também foi influenciada, não pelo grupo Sankt Gallen mas pelos Bispos alemães e austríacos coligados e liderados pelo Cardeal de Viena Christoph von Schönborn, eles não respondem.

Embora várias vezes Bento XVI tenha afirmado indiscutivelmente que renunciou ao Papado por vontade própria e que reconhece Francisco como Papa, esses benevacantistas continuam afirmando o mesmo.

Eles são inconsistentes e teimosos, tão inconsistentes e teimosos quanto os partidários do Cardeal Siri, que continuam defendendo que ele era o Papa legitimamente eleito – em vez de João XXIII e Paulo VI – mesmo depois que o Cardeal de Gênova negou várias vezes essa pretensão.

Pergunto-me o que será do benevacantismo depois da morte de Bento XVI, acontecimento que se aproxima cada dia mais.

Benedict XVI at Assisi

Indo várias vezes a Assis, acima, Bento XVI deu sua adesão à heresia da salvação universal

Entre as muitas inconsistências dos benevacantistas está esta: como todos os outros papas conciliares, Bento XVI foi/é tão herege quanto Francisco, pois todos defenderam a heresia da salvação universal. O mês de outubro ainda não acabou. Há alguns dias, em 27 de outubro, a Igreja Conciliar comemorou o 36º aniversário de Assis, quando João Paulo II estabeleceu um marco simbólico da heresia da salvação universal (aqui, aqui, aqui e aqui). Esta heresia nega o dogma de que a Igreja Católica é o único caminho para a salvação eterna.

Agora, durante os quase oito anos de seu pontificado, Bento XVI deu todo o apoio possível a esta heresia, indo muitas vezes a Assis (aqui, aqui e aqui), entre outras provas.

Quando alguém lembra aos benevacantistas que sua posição é falha porque Bento XVI também é um herege, seu edifício desaba e eles ficam histéricos.

Foi o que aconteceu quando um dos leitores da TIA tirou do nosso site uma lista de erros e heresias que Joseph Ratzinger defendeu antes, durante e depois de ser Papa e a enviou ao franciscano frei Alexis Bugnolo - um benevacantista americano residente em Roma. Ele reagiu de uma forma muito dramática que analisarei a seguir.

A julgar pelas poucas coisas que ouvi sobre ele, frei Bugnolo está nutrindo a noção entre os benevacantistas americanos de que ele é um grande teólogo falando “de Roma.” Não sei qual é a sua formação teológica. Se ele tem alguma, ele está usando mal, como veremos.

Abaixo está a mensagem que nosso leitor enviou a Bugnolo seguida de sua resposta “teológica.”

Text of a reader

Alexis Bugnolo on TIA

Há muitas acusações neste libelo. Vou dar-lhes números para melhor responder a eles.
  1. A “longa lista” de links na mensagem que nosso leitor enviou a frei Alexis Bugnolo (daqui em diante AB) é acusada de ser “infundada.” Não conheço a lista que o leitor lhe enviou, mas como editor do site da TIA, a acusação a priori de que nossa posição sobre Bento XVI é “infundada” me faz rir.

    Escrevi uma Coleção de 11 volumes sobre o Vaticano II, que ficou famosa pelo excesso de documentação para cada declaração feita. Por mais de 20 anos, usei critérios proporcionais para documentar o site da TIA. Quando AB se apressa para descartar “uma longa lista” de declarações da TIA como “infundadas” sem sequer ler esses artigos, ele abandona a esfera onde pessoas sérias discutem e se coloca no nível intelectual de um moleque.


  2. Prof Michael Schamus

    Prof. Michael Schmaus da Universidade Teológica de München: 'Ratzinger é um modernista perigoso'

  3. AB alega que nós da TIA acusamos Bento XVI de heresia porque “queremos simplesmente manchar a reputação do homem.” Se eu fosse levar a sério a declaração de AB, então quando a Congregação do Santo Ofício declarou Joseph Ratzinger “suspeito de heresia,” ela também estaria apenas preocupada em manchar sua reputação. Também o Prof. Michael Schmaus, wque examinou a tese de Ratzinger sobre São Boaventura, a rejeitou e o acusou de ser “um modernista perigoso,” também estaria simplesmente tentando manchar sua reputação.

