Vivemos uma época em que enfrentamos diariamente a ameaça de atos terroristas por parte de muçulmanos, crimes sem sentido de violência e brutalidade, possibilidades crescentes de desastres nucleares. Muitas pessoas são dominadas por um medo enervante do que pode acontecer a seguir. Parece que o mal dominou o mundo inteiro. Vemos as Igrejas e mosteiros vazios em toda a Europa Ocidental e uma fé cada vez menor na única religião verdadeira entre os Católicos jovens e velhos. O interconfessionalismo e o indiferentismo religioso estão instalados na Igreja, apoiados pelas mais altas autoridades religiosas. Sim, até o Papa.
A Jesus por Maria |
Onde podemos encontrar esperança neste cenário desanimador? O que podemos fazer para nutrir a esperança de uma restauração gloriosa na Igreja que amamos e que às vezes parece que perdemos?
Há um meio certo que Nossa Senhora nos deu para tempos de crise, heresia e apostasia. Podemos rezar o Rosário constantemente e saborear seus doces frutos. Quando rezamos o Rosário diariamente, Nossa Senhora derrama abundante graça sobre nossas almas, nos tira do desespero, nos infunde o espírito de luta e nos protege das heresias de nossos dias. Foi assim que ela agiu no passado e continua a nos proteger hoje.
Exemplos do passado
Em 1214, quando a heresia albigense contagiava o ar puro da Cristandade, Nossa Senhora apareceu a São Domingos de Gusmão e disse-lhe que lhe daria uma arma para converter o mundo. “Pregue meu Saltério,” Ela disse, “se você quiser alcançar essas almas endurecidas e conquistá-las para Deus.”
Depois disso, todos os dias ele rezava o Rosário e pregava essa devoção incessantemente a todos - ricos e pobres, estudiosos e incultos, crentes e descrentes. Através desses sermões Nossa Senhora deu a graça de muitas conversões e o retorno à Fé; o maior favor foi que ela o ajudou a esmagar a heresia albigense.
Mais de um século se passou e a oração do Rosário foi deixada de lado. O mundo Católico sofreu grandes castigos: a Peste Negra, o Grande Cisma, o início da Guerra dos 100 Anos. À medida que o século 14 terminava, em vez de retornar a Deus, a Europa Ocidental anunciava uma Era do Homem, o Renascimento.
Nesse cenário, Nossa Senhora apareceu a outro Dominicano, o Beato Alan de Roche, em 1460 e lhe disse para restabelecer a devoção do Rosário. Ele assumiu a pregação do Rosário como sua missão especial e, sob sua inspiração, centenas de milhares foram inscritos nas Confrarias do Rosário. Muitos milagres foram operados, muitas almas convertidas e a prática piedosa instalada em vários lares para combater os males do dia.
Nossa Senhora de Lepanto |
O dia 7 de outubro de 1571 foi outro momento decisivo da História, a Batalha de Lepanto. Uma frota de galeras em menor número da Liga Católica derrotou as galeras muçulmanas. Foi uma derrota esmagadora para os maometanos, que não perdiam uma batalha há mais de 70 anos e nutriam objetivos arrogantes de conquistar todo o mundo Católico. O Papa São Pio V creditou esta vitória crucial à oração do Rosário. Instituiu a festa de Nossa Senhora do Rosário em 7 de outubro, dia da vitória de Lepanto, para mostrar como essa devoção está especialmente ligada às vitórias sobre os inimigos da Igreja e da Cristandade.
Cem anos se passaram e encontramos os jansenistas fazendo grandes progressos na França Católica. Outro grande apóstolo Mariano apareceu para combater essa heresia e reacender a devoção a Maria. Com zelo ardente, São Luís Maria Grignion de Montfort (1673-1716) pregou o Rosário e a santa escravidão a Nossa Senhora, especialmente entre os camponeses da Bretanha e da Vendéia. Fiéis ao seu Rosário, esses pequenos também permaneceriam fiéis à Igreja e firmes contra os erros da Revolução Francesa 75 anos depois. Mais uma vez, vemos o papel especial do Rosário em proteger os fiéis do erro.
Em momentos cruciais da História da Igreja, Nossa Senhora deu uma solução: rezar o Rosário diariamente.
O Século 20
Chegamos ao alvorecer do século 20. Os erros perigosos de Marx, Darwin e Freud estavam encontrando aceitação não apenas no mundo, mas também em parcelas envenenadas da Igreja. Em 1917, com o mundo Ocidental imerso na Guerra Mundial e o Comunismo prestes a se instalar na Rússia, Nossa Senhora apareceu em Fátima a três pastorinhos comunicando a ordem de rezar o Rosário diariamente, um aviso de um castigo vindouro se o homem não se convertesse, e a promessa de uma vitória final.
"Rezem o Rosário" - o comando de Nossa Senhora em Fátima |
Uma das maneiras mais importantes de efetuar a conversão dos pecadores nestes tempos de turbulência que se aproxima, ela disse às crianças, era rezar o Rosário. Cada uma das seis vezes que ela apareceu em Fátima, ela disse às crianças para rezarem o Rosário diariamente. Foi, mais uma vez, uma forma que ela deu aos fiéis para contrariar os erros da época.
