Virtudes Católicas
Caminhos Verdadeiros e Falsos para a Felicidade - VII
A Inocência Atinge sua Plenitude à Medida que Amadurece
"Espírito inocente!" Esta expressão muitas vezes tem uma conotação negativa: "Ele é ingênuo!" "Infantil." "Viver em um mundo de sonhos." Não necessariamente, eu respondo. O verdadeiro espírito inocente não é assim.
A inocência não é um privilégio da infância, mas pode ser mantida até o fim da vida. Pois todos os homens têm nas profundezas de seus espíritos o modelo ideal de todas as coisas. E, se não cometeram infidelidades revolucionárias contra a ordem estabelecida por Deus na Criação, podem encontrar em si mesmos esses modelos ideais. Com esses modelos, não é tão difícil alcançar a harmonia interior da alma que caracteriza a inocência.
Quando um homem se torna adulto, ele começa a pensar em sua biografia, o que ele quer, o que ele vai fazer, o que ele vai ser. Esse novo horizonte lhe dá uma ideia arquitetônica de si mesmo e do que acontecerá em seu futuro. Essa nova etapa tende a dissociar-se dos pássaros e borboletas de sua infância.
Entra então a tentação de que as imagens de sua inocência infantil fossem apenas fantasias, já que não têm lugar na nova realidade. A realidade é saber se você vai ter uma grande carreira. É preciso viver para isso. Deve-se deixar de lado ou entorpecer essas memórias do passado, incluindo as batalhas da juventude. Eram apenas sonhos de infância.
Sua obsessão passa a ser um advogado próspero, um comerciante rico, um engenheiro bem colocado, um médico altamente respeitado, um jornalista ilustre ou um professor de prestígio. Comparando-se com seus colegas, ele pensa: "Vejo que meus amigos e companheiros estão subindo a montanha do tempo em uma marcha bem ritmada. Estou no passo com eles? Estou no lugar certo?"
É a crise da maturidade. Nesta crise, qual é o papel da inocência?
Já que a inteligência está mais madura, os pássaros da inocência – para usar essa metáfora – podem cantar uma nova canção para nós. A vitória na crise da maturidade leva o homem a pensar muito mais na vida após a morte. A inocência é, então, como a torre da Igreja de Notre-Dame que aponta para cima.
A verdadeira inocência é sagaz e astuta
A inocência – no sentido específico adotado nesta série – não consiste apenas em não perder algo, como já foi dito, mas é uma ordem interna do espírito, que é harmoniosa, calma e cheia de idealismo.
Surge então a pergunta: Que relação existe entre essa ordem interna causada pela inocência e a visão externa das coisas? Que relação existe entre esta visão e a felicidade? Pois claramente a ordem interna influencia necessariamente a visão externa do mundo, e vice-versa.
Através de toda uma gama de afinidades, a alma inocente busca fora de si o que corresponde ao seu estado interior. Assim, ela buscará o que é bom, verdadeiro e belo.
Da mesma forma, ele faz uma rejeição quase instintiva do que é ruim, falso e feio que é simétrico à atração que sente pelo que é bom, verdadeiro e belo. Nesse sentido, ele pode ser um crítico severo do que sabe ser errado, mostrando sinais de astúcia e sagacidade em sua rejeição.
Portanto, o espírito verdadeiramente inocente não é ingênuo e não se deixa enganar pelas aparências. As sirenes de alarme de sua alma são sensíveis e soam ao menor toque. Se alguém tem verdadeira inocência, não será fácil enganá-lo.
Para fazer uma comparação, em relação à saúde, o homem saudável compreende melhor o estado de doença do que o homem doente; e, assim como não é necessário adoecer para aprender a evitar a doença, não é necessário que o inocente perca a inocência para não ser ingênuo. Da mesma forma, assim como o homem muito justo entende a desonestidade melhor do que o desonesto, assim também o inocente entende o mal melhor do que aquele que não é inocente.
Aquele que tem o espírito de admiração pode ter grandes percepções, mas para conseguir isso ele deve ser inflexivelmente límpido, dourado e reto.
Para ser muito astuto, você não precisa ter um temperamento enviesado. Por seu amor ao bem, a alma inocente compreende como é a sinuosidade do mal e, sem inalar nada distorcido em sua alma, percebe a serpente vindo de longe e sabe infligir-lhe o golpe fatal.
