Conversas com Janete
Sagrada Escravidão à Bem-Aventurada Virgem Maria
Minha amiga Janete está convencida da importância da verdadeira devoção a Maria nestes tempos. No entanto, após uma recente discussão sobre o tema em que a encorajei a fazer a Consagração Total a Nossa Senhora de acordo com o método de São Luís de Montfort, ela expressou alguma confusão sobre uma palavra que usei.
“Talvez eu tenha ouvido errado,” ela observou, “mas eu pensei que você disse que eu deveria pensar em ser uma escrava de Maria. O escravo é visto de uma maneira negativa, como uma pessoa que está em um estado forçado ou sem vontade própria. Você poderia explicar o que você quis dizer?”
Na verdade, ela ouviu corretamente. O que São Luís de Montfort pregou foi a Sagrada Escravidão a Nossa Senhora. Tenho notado que o clero progressista e as associações Marianas procuram evitar o uso da palavra escravidão e chamam seu método de Santa Servidão ou Sagrado Cativeiro. Eu imagino que eles temem ofender as sensibilidades modernas, o que fez da Liberdade uma espécie de falso deus. Para o homem moderno, nada poderia soar pior do que escravidão.
São Luís, como a própria Nossa Senhora, não teve esse problema. Quando o Arcanjo Gabriel apareceu à Virgem Maria na Anunciação, ela respondeu: “Ecce ancilla Domini, fiat mihi secundum verbum tuum.” A tradução comum em Inglês é "Eis a serva do Senhor, seja feito em mim segundo a Tua Palavra.”
Mas “serva” é uma tradução fraca do Latim ancilla, que era de fato o termo para escrava doméstica na Roma Antiga. Nossa Senhora se apresentou diante de Deus como Sua escrava. Assim, São Luís não teve escrúpulos ou temores de escrever diretamente sobre a sagrada escravidão a Jesus por meio de Nossa Senhora.
Os benefícios desta Sagrada Escravidão
No Capítulo Dois de O segredo de Maria, São Luís explica que quando uma pessoa se consagra a Nossa Senhora, ela se dá “inteiramente e como escravo de Maria, e de Jesus por Maria.”
Ou seja, devemos oferecer a Nossa Senhora inteiramente e sem reservas o nosso corpo e alma, os nossos bens exteriores, como a nossa casa, família e rendimentos, e também os nossos bens interiores e espirituais, nomeadamente os nossos méritos, graças, esmolas, indulgências ganhas e assim por diante. Deixamos Nossa Senhora livre para dispor de tudo, diz-nos São Luís, para que ela possa aplicá-lo como quiser para a maior glória de Deus, que só ela conhece perfeitamente.
Como escravos, não somos mais donos de nenhuma boa obra que possamos fazer, mas temos uma recompensa maravilhosa. Ao colocar os nossos méritos nas mãos de Nossa Senhora, ela os preserva, aumenta e embeleza.
São Luís oferece essa metáfora para explicar os benefícios. Imagine, diz ele, um fazendeiro pobre que deseja ganhar o favor do Rei, mas tem apenas como uma maçã carcomida para oferecer. Se o fazendeiro for sábio, ele dará sua pobre maçã para a Rainha.
Por gentileza para com o pobre homem e também por respeito ao Rei, ela pegará a maçã, removerá tudo o que está estragado dela e a colocará em um prato de ouro e cercará com flores. Em seguida, ela o apresenta em nome do fazendeiro ao Rei, que o recebe com alegria.
“Se você deseja apresentar algo a Deus, por menor que seja,” diz São Bernardo, “coloque-o nas mãos de Maria, se não deseja que lhe seja recusado.” São Luís aconselha colocar nós mesmos nas mãos de Maria, para que Deus nos receba bem. Você pode ver os excelentes benefícios desta Sagrada Escravidão!
Não reivindicamos mais nada para nós mesmos, mas sabemos que pertencemos à Rainha da magnanimidade e da bondade, que sabe o que precisamos e queremos melhor do que nós. E tenha certeza de que ela cuidará dessas necessidades e desejos melhor do que nós.
Tornamo-nos totalmente dela, e ela cuidará bem do que lhe pertence. Quem pode duvidar que esta sagrada escravidão não é um benefício para a pessoa que se submete voluntariamente à escravidão sob esta Senhora maravilhosa?
