Bossuet - Este é Jacques Benigne Bossuet, talvez o maior pregador do Grand Siècle [século 17, chamado de 'Grande Século']. Neste retrato percebemos o grande orador que tinha perfeito domínio da palavra, da frase sonora, impecável. Ele é representado aqui dominante sobre uma cena simbólica que representa imponderavelmente as multidões que o aplaudiram. Estas eram as multidões da corte composta de príncipes, duques, prelados e marechais.
Os senhores podem notar a grande estabilidade em sua personalidade: estabilidade, força e aquela gravidade de tempos passados.
É possível imaginar alguém se aproximando desse homem para contar uma piada ou fazer um comentário impertinente? Não. Ele está cercado por uma atmosfera de respeito que impossibilita as banalidades. É possível que este homem apostate? Não. Seu rosto revela um espírito totalmente co-natural com a Fé Católica.
É verdade que historicamente ele poderia ter sido uma pessoa muito melhor do que foi; mas em sua própria esfera de ação ele era um grande homem.
Houve outros como Bossuet neste período. Podem observar a elaboração em sua vestimenta, como o de Richelieu. Tanto Bossuet quanto Richelieu tinham personalidades fortes - este último mais que o primeiro - mas também prestavam homenagem à moda da época. Naquela época, aqueles que não tinham personalidade forte costumavam usar uma quantidade exagerada de adornos - rendas, mantos amplos, perucas enroladas, etc. - para dissimular sua personalidade fraca.
Um homem assim era o Cardeal de Rohan, à direita, figura central no “caso do colar,” um esquema fabricado para incriminar a Rainha. A mentira foi amplamente divulgada pelas Forças Secretas para caluniar Maria Antonieta e preparar a opinião pública para a Revolução Francesa. O Cardeal era um homem extremamente delicado com cara de boneca; ele usava punhos de renda, usava rapé com graça inefável e sabia conversar com as damas com a maior afabilidade...
François Fenelon
Este é o retrato de Fenelon, também um grande pregador do século 17 e tutor do neto de Luís XIV.
Ele é, sem dúvida, um homem inteligente. Ele é um homem que acha delicioso estar dentro de sua própria pele; ele saboreia os milhares de sabores diferentes que encontra nessa autocontemplação.
Ele olha para um com um sorriso espiritual e bastante discreto. Se alguém se aproximasse dele, seria recebido com uma saudação encantadora.
Esta foto mostra-o vestindo um traje episcopal rico e digno - ele era Arcebispo de Cambrai - mas não particularmente ornamental. Ele foi contemporâneo de Bossuet e ambos competiram para ser o primeiro orador eclesiástico da França. O mesmo espírito de gravidade está presente em ambos, mas em Bossuet mais do que em Fenelon.
Cardeal Fleury
O Cardeal André Fleury foi o primeiro tutor do infante Luís; então, quando este se tornou o Rei Luís XV da França, ele foi seu ministro mais influente.
Nesta foto, o Cardeal Fleury parece uma velha senhora arrumando-se confortavelmente em meio a seus enfeites. Ele está sentado em sua cadeira com o ar satisfeito de quem triunfou.
Ele é inegavelmente distinto, mas seu caráter não reflete mais a gravidade. Foi substituído por distinção, um raio mais pálido do mesmo sol.
Por sua vez, os personagens não eram mais graves, mas distintos. Eles não se importavam em lidar com mil assuntos bobos, desde que fossem apresentados de maneira agradável e elegante; isso é o que os franceses chamam de badinage: uma maneira leve, ágil e cortês de brincar com ninharias.
Ainda há algo sério em sua alma. Por exemplo, ele consideraria com desdém mordaz um atual adorador de motocicletas, caso este se apresentasse diante dele. Mas ele está em um nível muito mais baixo do que Bossuet, assim como Bossuet caiu para um nível muito mais baixo do que São Bernardino de Siena. Este homem entraria em pânico na presença de São Bernardino.
Clero Moderno
Observe o otimismo desses padres. Para esses pobres, nada é mais elevado. Se alguém tentasse falar com eles sobre a sublimidade de Deus, ele seria olhado de lado. Para eles a vida é um horizonte sem nuvens. Sua principal preocupação é brincar, que é o nível mais baixo de amabilidade: fazer os outros rirem. Eles não querem ver que a Igreja está passando pelo momento mais apocalíptico de sua existência.
Esses pobres homens têm uma ideia do que significa para nós, leigos, perseverar na fé e na moral Católica? Eles têm noção das lutas, perseguições e adversidades que temos que enfrentar para permanecer fiéis? Acham que vão guiar as pessoas a praticar a virtude com essa atitude? Eles imaginam que é isso que estão fazendo e que todos os estão seguindo; eles acreditam que estão conquistando o mundo. Mas eles não estão. Eles estão ajudando a Igreja a perder sua credibilidade.
Imagine um homem assim em uma praça pública contando suas piadas para o povo. Os senhores acreditam que as pessoas o seguiriam como seguiram São Bernardino de Siena enquanto ele pregava, trocando de lugar na praça para não perder uma única de suas palavras? Não. As pessoas não levam esse tipo de padre a sério.
Segundo uma lenda, um Anjo apareceu uma vez a São Jerônimo e o açoitou por seu apego aos autores clássicos da antiguidade pagã. Dir-se-ia que esses homens precisam ser açoitados por um Anjo para que mudem seu espírito de otimismo endêmico.
À medida que esta seleção de imagens sobre a decadência da mentalidade e do vestuário do clero ao longo dos séculos chega ao fim, ofereço esta conclusão: Desde os tempos de
São Domingos no século 13 até hoje, a mentalidade do clero, em geral, passou de séria e grave, voltada principalmente para a glória de Deus no céu e na terra, para uma mentalidade voltada para agradar aos homens. Vimos como o clero tinha fé, mas subordinava essa fé ao serviço de seus Reis. Então, como neste último quadro, o vício de imitar os costumes seculares e agradar os homens atingiu um ápice que transformou inúmeros membros do clero em brincalhões otimistas, que não representam mais Cristo para os fiéis. Seus trajes seguiram um caminho análogo.
Pode-se dizer que grande parte da atual crise moral se deve à falta de seriedade do clero. Com este tipo de pessoa e espírito, é impossível construir o Reino de Maria. O castigo previsto em Fátima tem que mudar isso.
Postado em 14 de outubro de 2022
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