Sexta-feira Santa, dia de graças muito especiais. Cada dia de festa da Igreja é acompanhado por uma efusão de graças que corresponde às graças que o santo recebeu ou aos mistérios da vida de Nossa Senhora ou Nosso Senhor que a festa comemora.
Os céus de Jerusalém escureceram no momento da morte de Cristo | |
Consideraremos o mistério dos mistérios, a morte de Nosso Senhor Jesus Cristo e a Redenção da humanidade. De acordo com uma venerável tradição, Ele morreu às 3 horas da tarde.
Portanto, naquela época a Redenção foi realizada. Nosso Senhor disse as palavras consummatum est, está consumado, e então sua Alma deixou seu Santíssimo Corpo.
Quando Ele morreu, a Vítima expirou, o Sacrifício foi feito e a Redenção foi realizada. O gênero humano, que antes dessa hora estava perdido, passou a receber a dádiva de salvação. Naquele momento, também, o céu escureceu, a terra tremeu e a ira de Deus se manifestou sobre a humanidade.
Com isso, fomos resgatados e podemos contemplar Nosso Senhor Jesus Cristo como a fonte de todas as graças que se abriram para nós por causa de seu Sacrifício. Podemos considerar que seu Sacrifício abriu uma torrente de misericórdia que é verdadeiramente infinita. Podemos esperar todo tipo de perdão, desde que estejamos abertos a receber essas graças.
Nosso Senhor expirando na Cruz
Nosso Senhor perfurado pela lança | |
Na minha opinião, os aspectos mais expressivos da Sexta-feira Santa a serem contemplados são estes três:
Primeiro, devemos considerar Nosso Senhor Jesus Cristo expirando na cruz, sua morte.
Devemos meditar no Coração de Nosso Senhor, trespassado pela lança de Longino. Considere como a ponta de ferro da lança perfurou o próprio símbolo de seu amor. Nesse ato, o furor de seus perseguidores atingiu seu ápice.
Embora existam intérpretes que sustentem que esse ato foi feito pelo soldado romano para encurtar sua agonia - uma espécie de eutanásia - sabemos que foi o furor de seus perseguidores que o colocou em tal situação, na qual o seu Sagrado Coração foi perfurado.
Com isso, a última gota de seu Sangue Precioso, juntamente com uma gota de água, foi derramada por nós, indicando sua extrema misericórdia, bondade e consideração por nós.
Nosso Senhor no colo de Nossa Senhora
Segundo, considere Nosso Senhor, sem sangue, deitado no colo de Nossa Senhora, representado na cena bem conhecida da Pietà. Expressa a grande compaixão que Ela teve por Ele, a grande tristeza que sentiu por causa d’Ele.
Juntamente com sua compaixão, podemos considerar a tremenda e admirável solidão de Nossa Senhora que começou naquele momento. Tornou-se Nossa Senhora da Soledade, quase abandonada e sem amigos. Ela teve São João Evangelista como filho, é verdade. Mas mesmo sabendo que ele era muito bom, que diferença entre esse filho e o Filho dos filhos que havia morrido!
Cristo no sepulcro
Terceiro, considere Nosso Senhor pálido e sem vida que é deixado dentro do sepulcro, sozinho.
Aqui devemos considerar que Cristo não apenas morreu, mas também ressuscitou. Em muitas ocasiões, a Santa Igreja parece morta, mas na verdade ela nunca morre e, portanto, é incapaz de ressuscitar. Ela sempre se recupera, no entanto, de suas derrotas e humilhações. Mesmo entre as piores humilhações e profanações que ela sofre hoje, é incontestável que ela será restaurada e que, desde o reinado da Revolução onde nos encontramos hoje, o Reino de Maria virá.
As graças que podemos pedir
Amanhã podemos meditar sobre esses aspectos da morte de Nosso Senhor e pedir uma graça especial a cada um. Que graça devemos pedir em cada meditação?
Nosso Senhor expira na Cruz | |
Considerando que Nosso Senhor está expirando, podemos pedir que a graça seja convertida, para mudar aqueles aspectos de nossas almas que ainda precisam se converter para nos tornar semelhantes a Nosso Senhor.
Há sempre algo dentro de cada um que precisa ser convertido até alcançarmos a santidade. Em vista de seu Sacrifício que terminou em sua morte e em vista de sua misericórdia obtida ao preço de seu Sangue infinitamente precioso, podemos pedir e esperar a graça de uma conversão completa.
Imploremos, por intercessão de Nossa Senhora, que Nosso Senhor penetre nossas almas e destrua toda a nossa resistência à sua graça, que Ele nos sacuda e nos converta para que nos tornemos o que deveríamos ser.
Meditando no coração trespassado de Nosso Senhor, devemos recordar seu amor por nós. Em face de seu infinito amor por nós, devemos pedir a Ele que intensifique nossa vida espiritual, que é a nossa vida contra-revolucionária. Não somos apenas chamados a salvar nossas próprias almas, mas somos chamados a destruir a Revolução e salvar a Igreja da enorme infiltração progressista que ela está sofrendo.
Nosso amor por Ele não seria completo se estivéssemos preocupados apenas com nosso progresso espiritual individual. Devemos mostrar a Ele nosso amor, destruindo os inimigos de seu Corpo Místico. É uma graça importante pela qual devemos rezar.
Considerando que Nosso Senhor está deitado no colo de Nossa Senhora, pensando em sua piedade e tristeza, devemos pedir a ambos que nos ajudem a entender a Paixão de Nosso Senhor, como Ela fez quando O contemplou ali. Muitas pessoas meditam sobre a Paixão como um evento passado, sem qualquer relação com suas vidas imediatas. Pelo contrário, devemos tê-la sempre diante de nossos olhos.
A Pietà | |
Nas estações da Via Sacra, suplicamos: Imprima em nossas almas as feridas de Cristo. Isto significa: Dê-nos solidariedade com a Paixão de Cristo, de modo que suas tristezas se tornem nossas e que vivamos tendo sua Paixão diante de nossos olhos.
A maneira de fazer isso é pensar na Igreja Católica. Hoje ela está passando por uma paixão semelhante à Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Devemos pedir a graça de transcender a esfera de nossas pequenas vidas, nossos pequenos interesses individuais, a fim de viver sempre tendo diante de nossos olhos a Paixão da Santa Madre Igreja.
Contemplando Cristo no Sepulcro, contemplamos as humilhações e profanações sofridas pela Igreja hoje. No entanto, sabemos que ela se recuperará dessa situação, o reino da Revolução será destruído e o Reino de Maria será estabelecido. Peçamos a Nossa Senhora que sempre esperemos e acreditemos nesta nova Páscoa que virá.
Essas são as considerações que podemos fazer e graças que podemos pedir na Sexta-feira Santa.
Esta meditação do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira foi resumida
e adaptada com base nas anotações de Atila S. Guimarães
Postado em 9 de abril de 2020
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