Ambientes e Tendências
Oriente e Ocidente: Sábia Interpenetração de Valores
Eles são príncipes autênticos, autenticamente hindus. No entanto, sem prejuízo dessa autenticidade, facilmente se percebe que algo de nossa civilização ocidental penetrou profundamente neles e em seu ambiente.
Quando duas grandes civilizações se encontram, o melhor fruto da relação pacífica que se deve estabelecer entre elas é este: um sábio e equilibrado intercâmbio de valores feito com discernimento e equilíbrio, para que ambas se enriqueçam e nenhuma perca sua autenticidade. Pelo contrário, o pior resultado é a destruição de um pelo outro.
A Igreja não se identifica especificamente com a civilização e a cultura de nenhum povo em particular. É, no entanto, da sua natureza promover a preservação e o crescimento de tudo o que há de sábio e íntegro nas mais variadas civilizações e culturas, bem como eliminar o que nelas há de falso ou mau.
Vê-se facilmente o quanto a influência católica tende a promover uma sábia interpenetração de valores. Quando esta interpenetração ocorre sob a égide da Igreja, resulta uma unidade essencial, mas harmoniosamente variada, entre civilizações e culturas. Esta unidade superior, baseada na Fé, é chamada de Civilização Cristã.
Se a ação da Igreja tivesse alcançado sua plena influência entre os povos do Oriente, tudo o que é típico, elevado e correto na civilização e na cultura hindus teria sido preservado. Os abusos abomináveis – como, por exemplo, a idolatria e a situação miserável dos párias ou de tantos outros trabalhadores – que coexistiam com esses valores autênticos teriam sido eliminados. E a Índia de hoje teria sido bastante hindu, ainda imbuída de suas admiráveis tradições, mas também bastante católica, tendo se beneficiado da aceitação dos melhores valores do Ocidente. Quanto o Ocidente, por sua vez, poderia ter se beneficiado de seu contato com tal Índia!
De certa forma, até a Segunda Guerra Mundial, essa troca de valores era feita entre as classes altas da Índia e do Ocidente e, normalmente, teria se espalhado para as demais classes sociais.
Esses jovens príncipes, que manifestam algo da atmosfera das “Mil e Uma Noites,” mas que já assimilaram um pouco do refinamento e da nobreza do “ar de corte” ocidental, são um exemplo característico disso.
Mas... a Revolução entrou em cena, destruindo na Índia, como no Ocidente, suas tradições. Atacou tudo o que havia de autêntico e orgânico na cultura da Índia e, sob o pretexto de corrigir abusos, está construindo uma nação cosmopolita e inorgânica, substituindo a autoridade muitas vezes excessiva dos marajás pelo despotismo da máquina, da burocracia e das técnicas publicitárias.
Isso foi um benefício para a Índia? Ou uma perda? Essa pergunta, ao mesmo tempo em que abre espaço para discussões intermináveis, teria o inconveniente de desviar nossa atenção de outro problema imensamente mais interessante: por que aquele país não continuou no caminho certo que havia começado – pelo menos em alguns aspectos – a trilhar?
Catolicismo. n. 128 - agosto de 1961
Postado em 21 de novembro de 2022
Postado em 21 de novembro de 2022
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