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Ninguém pode ir contra o
Ensino Tradicional da Igreja Católica

Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
Um ilustre estudioso e valorizado apoiador da TFP, o Prof. Mansur Guérios, intelectual conhecido em todo o Brasil que nos dá a alegria de assistir a este encontro, me perguntou: “Você condena todo o Concílio Vaticano II? Se sim, por quê?”

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Os Prelados no Concílio discutindo um esquema

Para considerar a questão de estudar todo o Concílio Vaticano, você deve se lembrar que o Concílio Vaticano levou pelos menos 20 anos para ser preparado. Estou falando aqui dos esquemas apresentados na primeira sessão do Concílio a serem discutidos pelos Bispos. (1) O Concílio foi curto (1962-1965), mas demorou muito para preparar os esquemas, com a participação de um brilhante grupo de teólogos com quem quase nada concordo.

Posso dizer categoricamente que me falta tempo para estudar todo o Concílio Vaticano. Com o trabalho que tenho com a TFP, não tenho tempo. Temos, no entanto, pessoas de distinção, inteligência e cultura - uma pessoa mais especialmente, muito mais especialmente - que estuda o Concílio Vaticano II, em toda a sua periferia. No entanto, atravessar esta cidade, contornando toda a muralha, leva tempo. E então, depois de conversar com este amigo tão querido - um filho -, eu estaria em condições de formar minha opinião pessoal e oferecer-lhe uma opinião que seria sempre de amor e submissão à Santa Igreja Católica.

Não apenas qualquer amor, não apenas qualquer submissão. Mas um amor abrasado, um amor que vai tão longe quanto esse amor pode ir. É o que peço a Nossa Senhora todos os dias: amá-La, amar a Santa Igreja Católica, adorar a Sagrada Eucaristia enquanto ela permanecer em mim para os fins da graça que recebo. Uma obediência não só resignada, conformada, mas uma obediência entusiasmada.

dr Plinio

'Nada pode ir contra o ensino tradicional da Igreja Católica!'

Ainda que a Igreja ensine algum dia algo contrário à minha opinião pessoal, até que eu conhecesse o seu ensino, já estou decidido - sem qualquer hesitação ou dúvida - não só a dizer sim, mas a bater palmas e, de joelhos, se se pudesse dizer isso, oscular os pés da Santa Igreja!

Quando digo Santa Igreja, não me refiro apenas ao conjunto que constitui a Santa Igreja, que é a Hierarquia e os fiéis. Mas o meu pensamento, como membro da Igreja dicente, como um leigo que pertence à parte da Igreja feita para ser governada, santificada e ensinada, digo isso especialmente da Sagrada Hierarquia que espero e acredito que irá me guiar, ensinar e me santificar. É, portanto, em uma atitude de conformidade do fundo de minha alma com a Sagrada Hierarquia.

Mas então vem o problema: existem dissonâncias entre aspectos do Vaticano II e aspectos do ensino tradicional, com quem ficar? Não é por preferência pessoal, mas porque conheço a doutrina da Igreja que digo: Nada pode ir contra o ensinamento tradicional da Igreja Católica!

Portanto, a questão não é: se a Igreja existe, para onde irei? Não! Se a Igreja está num determinado lugar, eu já estou lá, já estou com ela, porque é isso que desejo. A questão é outra: onde está a Igreja? Essa é a questão!

Nas trevas de nossos dias, ó Igreja, minha Mãe, não desvies de mim os teus olhos, que são a luz da minha alma! Vejo homens eminentes, alguns por seus altos cargos na Igreja, outros por sua formação teológica, que dizem coisas que coincidem o que sempre entendi ser o ensinamento tradicional da Igreja. Uma é que a heresia não tem o direito de existir! Pode ser tolerada, mas ser tolerada é uma coisa. Permitir é outra coisa. Não pode ser permitida!

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Ottaviani: 'Mudei minha convicção para estar em conformidade com o novo princípio de liberdade religiosa'

Quando li o contrário do Concílio, quando li a declaração do falecido e famoso Cardeal Alfredo Ottaviani (1890-1979) dizendo que ele deveria mudar suas convicções anteriormente adquiridas e se conformar ao princípio da liberdade religiosa afirmada no Concílio, fechei o livro e disse: “com isso não concordo! Mesmo que um homem como ele diz que teve que mudar, eu digo: eu não mudo, porque a tradição não muda!”

Recordo que falo aqui no exercício da minha função de Presidente do Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade – TFP. Mas é preciso estabelecer uma distinção. A TFP existe como uma sociedade que visa a restauração da Civilização Cristã e que se empenha para que a sociedade temporal seja ordenada de acordo com a lei de Deus. Esta TFP não é, portanto, chamada a pronunciar-se sobre assuntos teológicos, sobre assuntos tão elevados.

Mas, se chega um determinado momento em que a doutrina social - que é a doutrina que fundamenta a nossa ação - quando vejo que esse fundamento vacila em alguns pontos a respeito do Concílio, não posso deixar de falar sobre esse assunto, porque ele é o próprio alicerce do nosso trabalho que está em jogo. E, então, esteja certo de que representarei o consenso de todas as TFPs ao dizer: “Nós, Católicos e particulares, formamos nossa opinião” isso terá repercussões na atuação da TFP. É natural que aconteça.

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Mesmo se todos os Bispos consentirem com um ensino errado,
não podemos aceitar se for contra o ensino tradicional

  1. Na Primeira Sessão do Concílio esses 72 esquemas iniciais foram substituídos - por sugestão do Cardeal Leo Suenens seguindo uma ordem de João XXIII - por 18 outros esquemas, que foram os que foram realmente discutidos na Sala Conciliar e geraram os 16 documentos oficiais do Vaticano II. O único esquema que se manteve igual à fase pré-conciliar foi o da liturgia, preparado por uma Comissão Litúrgica dirigida pelo Mons.Annibale Bugnini. Este esquema, aprovado no início da Segunda Sessão, tornou-se a Constituição Litúrgica Sacrosanctum Concilium.
Conferência para Correspondentes, 22 de junho de 1984
Postado em 21 de junho de 2021