Fé sob Ataque
JMJ 2023 – Parte III
Exame de Consciência
O forte contraste entre os conceitos de fé progressistas e católicos fica totalmente aparente no “Exame de Consciência,” da JMJ-2023, no qual me concentrarei neste artigo.
Minando sob o pecado a Fé e pureza
O Sacramento da Penitência, que inspirou muitos manuais para confessores (ver aqui), deve ser precedido de um sério exame de consciência por parte do penitente, a fim de descobrir as suas faltas. A confissão, conhecida como Tribunal de Deus, sempre foi considerada um assunto grave, e a Igreja prescrevia uma preparação cuidadosa para o católico se acusar de seus pecados diante de Deus.
O Exame de Consciência da Jornada Mundial da Juventude é totalmente o oposto disso. O Exame da JMJ, que foi disponibilizado no site da Jornada Mundial da Juventude e também no aplicativo móvel Lisboa 2023 comete omissões flagrantes, o que deveria chocar qualquer católico. As omissões mais visíveis são:
Em vez de um formato de pergunta/resposta baseado nos Dez Mandamentos ou em uma exposição séria de pecados contra Deus, contra si mesmo e contra o próximo, o Exame da JMJ é composto de quatro partes: Acordar, Sentar, Levantar, e Peregrinar. Seu formato poderia ser aplicado a um exercício de ioga, certamente não a um exame para descobrir os próprios pecados.
Além disso, em contraste com os autoexames do passado que eram tradicionalmente feitos no final do dia, o Exame da JMJ incentiva que seja feito pela manhã, ao acordar. Parece que os progressistas não pouparam nada no seu desejo de virar a fé católica de cabeça para baixo.
O objetivo do Exame é dado: “Neste caminho seguirei os movimentos de Deus na minha vida e os movimentos do meu corpo, que se abrem à novidade do perdão, do acordar ao caminhar.”
Novamente, o foco está na “revelação” de uma imanência divina na vida de cada um, e também estranhamente, no corpo. Não serão os jovens de hoje suficientemente alvo de propaganda pornográfica em todo o lado, seja na televisão, na escola ou, mais frequentemente, na Internet? Por que o progressismo está obcecado com os “movimentos do corpo”? É alarmante que as autoridades progressistas estejam encorajando os jovens a concentrarem-se desta forma nos seus corpos, em vez de os encorajarem a erradicar os pecados das suas almas. Isto não parece totalmente inapropriado, mais parecido com uma sessão de ioga hindu?
Uma Fé subjetiva
O Exame começa com o “Despertar.” Não é um convite a considerar os próprios pecados, mas a “ler o meu passado à luz de uma esperança que me desperta.” É “alegrar-se” e desencorajar a “repetição.” Este último ponto parece um epíteto progressista para a verdade e a piedade tradicionais. Considere o texto:
“Abro os olhos no meio da noite que estou passando e tomo consciência do meu corpo, de toda a minha história, com alegrias e tristezas, expectativas e ansiedades. Tomo consciência do meu passado e o leio à luz de uma esperança que me desperta. Nessa madrugada, como me vejo? Aceito minha singularidade ou dou espaço à comparação, ao desânimo e à repetição? Alegro-me com a vida que me foi dada, com todos os seus dons?”
O Exame passa então para a segunda parte, “Sentado,” dizendo ao jovem que se deixe “trabalhar pelo silêncio” (seja lá o que isso signifique) e “sentir tudo em harmonia” e “relacionar-se com o tempo.”
Este “sentir tudo em harmonia” é bastante semelhante ao ioga e à meditação hindu, que visa colocar a pessoa em harmonia com a energia universal do cosmos. A única coisa que falta neste Exame é dizer aos jovens para se sentarem com as pernas cruzadas, os pulsos sobre os joelhos, os dedos indicadores e polegares unidos em círculo, e cantar “ommm” lenta e deliberadamente, com os olhos fechados.
Segue o texto referente à seção “Sentado”:
“Sento-me e deixo-me trabalhar pelo silêncio. Lentamente, dou tempo para contar meus dias. Como me relaciono com o tempo? Quais prioridades meus dias têm? Sinto tudo em harmonia? O que me divide? Até que ponto, no mais profundo de mim, deixo-me reconciliar com as minhas feridas, dúvidas, erros, fracassos e inquietações? Posso nomeá-los?
A seguir, surge um texto personalista e subjetivo na seção “Rise Up,” insistindo que somos incompletos sem o “outro,” que a liberdade e a paz estão acima de tudo e que os únicos problemas surgem da discórdia, da crítica, da desinformação e da violência:
“Quero aprender como sair do medo, da ansiedade e da solidão. Mas só a minha própria força não é suficiente. Preciso me abrir para o outro que, na sua diferença, me completa. ... Sou portador de liberdade ou estou enganado pelo desejo de controle, consumo e manipulação? ... Procuro cultivar a paz ou instigar a discórdia? Como cuidar da vida quando ela se apresenta frágil? …. Sinto-me responsável pelo mundo em que habito? Tenho me interessado em construir um mundo mais fraterno, reconciliado, verdadeiro e justo? Utilizo os meios à minha disposição para promover a verdade ou sujeito-me/submeto-me a críticas fáceis, à desinformação e à violência?”
