Conversas com Janete
Uma Parábola: quem é o louco?
Minha amiga Janete e eu estávamos discutindo os movimentos indígenas comunistas na América do Sul que recentemente fizeram revoluções nas ruas, juntamente com o Black Lives Matter e a ilegalidade que correm desenfreadamente aqui nos Estados Unidos. Notámos como o governo e a Igreja estão a promover, proteger e financiar estes movimentos revolucionários em vez de os combater para proteger os cidadãos cumpridores da lei. Em nome da “justiça social,” a justiça real é posta de lado.
Infelizmente, a Igreja Católica lidera este caminho comunista, esforçando-se sempre por fazer com que os ricos se sintam culpados e por encorajar os pobres a exigir mais.
Quantas vezes ouvimos Francisco denunciar as “estruturas do pecado,” o que significaria qualquer instituição, grupo ou pessoa que defenda corretamente qualquer desigualdade na sociedade, principalmente a que existe entre ricos e pobres.
Isso me lembrou de um episódio do meu passado distante.
O ano era 1977. Eu havia retornado à Universidade de Kansas para fazer aulas de português para ler e traduzir artigos do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Eu e alguns outros estudantes iniciamos um pequeno grupo contrarrevolucionário e nos chamamos de Associação Estudantil São Thomas More. Decidimos publicar um artigo que contrariava o espírito comunista predominante da época num anúncio pago no The University Daily Kansan.
Optamos por imprimir uma Parábola intitulada “Quem é o Louco” escrito pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. A sua lição moral foi aplicada apropriadamente naquela altura, quando os Estados Unidos faziam uma concessão atrás da outra aos seus inimigos China e Rússia nas negociações comerciais para manterem “boas relações.” A lição, como verão, continua a aplicar-se aos nossos dias, quando, em nome do bem e da justiça social, todos os benefícios são concedidos aos criminosos e aos sem lei, que em resposta apenas fazem mais exigências e se tornam mais violentos.
A parábola foi publicada em um anúncio de quase meia página na edição de quarta-feira, 13 de abril de 1977, do The University Daily Kansan, pago por minha mãe Mary Frances Horvat e meu querido amigo Dr. Remi Amelunxen, ambos falecidos e cuja memória honro agora com a sua menção
O que aconteceu? O maior protesto não veio da notoriamente comunista União Estudantil, mas do St. Lawrence Catholic Student Center, uma vanguarda do progressismo no campus. Não tínhamos o direito de nos chamar de Associação São Thomas More, o capelão Pe. Vince queixou-se e não estava de forma alguma associado ao Centro Católico, ou, aliás, à Igreja Católica, que estava comprometida com a “justiça social” e a “détente.”
Teríamos respondido com prazer, mas de repente, o extremamente tolerante Diário de Kansan recusou-se a aceitar mais nenhum dos nossos anúncios pagos. Nossa próxima “Parábola” já estava em andamento e, de repente, fomos informados de que a Associação Estudantil São Thomas More não tinha mais acesso à “imprensa livre.”
De qualquer forma, minha boa amiga Janete estava curiosa para ler a Parábola, e por isso a publico aqui abaixo para ela e para o benefício de meus leitores. Deixe-os julgar até que ponto isso se adapta à nossa situação atual.
Uma Parábola de Plinio Corrêa de Oliveira
Num consultório psiquiátrico, o médico interroga longamente um homem.
“O sr. insiste, então, em que seu irmão está louco?” — repetiu o cansado médico.
“Sim, doutor. Posso narrar-lhe mais alguns fatos sintomáticos a este respeito". E o homem continua sua cantilena para o médico, que o ouve entre cético e agastado. A horas tantas, o facultativo o interrompe: “Afinal, nada do que o Sr. me conta é muito concludente. Alguns fatos podem ter uma explicação normal. Vários outros são algum tanto esquisitos. Mas, em rigor, podem ser explicados por certa tensão nervosa, causada talvez pelo estado dos negócios dele. Nada vejo que demonstre claramente, indiscutivelmente, um estado de desequilíbrio.”
O homem, perplexo, retrucou: “Doutor, peço-lhe apenas mais cinco minutos, para lhe contar um último caso.”
