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NOTÍCIAS: 16 de janeiro de 2025 (publicada em inglês a 13 de janeiro de 2025)
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Atila Sinke Guimarães
AS ACUSAÇÕES VAZIAS E MAL-INTENCIONADAS DO BISPO WILLIAMSON - PARTE I

Em 29 de dezembro de 2024, recebi uma mensagem de um amigo no Brasil com um áudio-vídeo postado alguns dias antes pelo Bispo Richard Williamson fazendo uma diatribe contra o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Como foi uma grande honra ter o Prof. Plinio como meu mentor por 31 anos e eu o considero o maior líder católico leigo do século XX, estou respondendo ao Bispo.

Williansom criticism to TFP - Video

O Grande Problema da TFP! - Bispo Williamson ataca o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira e a TFP

É curioso que a data da gravação original seja 14 de janeiro de 1999, mas eu nunca ouvi falar desse ataque em 26 anos em que moro nos EUA. É isto devido simplesmente a falta de informação minha ou o vídeo foi divulgado só agora? Não tenho resposta. Se eu tivesse sabido dele antes, eu o teria refutado; como esta é a primeira vez que tomo conhecimento dele, eu o refuto agora.

O áudio é uma transcrição de uma palestra que Williamson deu enquanto era reitor do seminário da Fraternidade Sacerdotal São Pio X (FSPX) em Winona antes de ser separado da FSPX e, portanto, reflete não apenas seu pensamento pessoal, mas o ensinamento desta organização para seus seminaristas e padres.

Vou colocar as repetidas acusações em ordem para que eu as possa responder diretamente. No final de cada acusação, avaliarei seu mérito intelectual e moral.

1. Plinio fundou a TFP para se afastar do clero

Bispo Williamson afirmou: “Plinio fez uma organização dizendo 'não precisamos do clero.'”

Eu respondo: a TFP foi fundada em julho de 1960 (não nos anos 40 ou 50 como afirmou o Bispo Williamson) como uma sociedade civil de acordo com a legislação brasileira. No Brasil, como em muitos outros países modernos, o Estado é separado da Igreja. Assim, embora os membros da TFP fossem católicos, a organização como tal era independente das autoridades da Igreja. Como a principal luta da TFP era no campo da legislação civil – contra o comunismo, a reforma agrária, a reforma urbana, a reforma constitucional, o divórcio, as leis socialistas, etc. – nada poderia ser mais adequado.

Acusar o fundador da TFP de estabelecer uma sociedade civil como um fator de rebelião contra a orientação do clero é, intelectualmente, um exagero; moralmente é, no mínimo, uma declaração preconceituosa.

2. A TFP impediu seus membros de entrarem para o seminário

Há uma pressuposição errada na base desta acusação. A FSSPX tem a ideia acanhada e falsa de que há apenas dois estados de vida católicos possíveis aprovados pela Igreja: padres/religiosos e leigos casados. Então, qualquer organização de leigos cujos membros fossem solteiros estaria roubando potenciais vocações ao sacerdócio.

Richard Williamson

Um rancoroso Williamson se recusa a aceitar a doutrina da Igreja sobre o celibato leigo

Esta é uma simplificação deliberada que se tornou corrente em alguns setores da Igreja desde o início do século XX com a intenção de encher os seminários e noviciados.

Na verdade, existem três estados de vida aprovados pela Igreja: leigos solteiros, leigos casados e padres/religiosos.

A. Leigos celibatários – Doutrina

Entre muitos, apresentarei dois textos – um de um Papa e outro de um Concílio – e duas declarações de Santos para confirmar a validade da vocação de leigo solteiro.

Papa Pio XII: “A castidade perfeita é a matéria de um dos três votos constitutivos do estado religioso, e exigida aos clérigos da Igreja latina para as ordens maiores e também aos membros dos institutos seculares. Mas é igualmente praticada por grande número de simples leigos: homens e mulheres há que, sem viverem em estado público de perfeição, fizeram o propósito ou mesmo o voto privado de se abster completamente do matrimônio e dos prazeres da carne para mais livremente servir ao próximo, e mais fácil e intimamente se unirem com Deus.” (Sacra virginitas n.6)

Catecismo de Trento – Comentando o primeiro mandamento de Deus a Adão e Eva, "Crescei e multiplicai-vos" (Gên 1,28), o Catecismo de Trento afirma: “Quando disse: 'Crescei e multiplicai-vos,' Nosso Senhor quis indicar o fim para o qual instituiu o Matrimônio, mas não impor a cada indivíduo a obrigação de o contraír. Com a atual propagação do gênero humano, não só não há lei que obrigue o matrimônio, mas, pelo contrário, o estado de virgindade é tão altamente recomendado, que as Sagradas Escrituras apresentam a todos como superior ao estado matrimonial, como um estado de maior perfeição e santidade.