O Exame termina com a “Peregrinação,” dizendo aos jovens para abraçarem a “aventura” de “ser cristão” e fazendo um apelo pentecostal para estarem “atentos aos movimentos do Espírito na minha vida”:
“Agora que estou de pé, subo ao horizonte do meu olhar. Sinto-me acompanhado? ... Estou atento aos movimentos do Espírito na minha vida, nas relações e nas situações que me são dadas? Que obstáculos me impedem de caminhar com companheirismo?
“Ser cristão é uma aventura, um encontro com uma Pessoa. Como Jesus se torna companheiro nesta jornada? Procuro-O na fração do Pão, na escuta da Palavra e na partilha fraterna? Aceito Jesus como possibilidade de Luz para as minhas trevas e Rosto que me tira do egoísmo? Como esse encontro desafia meus sonhos e projetos? …
Depois de apresentar este Exame da Nova Era, centrado no corpo e focado no amor e na paz, o jovem é encorajado a pedir a Deus que o ajude a ver os seus pecados, a fim de se acusar no Confessionário? Certamente não. Aqui está a oração final:
Deus de Amor,
Tu olhas para a minha vida
Do movimento do Teu Coração.
Concede aos dias da minha história
A clareza da Tua interioridade
E a misericórdia como bálsamo
Para as feridas do tempo,
Dos relacionamentos e das situações.
Mova-se em meus pensamentos,
Fale à minha boca,
Transforme cada ação
E descubra os refúgios do meu coração.
Isto te peço através do Espírito
que nos guia através do teu Filho
até a face do teu perdão.
Amém.
Como isso se compara ao exame tradicional das orações de consciência? Até o formato é inverso, porque no Exame da JMJ a oração é feita após o exame, enquanto os exames tradicionais têm uma oração pedindo assistência divina antes do exame de consciência.
Depois de ler as orações de exame tradicionais (aqui, aqui, e aqui), pode-se ver que há um formato claro:
Parece muito com uma nova religião sendo pregada aos jovens, totalmente oposta à Fé católica.
Minando sob o pecado a Fé e pureza
O Sacramento da Penitência, que inspirou muitos manuais para confessores (ver aqui), deve ser precedido de um sério exame de consciência por parte do penitente, a fim de descobrir as suas faltas. A confissão, conhecida como Tribunal de Deus, sempre foi considerada um assunto grave, e a Igreja prescrevia uma preparação cuidadosa para o católico se acusar de seus pecados diante de Deus.
Nada do tradicional Sacramento da Penitência é encontrado no Exame de Consciência da JMJ 2023
- Pecado em geral. Este exame progressista não menciona nem uma vez, o pecado, muito menos a diferença entre pecado mortal e venial. Não é esse o objetivo do exame de consciência – descobrir os pecados cometidos para os confessar no Sacramento da Penitência, agora lamentavelmente chamado “Reconciliação”?
- Os dez Mandamentos. Os exames tradicionais pré-Vaticano II faziam referência específica aos Dez Mandamentos e davam exemplos precisos de pecados contra cada mandamento - veja exemplos para rapazes e moças aqui e
aqui. Nenhuma referência aos Dez Mandamentos é encontrada neste exame.
- Pecados contra a Fé e a pureza. Os dois maiores pecados do nosso tempo, especialmente dos jovens, são deliberadamente omitidos.
Em vez de um formato de pergunta/resposta baseado nos Dez Mandamentos ou em uma exposição séria de pecados contra Deus, contra si mesmo e contra o próximo, o Exame da JMJ é composto de quatro partes: Acordar, Sentar, Levantar, e Peregrinar. Seu formato poderia ser aplicado a um exercício de ioga, certamente não a um exame para descobrir os próprios pecados.
Além disso, em contraste com os autoexames do passado que eram tradicionalmente feitos no final do dia, o Exame da JMJ incentiva que seja feito pela manhã, ao acordar. Parece que os progressistas não pouparam nada no seu desejo de virar a fé católica de cabeça para baixo.
Uma jovem de pernas cruzadas meditando enquanto ouve música, na JMJ Via Crucis
Novamente, o foco está na “revelação” de uma imanência divina na vida de cada um, e também estranhamente, no corpo. Não serão os jovens de hoje suficientemente alvo de propaganda pornográfica em todo o lado, seja na televisão, na escola ou, mais frequentemente, na Internet? Por que o progressismo está obcecado com os “movimentos do corpo”? É alarmante que as autoridades progressistas estejam encorajando os jovens a concentrarem-se desta forma nos seus corpos, em vez de os encorajarem a erradicar os pecados das suas almas. Isto não parece totalmente inapropriado, mais parecido com uma sessão de ioga hindu?