E, diante da aquiescência do médico, a pequena narração começou.
Ponha-se o leitor na posição do psiquiatra, e julgue por si os fatos.
*
“Meu irmão, doutor, mora numa casa pobre, sombria e mal arranjada, a qual é vizinha da chácara X, pertencente ao maior ricaço da cidade. Inconsolável de não ser ele mesmo ricaço, meu irmão começou a hostilizar seu poderoso vizinho. Armou intrigas na criadagem deste. Depois, fomentou uma espécie de greve dos criados contra o patrão.
“Este último, não querendo perder tempo — ‘time is money’ — com questiúnculas destas, resolveu a brigaria doméstica como pôde, e voltou-se para meu irmão.
“O sr. pensa, com certeza, que ele incumbiu o advogado de ameaçar meu irmão e o denunciar à polícia como subversivo. Ou que lhe acenou com alguma outra forma de perseguição.
“Qual nada! O ricaço mandou oferecer créditos a meu irmão, para que reformasse a casa velha e feia, alimentasse e lavasse convenientemente os filhos sujos e famintos, iniciasse plantações metódicas em sua terra, que não é má. Evidentemente, o ricaço esperava assim fazer uma aplicação de capital pequena, reembolsável a prazo indefinido e a juros baixos. Mas que, pelo menos, o livrasse da amolação daquele vizinho incômodo.
“O oferecimento deveria ter distendido meu irmão. Mas, nada disso! Ele aceitou a oferta de dinheiro, que usou logo em seguida para prolongar a efervescência na propriedade do vizinho e para semear contra este antipatias no bairro inteiro. Prevendo uma agressão que de nenhum modo um vizinho tão bonachão lhe faria, meu irmão começou a armar-se. Foi assim que todos interpretamos a continua entrada de revólveres na chacarazinha, onde, aliás, tudo — casa e crianças — continuava pobre e sujo como antes.
“Mas as escamas nos caíram dos olhos quando vimos que, com as gordas verbas do ricaço, meu pobre irmão demente montara nada mais nem menos do que uma oficina para fabrico doméstico de armas e pequenos explosivos. Meu irmão, doutor, queria invadir a chácara do ricaço, rompendo assim com este, e estancando consequentemente a fonte opulenta dos créditos com os quais ele podia sair da miséria. Daquela mesma miséria que fora a causa primeira de seu ódio contra o ricaço.
"Note bem, doutor, a contradição. Ele odiava o homem porque este era rico. E ele pobre. O homem lhe dá meios de deixar de ser pobre, e ele, em lugar de tirar proveito do gesto, ataca o benfeitor.
"Como o sr. pode imaginar, não faltou quem fosse contar tudo isso ao ricaço. E este, sempre muito sensato, chegou à conclusão de que no coração de meu irmão ferviam a inveja e o ódio porque as verbas talvez não fossem suficiente para lhe distender o ânimo.
"A loucura, como o sr. sabe melhor do que eu, tem lá sua lógica. Percebendo que, quanto mais amolasse e ameaçasse o ricaço, mais dinheiro obteria, meu pobre irmão vai aumentando os equipamentos, as intrigas e os planos de agressão. E’ claro pelos menos na cabeça de um louco.
"O sr. faria isso, doutor, com alguém que lhe fizesse empréstimos camaradas para reformar o consultório e a residência, reequipar a despensa e os armários da família e comprar um carro novo? Meu irmão está ou não está louco, doutor?"
*
Pergunto-lhe, leitor, na posição do médico, qual seria sua opinião? Julgaria louco o chacareiro bilioso?
Em todo caso, o sr. não é médico. Nem eu também. Vejamos qual foi a reação do médico.
Enfarado, agastado, ele se levantou, dando por finda a consulta. E, enquanto se ia arranjando para sair, disse rispidamente ao homem embasbacado: "Seu irmão nada tem de louco. E’ um refinado velhaco, que explora o ricaço bonachão. Este sim, é o verdadeiro louco da história. E o sr., meu caro, não passa de um ingênuo. Para sua idade, um retardado mental. Ou o sr. sai logo daqui ou mando trancá-lo para exames psiquiátricos. Pois não é possível ser sadio da mente e ao mesmo tempo ingênuo assim!
