NOTÍCIAS: 5 de abril de 2023 (publicada em inglês a 1º de março de 2023)
Panorama de Notícias
AVALIANDO O RESCRITO -
O Rescrito, emitido oficialmente em 20 de fevereiro de 2023, mas só divulgado à imprensa no dia 23, está causando muita agitação entre os Bispos conservadores, o clero e leigos tradicionalistas. O Card. Arthur Roche – Prefeito da Congregação para o Culto Divino – assinou o documento.
Os católicos não estão acostumados com esse tipo de documento, então deixe-me procurar seu significado. O Dictionnaire de Théologie Catholique o define assim: “Rescrito é uma resposta escrita feita pelo Príncipe a um relatório ou consulta. A palavra Príncipe, antes do Código de Direito Canônico [de 1917], designava a Santa Sé. Depois do Código, designa a Santa Sé e o Ordinário. O rescrito pontifício em forma de decretale deve ser diferenciado da resposta oral, motu proprio, decreto, lei ou privilégio.” (DTC, Vacant-Mangenot, Tables III, cols. 3895-3896; ver também Dictionnaire de Droit Canonique, R. Naz, t. VII, cols. 609-635)
Assim, o Rescrito emitido há nove dias, no qual o Card. Roche dita algumas regras e afirma que foram aprovadas pelo Papa Francisco, parece ser um decretale, pontifício, com força vinculativa para todos os seus destinatários, ou seja, todos os Bispos Católicos e o clero tradicionalista.
Assim que o Rescrito foi publicado em italiano, a TIA ofereceu a seus leitores uma
tradução para o inglês; vou usá-lo como ponto de referência neste artigo.
O conteúdo do Rescrito é substancialmente este:
Bergoglio e Ratzinger: aliados, não inimigos
Já que estou abordando este tema, creio que devo dizer uma palavra sobre o suposto antagonismo entre Francisco e Bento quanto ao uso do Missal de 62. Não há antagonismo: ambos os Papas quiseram reduzir o Missal de 62 e o Missal de 69 a um único rito em que a Nova Missa fosse rezada de forma mais tradicional por todos os sacerdotes da Igreja Conciliar. Bento foi inflexível quanto a essa intenção em uma declaração que fez e que comentei anos atrás em uma de minhas colunas intitulada
Rumo a uma missa híbrida.
A única diferença é que Bento tentou atingir esse objetivo fazendo um longo loop em que proibiu o Missal de São Pio V, anterior a 1945 – que considerava uma liturgia morta – e permitiu apenas o Missal de 62 – já contaminado pelos mesmos erros do Missal de 69 (aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui). Francisco está tentando alcançar o mesmo objetivo somente depois que a manobra de loop de Bento saiu pela culatra. De fato, sua manobra encorajou muitos católicos a rejeitar a Missa do Novus Ordo bem como o Vaticano II.
Bento XVI estava longe de ser um protetor da Missa Tridentina, como muitos imaginam erroneamente. Seu objetivo era anestesiar as reações e gradualmente trazer os tradicionalistas para a Nova Missa e o Vaticano II. Como o tiro saiu pela culatra, Francisco agora está intimidando as oposições.
Essa tática brutal é ruim para nós. Mas não tentemos enfrentar uma perseguição engolindo a ideia envenenada de que o Papa Ratzinger nos era favorável.
Os católicos não estão acostumados com esse tipo de documento, então deixe-me procurar seu significado. O Dictionnaire de Théologie Catholique o define assim: “Rescrito é uma resposta escrita feita pelo Príncipe a um relatório ou consulta. A palavra Príncipe, antes do Código de Direito Canônico [de 1917], designava a Santa Sé. Depois do Código, designa a Santa Sé e o Ordinário. O rescrito pontifício em forma de decretale deve ser diferenciado da resposta oral, motu proprio, decreto, lei ou privilégio.” (DTC, Vacant-Mangenot, Tables III, cols. 3895-3896; ver também Dictionnaire de Droit Canonique, R. Naz, t. VII, cols. 609-635)
Assim, o Rescrito emitido há nove dias, no qual o Card. Roche dita algumas regras e afirma que foram aprovadas pelo Papa Francisco, parece ser um decretale, pontifício, com força vinculativa para todos os seus destinatários, ou seja, todos os Bispos Católicos e o clero tradicionalista.
Francisco designa Arthur Roche para destruir o Tradicionalismo
O conteúdo do Rescrito é substancialmente este:
- Uma forte restrição aos Bispos para permitir o uso de paróquias para os movimentos ou grupos privados que dizem a Missa Tradicional de acordo com o Missal Romano de 1962. Qualquer permissão anterior deve ser confirmada pelo Vaticano; qualquer permissão futura deve ser aprovada pelo Vaticano
- Uma forte restrição aos Bispos para permitir que os padres ordenados após Traditiones custodes, que foi emitida em 16 de julho de 2021, rezem a missa de acordo com o Missal de 62. Todas as novas permissões devem ser suspensas até que o Vaticano as aprove.
- Este Rescrito é uma repetição de outros documentos anteriores. De
fato, Traditionis custodes – TC – já disseram algo bastante
semelhante. Além disso, a TC foi acompanhado de uma Carta Explicativa reforçando seu conteúdo. Em seguida, Roche – então Arcebispo, hoje Cardeal – emitiu uma Responsa ad dubia em dezembro de 2021, dizendo mais ou menos as mesmas coisas. Agora, o Rescrito acerta o mesmo.
