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Teologia da História

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Os Dois Adventos de Nosso Senhor Jesus Cristo

Bem-aventurado Jacobus de Voragine

O Advento de Nosso Senhor é celebrado por quatro semanas para significar que Sua vinda é quádrupla: Ele veio a nós em carne, Ele vem a nossos corações, Ele vem a nós na morte e Ele virá no Juízo Final. A quarta semana não está completa, porque a glória dos eleitos a ser concedida na última vinda de Nosso Senhor nunca terá fim.

Enquanto a vinda de Nosso Senhor é quádrupla, a Igreja se volta especialmente para duas delas, a vinda de Nosso Senhor na carne e Sua vinda no Juízo Final. Assim, o jejum do Advento é em parte um jejum de regozijo por causa da vinda de Cristo em carne, a Encarnação; ao mesmo tempo, é em parte um jejum de contrição, olhando para a suprema vinda de Cristo no Juízo Final.

I - Sobre a vinda de Nosso Senhor em carne, duas coisas devem ser consideradas: como é oportuna e como é útil.

Our Lady and the Infant - Giotto

A primeira vinda de Nosso Senhor deve nos dar alegria
1. É oportuno primeiro, porque o homem, condenado pela natureza a ter um conhecimento incompleto de Deus, caiu nos piores erros da idolatria e foi reduzido a clamar: “Ilumine meus olhos."' Segundo, Nosso Senhor veio na plenitude dos tempos, como diz São Paulo na Epístola aos Gálatas. Em terceiro lugar, Ele veio quando o mundo inteiro estava doente, como diz Santo Agostinho: "O grande Médico veio quando a humanidade estava doente em todo o mundo."

É por isso que a Igreja, nas sete antífonas cantadas antes do Natal do Senhor, recorda as diversas doenças e quão oportuno é este remédio divino. Antes que o Filho de Deus viesse em carne, éramos ignorantes e cegos, sujeitos ao castigo eterno, escravos do diabo, algemados por nossos hábitos pecaminosos, envoltos em trevas, exilados de nossa verdadeira pátria. É por isso que essas antífonas proclamam Nosso Senhor como nosso Mestre, nosso Redentor, nosso Libertador, nosso Guia, nosso Iluminador e nosso Salvador.

2. Quanto à utilidade da vinda de Cristo, diversas autoridades a definem de diversas maneiras. O próprio Jesus Cristo no Evangelho de São Lucas nos diz que Ele veio por sete motivos: consolar os pobres, curar os aflitos, libertar os cativos, iluminar os ignorantes, perdoar os pecadores, redimir o gênero humano e para recompensar cada um de acordo com seus méritos. E São Bernardo diz: “Sofremos de uma tríplice doença: somos fáceis de seduzir, lentos para agir e fracos para resistir. Portanto, a vinda de Nosso Senhor é necessária primeiro para iluminar nossa cegueira e depois para ajudar nossa fraqueza.”

II - Quanto à segunda vinda, ou seja, o Juízo Final, devemos considerar as circunstâncias que o precederão e as que o acompanharão.

Pantocrator Christ - Cathedral of Brani, Italy

A segunda vinda de Nosso Senhor para o Juízo Final deve levantar nossa contrição
1. Três tipos de circunstâncias precederão o Juízo Final: sinais terríveis, a impostura do Anticristo e um imenso incêndio na terra.

R. Cinco tipos de sinais precederão o Juízo Final, pois, como diz São Lucas: “Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas; na terra, as nações estarão em angústia e perplexidade com o rugido e a agitação do mar. (21,25) Podemos encontrar um comentário sobre todas essas coisas no Apocalipse.

São Jerônimo, por sua vez, encontrou 15 sinais anteriores ao Juízo Final nos anais dos hebreus:
  • No primeiro dia, o oceano se elevará acima das montanhas e ficará ereto, imóvel como uma parede;

  • No segundo dia, o oceano afundará tanto que mal será possível vê-lo;

  • No terceiro dia, monstros marinhos aparecerão nas ondas e darão rugidos que subirão ao céu;

  • No quarto dia, a água do oceano ferverá;

  • No quinto dia, as árvores e todas as plantas exalarão um orvalho de sangue;

  • No sexto dia, todos os edifícios cairão;

  • No sétimo dia, as pedras se partirão em quatro pedaços, que se chocarão entre si;