A historieta termina com o pobre homem fugindo apressado pelo elevador. Quando chegou à rua, acalmou-se um pouco, coçou a cabeça e pensou: “Este mundo anda cada vez mais cheio de loucos. Meu irmão é louco. Vejo que este doutor não está longe de o ficar. O único homem sensato dessa história é o ricaço. E, bem entendido, eu também.”
Leitor, qual é a sua opinião? Quem é o louco?
Acima, revolucionários em Paris; abaixo, Black Lives Matter em Seattle; a seguir, grupos indígenas de Quito revoltando-se nas ruas. Em todos os casos, a polícia recebeu ordens de ‘afastar-se’
Quantas vezes ouvimos Francisco denunciar as “estruturas do pecado,” o que significaria qualquer instituição, grupo ou pessoa que defenda corretamente qualquer desigualdade na sociedade, principalmente a que existe entre ricos e pobres.
Isso me lembrou de um episódio do meu passado distante.
O ano era 1977. Eu havia retornado à Universidade de Kansas para fazer aulas de português para ler e traduzir artigos do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Eu e alguns outros estudantes iniciamos um pequeno grupo contrarrevolucionário e nos chamamos de Associação Estudantil São Thomas More. Decidimos publicar um artigo que contrariava o espírito comunista predominante da época num anúncio pago no The University Daily Kansan.
Optamos por imprimir uma Parábola intitulada “Quem é o Louco” escrito pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. A sua lição moral foi aplicada apropriadamente naquela altura, quando os Estados Unidos faziam uma concessão atrás da outra aos seus inimigos China e Rússia nas negociações comerciais para manterem “boas relações.” A lição, como verão, continua a aplicar-se aos nossos dias, quando, em nome do bem e da justiça social, todos os benefícios são concedidos aos criminosos e aos sem lei, que em resposta apenas fazem mais exigências e se tornam mais violentos.
A parábola foi publicada em um anúncio de quase meia página na edição de quarta-feira, 13 de abril de 1977, do The University Daily Kansan, pago por minha mãe Mary Frances Horvat e meu querido amigo Dr. Remi Amelunxen, ambos falecidos e cuja memória honro agora com a sua menção
Uma Parábola, conforme publicado no The University Daily Kansan
Para ampliar clique aqui
Teríamos respondido com prazer, mas de repente, o extremamente tolerante Diário de Kansan recusou-se a aceitar mais nenhum dos nossos anúncios pagos. Nossa próxima “Parábola” já estava em andamento e, de repente, fomos informados de que a Associação Estudantil São Thomas More não tinha mais acesso à “imprensa livre.”
De qualquer forma, minha boa amiga Janete estava curiosa para ler a Parábola, e por isso a publico aqui abaixo para ela e para o benefício de meus leitores. Deixe-os julgar até que ponto isso se adapta à nossa situação atual.
Num consultório psiquiátrico, o médico interroga longamente um homem.
“O sr. insiste, então, em que seu irmão está louco?” — repetiu o cansado médico.
“Sim, doutor. Posso narrar-lhe mais alguns fatos sintomáticos a este respeito". E o homem continua sua cantilena para o médico, que o ouve entre cético e agastado. A horas tantas, o facultativo o interrompe: “Afinal, nada do que o Sr. me conta é muito concludente. Alguns fatos podem ter uma explicação normal. Vários outros são algum tanto esquisitos. Mas, em rigor, podem ser explicados por certa tensão nervosa, causada talvez pelo estado dos negócios dele. Nada vejo que demonstre claramente, indiscutivelmente, um estado de desequilíbrio.”
O homem, perplexo, retrucou: “Doutor, peço-lhe apenas mais cinco minutos, para lhe contar um último caso.”
E, diante da aquiescência do médico, a pequena narração começou.
Ponha-se o leitor na posição do psiquiatra, e julgue por si os fatos.
