Traduzido e editado de Fabliaux et Contes du Moyen Age
[Fabliaux e Histórias da Idade Média], Clássicos Hatier
Um comerciante estava voltando de uma feira para casa, onde tinha feito um negócio muito bom. Carregando um número considerável de moedas de ouro brilhantes em uma bolsa de couro, ele viajou por vales e montanhas até chegar à cidade de Amiens, na França. Lá ele parou em uma igreja, como era seu hábito, e entrou para orar diante da Mãe de Deus. Ele colocou sua bolsa ao lado dele. Após sua oração, levantou-se e saiu e, um pouco distraído, esqueceu a bolsa de dinheiro.
Um burguês de Amiens, que também tinha o costume de orar aos pés da Virgem, entrou na igreja um pouco mais tarde e se ajoelhou no mesmo banco usado pelo outro. Lá, ele encontrou a bolsa de couro, trancada com uma trava, e percebeu que continha moedas de ouro.
“Mon Dieu, o que devo fazer?” Ele pensou consigo mesmo. "Se eu espalhar a notícia pela cidade do que encontrei, muitas pessoas poderão reivindicá-la falsamente.”
O comerciante colocou uma placa na porta |
Ele decidiu manter a bolsa de couro em um cofre em sua casa até que alguém apareça procurando por ela. Ele voltou para sua casa e, com um pedaço de giz, escreveu o seguinte ao lado de sua porta: “Se alguém perdeu alguma coisa, pergunte aqui.”
Enquanto isso, o comerciante percebeu que havia perdido sua bolsa ...
“Ai de mim!" exclamou ele. “Eu perdi tudo. Estou arruinado.”
Ele voltou à igreja com a esperança de encontrar a bolsa perdida, mas nada estava lá. Ele fez perguntas ao padre, mas não teve notícias. Triste, ele deixou a igreja e começou a passear pelas ruas da cidade.
Passando em frente à casa dos burguês, ele leu as palavras ao lado da porta e o viu na janela.
“Você é o senhor desta casa?" ele perguntou.
“Sim, meu bom homem, desde que Deus permita. Como posso servi-lo?”
“Por favor, senhor, quem escreveu essas palavras ao lado de sua porta?
O burguês evitou a pergunta, dizendo: “Muitas pessoas passam por aqui todos os dias, incluindo estudantes que gostam de escrever qualquer coisa por capricho. Mas, bom senhor, você perdeu alguma coisa?”
“Sim, eu perdi tudo o que tinha.”
“E o que foi isso, precisamente?”
“Uma bolsa de couro trancada com uma trava, cheia de moedas de ouro.” E ele descreveu o bolsa e o selo.
Não foi difícil para o burguês perceber que o homem estava dizendo a verdade. Ele o convidou para entrar, abriu o cofre e devolveu a bolsa.
Vendo a honestidade do burguês, o comerciante ficou envergonhado: "Mon Beau Dieu", ele pensou consigo mesmo: "Não sou digno de ter esse tesouro. Esse burguês honesto é mais digno que eu.” E voltando-se para o homem da cidade, ele disse:
“Bom senhor, esse dinheiro estará melhor em suas mãos do que nas minhas. Entrego a você e me recomendo a Deus.”
“Ó meu caro amigo”, exclamou o burguês de Amiens, “tome sua bolsa, eu te imploro. Não tenho direito a isso.”
“Não, eu não mereço. Se Deus o permitir, não quero de volta.”
Dizendo isso, fugiu correndo. O burguês começou a correr atrás dele, gritando alto: “ladrão! ladrão! peguem ele!”
Ouvindo os gritos, seus vizinhos entraram na perseguição, pegaram o comerciante e o levaram de volta ao burguês.
“Aqui está ele. O que ele roubou de você?” Eles perguntaram.
“Meus bons vizinhos, durante toda a minha vida pratiquei uma honestidade desinteressada, que valorizo mais do que qualquer coisa, exceto a minha Fé. Se eu aceitasse a nobre generosidade desse viajante, levantaria uma suspeita geral de que eu teria agido de maneira contrária, isto é, para meu próprio interesse. Nesse caso, esse comerciante teria involuntariamente roubado minha boa reputação.”
Então ele contou a história a seus vizinhos, que obrigaram o comerciante a levar sua bolsa de couro com moedas de ouro.
Postado em 28 de dezembro de 2019
Tópicos relacionados de interesse
 Exempla: Histórias que ensinam o catecismo
O milagre das Aves como Rosas
O macaco debaixo da cama
Seja feita a tua vontade ...
Refutando as mentiras sobre a Idade Média
“Seja sóbrio e vigie”: vigilância em símbolos
A personalidade de Carlos Magno
Simbolismo da neve
|
