Visão dos Últimos Tempos de Santa
Hildegarda von Bingen

Depois de demonstrar que as Sagradas Escrituras avisam a humanidade de um Julgamento das Nações, que será um grande castigo que recairá sobre toda a humanidade, a ser seguido por um período de paz e restauração da Santa Igreja (aqui e aqui), Pe. Benjamín Martin Sánchez cita as profecias de vários Santos e pessoas sagradas cujas visões e aparições confirmam essas advertências.

A primeira que veremos é Santa Hildegarda von Bingen, (1098-1179). Pe. Sánchez cita-a ao descrever os Últimos Tempos:

"Então o temor de Deus foi totalmente posto de lado, quando guerras ferozes e cruéis acontecem de uma maneira sem precedentes, quando uma multidão de pessoas é sacrificada nessas guerras e muitas cidades são convertidas em montes de ruínas ... quando a sociedade tiver sido completamente purificada por essas tribulações ... quando eles retornarem totalmente à prática da justiça ... Pois o consolo virá depois da desolação ... assim como a nova Lei sucedeu à antiga Lei." (1)

Quer dizer, ela vê no futuro uma grande punição dos povos, e então, um período de tempo em que a humanidade retornará à prática da justiça, que coincide com a nossa compreensão do Reino de Maria.

Em uma de suas obras famosas, Scivias (abreviação de Scito vias Domini ou "Conheça os Caminhos do Senhor"), Santa Hildegarda dá um relato mais detalhado dessa destruição a ser seguido de consolo. (2)

Abadessa Hildegarda começou a escrever Scivias em 1142 quando, aos 42 anos, foi instruída por uma Voz do Céu a registrar as visões proféticas que experimentou desde a infância. Seu confessor e diretor espiritual, o monge Volmar, ordenou que ela obedecesse à Voz, que ele julgou vir do Céu. Mais tarde, ela recebeu a aprovação de São Bernardo de Claraval, bem como o endosso do Papa Eugênio III no Sínodo de Trier (1147-1148).

Em Scivias ela transmitiu o curso da História da Criação ao Juízo Final, listando uma sucessão de males que devem acontecer antes do Juízo. Na Visão 11, ela fala dos Últimos Dias, quando a Cristandade cai por meio de "cinco épocas ferozes" depois de seu tempo, seguidas por uma grande vitória da Santa Igreja liderada por “um inocente." Somente depois disso o Anticristo e o Fim do Mundo virão. (3)

Descrevendo a visão, ela cita cinco bestas que simbolizam épocas futuras da história mundial, cada animal sugerindo o temperamento da época e seus governantes revoltados. Aqui está sua descrição da visão:

"Então eu olhei para o Norte [que simboliza o Mal], e eis! cinco bestas estavam lá. Um era como um cão, ígneo mas não queimava; outro era como um leão amarelo; outro era como um cavalo amarelo; outro como um porco negro; e o último como um lobo cinzento. E eles estavam voltados para o Oeste [simbolizando o Céu]. E no Oeste, antes daqueles animais, uma colina com cinco picos apareceu; e da boca de cada animal uma corda esticada para um dos os picos da colina. Todas as cordas eram pretas, exceto a que vinha da boca do lobo, que era parcialmente preta e parcialmente branca." (4)

As 'cinco épocas ferozes de domínio temporal'

Esta primeira daquelas "cinco épocas ferozes de domínio temporal", como ela as chama, é "como um cachorro, ígneo, mas não ardente, pois aquela era produzirá pessoas com um temperamento mordaz, que parecem impetuosos em sua própria avaliação, mas não ardem da justiça de Deus."

A segunda época é simbolizada pelo "leão amarelo, pois esta era suportará pessoas bélicas, que instigam muitas guerras, mas acreditam na justiça de Deus nelas; pois esses reinos começarão a enfraquecer e se cansar, como mostra a cor amarela."

A terceira época é "o cavalo amarelo, pois esses tempos produzirão pessoas que se afogam no pecado ... e então esses reinos perderão sua força corada e empalidecerão com o medo da ruína e seus corações serão quebrados."

A quarta época é "como um porco preto, pois esta época terá líderes que se enegrecerão de miséria e chafurdarão na lama da impureza. Eles infringirão a lei divina por fornicação e outros males, e tramarão para divergir da santidade de Mandamentos de Deus."