Que melhor política a adotar nestes tempos tão difíceis e caóticos do que se entregar inteiramente à Rainha dos Céus, que em troca toma todos os nossos cuidados e desgraças e os trata como seus?
A noção de escravidão
São Luís de Montfort compreende que algumas pessoas - como minha amiga Janete - podem ter dificuldade em aceitar a escravidão. Por isso, ele leva algum tempo para explicar os três tipos de escravidão, e aponta o significado que está usando em sua Sagrada Escravidão a Maria.
A primeira é a escravidão da natureza, e, neste sentido, observa ele, todos os homens - bons e maus - são escravos, porque todos nós estamos sujeitos a Deus.
A segunda é a escravidão da coação, ou seja, quando uma pessoa é escrava contra sua vontade. Os Romanos e Gregos e pessoas ao longo da História tiveram esse tipo de escravo. Os demônios e os condenados são esse tipo de escravo de Deus. Não é a Sagrada Escravidão de que ele está falando.
A terceira é a escravidão do amor e do livre arbítrio, e esta é a escravidão onde se consagra livremente a Jesus por Maria. Esta Sagrada Escravidão é, afirma ele, a forma mais perfeita de nos entregarmos a Deus, nosso Criador.
A consagração de São Luís Maria Grignion de Montfort é realmente radical, mas de uma radicalidade maravilhosa que produz efeitos maravilhosos na vida espiritual de cada um. É uma escravidão que liberta, como nos diz o próprio São Luís:
“Esta devoção liberta verdadeiramente a alma com a liberdade dos filhos de Deus. Já que por amor a Maria nos reduzimos livremente à escravidão, ela, por gratidão, dilatará nosso coração, intensificará nosso amor e nos fará caminhar com passos gigantescos no caminho dos mandamentos de Deus. …
“Esta devoção obtém verdadeiramente para seus escravos de amor as graças de Deus que elevam seus intelectos a uma compreensão lúcida dos mais elevados temas da Fé, e fortalecem sua vontade de abraçar e lutar por esses ideais, vencendo todos os obstáculos interiores e exteriores que atrapalham o caminho para a santificação.”
A Sagrada Escravidão e o Reino de Maria
A Sagrada Escravidão a Maria tem uma importância especial para os nossos dias. Em Verdadeira Devoção a Maria, São Luís de Montfort prevê uma era vindoura em que apóstolos consagrados - “servos, escravos e filhos de Maria” - surgirão “que, como um fogo aceso, acenderão o fogo do amor divino em toda parte.”
São Luís de Montfort foi o Profeta que anunciou a vinda do Reino de Maria, uma época em que a Igreja florescerá novamente como nunca antes na História. “E esse dia chegará,” afirma, “só quando a devoção que ensino for compreendida e posta em prática: ‘Ut adveniat regnum tuum, adveniat regnum Mariae.’” [Para que venha o reino [de Cristo], que venha o reinado de Maria.]
O que dará início a esse Reino de Maria, um tempo em que a união das almas com Nossa Senhora atingirá uma intensidade sem precedentes na História? Como podemos apressar sua vinda?
É evidente que temos um meio seguro, como o Padre William Faber nos diz em seu Prólogo da edição em Inglês de True Devotion to Mary. Ele pede ao Espírito Santo que abençoe e divulgue esta obra, para que aqueles apóstolos e ardentes missionários de Nossa Senhora se levantem e façam o rápido advento daquela grande era da Igreja que será a Era de Maria!
Em suma, não há meio mais perfeito para chegar ao Reino de Maria do que homens e mulheres praticarem a Sagrada Escravidão a Nossa Senhora, como ensinou São Luís Maria Grignion de Montfort em sua obra do Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem.
Uma devoção aprovada encorajada por Papas
Para finalizar, é necessário acrescentar algumas palavras assegurando aos meus leitores que esta é uma devoção que foi aprovada por Papas e Bispos e elogiada por Santos e Fundadores de Ordens. Para resumir, deixe-me apenas registrar aqui as palavras de vários Papas pré-conciliares que aprovaram esta devoção e encorajaram sua prática:
Papa Pio IX declarou que a devoção de São Luís de Montfort a Maria era a melhor e mais aceitável forma de devoção a Nossa Senhora.
Papa Leão XIII concedeu indulgência plenária àqueles que fazem o Ato de Consagração de São Luís de Montfort à Santíssima Virgem. Em seu leito de morte, ele mesmo renovou o ato e invocou a ajuda celestial de São Luís de Montfort, a qual o beatificou em 1888.