A pergunta que necessariamente vem à mente é: por que essa repetição? A única resposta que consegui encontrar é que os Bispos não estão seguindo a legislação radical de Francisco para estrangular a Missa de 62.
Há muitas razões para eles fazerem isso:
- Bento XVI com o Summorum Pontificum disse aos Bispos para permitir esta Missa para os padres ou grupos que a pedissem, e muitos o fizeram; é contraditório e difícil desfazer essa permissão depois de tanta luta para consegui-la;
- Para os Bispos que não pertencem ao ramo exaltado da Teologia da Libertação a que pertence Francisco, deve ser difícil alinhar-se com todas as exigências radicais que ele está fazendo, que até levantaram as sobrancelhas entre os católicos intermediários que constituem a base de suas dioceses. Na verdade, o constante apoio de Francisco à
homossexualidade e ao transgenerismo, seu uso de linguagem profana, suas estreitas conexões com a Maçonaria, sua promoção de governos comunistas, não foram recebidos favoravelmente.
- Esses Bispos estão procrastinando essas novas diretrizes revolucionárias, adiando sua implementação para o futuro. Eles dão diferentes pretextos práticos para esse atraso com a esperança de que Francisco faleça e um novo Papa mais razoável desfaça muitas coisas que ele fez. De fato, suas várias viagens ao Hospital Gemelli de Roma para cirurgia de câncer de cólon e sua crescente dificuldade para caminhar só podem encorajar esses Prelados a continuar com essa política dilatória.
- As paróquias tradicionalistas estão habitualmente entre as paróquias mais frequentadas das Dioceses, que animam a Igreja e alimentam os cofres, apontando para um futuro promissor. Por outro lado, as paróquias do Novus Ordo estão cada vez mais vazias, projetando um futuro sombrio e o fechamento de igrejas.
- Os seminários desses movimentos tradicionalistas estão repletos de muitos candidatos, enquanto os seminários diocesanos têm poucas vocações, com quase todas maculadas pelo vício da homossexualidade – praticada ou aceita como normal.
- Alguns dos movimentos tradicionalistas que rezam a Missa de 62 tornaram-se bastante ricos e certamente são capazes de manifestar sua gratidão de uma forma muito convincente aos Prelados que lhes dão permissão para rezar a missa em latim.
Os Bispos têm sido lentos em aplicar
as regras draconianas de Francisco - Bento XVI com o Summorum Pontificum disse aos Bispos para permitir esta Missa para os padres ou grupos que a pedissem, e muitos o fizeram; é contraditório e difícil desfazer essa permissão depois de tanta luta para consegui-la;
- O segundo ponto fraco do Rescrito é que deixa uma zona cinzenta para todos os sacerdotes que foram ordenados antes de junho de 2021 e não receberam paróquias.
Sim, o Rescrito exige claramente que os Bispos denunciem ao Vaticano todos os padres ordenados depois da TC que pedem ou pediram permissão para celebrar a Missa de 62. Mas, e os padres que foram ordenados antes dessa data?
Sim, o Rescrito está claramente exigindo que a permissão para os grupos que receberam paróquias para celebrar a Missa de 62 seja confirmada pelo Vaticano. Diretamente dirigido à Fraternidade de São Pedro, ao Instituto de Cristo Rei, ao Instituto do Bom Pastor, à Administração Apostólica de São João Maria Vianney e a outras organizações sacerdotais semelhantes. Mas, e aqueles padres que não pertencem a essas organizações e rezam a missa em latim em igrejas onde tanto a missa do Novus Ordo quanto a Missa de 62 são rezadas de vez em quando?
Não sei por que Francisco/Roche deixou esses setores de lado por enquanto em seu plano de batalha. Eles vão atacá-los mais tarde ou esse grupo vai passar pelas frestas e continuar a rezar a Missa de 62?
Estas são apenas algumas razões para os Bispos não se entusiasmarem muito em cumprir as diretrizes da TC de Francisco e os ditames draconianos do Card. Roche.
Bergoglio e Ratzinger: aliados, não inimigos
Francisco e Bento eram aliados, não inimigos
A única diferença é que Bento tentou atingir esse objetivo fazendo um longo loop em que proibiu o Missal de São Pio V, anterior a 1945 – que considerava uma liturgia morta – e permitiu apenas o Missal de 62 – já contaminado pelos mesmos erros do Missal de 69 (aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui). Francisco está tentando alcançar o mesmo objetivo somente depois que a manobra de loop de Bento saiu pela culatra. De fato, sua manobra encorajou muitos católicos a rejeitar a Missa do Novus Ordo bem como o Vaticano II.
Bento XVI estava longe de ser um protetor da Missa Tridentina, como muitos imaginam erroneamente. Seu objetivo era anestesiar as reações e gradualmente trazer os tradicionalistas para a Nova Missa e o Vaticano II. Como o tiro saiu pela culatra, Francisco agora está intimidando as oposições.
Essa tática brutal é ruim para nós. Mas não tentemos enfrentar uma perseguição engolindo a ideia envenenada de que o Papa Ratzinger nos era favorável.