Teologia da História
Cuidado com a Brisa das Asas da Borboleta
Em sua obra Revolução e Contra-Revolução, Dr. Plinio Corrêa de Oliveira descreve as três etapas da atividade humana que resultam em crimes contra Deus e o homem. Por exemplo, antes que a Revolução Francesa se tornasse um fato, ela existia na mente do homem, em suas ideias; e, antes disso, era latente, mas real em suas tendências. Pode-se dizer que em suas tendências a Revolução Francesa já estava contida no Protestantismo. Como ele diz:
“Como os cataclismos, as más paixões têm uma força imensa, mas para destruir. Essa força já tem potencialmente, no primeiro instante de suas grandes explosões, toda a virulência que se patenteará mais tarde nos seus piores excessos.
“Nas primeiras negações do protestantismo, por exemplo, já estavam implícitos os anelos anarquistas do comunismo. Se, do ponto de vista da formulação explícita, Lutero não era senão Lutero, todas as tendências, todo o estado de alma, todos os imponderáveis da explosão luterana já traziam consigo, de modo autêntico e pleno, embora implícito, o espírito de Voltaire e de Robespierre, de Marx e de Lenine.” (1)
Podemos visualizar essa tendência latente, mas real, por meio de uma analogia impressionante. Na década de 1960, Edward Lorenz, meteorologista do MIT popularizou a noção do efeito borboleta. Ele escreveu que “uma mudança infinitesimal no clima - digamos, a turbulência causada pelo bater de asas de uma borboleta - pode desencadear eventos atmosféricos que culminam em um furacão. Tais eventos são imprevisíveis para todos os fins práticos.” (2)
Lorenz estava tentando prever falhas gigantescas dos mega-sistemas atuais, redes de energia, comunicações, transporte e assim por diante por meio de sua “teoria do caos.” O físico Ben Carreras, do Oak Ridge National Laboratory, no Tennessee, comenta sobre essas falhas potenciais de superpotência: “A rede inteira está fortemente acoplada e quando você faz algo em um ponto, pode afetar o sistema muito longe.” (3)
Alguns exemplos. Na primavera de 1918, um vírus de gripe conhecido mais tarde como "a grande gripe" estourou em dois campos de treinamento do exército no Kansas. Soldados transportaram o vírus para o exterior durante a Primeira Guerra Mundial e, em dois anos, matou cerca de 100 milhões de pessoas em todo o mundo,' incluindo Jacinta e Francisco. (4) Um vírus, apelidado de “inimigo invisível” é, portanto, um bom exemplo das 'asas de borboleta,' impalpavelmente imperceptíveis.
Independentemente da verdade da teoria do caos de Lorenz, a alegoria das asas de borboleta levanta um ponto interessante: como erros latentes e muitas vezes quase imperceptíveis podem resultar em vitórias surpreendentes para a Revolução.
Indo para o terreno espiritual, vemos como Satanás usa as mesmas táticas para travar sua guerra contra os desígnios de Deus. Foi assim desde o início. Maria de Ágreda descreve como a revolta de Satanás não foi uma decisão momentânea, mas foi formada gradualmente a partir de uma única má disposição. Ele não aceitou livremente e com amor a Encarnação de Nosso Senhor Jesus Cristo, como os Anjos bons o fizeram. Então, “seguindo esta má inclinação que às vezes enchia Lúcifer, ele caiu no mais desordenado amor-próprio.” (5) Essa causa encontrou seu efeito no ódio a Deus e em sua revolta final.
Asas de borboleta e a Revolução
Para entender como a Revolução nos trouxe ao ponto que estamos hoje, é útil entender como acabou a Idade Média. Com sua morte, veio o escurecimento de seu amor a Deus, a verdadeira devoção à Cruz, o amor ao sacrifício, a aspiração à santidade e à vida eterna.
O que destruiu aquela era gloriosa começou nas tendências do homem, o bater de asas de borboleta nas almas dos homens que evitaram o que Deus exige. As duas ferramentas empregadas por Satanás - sempre as mesmas - eram o orgulho e a sensualidade.