Papa São Pio X afirmou inequivocamente: “Recomendo vivamente o Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, tão admiravelmente escrita pelo Bem-aventurado Montfort, e a todos os que o lerem concedo a Bênção Apostólica.”
Os Papas Bento XV, Pio XI e Pio XII também recomendaram fortemente a prática e deram-lhe total aprovação.
Esta sagrada escravidão a Nossa Senhora é, como o próprio São Luís prometeu e tantos Pontífices confirmaram, o caminho mais fácil, seguro, rápido, e certo para Nosso Senhor Jesus Cristo e para a nossa própria salvação.
‘Ecce ancilla Domini’
Nossa Senhora chamou a si mesma de uma escrava de Deus
Na verdade, ela ouviu corretamente. O que São Luís de Montfort pregou foi a Sagrada Escravidão a Nossa Senhora. Tenho notado que o clero progressista e as associações Marianas procuram evitar o uso da palavra escravidão e chamam seu método de Santa Servidão ou Sagrado Cativeiro. Eu imagino que eles temem ofender as sensibilidades modernas, o que fez da Liberdade uma espécie de falso deus. Para o homem moderno, nada poderia soar pior do que escravidão.
São Luís, como a própria Nossa Senhora, não teve esse problema. Quando o Arcanjo Gabriel apareceu à Virgem Maria na Anunciação, ela respondeu: “Ecce ancilla Domini, fiat mihi secundum verbum tuum.” A tradução comum em Inglês é "Eis a serva do Senhor, seja feito em mim segundo a Tua Palavra.”
Mas “serva” é uma tradução fraca do Latim ancilla, que era de fato o termo para escrava doméstica na Roma Antiga. Nossa Senhora se apresentou diante de Deus como Sua escrava. Assim, São Luís não teve escrúpulos ou temores de escrever diretamente sobre a sagrada escravidão a Jesus por meio de Nossa Senhora.
Os benefícios desta Sagrada Escravidão
No Capítulo Dois de O segredo de Maria, São Luís explica que quando uma pessoa se consagra a Nossa Senhora, ela se dá “inteiramente e como escravo de Maria, e de Jesus por Maria.”
Ou seja, devemos oferecer a Nossa Senhora inteiramente e sem reservas o nosso corpo e alma, os nossos bens exteriores, como a nossa casa, família e rendimentos, e também os nossos bens interiores e espirituais, nomeadamente os nossos méritos, graças, esmolas, indulgências ganhas e assim por diante. Deixamos Nossa Senhora livre para dispor de tudo, diz-nos São Luís, para que ela possa aplicá-lo como quiser para a maior glória de Deus, que só ela conhece perfeitamente.
Uma Rainha apresenta um presente de um súdito ao Rei, que o recebe bem, pois vem de suas mãos
São Luís oferece essa metáfora para explicar os benefícios. Imagine, diz ele, um fazendeiro pobre que deseja ganhar o favor do Rei, mas tem apenas como uma maçã carcomida para oferecer. Se o fazendeiro for sábio, ele dará sua pobre maçã para a Rainha.
Por gentileza para com o pobre homem e também por respeito ao Rei, ela pegará a maçã, removerá tudo o que está estragado dela e a colocará em um prato de ouro e cercará com flores. Em seguida, ela o apresenta em nome do fazendeiro ao Rei, que o recebe com alegria.
“Se você deseja apresentar algo a Deus, por menor que seja,” diz São Bernardo, “coloque-o nas mãos de Maria, se não deseja que lhe seja recusado.” São Luís aconselha colocar nós mesmos nas mãos de Maria, para que Deus nos receba bem. Você pode ver os excelentes benefícios desta Sagrada Escravidão!
Não reivindicamos mais nada para nós mesmos, mas sabemos que pertencemos à Rainha da magnanimidade e da bondade, que sabe o que precisamos e queremos melhor do que nós. E tenha certeza de que ela cuidará dessas necessidades e desejos melhor do que nós.
Tornamo-nos totalmente dela, e ela cuidará bem do que lhe pertence. Quem pode duvidar que esta sagrada escravidão não é um benefício para a pessoa que se submete voluntariamente à escravidão sob esta Senhora maravilhosa?
Que melhor política a adotar nestes tempos tão difíceis e caóticos do que se entregar inteiramente à Rainha dos Céus, que em troca toma todos os nossos cuidados e desgraças e os trata como seus?