Finalmente, a última época "é como o lobo cinzento. Para aqueles tempos haverá pessoas que saqueiam uns aos outros, roubando os poderosos e os afortunados. E nestes conflitos eles se mostrarão nem pretos nem brancos, mas cinzentos em sua astúcia. E eles se dividirão e conquistar os governantes desses reinos. E então chegará o tempo em que muitos serão enredados, e o erro dos erros subirá do Inferno ao Céu. E então os filhos da luz serão pressionados no lagar do martírio, e que eles não negue o Filho de Deus, mas rejeite o filho da perdição que tenta fazer sua vontade com as artes do Diabo." (5)

Os cinco picos e cinco cordas

A profecia se torna mais interessante. Da boca de cada uma das primeiras quatro bestas, uma corda negra se estende até o pico da montanha, que simboliza o poder do desejo carnal. Mas da boca do lobo, representando a última era, a corda é preta e branca. Pois naquele tempo haverá muitos que são muito maus, mas também daquela direção virão aqueles "que estão brancos com justiça."

E esses últimos irão "resistir ao filho da perdição por meio de maravilhas ardentes," especialmente o "justo executor da justiça." Santa Hildegarda prevê “um inocente" que "se despertará como carvão em brasa contra aquele que engana nas obras." Esse líder profético será "levantado aos olhos de Deus como uma faísca brilhante e uma luz clara e uma tocha flamejante. E assim, levando em si as obras mais fortes e puras, ele as veste como um peitoral forte e uma espada afiada, e afasta o vício e ganha a virtude." (6)

Depois desta época que terminará com a vitória do justo conduzido pelo inocente, então virá um novo período, quando "a Igreja brilhará em sua justiça até o tempo do Anticristo."

Um contexto contra-revolucionário

Para quem acompanha a História nas linhas da Revolução e Contra-Revolução do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, as profecias de Santa Hildegarda apontam para uma vitória sobre a Revolução liderada por um homem com missão profética. Após a vitória contra-revolucionária, começará um novo período em que a Igreja será restaurada novamente ao seu antigo brilho, o Reino de Maria predito em Fátima e Quito.

Parece-me que as cinco bestas assinalando épocas da História poderiam representar as Quatro Revoluções que atingem seu ápice na quinta, a época do Lobo. Não poderia o cão ardente que produz "as pessoas com um temperamento mordaz que estão ardentes em seus próprios olhos, mas não se queimam com a justiça de Deus" representam a Revolução Protestante da século 16. Certamente seus heresiarcas iníquos ardiam em farisaísmo, mas careciam de justiça diante dos olhos de Deus.

A segunda época simbolizada pelo leão amarelo é um tempo de guerra e revoluções que dão início ao declínio dos reinos. Isso poderia significar a Revolução Francesa, que visava destruir monarquias e instituir a igualdade no governo.

A terceira época do cavalo amarelo, uma época que “produzirá gente que se afogará no pecado,” traz à mente o quarto cavaleiro do Apocalipse identificado como Morte cavalgando um cavalo amarelo, seguida do Inferno (Ap 6: 8). Isso poderia muito bem ser interpretado como uma representação da Terceira Revolução, o Comunismo, que fez as nações "perderem suas forças e empalidecerem de medo da ruína."

O porco preto da quarta época descreve bem o Tribalismo nas florestas e nas cidades. A Revolução Hippie da década de 1960 foi um marco importante disso. Os líderes hippies "se reviraram na lama da impureza, infringindo a lei divina pela fornicação e outros males, conspirando para divergir da santidade dos Mandamentos de Deus."

Finalmente, chegamos à época do lobo cinza, onde as mentiras astutas da Quinta Revolução ou do Oculto que leva ao Satanismo estão enganando tantas pessoas. Mas nesta época, uma força do bem se levantará liderada por “um inocente," um líder com uma missão profética que vencerá o mal de maneiras maravilhosas.

Este, então, será o início da vitória de Nossa Senhora, quando “a Igreja brilhará em sua justiça até o tempo do Anticristo.”

Assim, descobrimos que as profecias de Santa Hildegarda, que confirmam as Escrituras, também predizem os Últimos Tempos, após os quais a Igreja e a sociedade brilharão intensamente antes do Fim do Mundo.

Continua