Um evento marca o início do fim da Idade Média. O Prof. Plinio assinala este momento como o Bofetão de Anagni em setembro de 1303, quando Sciarra Colonna deu um tapa na face do Papa Bonifácio VIII. (6)
O século 14 começou com otimismo. O Papa Bonifácio VIII (1294-1303) proclamou um Jubileu para celebrar o novo centenário do nascimento de Cristo. Multidões estimadas em dois milhões vieram a Roma. Bonifácio teve diante de si o exemplo de Inocêncio III, um Papa tão hábil em afirmar sua supremacia sobre Imperadores e Reis que humilhou cinco deles por meio de excomunhões ou interdições.
No entanto, Bonifácio, que buscou continuar a glória da Idade Média, falhou e ficou profundamente humilhado em sua contenda com Filipe, o Belo, Rei da França (1285-1314), que afirmou que seu poder era maior do que o do Papa. Bonifácio VIII respondeu com a Bula Unam Sanctam, que afirmava que os Reis devem sempre obedecer aos Papas.
Filipe despachou um de seus principais conselheiros, Guilherme de Nogaret e o inimigo papal Italiano Sciarra Colonna, acompanhado por um bando de rufiões contratados, para lidar pessoalmente com Bonifácio, que estava no castelo de sua família em Anagni. Eles não apenas o insultaram, mas Colonna o golpeou com sua luva de ferro. Poucas semanas depois, em 11 de outubro de 1303, o Papa morreu em consequência da violência a que havia sido submetido.
A lição aqui é a seguinte: a bofetada no Papa foi uma ação alimentada por ideias revolucionárias, que se nutriram de tendências humanistas e absolutistas, que se enraizaram no século 13. O resultado foi aquele ato simbólico, que efetivamente marcou o fim da Idade Média, pois nos dois séculos seguintes o Humanismo e o Renascimento substituiriam aquela época magnífica da História voltada para o serviço a Deus.
Vivemos em tempos muito piores: o Progressismo na Igreja é a pior heresia que a acometeu ao longo de sua História. Sob o comando de Francisco, está avançando a todo vapor.
A resistência a que somos chamados por Nossa Senhora a praticar requer heroísmo feroz e equilíbrio, e a determinação de extirpar as próprias raízes da Revolução na Igreja. O protocolo para nossa resistência foi estabelecido com clareza e perspicácia no livro We Resist You to the Face, (7) que eu encorajo fortemente meus leitores a lerem cuidadosamente.
Que Nossa Senhora de Fátima nos proteja e nos ajude a conduzir sempre a nossa luta segundo a orientação do Seu Imaculado Coração.
Postado em 5 de novembro de 2021
“Como os cataclismos, as más paixões têm uma força imensa, mas para destruir. Essa força já tem potencialmente, no primeiro instante de suas grandes explosões, toda a virulência que se patenteará mais tarde nos seus piores excessos.
“Nas primeiras negações do protestantismo, por exemplo, já estavam implícitos os anelos anarquistas do comunismo. Se, do ponto de vista da formulação explícita, Lutero não era senão Lutero, todas as tendências, todo o estado de alma, todos os imponderáveis da explosão luterana já traziam consigo, de modo autêntico e pleno, embora implícito, o espírito de Voltaire e de Robespierre, de Marx e de Lenine.” (1)
De acordo com Lorenz, o bater das asas de uma borboleta no oceano pode causar um tornado nos EUA
Lorenz estava tentando prever falhas gigantescas dos mega-sistemas atuais, redes de energia, comunicações, transporte e assim por diante por meio de sua “teoria do caos.” O físico Ben Carreras, do Oak Ridge National Laboratory, no Tennessee, comenta sobre essas falhas potenciais de superpotência: “A rede inteira está fortemente acoplada e quando você faz algo em um ponto, pode afetar o sistema muito longe.” (3)
Alguns exemplos. Na primavera de 1918, um vírus de gripe conhecido mais tarde como "a grande gripe" estourou em dois campos de treinamento do exército no Kansas. Soldados transportaram o vírus para o exterior durante a Primeira Guerra Mundial e, em dois anos, matou cerca de 100 milhões de pessoas em todo o mundo,' incluindo Jacinta e Francisco. (4) Um vírus, apelidado de “inimigo invisível” é, portanto, um bom exemplo das 'asas de borboleta,' impalpavelmente imperceptíveis.
Independentemente da verdade da teoria do caos de Lorenz, a alegoria das asas de borboleta levanta um ponto interessante: como erros latentes e muitas vezes quase imperceptíveis podem resultar em vitórias surpreendentes para a Revolução.