A noção de escravidão
São Luís de Montfort compreende que algumas pessoas - como minha amiga Janete - podem ter dificuldade em aceitar a escravidão. Por isso, ele leva algum tempo para explicar os três tipos de escravidão, e aponta o significado que está usando em sua Sagrada Escravidão a Maria.
A primeira é a escravidão da natureza, e, neste sentido, observa ele, todos os homens - bons e maus - são escravos, porque todos nós estamos sujeitos a Deus.
Ancillae Romana servindo a sua senhora, escravos sob coação e não por sua própria vontade
A terceira é a escravidão do amor e do livre arbítrio, e esta é a escravidão onde se consagra livremente a Jesus por Maria. Esta Sagrada Escravidão é, afirma ele, a forma mais perfeita de nos entregarmos a Deus, nosso Criador.
A consagração de São Luís Maria Grignion de Montfort é realmente radical, mas de uma radicalidade maravilhosa que produz efeitos maravilhosos na vida espiritual de cada um. É uma escravidão que liberta, como nos diz o próprio São Luís:
“Esta devoção liberta verdadeiramente a alma com a liberdade dos filhos de Deus. Já que por amor a Maria nos reduzimos livremente à escravidão, ela, por gratidão, dilatará nosso coração, intensificará nosso amor e nos fará caminhar com passos gigantescos no caminho dos mandamentos de Deus. …
“Esta devoção obtém verdadeiramente para seus escravos de amor as graças de Deus que elevam seus intelectos a uma compreensão lúcida dos mais elevados temas da Fé, e fortalecem sua vontade de abraçar e lutar por esses ideais, vencendo todos os obstáculos interiores e exteriores que atrapalham o caminho para a santificação.”
A Sagrada Escravidão e o Reino de Maria
A Sagrada Escravidão a Maria tem uma importância especial para os nossos dias. Em Verdadeira Devoção a Maria, São Luís de Montfort prevê uma era vindoura em que apóstolos consagrados - “servos, escravos e filhos de Maria” - surgirão “que, como um fogo aceso, acenderão o fogo do amor divino em toda parte.”
O que dará início a esse Reino de Maria, um tempo em que a união das almas com Nossa Senhora atingirá uma intensidade sem precedentes na História? Como podemos apressar sua vinda?
É evidente que temos um meio seguro, como o Padre William Faber nos diz em seu Prólogo da edição em Inglês de True Devotion to Mary. Ele pede ao Espírito Santo que abençoe e divulgue esta obra, para que aqueles apóstolos e ardentes missionários de Nossa Senhora se levantem e façam o rápido advento daquela grande era da Igreja que será a Era de Maria!
Em suma, não há meio mais perfeito para chegar ao Reino de Maria do que homens e mulheres praticarem a Sagrada Escravidão a Nossa Senhora, como ensinou São Luís Maria Grignion de Montfort em sua obra do Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem.
Uma devoção aprovada encorajada por Papas
Para finalizar, é necessário acrescentar algumas palavras assegurando aos meus leitores que esta é uma devoção que foi aprovada por Papas e Bispos e elogiada por Santos e Fundadores de Ordens. Para resumir, deixe-me apenas registrar aqui as palavras de vários Papas pré-conciliares que aprovaram esta devoção e encorajaram sua prática:
O Papa Leão XIII concedeu indulgência plenária a quem fizer o Ato de Consagração total a Nossa Senhora
Papa Leão XIII concedeu indulgência plenária àqueles que fazem o Ato de Consagração de São Luís de Montfort à Santíssima Virgem. Em seu leito de morte, ele mesmo renovou o ato e invocou a ajuda celestial de São Luís de Montfort, a qual o beatificou em 1888.
Papa São Pio X afirmou inequivocamente: “Recomendo vivamente o Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, tão admiravelmente escrita pelo Bem-aventurado Montfort, e a todos os que o lerem concedo a Bênção Apostólica.”
Os Papas Bento XV, Pio XI e Pio XII também recomendaram fortemente a prática e deram-lhe total aprovação.
Esta sagrada escravidão a Nossa Senhora é, como o próprio São Luís prometeu e tantos Pontífices confirmaram, o caminho mais fácil, seguro, rápido, e certo para Nosso Senhor Jesus Cristo e para a nossa própria salvação.
Escravos de Maria encontram proteção sob seu manto
Postado em 9 de abril de 2021
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