Virtudes Católicas
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Almas gentis sem fraqueza e
fortes sem brutalidade
Podemos dizer que na época do Romantismo a opinião pública estava voltada para as almas delicadas, suaves e frágeis – mesmo excessivamente delicadas e exageradamente sutis – diríamos exageradamente frágeis se a fragilidade não fosse em si um defeito e um exagero.
Nos nossos dias, quando a luta pela vida da alma e do corpo impõe um esforço incessante, a admiração volta-se com mais frequência para as almas poderosas, fortes, vitoriosas e enérgicas. E, como tudo o que é humano está sujeito ao exagero, muitas vezes tendemos a exaltar a força física de atletas e boxeadores, ou a força quase hipnótica de certos ditadores, como valores absolutos, supremos.
Nisso, como em tudo, impõe-se um equilíbrio sadio. E a dona desse equilíbrio é a Igreja Católica, fonte de todas as virtudes.
Não há incompatibilidade entre força e delicadeza de alma, desde que ambas sejam bem compreendidas. Uma alma pode ser muito delicada sem nenhuma fraqueza e extremamente forte sem nenhuma brutalidade.
Não há alma piedosa no Brasil que não tenha lido A Alma de Todo Apostolado de Dom Chautard (1858-1935), o famoso Abade Trapista que viveu algum tempo em nosso país, onde tentou, sem sucesso, fundar um Mosteiro de sua Ordem em Tremembé, Estado de São Paulo. É impossível ler as admiráveis páginas deste livro, que têm uma unção que lembra a Imitação de Cristo, sem sentir os tesouros de delicadeza que sua grande alma continha.
Dom Chautard foi, porém, um grande lutador. Contemplativo por vocação, as circunstâncias permitidas pela Providência exigiram que ele entrasse em muitas lutas. Enfrentou com sucesso Clemenceau, o célebre primeiro-ministro anticlerical da França conhecido na História como “O Tigre,” enfrentando-o destemidamente durante a Primeira Guerra Mundial. Assim, Dom Chautard personificou toda a coragem e resiliência do povo francês. E o fez de tal maneira que sua grande alma se impôs a Clemenceau, que dedicou a Dom Chautard um respeito que manteve até seus últimos dias.
Na foto acima podemos ver a força do homem em sua personalidade poderosa, imbuída de toda a calma de um contemplativo, toda a decisão de uma vontade de ferro e toda a majestade de uma mente robusta, profunda e plenamente penetrada nas coisas de Deus. Seu olhar sintetiza todas essas qualidades. Um olhar nobre e dominador, que Dom Chautard utilizava para realizar grandes feitos. Por exemplo, durante uma viagem pelo Oriente, ele encontrou um leão enjaulado, olhou fixamente para ele e hipnotizou a fera...
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Todos os que conviveram com o grande Dom Vital Maria Gonçalves de Oliveira (1844-1878), celebraram a extraordinária doçura com que tratava os outros, a grande delicadeza de sua alma. Em sua gloriosa luta contra as autoridades civis maçônicas, porém, Dom Vital revelou uma firmeza que o tornou um dos maiores Bispos que a Igreja já teve.
Uma fronte larga e nobre como que animada pelos ventos das grandes ideias, sobrancelhas vigorosas de uma linha implacavelmente regular, olhos de uma regularidade de forma igualmente impressionante e uma nitidez admirável, que emitem um olhar calmo, forte, profundo, que vê longe e está acostumado a considerar as coisas de seus aspectos mais elevados, mais transcendentes e, portanto, mais reais. Um nariz que tem uma linha de indiscutível franqueza, uma barba espessa e um porte viril e ereto.
Tudo em Dom Vital fala do Pastor que ama ardentemente cada uma de suas ovelhas e, por isso mesmo, é capaz de lutar contra qualquer besta para expulsá-la do redil. Dom Chautard, trapista emérito, modelo da vida contemplativa, Dom Vital, eminente capuchinho, modelo da vida ativa – ambos são obras-primas do equilíbrio entre a força e a delicadeza da alma. Ambos demonstram bem como a Fé pode vivificar os homens com forças invencíveis em nosso século de batalhas que enfrentamos em todos os momentos e em todos os aspectos.
Nos nossos dias, quando a luta pela vida da alma e do corpo impõe um esforço incessante, a admiração volta-se com mais frequência para as almas poderosas, fortes, vitoriosas e enérgicas. E, como tudo o que é humano está sujeito ao exagero, muitas vezes tendemos a exaltar a força física de atletas e boxeadores, ou a força quase hipnótica de certos ditadores, como valores absolutos, supremos.
Nisso, como em tudo, impõe-se um equilíbrio sadio. E a dona desse equilíbrio é a Igreja Católica, fonte de todas as virtudes.
Dom Jean-Baptiste Chautard (1858-1935)
Não há alma piedosa no Brasil que não tenha lido A Alma de Todo Apostolado de Dom Chautard (1858-1935), o famoso Abade Trapista que viveu algum tempo em nosso país, onde tentou, sem sucesso, fundar um Mosteiro de sua Ordem em Tremembé, Estado de São Paulo. É impossível ler as admiráveis páginas deste livro, que têm uma unção que lembra a Imitação de Cristo, sem sentir os tesouros de delicadeza que sua grande alma continha.
Dom Chautard foi, porém, um grande lutador. Contemplativo por vocação, as circunstâncias permitidas pela Providência exigiram que ele entrasse em muitas lutas. Enfrentou com sucesso Clemenceau, o célebre primeiro-ministro anticlerical da França conhecido na História como “O Tigre,” enfrentando-o destemidamente durante a Primeira Guerra Mundial. Assim, Dom Chautard personificou toda a coragem e resiliência do povo francês. E o fez de tal maneira que sua grande alma se impôs a Clemenceau, que dedicou a Dom Chautard um respeito que manteve até seus últimos dias.
Na foto acima podemos ver a força do homem em sua personalidade poderosa, imbuída de toda a calma de um contemplativo, toda a decisão de uma vontade de ferro e toda a majestade de uma mente robusta, profunda e plenamente penetrada nas coisas de Deus. Seu olhar sintetiza todas essas qualidades. Um olhar nobre e dominador, que Dom Chautard utilizava para realizar grandes feitos. Por exemplo, durante uma viagem pelo Oriente, ele encontrou um leão enjaulado, olhou fixamente para ele e hipnotizou a fera...
Dom Vital Maria Gonçalves de Oliveira (1844-1878)
Uma fronte larga e nobre como que animada pelos ventos das grandes ideias, sobrancelhas vigorosas de uma linha implacavelmente regular, olhos de uma regularidade de forma igualmente impressionante e uma nitidez admirável, que emitem um olhar calmo, forte, profundo, que vê longe e está acostumado a considerar as coisas de seus aspectos mais elevados, mais transcendentes e, portanto, mais reais. Um nariz que tem uma linha de indiscutível franqueza, uma barba espessa e um porte viril e ereto.
Tudo em Dom Vital fala do Pastor que ama ardentemente cada uma de suas ovelhas e, por isso mesmo, é capaz de lutar contra qualquer besta para expulsá-la do redil. Dom Chautard, trapista emérito, modelo da vida contemplativa, Dom Vital, eminente capuchinho, modelo da vida ativa – ambos são obras-primas do equilíbrio entre a força e a delicadeza da alma. Ambos demonstram bem como a Fé pode vivificar os homens com forças invencíveis em nosso século de batalhas que enfrentamos em todos os momentos e em todos os aspectos.
Catolicismo n. 52, abril de 1959
Postado em 11 de setembro de 2023
Postado em 11 de setembro de 2023
