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NOTÍCIAS: 17 de dezembro de 2025 (publicada em inglês a 4 de dezembro de 2024)
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Panorama de Notícias
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Atila Sinke Guimarães
FAÇA A RÚSSIA GRANDE NOVAMENTE – O recém-eleito presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prometeu em sua campanha encerrar a guerra entre a Rússia e a Ucrânia em 24 horas após sua posse. Neste período intermediário que nos separa de 20 de janeiro de 2025, Trump de fato enviou o General Keith Kelogg, o inspirador deste plano, à Ucrânia com a ameaça, ou vocês, ucranianos, aceitam nossos termos de entrega dos territórios invadidos à Rússia ou os EUA param de fornecer armamentos à Ucrânia.

Trump está apresentando esta “proposta de paz” como uma grande vantagem para os EUA e para o mundo inteiro que está perdendo tantas vidas e está desgastado por tantas guerras.

Vamos analisar com calma e profundidade o que esta proposta realmente significa.

I – Da perspectiva ucraniana

Depois de ser uma República Soviética por 69 anos (1922-1991), a Ucrânia entrou em um período de transição, passando de um regime autoritário comunista para a democracia (1991-2004). Este período foi marcado por dois presidentes pró-soviéticos iniciais – Kravchuck (que havia sido o Chefe de Estado quando a Ucrânia era uma República Soviética) e Kuchma; este último convocou uma eleição fraudada para dar a vitória ao candidato pró-soviético. Em protesto contra essa fraude, a Ucrânia teve sua Revolução Laranja em 2004-2005. Um segundo turno deu a vitória a Viktor Yuschencko, que era pró-Ocidente e tinha uma plataforma não comunista.

Depois de Yuschencko, o candidato pró-soviético Yanuckowich foi eleito. Ele foi seguido por dois candidatos pró-Ocidente: Porochencko e Zelensky. Foi sob o governo de Porochencko que a Rússia invadiu a Crimeia em 2014; foi sob o governo de Zelensky que a Rússia invadiu o leste da Ucrânia em 2022.

Ukrainian troops

Rússia ficou surpresa com o valor das
tropas ucranianas no campo de batalha

O Ocidente protestou contra a tomada da Crimeia, mas não se envolveu em nenhuma ação militar. Quando se tratou da segunda agressão da Rússia, no entanto, o Ocidente – os EUA, a OTAN e vários países europeus – ficou do lado da Ucrânia, auxiliando-a militar e financeiramente. Os ucranianos estão lutando heroicamente para recuperar essas duas partes de seu território. Essa reação tem o total apoio da opinião pública. Por exemplo, há grupos de mulheres – mães, avós, esposas e filhas de soldados destacados – que formaram grupos paramilitares para abater drones que entram nos céus da Ucrânia. Um desses grupos é chamado de Bruxas de Boutcha.

Agora, Trump vem dizer a elas para desistirem de seu território sob o pretexto da paz. Os ucranianos perguntam: "Que garantias temos de que amanhã a Rússia não virá tomar outra parte do nosso país? De fato, ontem a Rússia tomou a Crimeia e os EUA não os ajudaram; hoje a Rússia toma as cidades de Donestsk, Luhansk, Mariupol e Melitipol e os EUA nos obrigam a parar de lutar por elas. O que Trump está fazendo é dar a vitória à Rússia e nos obrigar a aceitá-la sem condições.”

Qual foi o crime da Ucrânia para merecer tal punição? Ela tomou o partido do Ocidente contra a dominação pró-soviética e pró-comunista.

Não é curioso que a primeira preocupação do candidato capitalista americano vencedor seja dar a vitória à Rússia pró-soviética e anti-Ocidente? Não parece uma traição?

II – Da perspectiva russa

A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022 imaginando que seria uma tomada rápida, como aconteceu na Crimeia oito anos antes, em 2014.

Russian dolls

Sentinela de Tucson

Na primeira fase do ataque, a Rússia entrou nas cidades maiores, mas em muito pouco tempo teve de recuar, repelida pela forte reação da população, reforçando o contra-ataque militar. Retirou-se para as províncias orientais, mudando sua tática para bombardear à distância as cidades médias e pequenas até reduzi-las a esqueletos, como fizeram em Mariupol. Então, as tropas russas prosseguiriam para entrar nelas.

Depois de quase três anos de guerra e sendo atacada com propaganda insistindo que a Rússia está "fazendo grandes progressos," o fato indiscutível é que hoje ela está presa nas mesmas partes que invadiu primeiro, sem fazer avanços militares reais.

Em vez disso, em agosto de 2024, as tropas ucranianas tomaram a cidade de Kursk dentro do território russo e estão estáveis lá. Várias ondas de tropas russas que tentaram recuperar a área foram dizimadas pelos ucranianos. A Revista Newsweek relata que o Exército Russo perdeu mais de 2.000 homens em um dia durante uma dessas ondas em 28 de novembro, e mais de 41.000 somente em novembro passado.

De acordo com uma projeção feita pela Newsweek, o número de baixas russas atingiu mais de 738.000 desde o início da guerra. Podemos imaginar que o número de soldados feridos que não conseguem retornar à frente de batalha também seja proporcionalmente alto.

Se essa estimativa for verdadeira ou não, não muda o fato de que Putin esteja com poucos homens para substituir aqueles que caem no campo de batalha. Vimos que um recrutamento obrigatório decretado por Putin foi seguido por uma enorme saída de jovens fugindo do território russo, revelando a grande impopularidade desta guerra na Rússia.

Isso explica por que Putin foi obrigado a recorrer à vinda de homens de Cuba, Nepal (15.000), Coreia do Norte (10.000) e agora até do Iêmen.

Se olharmos para os suprimentos militares que a Rússia está usando, vemos que a maioria dos bombardeios de cidades foram feitos com mísseis norte-coreanos e drones iranianos. Em outras palavras, a Rússia não é mais capaz de fornecer suas próprias armas.

Trump Putin handshake

Um aperto de mão com várias mensagens...

Em suma, a Rússia está dando muitos sinais de exaustão, o que equivale a dizer que está em sua posição mais frágil desde o início do conflito. A Ucrânia agora tem sua melhor chance de derrotá-la, se de fato o Ocidente lhe fornecer assistência militar mais substancial e suspender as restrições ao uso das armas que forneceu à Ucrânia.

É neste momento que Trump sobe ao palco exigindo que a Ucrânia entregue o território ocupado à Rússia em nome da “paz.”

Parece muito provável que o novo presidente americano queira salvar a Rússia de uma derrota vergonhosa na Ucrânia, o que também significaria o fim de seu bom amigo Putin.

Assim, o suposto "pacificador" Trump, na realidade, está exigindo que a Ucrânia se renda para manter o mito de uma Grande Rússia, que precisa conquistar outros povos para criar um novo Império sob sua égide: uma versão reciclada da União Soviética...

Os americanos deveriam fazer um pequeno ajuste no slogan MAGA: Make America Great Again (Faça a América Grande Novamente). O verdadeiro lema da política internacional de Trump deveria ser Make Russia Great Again (Faça a Rússia Grande Novamente).

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Blason de Charlemagne
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