Uma Fé subjetiva
O Exame começa com o “Despertar.” Não é um convite a considerar os próprios pecados, mas a “ler o meu passado à luz de uma esperança que me desperta.” É “alegrar-se” e desencorajar a “repetição.” Este último ponto parece um epíteto progressista para a verdade e a piedade tradicionais. Considere o texto:
“Abro os olhos no meio da noite que estou passando e tomo consciência do meu corpo, de toda a minha história, com alegrias e tristezas, expectativas e ansiedades. Tomo consciência do meu passado e o leio à luz de uma esperança que me desperta. Nessa madrugada, como me vejo? Aceito minha singularidade ou dou espaço à comparação, ao desânimo e à repetição? Alegro-me com a vida que me foi dada, com todos os seus dons?”
O Exame passa então para a segunda parte, “Sentado,” dizendo ao jovem que se deixe “trabalhar pelo silêncio” (seja lá o que isso signifique) e “sentir tudo em harmonia” e “relacionar-se com o tempo.”
Este “sentir tudo em harmonia” é bastante semelhante ao ioga e à meditação hindu, que visa colocar a pessoa em harmonia com a energia universal do cosmos. A única coisa que falta neste Exame é dizer aos jovens para se sentarem com as pernas cruzadas, os pulsos sobre os joelhos, os dedos indicadores e polegares unidos em círculo, e cantar “ommm” lenta e deliberadamente, com os olhos fechados.
Os confessionários pop-up no 'Parque do Perdão' da JMJ
“Sento-me e deixo-me trabalhar pelo silêncio. Lentamente, dou tempo para contar meus dias. Como me relaciono com o tempo? Quais prioridades meus dias têm? Sinto tudo em harmonia? O que me divide? Até que ponto, no mais profundo de mim, deixo-me reconciliar com as minhas feridas, dúvidas, erros, fracassos e inquietações? Posso nomeá-los?
A seguir, surge um texto personalista e subjetivo na seção “Rise Up,” insistindo que somos incompletos sem o “outro,” que a liberdade e a paz estão acima de tudo e que os únicos problemas surgem da discórdia, da crítica, da desinformação e da violência:
“Quero aprender como sair do medo, da ansiedade e da solidão. Mas só a minha própria força não é suficiente. Preciso me abrir para o outro que, na sua diferença, me completa. ... Sou portador de liberdade ou estou enganado pelo desejo de controle, consumo e manipulação? ... Procuro cultivar a paz ou instigar a discórdia? Como cuidar da vida quando ela se apresenta frágil? …. Sinto-me responsável pelo mundo em que habito? Tenho me interessado em construir um mundo mais fraterno, reconciliado, verdadeiro e justo? Utilizo os meios à minha disposição para promover a verdade ou sujeito-me/submeto-me a críticas fáceis, à desinformação e à violência?”
O Exame termina com a “Peregrinação,” dizendo aos jovens para abraçarem a “aventura” de “ser cristão” e fazendo um apelo pentecostal para estarem “atentos aos movimentos do Espírito na minha vida”:
“Agora que estou de pé, subo ao horizonte do meu olhar. Sinto-me acompanhado? ... Estou atento aos movimentos do Espírito na minha vida, nas relações e nas situações que me são dadas? Que obstáculos me impedem de caminhar com companheirismo?
“Ser cristão é uma aventura, um encontro com uma Pessoa. Como Jesus se torna companheiro nesta jornada? Procuro-O na fração do Pão, na escuta da Palavra e na partilha fraterna? Aceito Jesus como possibilidade de Luz para as minhas trevas e Rosto que me tira do egoísmo? Como esse encontro desafia meus sonhos e projetos? …
Depois de apresentar este Exame da Nova Era, centrado no corpo e focado no amor e na paz, o jovem é encorajado a pedir a Deus que o ajude a ver os seus pecados, a fim de se acusar no Confessionário? Certamente não. Aqui está a oração final:
Uma fé subjetiva focada em sentimentos alegres
Tu olhas para a minha vida
Do movimento do Teu Coração.
Concede aos dias da minha história
A clareza da Tua interioridade
E a misericórdia como bálsamo
Para as feridas do tempo,
Dos relacionamentos e das situações.
Mova-se em meus pensamentos,
Fale à minha boca,
Transforme cada ação
E descubra os refúgios do meu coração.
Isto te peço através do Espírito
que nos guia através do teu Filho
até a face do teu perdão.
Amém.
Como isso se compara ao exame tradicional das orações de consciência? Até o formato é inverso, porque no Exame da JMJ a oração é feita após o exame, enquanto os exames tradicionais têm uma oração pedindo assistência divina antes do exame de consciência.
Depois de ler as orações de exame tradicionais (aqui, aqui, e aqui), pode-se ver que há um formato claro:
- Primeiro, agradecer a Deus pela Sua misericórdia e pelo sacrifício de Cristo na Cruz por nós, e reconhecer a nossa própria pecaminosidade;
- Segundo, implorar a graça de Deus através do Espírito Santo, de Nossa Senhora e dos Santos;
- Terceiro, pedir especificamente a Deus que nos ajude a ver claramente os nossos próprios pecados, para que possamos confessá-los, detestá-los e fazer penitência por eles.
Parece muito com uma nova religião sendo pregada aos jovens, totalmente oposta à Fé católica.
Como não existe pecado ou penitência, os jovens são incentivados
a viver uma vida despreocupada, sem moral ou bons costumes
Postado em 24 de abril de 2024
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