Anos mais tarde, em 1957, a última vidente de Fátima, Irmã Lúcia, voltou a sublinhar a importância do Rosário numa entrevista privada com um confidente, Pe. Augustin Fuentes [veja a entrevista aqui]. Ela lhe disse que o Diabo estava preparado para travar uma batalha decisiva contra a Santíssima Virgem, e que Deus estava dando dois últimos remédios ao mundo – o Santo Rosário e a devoção ao Imaculado Coração de Maria. A irmã Lucia disse:
“Nestes últimos tempos em que vivemos, a Santíssima Virgem deu uma nova eficácia à recitação do Rosário. Ela deu essa eficácia a tal ponto que não há problema, por mais difícil que seja, seja temporal ou sobretudo espiritual, na vida pessoal de cada um de nós, de nossas famílias, das famílias do mundo ou das comunidades religiosas, ou mesmo da vida dos povos e nações, que não podem ser resolvidos pelo Rosário.
“Não há problema, digo-vos, por mais difícil que seja, que não possamos resolver com a oração do Santo Rosário. Com o Santo Rosário nos salvaremos. Nós nos santificaremos. Consolaremos Nosso Senhor e obteremos a salvação de muitas almas.”
Foi apenas alguns anos antes da abertura do desastroso Concílio Vaticano II quando ela pronunciou essas palavras. Talvez seja por isso que Nossa Senhora deu como remédio o Rosário - e não a Missa, que seria alterada quase irreconhecível. Talvez, também, a Irmã Lúcia tenha percebido que o Segredo que Nossa Senhora incumbiu de revelar em 1960 ia ser “suprimido,” e o Progressismo, que englobava o conjunto das heresias, assumiria o controle dentro das próprias paredes da Igreja.
Mais uma vez, diante de múltiplos erros e heresias, Nossa Senhora enviou sua mensagem: Rezem o Rosário diariamente. Não desista desta prática sagrada. De fato, onde quer que haja indivíduos, famílias, grupos de pessoas que rezam o Rosário, Nossa Senhora entra e encontra uma maneira de levá-los à verdade. Ela não abandona seus filhos. Cedo ou tarde serão chamados a compreender os problemas da Igreja, lutar contra o erro e não desistir na tristeza ou no desespero.
Os falsos profetas encorajam a deixar de lado o Rosário
Em sua obra O Segredo do Rosário, São Luís de Montfort diz que Nossa Senhora prefere o Rosário a todas as outras devoções. Não há palavras para expressar como ela recompensa aqueles que o rezam, o espalham e o tornam conhecido. Ao mesmo tempo, as palavras não podem dizer o quanto ela está descontente com aqueles que zombam ou trabalham contra isso.
Sempre haverá aqueles de mau espírito ou inflados de orgulho intelectual que pensam que o Rosário é muito repetitivo e para os ignorantes. Outros, no espírito do Vaticano II, põem de lado o Rosário porque é muito voltado para Maria - incomoda os protestantes. Esses “livres-pensadores,” como São Luís os chama, que não suportam que as pessoas rezem o Rosário, provavelmente cairão em um estado mental herético sem perceber.
Certa vez conheci um homem, pai de sete filhos, que se converteu de alguma seita protestante fundamentalista à Fé Católica. Ele ficou muito emocionado com a devoção de Fátima e rezou o Rosário diário. Ele ficou chocado com as inovações na doutrina do Vaticano II e atraído pela Missa Tradicional, mas não teve coragem de entrar na luta contrarrevolucionária. Depois de um tempo, um novo confessor o aconselhou a deixar de lado o Rosário diário. Era muito mais edificante ler as Escrituras todos os dias, aconselhou o padre.
Em pouco tempo, o fervor da fé desse homem esfriou e ele estava fazendo concessões ao Progressismo. A última vez que ouvi falar dele, ele havia decidido que era uma perda de tempo acompanhar a grande crise na Igreja – era muito negativo. Ele me sugeriu que eu também deixasse a luta de lado e aceitasse a “Nova Igreja.”
São Luís teve palavras duras para aqueles que criticam o Rosário |
Falando daqueles que ou condenam o Rosário ou tentam afastar outros dele, São Luís de Montfort tinha palavras muito duras:
“É fácil ver que eles absorveram o veneno do Inferno e que são inspirados pelo Diabo, pois ninguém pode condenar a devoção ao santo Rosário sem condenar tudo o que há de mais sagrado para a Fé Católica.”
Este grande São Luís de Montfort faz então uma garantia muito forte sobre a eficácia do Rosário, palavras muito semelhantes às de Ir. Lúcia. Ele afirma:
“Se você rezar fielmente o Rosário até a morte, eu lhe asseguro que, apesar da gravidade de seus pecados, 'você receberá uma coroa de glória que nunca se desvanece.' (1 Ped 5,4) Mesmo que você esteja à beira da condenação, mesmo que tenha um pé no Inferno, mesmo que tenha vendido sua alma ao Diabo como feiticeiro da magia negra, e mesmo que você seja um herege obstinado como um demônio, cedo ou tarde você se converterá, corrigirá sua vida e salvará sua alma, se – e observe bem o que digo – se você rezar o Rosário com devoção todos os dias até a morte para conhecer a verdade e obtendo contrição e perdão por seus pecados.”
Devemos ler e reler estas palavras, gravá-las profundamente na memória para aqueles momentos em que somos tentados a abandonar a prática diária do Rosário.
Diante dos muitos males do nosso tempo, sendo o maior deles a instalação do Progressismo dentro da Igreja, não devemos nos desesperar. Temos a palavra de Nossa Senhora de que o Rosário é a arma a manejar contra as heresias e a solução para os nossos problemas.
Postado em 16 de setembro de 2022
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