  • No oitavo dia, um terremoto universal derrubará todo homem e animal no chão;

  • No nono dia, a terra será nivelada e as montanhas e colinas serão reduzidas a pó;

  • No décimo dia, os homens deixarão seus esconderijos e vagarão como loucos, sem poder falar uns com os outros;

  • No décimo primeiro dia, os ossos dos mortos sairão de suas sepulturas;

  • No décimo segundo dia, as estrelas cairão do firmamento;

  • No décimo terceiro dia, todos os seres vivos morrerão para depois ressuscitarem com os mortos;

  • No décimo quarto dia, o céu e a terra queimarão;

  • No décimo quinto dia, haverá um novo céu e uma nova terra, e todos serão ressuscitados.

B. O Juízo Final será precedido pela impostura do Anticristo, que tentará enganar os homens de quatro maneiras:
  • Por uma falsa interpretação das Escrituras tentando provar que ele é o Messias prometido;

  • Pela operação de milagres;

  • Pela distribuição de presentes;

  • Pela imposição de torturas.

C. O Juízo Final será precedido por um fogo violento, aceso pelo próprio Deus para renovar o mundo, punir os réprobos e chamar a atenção para o grupo dos eleitos.

Apocalypse Angel blowing a trumpet

O Anjo anunciará os sinais do fim
2. Sobre as circunstâncias que acompanharão o Juízo Final, a primeira a ser mencionada é a separação dos bons dos maus. Pois é sabido que o Juiz virá no Vale de Josafá e colocará os bons à Sua direita e os maus à Sua esquerda. Isso não significa, como observa São Jerônimo, que todos os homens terão que estar naquele pequeno vale, mas apenas que será o centro do Juízo. Isso não exclui que Deus, se assim o desejar, possa colocar naquele espaço um número infinito de homens [já que seus corpos ressuscitados não mais ocuparão espaço].

Em seguida vem a questão de saber as categorias em que os homens serão divididos quando vier o Juízo Final. São Gregório admite quatro categorias: duas para os réprobos e duas para os eleitos. Entre os réprobos estarão os que serão condenados e os que já foram condenados, sobre os quais foi dito: “Quem não crer, será julgado previamente.” Entre os eleitos estarão aqueles que julgarão os demais sentados ao lado do Juiz.

No Juízo Final estarão presentes os sinais da Paixão: a Cruz, os instrumentos da Paixão e as suas cicatrizes; São João Crisóstomo diz que “a Cruz e suas cicatrizes serão mais brilhantes do que os raios do sol.”

O Juiz será inflexivelmente severo. Ele não se curvará nem pelo medo, porque é Todo-Poderoso, nem pelos dons, porque é a própria riqueza, nem pelo ódio, porque é a própria bondade, nem pelo amor, porque é a própria justiça, nem pelo erro, porque é a própria sabedoria. Contra esta Sabedoria não prevalecerão nem as alegações dos advogados, nem os sofismas dos filósofos, nem as frases dos oradores, nem as astúcias dos hipócritas.

O Juiz será tão severo quanto o promotor será implacável. Em outras palavras, o pecador enfrentará três acusadores: o Diabo, o pecado e o mundo inteiro, porque, como diz São Crisóstomo: “Naquele dia, o céu e a terra, a água, o sol e a lua, o dia e a noite, o mundo inteiro se levantará contra nós diante de Deus, em testemunho de nossos pecados.”

Três testemunhas também deporão contra nós, todas as três infalíveis: Primeiro, Deus, que nos disse pela voz de Jeremias: “Eu sou ao mesmo tempo juiz e testemunha;” segundo, nossa consciência, e terceiro, nosso Anjo da guarda, pois lemos no livro de Jó: “Os céus (isto é, os Anjos) revelarão sua iniquidade.”

Finalmente, a sentença será irrevogável. Com efeito, a sentença é irrevogável por três motivos: a excelência do Juiz, a prova do crime; a impossibilidade de reverter o castigo. Pois na sentença pronunciada contra nós no Juízo Final, não haverá Rei, Imperador ou Papa a quem possamos apelar da sentença pronunciada contra nós.

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Traduzido pelo secretariado da TIA
La Légende Dorée, Paris: Perrin, 1909, pp.3-7
Postado em 8 de dezembro de 2023

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