Há duas maneiras de uma pessoa ser astuta: permanecer no mesmo plano do inimigo sinuoso que avança, ou colocar-se no topo de uma montanha para que, sem entrar nos caminhos tortuosos, veja o inimigo serpentino abrindo caminho: "Ah! Vejo você e sei de onde você vem. Conheço bem não porque simpatizo com você, mas porque detesto você."
Esta deve ser a sagacidade das almas inocentes de todas as épocas.
Esta é a astúcia de Nosso Senhor quando disse: "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus..." (12:17) Nosso Senhor Jesus Cristo respondeu aos fariseus que perfidamente vieram interrogá-lo no Templo como se estivesse do alto de uma montanha. E Ele respondeu com toda a verdade, pois Sua resposta foi da mais alta fidelidade à Verdade e, portanto, uma resposta apropriada a um fariseu.
Assim há uma luz dourada na inocência que não se transforma em escuridão para entrar na escuridão, mas sim que a luz rasga a escuridão!
Consequentemente, o espírito verdadeiramente inocente é o de um homem combativo – não o de um sonhador doce e irreal. Ele atinge o cume da inocência desafiando o mal, entrando em combate com ele e rejeitando-o totalmente.
Inocência e nobreza de alma
A matriz de tudo o que é nobre está nas profundezas da alma humana, tornando-a capaz de amar tudo, e até a si mesma, por amor a Deus. Assim se distingue daquele amor animalesco que o homem tem por si mesmo, que é a matriz de toda vulgaridade, toda baixeza de alma, toda torpeza.
Não devemos amar a Deus porque Ele nos dá sucesso, mas sim porque Deus é Deus! Essa posição totalmente desinteressada não deve exigir nenhuma forma de recompensa.
Encontramos o próprio espírito de amor a Deus neste poema espanhol perfeitamente estruturado de Santa Teresa de Ávila. Retrata bem o amor de uma alma inocente pelo seu Criador.
Não me move, Senhor para Te amar
O Céu que me prometestes;
Nem me move o inferno tão temido
Para deixar por isso de Te ofender.
Tu me moves, Senhor;
Move-me ver-te pregado em uma Cruz e escarnecido,
Move-me ver teu Corpo tão ferido,
Movem-me tuas afrontas e tua morte
Move-me enfim teu amor, e de tal maneira,
Que ainda que não houvesse Céu eu te amaria;
E ainda que não houvesse inferno te temeria.
Nada tens que me dar para que eu te queira,
Pois mesmo que eu não esperasse o que espero,
O mesmo que te quero
Eu te quereria.
Continua
A inocência não é um privilégio da infância, mas pode ser mantida até o fim da vida. Pois todos os homens têm nas profundezas de seus espíritos o modelo ideal de todas as coisas. E, se não cometeram infidelidades revolucionárias contra a ordem estabelecida por Deus na Criação, podem encontrar em si mesmos esses modelos ideais. Com esses modelos, não é tão difícil alcançar a harmonia interior da alma que caracteriza a inocência.
O mundo da inocência começa a parecer um mundo de fadas irreal que é preciso deixar para ser adulto
Entra então a tentação de que as imagens de sua inocência infantil fossem apenas fantasias, já que não têm lugar na nova realidade. A realidade é saber se você vai ter uma grande carreira. É preciso viver para isso. Deve-se deixar de lado ou entorpecer essas memórias do passado, incluindo as batalhas da juventude. Eram apenas sonhos de infância.
Sua obsessão passa a ser um advogado próspero, um comerciante rico, um engenheiro bem colocado, um médico altamente respeitado, um jornalista ilustre ou um professor de prestígio. Comparando-se com seus colegas, ele pensa: "Vejo que meus amigos e companheiros estão subindo a montanha do tempo em uma marcha bem ritmada. Estou no passo com eles? Estou no lugar certo?"
É a crise da maturidade. Nesta crise, qual é o papel da inocência?
Já que a inteligência está mais madura, os pássaros da inocência – para usar essa metáfora – podem cantar uma nova canção para nós. A vitória na crise da maturidade leva o homem a pensar muito mais na vida após a morte. A inocência é, então, como a torre da Igreja de Notre-Dame que aponta para cima.