“Pois Nosso Senhor e Salvador ensinou o seguinte: ‘Quem pode compreender isto, compreenda’ (Mt 19,12); e o Apóstolo diz: ‘Quanto, porém, às virgens, não tenho mandamento do Senhor, mas dou conselho, como homem que, pela misericórdia do Senhor, para ser fiel [a esse estado]’ (1 Cor 7,25).” (Catecismo de Trento, Parte II, VIII, q. 4, 1b; pp. 211-212)

St. Jerome, St. Paula,  St. Eustachia

São Jerônimo, Santa Paula e Santa Eustáquia

São Jerônimo – São Jerônimo admoestando Eustáquia, uma jovem leiga filha de Paula, afirmou: “Alguém dirá: 'Você ousa menosprezar o matrimônio, que é um estado abençoado por Deus?' Eu não menosprezo o matrimônio quando coloco a virgindade antes dele. ... O matrimônio é honrado quando é colocado em seguida, depois da virgindade.

“'Crescei,' diz o Senhor, 'e multiplicai-vos, e enchei a terra.' Aquele que deseja encher a terra pode aumentar e multiplicar se quiser. Mas o rebanho ao qual [as virgens] pertencem não está na terra, mas no Céu. … Que se casem aqueles que comem seu pão com o suor do rosto, ela te produzirá espinhos e abrolhos (Gen 3,18-19) e cujas colheitas estão cheias de sarças. Minha semente produzirá frutos cem vezes mais - a recompensa da virgindade é cem vezes mais; da viuvez, sessenta vezes mais, e da vida conjugal, trinta vezes mais. “Nem todos compreendem esta palavra, mas somente aqueles a quem foi concedido.” (Mt 19,11) (São Jerônimo, Carta XXII a Eustáquia)

Nosso Senhor falando a Santa Brígida compara a vida do cavaleiro – um leigo – com a vida do monge apenas para mostrar que a vida do primeiro exige mais austeridade e sacrifícios que a do segundo. (Revelações de Santa Brígida, livro II, cap. 27)

B. Leigos celibatários – Exemplos

Na História, o número de leigos e leigas celibatários é incontável. Alguns exemplos incluem Dom Sebastião, Rei de Portugal, São Casimiro V, Príncipe da Polônia, Rei São Venceslau da Boêmia, São Erlembaldo Duque de Milão, São Cizy de Besançon, Santa Catarina de Siena, Santa Rosa de Lima, Santa Joana D’Arc e muitos outros, como pode ser lido aqui e aqui.

Então, a conclusão é que existe um estado de vida que é o do homem leigo solteiro e que tem o pleno direito de existência na Igreja Católica.

C. TFP, FSPX e a vocação solteira

No entanto, o Bispo Williamson não aceita o estado de vida dos homens leigos solteiros. Ele acredita, como Mons. Lefebvre acreditava, assim como todos os padres da FSPX, que há apenas dois estados de vida – dos religiosos/sacerdotes e dos leigos casados.

Lefebvre speaking at TFP

Mons. Lefebvre entre o Bispo Mayer e o Prof. Plinio falando em um auditório da TFP em 1974

Embora essa questão tenha sido abordada muitas vezes pelo Prof. Plinio e seus seguidores com Mons. Lefebvre e seus seguidores, estes últimos estão entrincheirados em sua posição equivocada e não admitem essa prática há muito estabelecida pela Igreja. A boa vontade do Prof. Plinio chegou ao ponto de convidar Mons. Lefebvre em agosto de 1974 para falar aos jovens da TFP em auditórios em São Paulo e no Rio para que ele os convidasse a ingressar em seu seminário.

O Prelado de fato falou sobre seu trabalho e convidou os presentes a ingressarem na vida sacerdotal. Apenas um membro da TFP ingressou em seu seminário. Em vez de aceitar o fato de que aqueles jovens têm uma vocação leiga e solteira, Mons. Lefebvre e seus seguidores, como o Bispo Williamson neste vídeo, concluíram que a TFP era uma seita “paralisando sempre as vocações” de entrar em seus seminários.

Minha conclusão sobre essa acusação é que o Bispo Williamson se revelou intelectualmente equivocado e moralmente obcecado em seu erro.

Como nota complementar, eu diria que se os diretores da FSPX não tentassem entrochar todos os jovens solteiros não casados que encontrassem em seus seminários, talvez eles tivessem muito menos crise entre seus padres. É uma crise que infelizmente coloca a SSPX como uma das instituições religiosas que tem mais casos de má conduta moral na Igreja hoje. (Aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui)

Continua

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