“Meu irmão, doutor, mora numa casa pobre, sombria e mal arranjada, a qual é vizinha da chácara X, pertencente ao maior ricaço da cidade. Inconsolável de não ser ele mesmo ricaço, meu irmão começou a hostilizar seu poderoso vizinho. Armou intrigas na criadagem deste. Depois, fomentou uma espécie de greve dos criados contra o patrão.
Um amável proprietário rural examinando suas terras
“O sr. pensa, com certeza, que ele incumbiu o advogado de ameaçar meu irmão e o denunciar à polícia como subversivo. Ou que lhe acenou com alguma outra forma de perseguição.
“Qual nada! O ricaço mandou oferecer créditos a meu irmão, para que reformasse a casa velha e feia, alimentasse e lavasse convenientemente os filhos sujos e famintos, iniciasse plantações metódicas em sua terra, que não é má. Evidentemente, o ricaço esperava assim fazer uma aplicação de capital pequena, reembolsável a prazo indefinido e a juros baixos. Mas que, pelo menos, o livrasse da amolação daquele vizinho incômodo.
“O oferecimento deveria ter distendido meu irmão. Mas, nada disso! Ele aceitou a oferta de dinheiro, que usou logo em seguida para prolongar a efervescência na propriedade do vizinho e para semear contra este antipatias no bairro inteiro. Prevendo uma agressão que de nenhum modo um vizinho tão bonachão lhe faria, meu irmão começou a armar-se. Foi assim que todos interpretamos a continua entrada de revólveres na chacarazinha, onde, aliás, tudo — casa e crianças — continuava pobre e sujo como antes.
Em vez de ser aplacado pela bondade do dono, o irmão revoltado fica mais furioso
"Note bem, doutor, a contradição. Ele odiava o homem porque este era rico. E ele pobre. O homem lhe dá meios de deixar de ser pobre, e ele, em lugar de tirar proveito do gesto, ataca o benfeitor.
"Como o sr. pode imaginar, não faltou quem fosse contar tudo isso ao ricaço. E este, sempre muito sensato, chegou à conclusão de que no coração de meu irmão ferviam a inveja e o ódio porque as verbas talvez não fossem suficiente para lhe distender o ânimo.
"A loucura, como o sr. sabe melhor do que eu, tem lá sua lógica. Percebendo que, quanto mais amolasse e ameaçasse o ricaço, mais dinheiro obteria, meu pobre irmão vai aumentando os equipamentos, as intrigas e os planos de agressão. E’ claro pelos menos na cabeça de um louco.
"O sr. faria isso, doutor, com alguém que lhe fizesse empréstimos camaradas para reformar o consultório e a residência, reequipar a despensa e os armários da família e comprar um carro novo? Meu irmão está ou não está louco, doutor?"
Ele primeiro incita os trabalhadores, depois se prepara para armá-los
Pergunto-lhe, leitor, na posição do médico, qual seria sua opinião? Julgaria louco o chacareiro bilioso?
Em todo caso, o sr. não é médico. Nem eu também. Vejamos qual foi a reação do médico.
Enfarado, agastado, ele se levantou, dando por finda a consulta. E, enquanto se ia arranjando para sair, disse rispidamente ao homem embasbacado: "Seu irmão nada tem de louco. E’ um refinado velhaco, que explora o ricaço bonachão. Este sim, é o verdadeiro louco da história. E o sr., meu caro, não passa de um ingênuo. Para sua idade, um retardado mental. Ou o sr. sai logo daqui ou mando trancá-lo para exames psiquiátricos. Pois não é possível ser sadio da mente e ao mesmo tempo ingênuo assim!
A historieta termina com o pobre homem fugindo apressado pelo elevador. Quando chegou à rua, acalmou-se um pouco, coçou a cabeça e pensou: “Este mundo anda cada vez mais cheio de loucos. Meu irmão é louco. Vejo que este doutor não está longe de o ficar. O único homem sensato dessa história é o ricaço. E, bem entendido, eu também.”
Leitor, qual é a sua opinião? Quem é o louco?
Trabalhadores do Movimento dos Sem Terra no Brasil - apoiados
pelos Bispos - marcham para tomar
uma fazenda, expulsar os proprietários e reivindicá-la como sua.
Postado em 8 de novembro de 2023
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