  4. A pérola preciosa em sua resposta vem a seguir. Ele escreve: “A TIA precisa encontrar a heresia porque seu fundador se considerava a Imaculada Conceição reencarnada como homem e ensinava o anticlericalismo.”

    Aqui há vários erros:

    1. O fundador da TIA não é um homem, é a Dra. Marian T. Horvat, uma distinta senhora que a estabeleceu em 1997 como uma organização sem fins lucrativos.

    2. Embora seja digna de louvor sob diferentes títulos, ela nunca pretendeu ser concebida sem pecado original e muito menos ser “a Imaculada Conceição reencarnada.” Aqui AB revela que, ao receber uma lista de acusações contra Ratzinger, ele ficou desequilibrado e delirante; ele perdeu o sentido das palavras que uma pessoa racional emprega.

    3. Na tentativa de entender o que ele queria dizer, proponho que ele quis acusar a fundadora da TIA de ser infalível. Se esta era sua intenção, então, ele confundiu o dogma da Imaculada Conceição e o dogma da Infalibilidade Papal. Novamente, não é um erro apropriado para um grande teólogo.

    4. Conheço a Dra. Horvat há muitos anos e posso assegurar-lhe que ela nunca fingiu ser infalível. Assim, a afirmação de AB seria prejudicial se ela o levasse a sério, o que duvido que ela o faça.

    5. Então, se esta última hipótese (C) fosse de fato a que AB queria usar, teríamos a Dra. Horvat ensinando infalivelmente o anticlericalismo e todos nós da TIA obedecendo cegamente aos seus ditames. Infelizmente para AB, o oposto é verdadeiro. A TIA tem publicado uma série de artigos atacando os progressistas por reduzirem e depreciarem o papel do Clero, como pode ser visto aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

      De fato, a Dra. Carol Byrne escreve de Londres e me envia seus artigos; Eu os leio e edito e os passo para a Dra. Horvat, que também lê os artigos e os coloca em nosso site. Volto a eles para uma verificação final e os publico online. Assim, nós três estamos de acordo com o conteúdo desses artigos: i.e., que o clero tenha na Igreja o importante papel que tinha antes do Concílio. Não há anticlericalismo na imagem, muito pelo contrário.

    6. Um ponto que chama a atenção é que a Imaculada Conceição é um privilégio único que Deus concedeu a Nossa Senhora. Agora, um privilégio não pode ser “encarnado” ou “reencarnado” como AB pretende em sua acusação. Uma pessoa que tem uma alma pode se encarnar, como fez a Segunda Pessoa da Trindade. Sabemos que as almas humanas ou mesmo as almas dos animais podem encarnar-se em corpos. Um privilégio não pode se encarnar. Um grande teólogo como AB deveria saber disso. É triste perceber que ele ignora ou esqueceu.


    7. Metempsychosis

      Metempsicose, ou migração de almas

    8. No entanto, AB acusa a fundadora da TIA não de ser uma encarnação de um privilégio, mas de ser a Imaculada Conceição “reencarnada.” Agora, a doutrina católica não aceita a reencarnação. A teoria da reencarnação é própria da Metempsicose, que é uma filosofia adotada por algumas religiões orientais. Segundo ela, a alma – depois de se “encarnar” em uma pessoa – vai para outro lugar depois que ela morre; conforme o mérito da pessoa na primeira vida, ela “reencarna” em outro homem, animal ou planta. Novamente, é lamentável ver que uma mente luminosa como a de AB ou ignora o que é a reencarnação ou acredita nela…

    9. Ao final desta análise, apraz-me supor que quando AB leu a “longa lista” sobre Bento XVI, ele não teve um colapso psicológico ou revelou inconscientemente as deficiências intelectuais que apontei acima.

      Em vez disso, gostaria de imaginar que ele é apenas um amante dos bons vinhos italianos – como eu – e no momento em que abriu a comunicação do nosso leitor, aconteceu que ele tinha alguns copos a mais do que a média recomendável e sua aguda a mente vagava nas vaporosas incertezas da embriaguez.

  5. Quanto ao último parágrafo de suas acusações, devo confessar minha ignorância. Não sei a que documento ele se refere em sua suposta “refutação.” Mesmo quando o li com toda a minha vontade, não consegui entender o que ele estava tentando dizer. Não era difícil distinguir, porém, a mesma incerteza embriagada em seus passos...
Estes são meus comentários sobre o Benevacantismo e seu altivo representante falando “de Roma.”