A verdadeira inocência é sagaz e astuta
A inocência – no sentido específico adotado nesta série – não consiste apenas em não perder algo, como já foi dito, mas é uma ordem interna do espírito, que é harmoniosa, calma e cheia de idealismo.
Santo Inácio, inocente e astuto
Através de toda uma gama de afinidades, a alma inocente busca fora de si o que corresponde ao seu estado interior. Assim, ela buscará o que é bom, verdadeiro e belo.
Da mesma forma, ele faz uma rejeição quase instintiva do que é ruim, falso e feio que é simétrico à atração que sente pelo que é bom, verdadeiro e belo. Nesse sentido, ele pode ser um crítico severo do que sabe ser errado, mostrando sinais de astúcia e sagacidade em sua rejeição.
Portanto, o espírito verdadeiramente inocente não é ingênuo e não se deixa enganar pelas aparências. As sirenes de alarme de sua alma são sensíveis e soam ao menor toque. Se alguém tem verdadeira inocência, não será fácil enganá-lo.
Para fazer uma comparação, em relação à saúde, o homem saudável compreende melhor o estado de doença do que o homem doente; e, assim como não é necessário adoecer para aprender a evitar a doença, não é necessário que o inocente perca a inocência para não ser ingênuo. Da mesma forma, assim como o homem muito justo entende a desonestidade melhor do que o desonesto, assim também o inocente entende o mal melhor do que aquele que não é inocente.
Aquele que tem o espírito de admiração pode ter grandes percepções, mas para conseguir isso ele deve ser inflexivelmente límpido, dourado e reto.
O inocente não precisa ser sinuoso como os maus; ele pega o revolucionário do seu jeito
Há duas maneiras de uma pessoa ser astuta: permanecer no mesmo plano do inimigo sinuoso que avança, ou colocar-se no topo de uma montanha para que, sem entrar nos caminhos tortuosos, veja o inimigo serpentino abrindo caminho: "Ah! Vejo você e sei de onde você vem. Conheço bem não porque simpatizo com você, mas porque detesto você."
Esta deve ser a sagacidade das almas inocentes de todas as épocas.
Esta é a astúcia de Nosso Senhor quando disse: "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus..." (12:17) Nosso Senhor Jesus Cristo respondeu aos fariseus que perfidamente vieram interrogá-lo no Templo como se estivesse do alto de uma montanha. E Ele respondeu com toda a verdade, pois Sua resposta foi da mais alta fidelidade à Verdade e, portanto, uma resposta apropriada a um fariseu.
Assim há uma luz dourada na inocência que não se transforma em escuridão para entrar na escuridão, mas sim que a luz rasga a escuridão!
Consequentemente, o espírito verdadeiramente inocente é o de um homem combativo – não o de um sonhador doce e irreal. Ele atinge o cume da inocência desafiando o mal, entrando em combate com ele e rejeitando-o totalmente.
Inocência e nobreza de alma
A matriz de tudo o que é nobre está nas profundezas da alma humana, tornando-a capaz de amar tudo, e até a si mesma, por amor a Deus. Assim se distingue daquele amor animalesco que o homem tem por si mesmo, que é a matriz de toda vulgaridade, toda baixeza de alma, toda torpeza.
Não devemos amar a Deus porque Ele nos dá sucesso, mas sim porque Deus é Deus! Essa posição totalmente desinteressada não deve exigir nenhuma forma de recompensa.
Contemplando a Cristo, a alma inocente é movida por Seu grande sofrimento
Não me move, Senhor para Te amar
O Céu que me prometestes;
Nem me move o inferno tão temido
Para deixar por isso de Te ofender.
Tu me moves, Senhor;
Move-me ver-te pregado em uma Cruz e escarnecido,
Move-me ver teu Corpo tão ferido,
Movem-me tuas afrontas e tua morte
Move-me enfim teu amor, e de tal maneira,
Que ainda que não houvesse Céu eu te amaria;
E ainda que não houvesse inferno te temeria.
Nada tens que me dar para que eu te queira,
Pois mesmo que eu não esperasse o que espero,
O mesmo que te quero
Eu te quereria.
Continua
Postado em 23 de maio de 2022