Indo para o terreno espiritual, vemos como Satanás usa as mesmas táticas para travar sua guerra contra os desígnios de Deus. Foi assim desde o início. Maria de Ágreda descreve como a revolta de Satanás não foi uma decisão momentânea, mas foi formada gradualmente a partir de uma única má disposição. Ele não aceitou livremente e com amor a Encarnação de Nosso Senhor Jesus Cristo, como os Anjos bons o fizeram. Então, “seguindo esta má inclinação que às vezes enchia Lúcifer, ele caiu no mais desordenado amor-próprio.” (5) Essa causa encontrou seu efeito no ódio a Deus e em sua revolta final.
Asas de borboleta e a Revolução
Para entender como a Revolução nos trouxe ao ponto que estamos hoje, é útil entender como acabou a Idade Média. Com sua morte, veio o escurecimento de seu amor a Deus, a verdadeira devoção à Cruz, o amor ao sacrifício, a aspiração à santidade e à vida eterna.
Filipe, o Belo, enviou dois agentes - Nogaret e Colonna - para abordar o Papa Bonifácio VIII
Um evento marca o início do fim da Idade Média. O Prof. Plinio assinala este momento como o Bofetão de Anagni em setembro de 1303, quando Sciarra Colonna deu um tapa na face do Papa Bonifácio VIII. (6)
O século 14 começou com otimismo. O Papa Bonifácio VIII (1294-1303) proclamou um Jubileu para celebrar o novo centenário do nascimento de Cristo. Multidões estimadas em dois milhões vieram a Roma. Bonifácio teve diante de si o exemplo de Inocêncio III, um Papa tão hábil em afirmar sua supremacia sobre Imperadores e Reis que humilhou cinco deles por meio de excomunhões ou interdições.
No entanto, Bonifácio, que buscou continuar a glória da Idade Média, falhou e ficou profundamente humilhado em sua contenda com Filipe, o Belo, Rei da França (1285-1314), que afirmou que seu poder era maior do que o do Papa. Bonifácio VIII respondeu com a Bula Unam Sanctam, que afirmava que os Reis devem sempre obedecer aos Papas.
Filipe despachou um de seus principais conselheiros, Guilherme de Nogaret e o inimigo papal Italiano Sciarra Colonna, acompanhado por um bando de rufiões contratados, para lidar pessoalmente com Bonifácio, que estava no castelo de sua família em Anagni. Eles não apenas o insultaram, mas Colonna o golpeou com sua luva de ferro. Poucas semanas depois, em 11 de outubro de 1303, o Papa morreu em consequência da violência a que havia sido submetido.
Francisco acelera a revolução para destruir a dignidade papal. Acima, experimentando um cocar de um índio Brasileiro
Vivemos em tempos muito piores: o Progressismo na Igreja é a pior heresia que a acometeu ao longo de sua História. Sob o comando de Francisco, está avançando a todo vapor.
A resistência a que somos chamados por Nossa Senhora a praticar requer heroísmo feroz e equilíbrio, e a determinação de extirpar as próprias raízes da Revolução na Igreja. O protocolo para nossa resistência foi estabelecido com clareza e perspicácia no livro We Resist You to the Face, (7) que eu encorajo fortemente meus leitores a lerem cuidadosamente.
Que Nossa Senhora de Fátima nos proteja e nos ajude a conduzir sempre a nossa luta segundo a orientação do Seu Imaculado Coração.
- Revolução e Contra-revolução, Chevalerie Artes gráficas e Editora Ltda., Agosto de 1993, Cap. VI, p. 38.
- “How a Butterfly's Wing Can Bring down Goliath,” San Francisco Chronicle, 8-15-03, page A6.
- Ibid.
- John M. Barry, The Great Influenza — The Epic Story of the Deadliest Plague in History, NY: Penguin Books, 2004
- Mary of Jesus of Agreda, A Cidade de Deus, Vol. I, “The Conception,” Ave Maria Institute, NJ, 1949, page 87
- Atila S. Guimarães, “Revolução e Contra-Revolução nas Tendências, Ideias e Fatos”
- Atila S. Guimaraes, Michael J. Matt, John Vennari, Marian Therese Horvat, Ph.D., Tradition in Action, 2001
Postado em 5 de novembro de 2021
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